sexta-feira, 29 de julho de 2011

De Oliveira de Frades para os EUA

Eu sei que ninguém me passa cartão. Sei que, aqui, com o Caramulo e o Ladário a barrarem-nos as ondas que andam por aí, no ar, é difícil chegar a Lisboa e, muito mais, à capital dos EUA.
Mas, por favor, meu Caro Obama, eu, que tenho um PIN da campanha eleitoral, verdade, verdadinha, em oferta das filhas, que foram de visita ao Zé Martins, um amigalhaço da minha terra, só lhe peço um favor: entendam-se quanto a isso do Orçamento e do salvação do défice.
Sei que isto de andar aflito, afinal, não é estatuto de pelintras de Oliveira de Frades, nem de Atenas, nem de Dublin, nem de Bruxelas. Chega à América e isso tira-me o sono todo, porque, ao perder o euro e o dólar, de uma só vezada, é água a mais para o nosso moinho.
Salve-se, que nós agradecemos.
E, já agora, se quiser - o que muito me agradaria - convide-me para uma troca de opiniões na Casa Branca, que tenho uma tradutora de cinco estrelas, uma jovem filha que "brinca" a trabalhar e que muito gosta do que faz.
Era um sonho de vida que nunca mais esqueceria, meu Caro Obama!

sábado, 23 de julho de 2011

Para a Noruega com amor

Sou um norueguês que sofre, um cidadão do mundo dorido com a tragédia que se abateu sobre um país, que, não sendo um reino perfeito, é, todavia, um exemplo vivo e activo de uma democracia solidária. Por tudo isto, ou por isto mesmo, mais se estranha a origem e ferocidade deste atentado e do ataque que se lhe seguiu. Um horror!
Com a violência como receita, quero dizer, bem alto, que não se vai a lado nenhum. Quero, publicamente, testemunhar a minha solidariedade com todos aqueles que sofrem a dor de ver partir, assim barbaramente, os seus ente-queridos e dizer que acredito que quem assim se despediu da vida terá, algures, a merecida recompensa.
Quero manifestar o meu direito ao repúdio perante actos tão vis. Quero podê-lo dizer aqui abertamente, também por sentir quanto a Noruega deu - e está a dar - à causa da democracia. Devo a sua gente muito daquilo que sou em termo de valores de cidadania e de participação. Obrigado, irmãos noruegueses!
Estou convosco. E com quem mais sofre, aí, no norte europeu que tanto estimo.
Os meus pêsames, a minha total solidariedade.
E agora, temos de perguntar: que fazer? Que pensar de tudo isto?
Que respostas dar?
Uma só se impõe: condenar com veemência todo este horror e combatê-lo por todos os meios em em todos os lados.
E pensar ainda em Olof Palme, um outro herói que, ali ao lado, tombou cheio de ideais e apoios ao mundo livre. Bem haja também.
Activa e solidariamente.

sábado, 16 de julho de 2011

Sócrates e a filosofia

Há atitudes que aprecio e uma delas é esta: ir à procura de conhecimento. José Sócrates, sendo que o José serve, neste contexto, para não haver quaisquer confusões com o outro Sócrates, o Grego, com quem Carlos Rodrigues, há tempos, brincou no "Notícias de Vouzela", seguiu este caminho e lá foi para Paris estudar filosofia.
Aqui, nesta minha terra de Oliveira de Frades, ainda que se não morra de amores (antes pelo contrário) por aquelas políticas que aplicou nestes últimos seis anos, queremos dizer a José Sócrates que esta opção só peca por tardia. Querer ir além daquilo que são, praticamente, as rectas de uma qualquer engenharia civil, para aprofundar as curvas e os círculos sem fim e profundos da filosofia, é gesto que tem de ser aplaudido.
Quando dissemos que só condenamos um certo atraso nesta tomada de posição, é porque sabemos que esta ciência das ciências faz bem a toda a gente e muito jeito teria dado nas suas passadas tarefas da governação. Mas mais vale tarde que nunca.
Assim, temos de o confessar, é sempre tempo de ir buscar saber. Neste caso concreto, trata-se mesmo de uma versão mais elaborada das "Novas Oportunidades", agora em versão francesa, que José Sócrates quer experimentar. Que por ali se dê muito bem, eis os votos de quem, apesar de tudo, não lhe quer mal nenhum.
Que o saber não ocupa lugar, eis um outro velho ditado que em Massada, salvo erro, de Trás-os-Montes, também veio a dar frutos, que o seu filho Zezito o soube captar e vivenciar, como, agora, se está a ver.
Que a filosofia merece todos os esforços, mesmo o de pedir licença sem vencimento, eis esta prova provada, sem quaisquer dúvidas.
Força, Zé!...

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Uma má avaliação e um grande estremeção

Anda toda a gente arreliada com a Moody's, porque esta agência se comportou mal e veio castigar, injusta e, talvez, malevolamente, as nossas finanças nacionais e os bolsos individuais e particulares. Uns malandros, essa gente!
Sei que assim é e acompanho o cortejo de lamentos e condenações, mas não deixo de observar que, com cerca de um século de vida, todas essas organizações conviveram com o nosso sistema, sem grandes queixumes.
Só que, agora, o caso muda de figura e o dólar sente-se ameaçado pelo seu novato parceiro, o euro. Como a Moody's e afins estão todas localizadas nos EUA, eis uma "boa"razão para desancarem na malta europeia. Aqui, a Oliveira de Frades, vieram dizer-nos que esta é uma estratégia que, fazendo cair Portugal, depois a Grécia, a Irlanda e já a Itália se chegará ao cerne alemão e, por via disso, ao euro em si mesmo: derrubá-lo é o objectivo final. Pelo meio, que se lixem os pequenotes, do tamanho de uma casca de noz, aquelas que correram mundo, divulgaram culturas e ciência e, nestes tempos, são facilmente descartáveis.
Não é este o mundo que quero e esta solidariedade bem a dispenso. Repito o que disse há muito tempo: ou a Europa se une, ou cai estatelada em chão movediço, lodacento.
Que Bruxelas abra os olhos! Isto já não vai com meias medidas, nem com falinhas mansas. É preciso bater o pé e dar cabo das políticas que nos querem abafar. Só em bloco isso se pode conseguir.
Uma voz é necessária e só uma, mas proclamada por estadistas e não por quadros de meia tigela.
Esse é o caminho.
Este, o que agora estamos a trilhar, só nos levará ao abismo e aqui, em Oliveira de Frades, ninguém o deseja.
Mas precisamos de gente e este interior perde-a ano a ano, Censos a Censos, como aconteceu neste ano de 2011, em S. Pedro do Sul, com menos 2335 habitantes, Vouzela, menos 1203 e Oliveira de Frades a perder 389 pessoas nesta última década. Uma calamidade bem maior que aquela que a Moody's nos traz, porque esta fala de falta de guita e aquela refere-se a um bem mais precioso: gente, gente, gente, que escasseia e não se sabe para onde vai, num País assimétrico, desorientado e sem um plano de equilíbrio que impeça esta fuga em massa de quem tão necessário é ao bem estar de uma região e de um povo.
Esse é o problema, que o resto resolver-se-á a seu tempo...

domingo, 3 de julho de 2011

Alerta, meus senhores!

Sei que há Governo novo, que a Presidência da AR tem uma ilustre Presidente, a Dra. Assunção Esteves, que o programa passou no escrutínio dos nossos deputados, que a minha amiga Ester Vargas, de S. Pedo do Sul, paredes meias com Oliveira de Frades, ali entrou e sei que vai dignificar o cargo, sei tudo isso e até que já levámos outro rombo no nosso bolso, com efeitos no mês de Dezembro, aquele do santo e doce Natal (que contraste!), mas o que mais me doi é ver que a minha gente se vai embora: o Censos de 2011, para o Interior, é arrasador, sugando tudo quanto era esperança de futuro.
Em Lafões, nem a grande diva do desenvolvimento, Oliveira de Frades, escapou a esta avalanche de sinal negativo: assim, de uma rajada de dez anos, perde assustadoramente S. Pedro do Sul, sofre um forte abanão Vouzela e até, já o dissemos, Oliveira de Frades não foi capaz de resistir.
Aqui che(a)gados, só há uma conclusão: esta dramática questão é sistémica e envergonha todo o tecido decisório que tem tido mãos, em termos de planeamento, os desígnios deste cada vez mais assimétrico País.
Por mim, sinto-me mal, com o desamparo de uma região que assim se despovoa. Se posso ter tido culpas no cartório - crendo que tudo tenho feito para o evitar -, peço desculpa, mil desculpas, mesmo.
Tal como, no reino da canela, toda a gente caminhava para Lisboa, agora o caso é bem mais complicado: tudo foge para algures e a minha terra deixa de poder sentir a vida de quem a sustenta.
Alerta geral, eis o que quero dizer.
Só isso: é doloroso o plano inclinado em que colocamos este nosso Portugal.
Qualquer dia, o afundamento não deixa de nos bater à porta.
Muito pior que a Troika, muito mais mortífera que o Imposto Extraordinário de Dezembro deste ano da graça de 2011, daqui a uns dias, esta perda de população deve fazer-nos reflectir, politicamente e, sobretudo, filosoficamente.
Em 2011, soa a campainha de um coração que está prestes a deixar de bater.
Daqui a gerações, é isso que vai acontecer.
Se não pararmos, esta marcha destruidora e assasssina dará cabo de nós, aqueles que gostamos deste Portugal inteiro, unido, diferente e complementar.
E que detestamos uma terra de gente e outra de urtigas, tojos e cobras.
E os culpados têm rosto e contexto: os planeadores das últimas décadas, em dois regimes, o do Estado Novo e este, o da Democracia.
Se todos podem escapar aos tribunais da justiça, aos da consciência, talvez não....