quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Uma dica para a polícia

Com óbvia extensão a todas as forças de segurança que operam na área de controle de trânsito, aqui oferecemos, com gosto, uma achega que nos parece interessante: por cada viatura observada, a emissão de um documento escrito, que, se for esse o caso, ateste o bom comportamento do seu condutor.
Assim, de uma forma simples, simpática e clara facultar-se-á um meio de prova que enche de orgulho quem o recebe e incita a que se prossiga na busca de mais diplomas desse teor. Em vez de se receber apenas os papéis com reprimendas e afins, esta actuação pela positiva dá muito mais gozo e mostra uma polícia com rasgos de pedagogia, atitude que é sempre de louvar.
Trata-se de um novo paradigma, que deixa de citar apenas as infracções, para destacar as boas práticas. É como se, em vez de se falar, por exemplo, em 8% de desempregados, se venha a colocar o enfoque em 92% de gente com trabalho...
Será, então, preciso mudar tudo: mentalidades, formação, empenho e consideração pelo cidadão, que, estamos certos, muito mais colaborante se tornará, ao ver que são recompensados os seus esforços em cumprir aquilo que é, afinal, uma sua obrigação, mas que, pelo reforço, poderá ser sempre melhorada.
Já nos vão dizer que não há papel para tudo isso. Aceitamos parcialmente o argumento, mas contrapomos de imediato: envie-se uma mensagem por telemóvel, por " email ", ou utilize-se material reciclado, o que é duplamente vantajoso.
Vá lá: não custa nada! É só começar... Boa sorte!

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Novamente, a Barragem de Ribeiradio

Há anos assistimos ao lançamento desta mesma Barragem, a de Ribeiradio, agora acrescentada com a da Ermida, na localidade onde esteve, esperemos que de vez, o Primeiro-Ministro, Eng. José Sócrates. Cremos que, então, ali se deslocou também, na sua qualidade de Ministro do Ambiente.
Vimo-la nascer, contactámos com os primeiros movimentos de terras, descobrimos mesmo um túnel que se escavava na encosta, rejubilámos com o início das obras, mas a justiça veio matar a nossa esperança. Um dia, as máquinas partiram, os operários cruzaram os braços, por força de decisões estranhas, os poderosos esgrimiram argumentos e quem perdeu foram as gentes de Ribeiradio e Couto de Esteves, os concelhos de Oliveira de Frades e Sever do Vouga e os povos do Baixo-Vouga que se viram, por anos, na contingência de ficar sem água no Verão.
Finalmente, eis o momento em que, de novo, se faz luz. Porque acreditamos na capacidade da parceria encontrada, mormente na Martifer e na EDP, vamos ter duas Barragens, de uma penada só e uma estrada a ligar as margens.
Concretiza-se um sonho de mais de sete décadas, homenageia-se o Eng. João Maia, que já não pode ver a "sua" obra, premeia-se o esforço do Dr. Manuel Soares e, passe a modéstia, do autor destas linhas, mas os vencedores são todos aqueles que sempre souberam esperar e desejar, trabalhando duro no sentido de este empreendimento, um dia - o que agora parece vir a acontecer - nascer em todo o seu esplendor.
O ambiente e a energia agradecem. A economia pode sentir-se mais animada.
O desemprego pode aqui levar um bom safanão. O turismo sorri.
E nós batemos palmas, muitas palmas.
Vive-se a festa. Venham depressa as Barragens!

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Um dia em Lisboa

Esta é uma cidade de visíveis contrastes. De manhã à noite, tanto acontece o melhor dos mundos como a escorregadela para as nódoas negras. Falemos, por exemplo, de ontem, dia dezanove de Fevereiro de 2009.
Um dia vivido com olhos de ver dá para tudo. Começamos com as populares viagens de autocarro, munidos de um título de transporte que nos deixa circular durante vinte e quatro horas:
Carris I - São cerca das dez da manhã. O nº 738 segue o seu caminho, quando um vidro de suporte às suas lâmpadas ameaça desabar sobre as cabeças desprevenidas. Um grupo de passageiros, voluntários da última hora, procede à respectiva recolocação, em termos de brincadeira e de "prestação" de serviços gratuitos. Operação resolvida com êxito, mas criticada por quem entendia que aquilo era trabalho para gente da casa e não para amadores. Nota cinco.
Carris II - De tarde, por volta das quinze horas, mais um pedacito, corre pela Alameda das Linhas de Torres o nº 36. Alguém entra apressada, valida o bilhete, passa essa operação despercebida do motorista, que, de imediato, chama a hipotética prevaricadora para a sua falha, isto no seu entender. Gera-se a confusão em alarido sonoro e pouco simpático. Nova passagem pela máquina. Tudo certo, menos as contas do palavreado. Sobe-se de tom e de ofensas pessoais. O homem do volante vem tentar tirar uma espécie de "merecida" desforra. Reina a confusão e quase se pensou em chamar a polícia. Nota zero.
Serviços - Uma ida, mais uma, ao ANTT é sempre um enorme prazer. Ali está tudo aquilo que é o nosso passado. Melhor: quase tudo, porque a perfeição é impossível. De serviço em serviço, sempre a mesma atenção e eficiência, tanto a receber o vulgar cidadão, como aquele que, por um ou outro feito, se destaca do comum dos mortais. Ali vi, por exemplo, O Professor Veiga Simão, o ministro dos ministros da Educação, ser atendido tal e qual como os demais. Por tudo isto, qualidade, educação, igualdade e simpatia, nota cinco, porque a escala não se pode estender.
Mais além, a Academia Portuguesa de História. Belo edifício, mas um tanto apagado, quanto às sua valências, pelo menos na parte da tarde do dia em que lá fomos. Nota quatro, à cautela.
Por fim, a inesquecível Fundação Calouste Gulbenkian. Um mimo da casa. Um sonho de ideia concretizada que nunca nos esquecemos de agradecer, desde os muitos livros lidos, via carrinha ambulante, às deslocações à Sede, como foi o caso de ontem. Sempre mais alto, mais além e melhor. Amigo que somos das energias alternativas, relativamente a esta benemérita FCG, é com apreensão que assistimos a uma qualquer quebra do petróleo, estando, certos, porém, que não deixarão de aparecer alternativas de sobrevivência, porque ali a morte jamais pode entrar.
Nota cinco, bem reforçada e votos de muita saúde.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Centro Colombo com cheiro a Império

Chega-se ali à zona do melhor clube do mundo - o SLBenfica - e logo se destaca uma grande área de negócios, lazer, passeio e passatempo, no inverno para aquecer, no verão para saborear um ar fresco, que se conhece pela designação de Centro Comercial Colombo, uma espécie de catedral do consumo junto a outra, a do futebol.
Sai-se do Metro, que lhe entra pelas entranhas dentro, para de imediato se confirmar o que o própria designação inicial indica: um forte cheiro a Império, uma braçada lançada na aventura marítima portuguesa, que a Praça Trópico de Câncer acaba por consagrar. As evocações de saudade e de marcas da expansão surgem um pouco por todo o lado. Assim acontece com a Porta da Índia, com a Porta do Oriente, com a Rua de Guadalupe. E como mais mundo houve em outros pontos se atracou, que ali se registam e que aqui se omitem por "falta" de espaço.
Antes de avançarmos por esse Império dentro, quedámo-nos um pouco na citada Praça, que resplandece de grandeza, que se enriquece com uma magistral música de fundo, que se assemelha a uma enorme abóbada, quase celestial, que parece querer reflectir nela um certo ar palmar, que nos presenteia com uma espécie de série cinematográfica, em dia de "óscares".
Ali tudo aparece em tamanho gigante. Até o movimento de gente que, apressada, ciranda por todo o lado: uns carregam sacos de sonhos, outros os sonhos que deixaram, que a crise não perdoa. Uns mostram que têm carteira recheada, apesar de tudo, outros dela dão sinal de fraqueza angustiada. Gente vai, gente vem, gente sobe, gente desce, gente cruza-se com gente, quase sempre em diálogo de surdos. Cada um fala consigo mesmo e poucos dialogam com quem quer que seja.
No Centro Comercial Colombo, como em todos os demais, nota-se um ser que não é bem o ser português, que não fala com quase ninguém, que negoceia em silêncio, que paga e não regateia, que não conhece quem está do outro lado do balcão, pondo-lhe o dinheiro nas mãos sem uma palavra, sem um gesto de humanidade activa, sem aquela postura, bem nossa, de ter sempre a língua pronta para um " bom dia ", um " olá, venha por bem e que Deus o ajude", um " como está, freguês ", um " bem haja e até logo ". É isso que ali me faz falta. Mas que mostra um Portugal moderno, um País à altura desses homens de quinhentos que serviram de mote a este Colombo, a esta nova vida, que importa também saber contrariar, de modo a fazer conviver aquele comércio tradicional e estas casas imensas, sinais dos tempos que os tempos não devem poder apagar.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Tempo de quedas

Nesta onda de quedas sucessivas, perigosas e derrapantes, quase só o desemprego contraria esta lei de uma gravidade que não desejaríamos: se esta é quase a única mas triste subida, tudo o mais leva o carimbo do desastre, do descontrolo, o que se não pode dizer, como é óbvio, em termos de quem deve, de os juros terem essa - aí feliz - coincidência. Mas para quem vive das suas economias, a Euribor em derrapagem torna-se uma forte dor de cabeça.
Perante a dupla significação das diversas situações, quem não gosta mesmo nada de se ver a escorregar é o Quaresma, que, de menino bonito em Portugal, passou por um mau bocado na Itália, joga agora nas reservas do Chelsea, na Inglaterra, lugar que não lhe calha nada bem.
Há, neste caso, uma lição a tirar: nada é definitivo e a glória de hoje pode muito bem ser a tristeza de amanhã. A viver essa angústia, desejamos ao Quaresma, que até nem militava num clube que nos fosse, aqui, particularmente grato, toda a sorte do mundo e um rápido regresso à ribalta da alta roda do futebol, para que Portugal possa ver aplicadas as suas famosas "trivelas".
Em grande subida esteve, valha-nos isso, a Suissa que soube honrar a liberdade ao votar SIM no referendo sobre a livre circulação de gente da União Europeia, dando seguimento a legislação de 2002.
É um claro sinal de alívio para os muitos milhares de nossos compatriotas que ali vivem e ganham o seu pão, ao mesmo tempo que representa uma merecida bofetada nas pérfidas ideias que germinam lá mais acima, no Reino Unido e que queremos ver erradicadas de vez, porque, essa sim, é uma queda de todo o tamanho.
Quando o mundo tende para o seu desabamento, a consolação que nos chegou da Suissa veio na hora: em maré de crise o saloio proteccionismo levou ali uma boa tareia, que se saúda e se aplaude.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Em branco

Nesta mesa de trabalho, tenho uma folha em branco. Sei que quero escrever qualquer coisa, mas pouco me sai que tenha jeito e que valha a pena. Olho para o lado e só vejo crise, crise, crise, tricas e mais tricas, políticos aos berros e assanhados na Assembleia da República, partidos em busca de tudo e de nada, desemprego por todo o lado, nada de novas empresas, grande escassez de arrojo, gente que não cala a sua tristeza e desânimo, candidatos a candidatos, hoje és tu, amanhã talvez seja eu e no meio desta salgalhada, que causa tensão elevada e perigoso colesterol, só me apetece agarrar em José Saramago, que nunca li em profundidade, e tentar ser capaz de o entender, de o ouvir, ou então Eça de Queirós, que me parece sempre actual.
Desta minha varanda, que à serra chega sempre com um simples olhar, procuro um outro mundo e só me sai este que anda apodrecido, que vê as bolsas vazias, o petróleo a descer na origem e a subir nas bombas, o senado e a câmara dos representantes na América a darem razão a Obama, que perde, entretanto, em Israel a oportunidade, talvez, de encontrar uma nesga para a paz, os soldados em Mirandela a pensar no Kosovo, o meu país a ver que as janelas se fecham e que as novas oportunidades, amanhã, devem ser um outro qualquer engano, a educação sem professores ou em guerra aberta com a tutela e uma sociedade civil que tem um longo caminho a percorrer para conseguir a sua emancipação.
Razão têm as minhas filhas que se enriquecem com Saramago e outros vultos da nossa cultura, ou que lêem nas artes aquilo que eu não enxergo, mesmo com os olhos bem abertos, ficando assim sem compreender as profundezas do escritor que vive em Lanzarote, descontente com a azinhaga grande onde nasceu, ou as subtilezas de um Picasso que, em duas pinceladas, diz tudo aquilo que lhe vai na alma e eu, às vezes, não sou capaz de expressar o que me vai cá dentro, porque este mundo em que vivo anda às avessas e eu não quero que assim aconteça, mas não sou capaz de o mudar.
Calo-me, por hoje, com este desabafo, à espera que haja melhores dias.
Acredito piamente que eles não deixarão de bater às nossas portas. Venham!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Manuela Ferreira Leite em dois tempos

Começo por dizer que simpatizo com o ar sereno e calmo da Dra. Manuela Ferreira Leite e que sinto que, intimamente, pensa conseguir para Portugal o que para nós, cidadãos e portugueses, é o melhor caminho.
O seu percurso, os seus conhecimentos, o seu curriculum dão-nos alguma tranquilidade. O que diz e o que omite, talvez até mais neste último aspecto, são a prova disso mesmo. Sem embarcar em montra para inglês ver, sei que quer governar bem e com certeza nas medidas a tomar.
Mas há um problema: o desfasamento entre a história que, um dia, lhe dará razão e o tempo actual, aquele que interessa ao nosso dia a dia e que exige uma outra postura, com muito mais energia e menos reflexão.
Hora a hora, estamos à espera de ver sair do fundo do túnel uma qualquer luz que ilumine as trevas que estamos a viver. É isso que tarda na Dra.Manuela Ferreira Leite. A citada história apreciará as suas ideias, mas o país, agora, precisa de uma atitude diferente, um caminho imediato que nos mostre que é possível sair deste impasse, deste andar para trás, deste desânimo, deste desassossego.
Aqui reside o âmago da questão: ou mostra tal capacidade, ou então ter-se-á de procurar outro alguém que a história talvez não venha a entender, mas os portugueses acabam, no imediato, por aceitar, porque é de pressa, é de uma acelerada urgência que se faz o seu futuro.
Ficar a aguardar a escrita da história é bonito, mas não enche barriga, nestes momentos.
Tenho pena que assim aconteça, mas há outras vias que não podem deixar de aparecer, se MFL não quiser deixar, por uns dias, de ser ela própria, para se afirmar como a líder que urge pôr em funcionamento a todo o vapor.
É de velocidade e premência que se fala, não de história, infelizmente. Essa ficará para mais tarde, claro.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

" Chipado" de todo

Só me faltava mais esta: ter um "chip" no carro para saber meus passos, para poder aceder aos meus bolsos, via SCUT, assim que seja oportuno - talvez não em 2009, valha-nos isso!
De controlo em controlo, a minha radiografia está sempre na ordem do dia. Sou controlado no banco, no supermercado, nos CTT, nas finanças, na missa, no cemitério, no cinema, na associação, no departamento governamental, no tribunal, na rua, no metro, no autocarro, não sei se no telefone, para agora me virem, por seis meses, oferecer de borla mais um instrumento de quebra da minha liberdade!... Bolas, isto é demais.
Com tanta gana em tudo saber de mim, qualquer dia pedem-me um raio X ao estômago, uma ecografia do coração, uma TAC da cabeça, um atestado de sanidade mental, um registo criminal, um BI cheio de informações que as máquinas até terão dificuldades em descodificar. Carregado até às orelhas com esta tralhada, não me sobra espaço para ser eu próprio, um sujeito individualizado, uma pessoa, um cidadão, um ser pensante. Sou apenas aquilo que os outros querem que eu venha a ser. Não. Não. Não.
Se teimam em levar por diante este apagamento de mim mesmo, que pouco mais espaço livre tenho que a casa de banho ( por enquanto ) e talvez a pacatez da cama, mais tarde ou mais cedo não tardará em que me venha a filiar num qualquer movimento anarquista, daqueles que me permitem respirar, refilar, andar por onde quiser, recusar, como Agostinho da Silva, qualquer documento, desde o citado BI ao todo poderoso e devassador número de contribuinte.
Com esta pressa em me esmagar, antes de ter o pé em cima do pescoço, é hora de gritar: BASTA!
Já agora, se querem fazer um favor completo, tragam-me essa grilheta a casa, aqui bem perto do A25, onde cheira a Oliveira de Frades, quando do mar se vai para a serra.
Mas perguntem primeiro se podem entrar. Como não vêm por bem, ficam à porta, de certeza, ainda que, com tal descortesia, pareça mal educado. Mas antes assim que amordaçado, atolhado de "açaimos" que um ser humano não pode aceitar de bom grado.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

UMJA - Oliveira de Frades

Descobri há dias uma Banda Filarmónica que me pareceu um doce: a UMJA - União Musical Juventude e Amizade, da Sobreira - Oliveira de Frades.
Composta por gente nova e cheia de valor, ali se aprende, se ensaia e toca música de primeira, mesmo que esteja a "viver" em instalações emprestadas, com cara de garagem, fruto de muita carolice colectiva e individual e grande vontade cultural.
Com dez anos de grande animação, conseguiu agora o sonho de encontrar, ao que me disseram, uma casa nova, em parceria com outra Associação local, que acaba de ser construída, a partir de um projecto aprovado e financiado pela ADDLAP e Câmara Municipal de Oliveira de Frades, nos anos de 20032004 e agora concluída.
Esta é uma boa prenda, mas, dizem-nos, falta dar grandes passos, de modo a mobilar e apetrechar o citado edifício. É aqui que cabe bem este apelo: um pedido de ajuda a todas aquelas entidades públicas e aos particulares que queiram colaborar com um projecto feito por gente de pouca idade, mas de muito valor, dedicação, coragem e desprendimento, porque só assim se consegue manter de pé uma colectividade com tal envergadura, que se associa a outra com um pouco mais de idade, mas que mostrou assim boa vontade, cedendo as suas instalações, por protocolo entre as duas intervenientes.
Para que a UMJA possa ser feliz e para nosso enriquecimento colectivo, venham daí os apoios, que aquela gente agradece e bem merece.