sábado, 28 de outubro de 2017

PARA NÃO MAIS SE ESQUECER...

Um dia de terror para nunca mais esquecer O país e sobretudo a sua zona centro viveram, no passado dia 15, um intenso dia de uma pavorosa onda de incêndios, que deixou um rasto de destruição com dezenas de mortes e muitos haveres desfeitos, calcinados, num terror que deixou sem palavras os milhões de pessoas que por ele passaram. Em Lafões, sobretudo nos concelhos de Vouzela e Oliveira de Frades, não há memória de uma tragédia destas dimensões. No primeiro destes concelhos, oito pessoas perderam a vida, tendo ardido grande parte da sua mancha florestal, com a destruição de grande parte do Parque Natural Vouga Caramulo, com a derrocada de inúmeras casas e outras instalações, com a perda de animais e máquinas, um pouco por todo o lado, desde Alcofra a Queirã. Quanto a Oliveira de Frades, uma pessoa faleceu e a sua Zona Industrial é o testemunho maior de uma tragédia sem paralelo, com dezenas de fábricas e oficinas calcinadas pelo fogo, numa gigantesca onda de prejuízos, na ordem das centenas de milhões de euros e afectação de centenas de postos de trabalho. Se a recuperação é dada como certa, fruto de uma enorme vontade de seus proprietários e dos apoios que justamente esperam, para já as imagens ali existentes são de uma imensa tristeza e dor. Foi tal a fúria das chamas que em plena zona urbana da vila ardeu mais uma unidade industrial e várias habitações, desde uma ponta a outra. Quer em Vouzela, quer em Oliveira de Frades, na globalidade dos concelhos e da maioria das suas freguesias, a lista dos prejuízos em habitações, em instalações agrícolas e outras da área da grande pecuária, em aviários, apiários, eiras, canastros e maquinaria é enorme e até, talvez, ainda difícil de calcular. Sabendo-se que os serviços municipais têm andado no terreno, crê-se que ainda há trabalho para mais uns dias. Consolador foi verificar a monumental solidariedade que se gerou em cada um destes locais. Internamente e vindas de fora, as ofertas chegaram em tal dose que as campanhas tiveram de ser suspensas. Grande gente é esta nossa! Com o Presidente da República a ter vindo percorrer as populações afectadas, levando afectos e coragem a todo o lado, espera-se agora que da parte do Governo, da União Europeia e das Autarquias, com as medidas tomadas e outras que necessariamente têm de surgir, se dêem os auxílios devidos a quem tudo perdeu em tão duras e poucas horas, aquelas que nunca mais se esquecerão. Chorando os mortos, estamos ao lado de quem ficou para lhes desejar todo o ânimo possível. Se o desespero é o primeiro sentimento que nos assola, a esperança tem de ser maior. E sê-lo-á de certeza, porque a nossa gente é de rija têmpera. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Outubro, 2017