sábado, 31 de outubro de 2015

Tradições destas nossas terras de Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul

Nestes tempos em que o culto dos mortos, a recordação de nossos antepassados, povoa todos os nossos pensamentos, registamos uma tradição que, outrora, foi uso e costume no quotidiano fúnebre das terras de Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul, a fazer fé num testemunho ouvido, há dias, em Cercosa: sempre que o cortejo fúnebre passava pelas diversas casas, havia o cuidado extremo em manter levantados todos os animais das casas da aldeia, nem que, para isso, fosse preciso os donos irem aos currais fazer pôr em "pé" esses seus bichos. Isto nos foi confessado, em conversa informal, na semana que está a acabar. Aqui se regista esta prática para memória futura...

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A importância das carnes e cautelas a ter, mas nada de pânico, cremos nós...

Agrupamentos de Defesa Sanitária (ADS) em dificuldades, a nível geral - Oliveira de Frades lá vai resistindo Tempos houve, não há muitas décadas, em que falar-se em Agrupamentos de Defesa Sanitária (ADS) era sinónimo de bem-estar e saúde de nossos animais, porque estes serviços, meio públicos, meio privados, estavam ao serviço dos agricultores e criadores de gado um pouco por todos os concelhos. Em Oliveira de Frades, isso era uma certeza e uma evidência. De momento, se o nível geral é de incertezas, localmente também o panorama não vai muito bem, mas francamente aceitável, para as limitações que tem vindo a sofrer. Constituídos para defesa da qualidade de saúde dos nossos gados, a Portaria 1088/97, de 30 de Outubro, DR nº 252/97, I Série B, que tem a ver com o Regulamento de Constituição e Funcionamento dos ADS, consagrava, nos seus objectivos, para as antigas e novas instituições desta natureza, a necessidade de se assegurar o controlo sanitário, prevenir e combater as doenças infecto-contagiosas, fazer a identificação dos efectivos pecuários, melhorar as suas condições higio-sanitárias nas explorações, dar formação aos criadores, entre muitas outras tarefas inerentes a este importante sector do nosso mundo rural. Durante anos, assim foi acontecendo, salvo um outro pormenor menos bem conseguido. Numa espécie de convicção, por sinais que recebemos de um lado e de outro, não nos parece que se navegue em condições muito saudáveis quanto a estes ADS e isso traz-nos algumas dores de cabeça e é mais uma machada na nossa já frágil agropecuária. Em busca de respostas, fomos bater a algumas portas, onde sabemos que há informação fidedigna, como exporemos, de seguida: Começámos por falar com o Dr, Manuel da Silva Florindo, um oliveirense, veterinário e muito ligado a estas andanças, até na sua qualidade de alto responsável distrital por esta área, que nos disse, logo, que, num problema que está na base da boa saúde pública e respectivos cuidados primários, que devem iniciar-se pela atenção dada aos animais, o Governo tem-se posto muito à margem daquilo que deveria fazer. Para além de ainda não ter pago as verbas referentes aos apoios de 2014 ( e já só comparticipa em 25%), no que se refere ao ano de 2015, tudo aponta para que empurre toda a responsabilidade para os criadores, pelo menos tem sido essa a intenção manifestada nas reuniões em que tem participado. Numa zona em que cada agricultor tem pouco mais de dois a três animais, quando o mínimo para alguma entrada de capitais europeus é de explorações com mais de dez reses, é fácil adivinhar os constrangimentos que estas restrições acarretam: sem meios para custear a ADS, opta-se por andar ao deus-dará e isso não é bom para ninguém. No entanto, como dissemos, no concelho de Oliveira de Frades, o ADS vai continuando o seu caminho, como nos informou Geraldo Almeida, seu funcionário, mas sem o vigor de outras épocas. Com cerca de 400 agricultores inscritos, no campo etário dos cinquenta anos para cima, em regra geral, nota-se uma certa diminuição, sobretudo para quem possui um ou dois animais, a partir do momento em que se começou a falar das inscrições nas Finanças e necessidade de se colectarem. Essa indicação funcionou como um perigoso travão. Apesar destas restrições, estão inscritos e a receber todos os cuidados sanitários cerca de 750 grandes ruminantes (bovinos) e 3500 bovinos e caprinos. Se este último número se destaca, comparando com 1988 ( ver Monografia, 1991), em que havia 1354 cabras e ovelhas, no que diz respeito aos bovinos há uma clara diminuição, passando-se de 3078 (1988) para os tais 750, em 2014. Nessa altura, o gado leiteiro estava na moda e hoje praticamente desapareceu. Com a responsabilidade do médico-veterinário, Dr. Luís Malafaia Novais, duas vezes por semana, vai-se para o campo fazer recolha de amostras e dar apoio aos produtores, atendendo-se ainda todas as solicitações que forem surgindo. A Direcção é constituída por Joaquim Gonçalves Fernandes, Presidente, José Manuel Vieira e Adriano Vicente Ferreira, que, no meio de tantas adversidades, têm conseguido manter vivo este organismo da nossa lavoura, que não pode cair nas ruas da amargura. Por aquilo que, aqui, viemos a descobrir, vá lá: a resistência e a vontade de seus dirigentes e funcionários são a prova de que, com esforço, mesmo num mar turbulento, é possível resistir. Mas as queixas apontadas pelo Dr. Manuel Florindo são, também em Oliveira de Frades, muito sentidas. No dia em que os apoios entrarem nos eixos e o Governo passe a olhar para a nossa agricultura com a atenção que deve ser exigida, tudo pode vir a melhorar. Os animais e a nossa saúde agradecem que assim venha a acontecer. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Agosto, 2014 NOTA – Quando agora se fala tanto em cuidados a ter com certas carnes e suas formas de tratamento, em virtude de um alerta da Organização Mundial da Saúde, temos de analisar estas dicas com o bom senso de sempre: qualquer alimento em doses industriais comido sofregamente é altamente perigoso. Agora, se houver contenção, não nos parece que possamos pensar que as carnes são a causa de tanto mal como se quer fazer crer. Cautelas, sim, pânico, nada disso, palavra de leigo…

terça-feira, 20 de outubro de 2015

OLiveira de Frades e seus fluxos populacionais

Dinâmicas populacionais em Oliveira de Frades Esta é uma terra, que estando situada em zona de charneira, entre o litoral e o interior (sendo que, por exemplo, no A25, nó de Reigoso, a distância quilométrica entre Aveiro e Viseu é precisamente a mesma), não sofre tão corrosivamente os efeitos do despovoamento e da desertificação característicos do interior, puro e duro. Se as coordenadas geográficas ditaram esta boa localização, se o vale dos rios adoça o clima, se a floresta ajuda a que chova, tudo isto, naquele prisma, seria em vão se os homens não tivessem cuidado deste chão com o carinho e a dedicação que ele merece. Com a sua acção, olhando para uma agricultura a esvaziar-se ao longo dos tempos e desde há décadas, a busca de outros meios e vias de subsistência levou a que se acautelasse, na medida do possível, o futuro. Devido a essa pró-actividade, que teve nos peixeiros e nos avicultores, antes da fase da industrialização, o vento benfeitor que empurrou o progresso, as populações não debandaram em grau idêntico ao que aconteceu noutras paragens. Mesmo assim, nem tudo foram rosas por aqui. Em termos de habitantes com menos de quinze anos, notou-se uma diminuição significativa entre os censos de 1960 e 1991, que é o espaço temporal que estamos a analisar, com base em “ A situação social em Portugal, 1960-1999, volume II, Indicadores sociais em Portugal e na União Europeia, António Barreto (Org), Imprensa de Ciências Sociais, Lisboa, 2002”. São estas as percentagens, em decrescendo de 10 em 10 anos: 1960 – 29.1%; 1970 – 27.9; 1981 – 24.9% e 1991 – 22.2%, com a média do Continente a mostrar estes números: 28.8%; 28.1%; 25.3% e 19.7%. Ficando Oliveira de Frades a ganhar em 1991, no geral nunca se distanciou muito daquele padrão mais geral. Mas há uma dedução óbvia: é flagrante a perda de importância da população infantil e juvenil de ano para ano, o que faz tilintar todas as campainhas demográficas, não apenas por aqui, mas em muitos outros locais por esta Europa fora. Dos 15 aos 64 anos, nos mesmos intervalos temporais, seguiu-se uma linha praticamente inversa, muito embora com variações não muito acentuadas, como se pode ver: 1960 – 59.1%; 1970 – 57.8%; 1981 – 59.2 e 1991 – 60.5%. Analisando o Continente, é este o panorama. Vejamos: 63.1%; 62.2%; 63.3% e 66.6 %. Ou seja: Oliveira de Frades, neste ítem, fica bastante abaixo destes valores. Razões: talvez a fuga de pessoas em idade activa para outras paragens, o que revela uma situação algo preocupante. Mais idosos por aqui Avançando para outros patamares, o de mais ou igual a 65 anos, aqui os sinais vermelhos, quanto a novas necessidades, são bastantes e de fácil, mas dramática leitura. Há mais população idosa nesta terra, se vista à luz do restante país. Com 11.5%, 14.2%, 15.9% e 17.3, opomo-nos a um Continente com 8.1%, 9.7%, 11.5% e 13.7%. Sem acreditarmos que a esperança de vida é em Oliveira de Frades muito superior às outras terras, temos aqui um sinal de que há uma fuga de habitantes em outras idades e uma atracção, ou uma não saída, nestes escalões etários. Associando os índices de envelhecimento, 40.5%, 51%, 63.6% e 77.9%, neste concelho, contra os 28%, 34,7%, 45.4% e 69.5%, a nível continental, constata-se que há um pendor para as pessoas em idades mais adiantadas aqui do que noutras paragens. Importa, por isso, que se proporcione bem-estar e qualidade de vida a estes idosos, o que apela a correctas políticas públicas de índole social. Com10858, 10080, 10391 e 10584 habitantes, desde 1960 a 1991, prova-se então que Oliveira de Frades teve a virtude de prender a sua densidade demográfica. Mas, com tanta indústria, esperava-se bem mais. Sem aqui aludirmos aos censos de 2001 e 2011, podemos acrescentar que a população não variou muito, nem para melhor. Se virmos que houve concelhos e perderem 1000, 2000 e mais habitantes, este feito já merece a nossa consideração. Agora, importa fazer com que a situação se altere para outros valores bem mais agradáveis e era dessa revitalização destas zonas de baixa densidade que gostaríamos de ouvir os nossos políticos em campanha a esfarraparem-se, em esforços, nesse mesmo sentido. Infelizmente, as suas atenções continuam demasiado presas no litoral cheio de gente e nós por aqui com tão pouca. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Setembro, 2015

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Amuada anda esta gente

Aquilo por Lisboa nem o vento faz despertar os ânimos: casmurros, todos teimam em guardar o seu cantinho. Esquecendo-se que o País não aguenta tantos amuos e decisões que só olham para o umbigo, daqui de Oliveira de Frades partem para esses negociadores valentes puxões de orelhas. Ou umas sapatadas em sítio que o bom senso nos leva a não referir. Aqui, no meu concelho de Oliveira de Frades, se se falasse em dois tabefes, toda a gente os compreendia e perdoava. Mas, beirões que somos, não chegamos a Lisboa e esta cidade-capital pouca atenção nos dá. Mas esta barafunda não augura nada de bom. Brincar à política é coisa que não é do nosso gosto...

sábado, 17 de outubro de 2015

Um apelo ido de Oliveira de Frades

Não se pode dizer que ande muito animado. Nada disso. O céu anda assanhado, mais a sul que a norte, a política está acesa. As decisões adivinham-se algo atribuladas. Ninguém sabe o que vem por aí. Aqui, em Oliveira de Frades, espera-se que haja calma, bom senso e muita perspicácia, caldeada com um sentido de realidade. No meio de uma tempestade, o pior que se pode fazer é desprezar a cautela e a capacidade de avaliar os riscos, para os evitar. O meu País vive momentos de um tempo muito conturbado. Do céu cai água, da terra há raios e coriscos. O que espero disto? Que haja a escolha do melhor caminho e só vejo, em boa prática política, que se chame o chefe do boletim meteorológico que mais acertou nos resultados, que se deixe ver como é que ele consegue arranjar o esquema para sair da tempestade e, se o não conseguir, que seja chamado quem, tendo falhado, pode ainda, com muletas, encontrar um caminho qualquer. Sem saber bem onde vamos ter, que Deus nos ajude com o bom sol, mais cedo ou mais tarde. Haja o que houver, negar estes passos fundamentais é não saber nada de tempo. Sol e chuva alternam-se e até o vento nos visita. E assim vamos vivendo. Esperava melhores dias? Isso esperava. Mas a realidade é o que é. Pronto.

sábado, 10 de outubro de 2015

Reflectir a sério sobre os cenários pós-eleitorais

Eu sei que a vitória da Coligação foi curta, mas corresponde a mais votos e ao primeiro lugar. Sei que o PS ficou em segundo, que o BE alcançou, com mérito, o terceiro lugar e a CDU, aumentando a sua votação, segurou o seu universo eleitoral. Sei que o PAN entrou no Parlamento. Sei tudo isto e muito mais: sei que o meu País está num tempo em que as decisões não são fáceis. Nem o PR pode agir. Sei que há possíveis cenários para encontrar um Governo. Sei que todas as soluções são periclitantes. Sei que o PS balança entre dois mundos. Sei que as suas gentes estão profundamente divididas. Sei que quem votou PS o fez por saber que é Partido pró-europeu. Sei que BE e PCP, a esse nível, nem por sombras. Também sei que dentro do PS há quem se incline para uma ligação a estes dois Partidos e que António Costa é, nestes momentos, um homem no meio de uma ponte que treme por todos os lados. Sei que, modestamente, lhe posso dar uma ajuda: se olhar maduramente sobre o território português, verá que o nosso espaço tem duas manchas distintas - até ao Tejo, cores quase só da Coligação, distrito a distrito. Daí para sul, na realidade o panorama muda de figura, com tons mais avermelhados. Só que a primeira coloração advém duma opção segura em propostas concretas, as do PàF, que disse ao que vinha. A sul, há três projectos bem distintos em cima da mesa. Quem votou em cada um destes Partidos olhou para cada um deles e não para o seu conjunto. Aliás, as diferenças e as oposições entre eles são óbvias. Logo, não é líquida a leitura que quer fazer crer que representam uma única alternativa. Se o quisessem fazer, fossem a jogo em conjunto. Assim, duvido que seja linear um certo raciocínio que para aí circula. Se é legítimo, em termos constitucionais, que sejam chamados a poderem entrar em acção, mesmo com essas visíveis diferenças (Ver a demissão de Sérgio Sousa Pinto, por exemplo) em segunda "convocatória", primeiro tem de ser seguida a postura mais correcta: dar voz a quem venceu. Claro que assim é. Com a vida que temos, pede-se aos Partidos que saibam ler bem o futuro. Este não dá para se brincar muito aos governinhos. Nada mesmo.

sábado, 3 de outubro de 2015

Este gajo está em reflexão e nem o SLB me escapa. Amanhã, creio eu, não vou ao meu estádio, o Café Larides, na minha Sobreira. Culpados? Em primeiro lugar, a Liga que teve esta ideia estapafúrdia de marcar jogos de futebol para este dia tão especial. Seguidamente, eu próprio que, em dia de eleições, não sou capaz de deixar de ouvir falar do futuro do meu País. Entre um jogo de futebol, mesmo que a envolver o meu SLB, e os resultados de um Portugal ainda em apuros, é a minha nação, a grande, que mais me motiva. Temos de saber relativizar as nossas opções. Quem me merece uma boa palmada é a Liga. Com mão pesada. Boa votação, eis o meu desejo.