quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Vou-me embora...

Diz-nos o ano de 2016 que se vai embora. Que parta. Mas eu sei que, com a sua ida, estou mais velho. Por um lado, não queria vê-lo fugir, porque assim me leva mais 365 dias e vida e igual tempo a menos para andar por cá. Por outro, com a esperança de que os novos tempos sejam melhores dos que os actuais e os passados, espero vê-lo pelas costas. Dilemas. Mas e vida é toda ela um eterno problema, uma viagem entre a realidade que muitas vezes dói e a esperança de novos dias que tragam mais alegria e mais esperança no futuro. 2016 vai-se embora. Adeus. 2017 que venha aí. Mas bom. Se é para isso, apareça. Se é para ser aborrecido, que fique onde está. Num tempo que nem sei se o quero a andar se que fique parado, aqui por terras de Oliveira de Frades, esperamos sempre que o amanhã seja melhor do que o hoje. Talvez assim volte a acontecer... Viva então o novo ano de 2017!...

terça-feira, 20 de dezembro de 2016

20 anos da Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões

Há vinte anos, precisamente no dia 20 de Dezembro de 1996, nascia, oficialmente, no Cartório Notarial de Oliveira de Frades, a Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões, de que me orgulho de ter sido mais um de seus fundadores. Antes, em reuniões preparatórias, andara-se pelos três concelhos, Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, em busca de aderentes a esta causa que teve no saudoso Chefe Silva o seu impulsionador inicial e principal. Para a história, ficaram as reuniões em Oliveira de Frades, Sejães, Monte Castelo, Casa dos Caçadores (Vilarinho-Manhouce), onde houve a cerimónia inaugural e a tomada de posse dos novos órgãos sociais, entre muitos outros locais. Como primeira sede, há a referir a generosidade do então Confrade Benjamim, de Oliveira de Frades, que disponibilizou a sua casa para esse fim. Anos depois, a CM de Vouzela, da presidência do também saudoso Confrade Paulo de Figueiredo, cedeu as instalações onde agora esta se encontra, bem no centro histórico desta vila. Vinte anos depois, hoje é dia de festa de aniversário e de duas dezenas de velas. Uma vida para outras se seguirem...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Vésperas de Natal muito negras

Já não sei que diga: este mundo está mesmo virado do avesso, com problemas continuados na Síria, uma chaga bélica e social no nosso mundo, com o assassinato do Embaixador da Rússia na Turquia, com possíveis ataques premeditados em Berlim-Alemanha e em Zurick-Suíça, não sabemos onde tudo isto vai parar. Por cá, dia bom para os lesados do BES. E sê-lo-á para todos nós? Não irá sobrar um bocadinho para os nossos impostos? Seja. Aqui, por estas terras de Oliveira de Frades, o costume de pagar desmandos da banca já é prática bem conhecida e azarenta. Logo, o que vier se verá...

domingo, 18 de dezembro de 2016

A riqueza social das nossas terras e a Cornucópia

Eu seu que a Cornucópia é um Grupo de bom Teatro que nasceu e vingou na cidade de Lisboa. Sei também que, agora, passa por algumas dificuldades e aflições. Sei isso e sei que lá passou, em tempos de morte anunciada, o nosso Presidente da República, o afectuoso Marcelo Rebelo de Sousa, que teve todo o meu apoio e só o tenho visto a aumentar de consideração. Mas eu sei também que momentos difíceis passam instituições sem fim por este nosso País fora. Apoios, todas precisam. E uma visitinha ou um empurrão Presidencial vem sempre a propósito. Mas é preciso que distribua esses abraços por todo o lado. Por todo o nosso Portugal. Aqui, nestas terras de Lafões, Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, cá o esperamos...

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Gastronomia tradicional e Estrelas Michelin

Sou natural e vivo numa região, Lafões, onde a doçaria e a gastronomia tradicional têm um enorme peso social, cultural e mesmo económico. Aqui se come a melhor vitela, os melhores pastéis, os de Vouzela, a melhor sopa, a seca, a de Alcofra, o melhor frango, o do campo, de Oliveira de Frades, o melhor cabrito na brasa, o do Salva Almas, S. Pedro do Sul, não parando a lista de muitas e boas iguarias de fazerem crescer água na boca. Não vejo, porém, que nenhuma delas venha a adquirir uma, uma sequer, Estrela Michelin. Essas ficam para aqueles pratos de onde se debica uma qualquer muito boa novidade, mas que fica muito longe da cozinha que por aqui existe. Sem pensar em que essas classificações são coisa menor, continuo com a minha ideia: não destronam as nossas ementas e até as valorizam. Quem vier em busca de tomar contacto com essas pitéus estrelados, não deixa de, para comer bem, dar uma saltada a uma casa que tenha os bons manjares tradicionais. Proponho, por isso, aos agentes que promovem a escolha dos restaurantes para as tais Estrelas que venham até aos locais onde os saberes antigos têm mais sabor e muito mais encanto. Fica o desafio...

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Guterres nos caminhos da ONU e um imposto, por cá, que não cheira bem

Esta semana começou em cheio com o Juramento da CARTA DA ONU pelo nosso António Guterres, num estrondoso momento histórico para Portugal e para o mundo. Prometendo mudança, mostrou ser a pessoa certa para aquele honroso, mas espinhoso lugar. Numa espécie de programa de acção, falou na forma de se lançar mão de novas políticas na abordagem dos problemas que tanto afectam a nossa humanidade, sobretudo em locais de conflito, nas manchas de pobreza e miséria, nas constantes discriminações de toda a ordem, nas intolerâncias, na dura marcha dos refugiados, sem esquecer a atenção a dar à minimização das alterações climáticas. Assim tenha meios para actuar, que ideias e vontade, saber e coragem lhes não faltam. BOA SORTE. Entretanto, por cá, isto continua e descambar: agora, aparece uma voz a propor um novo imposto para pagar a dívida, em cima de uma carga enorme que já suportamos há tempo demais. Creio que Rui Rio, um reputado economista, se enganou, ou tropeçou nas suas próprias ideias. Ou então não as explicou bem: isto é, se conseguir fazer secar outros impostos, talvez esta sugestão não seja descabida de todo. Mas é preciso, então, cortar noutros lados, a fundo, para que a malta fique a ganhar alguma coisa. Se é para a balança não mexer, que fique muito quietinho, ou mesmo calado...

terça-feira, 13 de dezembro de 2016

Infelizmente, mensagens de ontem e de hoje...

Tecido económico da região de Lafões mudou tudo Um novo ambiente se respira na nossa zona desde que a economia nos trouxe alterações de fundo: em ciclos e em reboadas diversas, o panorama agrícola virou-se de alto a baixo, primeiro endogenamente, até como resultado de uma pirâmide etária que lhe não era favorável, depois porque a CEE, agora União Europeia, veio impor regras e limitações que, vistas à distância de mais de duas décadas, também não foram a melhor solução, mas fizeram grossa razia nesse sector. Por fim, uma crescente industrialização sentenciou uma nova fase, não a perca total dos trabalhos no campo, mas este a converter-se em esquema complementar, como função e como fonte de rendimento. Num olhar para trás, para as últimas dezenas de anos do século e milénio anterior, descobre-se facilmente uma nova ordem económica e social nestas nossas terras. Com a agricultura em segundo plano, ganharam a dianteira, numa primeira viragem, a avicultura essencialmente, seguindo-se-lhe a indústria no seu sentido mais lato, ou mais específico. Com a vinda do antigo IP5, actual A25, isto alterou-se como que da noite para o dia, sobretudo no concelho de Oliveira de Frades e várias franjas de Vouzela e S. Pedro do Sul. Ultrapassando o turismo, como elo estrutural que também deveria ser, a indústria arrancou ao solo uma percentagem altíssima de mão-de-obra. Por volta de 1980, o sector primário, a agropecuária, cifrava-se em cerca de 70% das funções desempenhadas pela população activa, ou mesmo mais. Despontavam alguns serviços, para apoiarem a citada avicultura, sendo a Cooperativa Agrícola de Lafões, a Uniávila e um punhado de outras empresas um vivo exemplo desta tese, mas pouco mais se ia daí para diante. Com um comércio que nunca foi pujante, com um incipiente turismo, excepto, como é óbvio, as Termas de S. Pedro do Sul, eram escassas as saídas profissionais, sendo a emigração dos anos sessenta e a fuga para os grandes centros o corolário desse quadro apagado em que por aqui se vivia. Com a “vinda” da indústria, tudo se inverteu e, hoje, esse mesmo sector primário é praticamente residual. Já agora, importa dizer-se que, para agravar o panorama pré-industrial, até a resinagem se perdeu, assim como a venda de vinho americano – uma razoável fonte de receita clandestina ainda há décadas – e o gado também se escapou, mercê, talvez, da falta de feiras (quem se não lembra dos Carvalhos e outros comerciantes do sector a carregarem comboios e camiões de bovinos em dias de feira de Oliveira, ou da feira dos 8, ou dos 20?...), factores que se tornaram fonte de empobrecimento de nossas gentes rurais. Felizmente, para o tecido social e económico em que nos suportamos, que hoje podemos falar em 150 maiores empresas (PME) nos três concelhos, cinquenta por cada um. Isso é um prazer como notícia e um alento como ponte para o futuro. Mas não nos sossega, de todo. Com as dificuldades que se abatem sobre todos nós, com a Banca a cortar no crédito de uma forma abrupta e perigosa, com a crise que congela, ou atrasa o consumo, não são risonhos os tempos que para aí vêm. Apesar destas graves constatações, é consolador verificarmos a pujança que estas páginas retratam e nelas se fala apenas de PME – Pequenas e Médias Empresas, sendo que este nosso território tem algumas das maiores e mais destacadas firmas, a uma outra escala superior, que marcam pontos positivos dentro e fora de portas, em muitas áreas de topo e de ponta. Se essa é conversa para outro serão, em termos de PME, não trepando ao céu, podemos declarar que vamos indo no bom caminho, assim a austeridade violenta que se vive não lhes venha cortar as pernas. Se isso acontecer, então tudo vai por água abaixo e reanimar a nossa débil economia será tarefa de meter medo. Esperemos que assim não aconteça. Como não nos queremos alongar muito nestes comentários, terminamos com estas considerações: com um bem haja a quem ainda tem o arrojo de investir, criando riqueza e emprego no meio de tantas adversidades; com um pedido às entidades que têm responsabilidades nestes sectores no sentido de não deixarem esmorecer o ânimo que por aqui se vai notando. E com uma saudação calorosa e carinhosa a todas as micro-empresas que são forte pilar do nosso dia a dia e que não constam desta tabela, onde também se não nota a presença de milhares e milhares de “empresários” de sempre, os nossos agricultores, que, como gestores tantas vezes de parcos recursos, fizeram maravilhas em suas casas, sustentando famílias e tendo o campo a sorrir de vida e produção. Finalmente: que se olhe, de vez e em força, para as PME e as não deixemos morrer na avalanche assustadora de grandes superfícies e marcas brancas que, sendo boas para os consumidores, são a ruína deste tecido económico e social. Em nome ainda da economia social, um outro bem haja a esta gente que inscreve nas suas condutas o pilar da solidariedade que tão útil é a quem mais precisa. Carlos Rodrigues, Janeiro, 2012, in “Notícias de Vouzela”

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Nestas terras de Lafões ainda há bons costumes...

Nas Benfeitas, concelho de Oliveira de Frades, a festa de Nossa Senhora da Conceição é uma tradição que, ano a ano, se celebra na sua capela cheia de arte em pinturas no tecto e de muita devoção popular. Este ano, em modo simples, assim aconteceu. Pessoalmente, tenho de juntar sempre a este evento um agradável convite familiar que ali me leva, bem como à minha família para em família, perdoem-se as propositadas repetições vocabulares, vivermos mais um dia de festa e convívio. Infelizmente, somos cada vez menos, fruto da lei da vida que nos tira aqueles que nos eram muito queridos e agora ali não comparecem. Mas estão sempre presentes. Como estes acontecimentos trazem sempre boa gastronomia, ali, nas Benfeitas, a tradição é o que é, sempre: entre as muitas iguarias, há um divinal cozido à portuguesa, caseiro em tudo, que é jóia rara nestes tempos. Por isso, tem um sabor tão especial que a sua magia se estende de Portugal à Suíça. Com a agenda sempre preenchida desta forma tão cativante em cada dia 8 de Dezembro, em 2017, se Deus quiser lá estarei de novo. O convite já foi feito e aceite, sem pestanejar...

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Boa gastronomia em Lafões

Sem qualquer dúvida, na região de Lafões a gastronomia tem lugar destacado em termos de imagem e de muito bom proveito. Com 20 anos de existência, a Confraria local acabou de publicar, com apresentação no passado domingo, dia 4, a Carta Gastronómica da Região de Lafões, uma notável obra de recolha, pesquisa e divulgação de receitas e ementas, a que se ligam textos vários sobre estas terras, seus saberes e identidades, tudo isto combinado com um requintado painel de fotografias. Se era bom e fácil escolher, por aqui, boas iguarias, agora essa tarefa está ainda mais facilitada com este guião. Vale a pena folheá-lo e tê-lo como ponto de referência e GPS obrigatório para estas questões da boa mesa. Por aqui, garante-se que há tudo do melhor...

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Requiem e esperança, o verso e o reverso da medalha humana

Nestes últimos dias, muito se falou em Cuba e na morte de Fidel Castro. Sei que se perdeu, digamo-lo com franqueza, um mito, um símbolo e um homem com todos os seus defeitos e virtudes. Aqueles e estas foram, porventura, bem evidentes. Eu sei que naquela Ilha houve progressos imensos em educação, saúde e noutros aspectos das nossas sociedades. Mas seria injusto comigo e com a minha consciência se olvidasse os atropelos àquilo que muito prezo: a liberdade, passe o pleonasmo, de se SER livre. O pão é óptimo. Mas pão sem a possibilidade de usar a palavra e o direito de me manifestar não me sabe bem. Atravessa-se na garganta. Eu sei Que Fidel numa Cuba amordaçada e espezinhada pelos EUA, que não podem lavar as mãos quanto ao que de mal por ali foi acontecendo, talvez não tivesse muitos caminhos a seguir. Mas havia um que nunca podia ser tapado: calar as suas gentes foi a pior solução que encontrou. Se me custou perder um Homem, como historiador que gosto de ser, não ponho de lado tudo quanto envolveu a sua vida. Rija foi esta. Mas não isenta de muitas culpas que podia ter evitado. RIP. Contrariamente, numa outra vertente, ao que se chegou a temer, da Áustria nos chegou uma boa notícia - desta vez a extrema-direita não se colou ao poder. Ainda bem. Mas, num dia com contradições, da Itália aportaram nos nossos portos dúvidas sem fim, com um referendo que, sendo expressivo, fez o Primeiro-Ministro cumprir a sua palavra, demitindo-se. O pior são as incertezas que vêm por aí. Já agora, da OPEP e da sua decisão de cortar na produção de petróleo não se augura nada de bom para as nossas economias caseiras. Se o Pai Natal nos não vem salvar, não sei onde é que isto vai parar. Não sei, não...