segunda-feira, 30 de maio de 2016

O preço caro das coisas grandes, a vantagem das felicidades pequeninas em Oliveira de Frades...

Ao ver e ouvir as televisões nacionais, tenho a vaga sensação de que tudo se resume, no meu País, ao Rock in Rio em Lisboa. Mas não é NADA assim a vida do meu território nacional em todas as demais regiões. Há vida para além da Bela Vista, pedindo-se que os olhos estejam bem abertos para todo este nosso Portugal. Se me perguntarem se adoro música, haverá uma só resposta: gosto dela a valer. Mas o folclore da minha terra, as suas bandas, as suas manifestações culturais, multiplicadas por 308, tantos são os nossos concelhos, não podem ser esquecidos. Dá-nos a RTP, em horário meio de esguelha, ao cair da tarde, o "Portugal em directo" da fabulosa e resistente Dina Aguiar, mas o bloco maior, o do telejornal, só costuma ser preenchido com Lisboa e arredores, a não ser que um qualquer acontecimento mirabolante aconteça noutras partes. É contra esta visão centralista que me insurjo. Com afinco e com vontade de mudar meio mundo que teima em não aceitar estas verdades sem discussão...

terça-feira, 24 de maio de 2016

Respirar de alívio na Áustria, em Vouzela e Oliveira de Frades

1 - Nestas nossas terras de Oliveira de Frades, não nos são alheios os acontecimentos que se passam por esse mundo fora. Preocupamo-nos com o gigantesco problema dos refugiados e com a incapacidade de a União Europeia saber encontrar as devidas e necessárias respostas à altura da sua história e responsabilidade social. É esta a questão que nos está a dividir demais e que, na Áustria, mostrou haver uma ferida que quase ia sangrando, a caminhar para uma perigosa gangrena. Por uma unha negra, não foi eleito um Presidente da República da extrema-direita, caindo os votos finais, por via da correspondência, no seu opositor. Foi este o respirar de alívio que nos agradou. Mas que deixa no ar mais interrogações que certezas. Por este andar, a nossa Europa pode tombar e isso é que nós não queremos, mas, a nível superior, pouco se faz para evitar essa tragédia. - 2 - Respiramos ainda de alívio quando em Portugal se retomou a tradição de o Dia do Corpo de Deus, quinta-feira, ser, de novo, Feriado Nacional. Por estas nossas terras, em Vouzela e Oliveira de Frades, as festividades serão floridas e, neste último município, repletas de um simbolismo que se mantém ao longo dos séculos: a ida em Procissão ao Salão Nobre dos Paços do Concelho, para, da sua janela, se fazer um Sermão religioso para todo o público presente. Assim tem sido, assim será por muito tempo, cremos nós...

domingo, 15 de maio de 2016

Isto de fazer anos, agora, já não é o que era...

Em dia de anos, vivido a 5 de Maio, nasceram estas considerações pessoais" ... Isto da idade/é qualquer coisa de esquisito/os anos passam, em velocidade/ e muitos deles quase não visito//// Uns já andaram há tempos/ outros nem se sabe se aparecem/foram-se uns a destempos/outros, mal despontam, logo se esvanecem////Houve alturas na vida/que queríamos o comboio a marchar/este arrancou em marcha destemida/e o tempo fugiu, nunca mais o vamos achar/// Chega uma outra fase, a do travão/desejávamos que eles, os anos, parassem/e, eles, abanando o coração/dizem "olá" e pouco mais, é como se não falassem/// Nesta mistura de tempos idos e vindouros/fica a sensação de mundo dorido/ de pedra furada em ouros/fruto dum sacrifício perdido///Vale a pena, sim, vale a pena/caminhar no solo duro/andar em frente apena(s)/ com o sonho de alcançar o futuro///...

terça-feira, 10 de maio de 2016

Falar de Ceuta 601 anos depois de 1415...

Ano de evocações e de desejadas acções Há seiscentos anos, em busca de cereais que escasseavam, Portugal, que era dirigido por gente de alta craveira, sólida formação e visão estratégica, longe de vender os barcos que tinha, aventurava-se a, com eles, ir procurar novos mundos. Olhando ao largo, virou-se para Sul, espreitou África e partiu para a conquista de Ceuta. Estávamos em 1415, como registam os anais da nossa História. Abria-se, assim, uma época de ouro do nosso ancestral passado. Epopeia arrojada, tudo foi preparado ao pormenor, mas em resguardado segredo. Tanto assim foi que só em Lagos, no dia 28 de Julho, se dá conta da missão a cumprir. Até esse momento, os cerca de 20000 cavaleiros e soldados, em 212 embarcações, sob o comando do próprio Rei D. João I, não sabiam ao que iam, nem qual o destino de tanta azáfama. Portugueses, ingleses, galegos a biscaínhos, todos em conjunto, para ali andavam em boa cooperação, mas nada lhes era dito em jeito de conhecimento específico quanto ao carácter de suas funções, para não prejudicar o sucesso desta bem gizada operação. Este era um tempo em que as funções do Estado eram acauteladas até à exaustão. Após a Guerra da Independência, despoletada em 1385, consolidada com o Tratado de Ayllón, em 1411, famintos de cereais e metais, pensando na forma como satisfazer vontades díspares como as de uma nobreza ávida de feitos, de um clero ansioso por entrar pelo mundo islâmico adentro, com uma corte a querer mostrar tudo quanto valia ( e era muito), para os portugueses havia um bom caldo cultural e estratégico para se fazer algo de diferente e grandioso. Ceuta aparece como objectivo maior em tal contexto. Cidade bem situada, dominando o mar e várias rotas, centro comercial e local de culto islâmico, a dois passos de casa, era apetecível de todo. A coragem e a determinação fizeram o resto, quando a 22 de Agosto de 1415, foi tomada essa Praça forte. Isolada, pareceu tornar-se quase um monumental fracasso. Só que, e isto é que é relevante, a conquista de Ceuta foi parte de um projecto mais vasto, que chegaria a toda a Costa de África, à Índia, ao Oriente, ao Brasil e a tantos outros lados negociados com o Tratado de Tordesilhas, ao finalizar este mesmo século XV. Em início de ano, trazer para cima da mesa de trabalho esta evocação não passa de snobismo intelectual, cogitará muito boa gente e com razão. Mas não é bem disso que se trata. Sabendo que a História é um poço de lições sem fundo, estas referências à Conquista de Ceuta trazem água no bico: querem mostrar-nos que, hoje, somos uns pobres aprendizes de construção de nações sólidas, robustas, orgulhosas de seus feitos e prontas a nunca vacilar. Sem valorizarmos as nossas potencialidades, sem pormos a render os nossos recursos, vendemos todos os anéis, exportamos as nossas inteligências, desbaratamos conhecimentos e ficamos sempre na cepa torta. Depois de nos termos afastado da perda da independência, desastre que remonta a 2011, com a expulsão negociada da Troika, estas são horas de começar a sonhar com outros voos. Mas para sulcar os céus, desviando-nos das tempestades que nos ameaçam, com epicentro na Grécia, é de um poder forte, moderno, capaz, carregado de saber e vontade que temos de contar. Só assim avançaremos pelos mares de Ceuta e pelos céus do mundo. Neste ano de 2015, seiscentos anos depois da chegada ao norte de África, temos connosco a força de umas eleições que servem para apontar rumos, temos a necessidade de procurar, sem moeda nossa, mas com as boas graças do BCE, outras formas de viver com dignidade e algum proveito. Ceuta foi ontem, Portugal tem de continuar a ser hoje e amanhã. Mas não chegaremos a lado nenhum se não formos capazes de lutarmos com todas as nossas energias, no sentido de virmos a conseguir sair deste torpor que nos mata lentamente, em dolorosa e lenta agonia, bem pior do que morrer de vez. Ao menos, dessa forma, dispensaríamos a tristeza de uma dor que, corroendo-nos, nos não deixa viver o dia-a-dia. E isso dói mais do que tudo. Esta é a lição que os nossos políticos têm de saber aprender. Se o não fizerem a tempo, venham outros, que as nossas Ceutas exigem gente de rasgo e valor a sério… NOTA – Rebuscado este texto, aqui fica, em Maio de 2016, tal como foi gerado há cerca de um ano, porque pensamos que nele há muitas mensagens, sem falsa modéstia, que continuam actuais… Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, 2015

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Dia da Europa

Assinala-se hoje o Dia da Europa. Dizer que esta é uma data com toneladas e toneladas de uma boa história nunca é demais essa reflexão. Mas, olhando para o que nela vemos por estas alturas, não foi esta a ideia da Europa que esteve na mente, no coração e na decisiva acção de seus fundadores. Muito longe disso e, infelizmente, para pior. Poder-se-á argumentar que então arrancou com seis países e agora está muito perto das três dezenas, o que faz despoletar novos problemas. Mesmo que concordemos com esta posição, o que se está a passar é mau demais para se poder aceitar. Falta liderança, falta visão, falta arrojo, falta atitude política e há um enfoque grande demais em pormenores e questiúnculas que não ajudam nada ao seu sucesso. Fala-se muito em décimas e esquecem-se as questões de fundo. Apegados a egoísmos asfixiantes, os seus membros olham muito para os seus umbigos e pouco para aquilo que é, na verdade,importante: a construção duma Europa solidária, amiga de si mesma, mas aberta aos outros de uma forma humanista. O que a UE está a fazer com os refugiados deixa-nos em estado de alma muito abalado. O que está a praticar com os seus elementos em dificuldade não a abona de maneira nenhuma. Haja então um profundo exame de consciência e um trilhar do novos caminhos, aqueles para que a CEE veio a nascer. É dessa CEE que tenho saudades. Desta UE ficam-me muitas incertezas e a vontade de dar um abanão a quem tão mal a tem conduzido. Um abanão fortíssimo, de tal modo que seja capaz de pôr essa gente a pensar no bem comum, que agora estão a estragar...