quarta-feira, 27 de junho de 2018

Nódoas negras de ontem e de hoje

Nódoas negras, em pano branco, por Lafões Numa região que tem tudo para se ser feliz, assim saibamos compreender o mundo e a sua marcha, Lafões ainda não é uma entidade perfeita. Mas para lá pode (continuar a) caminhar, se não se esquecerem de nós. A natureza, com um trabalho de casa muito bem feito, espalhou a sua arte por tudo quanto é sítio: fez serras, amainou os vales, sulcou estes com rios, regatos e ribeiros que nos encantam, dotou-nos de águas quentes e frias, deu-nos pedras e rochas que fazem erguer sonhos de arte e conforto, deixou crescer as árvores e a urze, o tojo e as flores. Acrescentou-lhe um mar por perto e um clima bem agradável. Vieram os homens, andaram pelos altos, esconderam-se entre penedos, construíram abrigos, aproveitaram esses cursos de água, colheram das courelas parte do seu sustento, caçaram, pescaram, até que, um dia, cansados dessa azáfama em locais de tanta tormenta, canseira e poucos proveitos, aproveitaram a deixa para descer às zonas baixas e aí fazer vida. Nasceram desta opção as nossas aldeias, vilas e a cidade de hoje. São fruto dessa civilização romana, que se sucedeu aos castros de outrora, um outro tempo ainda mais recuado, os vestígios de estradas, os marcos miliários, as pontes, a língua, talvez o vinho e muitas culturas que nos sustentam e perduraram até à actualidade. Com essa localização sólida, mostraram que era possível ter a imponente Roma e todos os outros lugarejos, por mais distantes e dispersos que estivessem. Pensando num Império e em cada uma de suas peças, tiveram então um cuidado extremo: fazer com que todo os caminhos chegassem à Capital, numa teia com marca própria e muita utilidade. Sonharam com grandes e médios centros, edificando-os, mas não esqueceram outras traves mestras de seu esquema de povoamento global. Os nossos reis dos primeiros tempos da dinastia afonsina seguiram essa mesma bíblia. E assim se construiu uma nação que ia do norte ao sul, do leste a oeste, mais ou menos com os pontinhos todos preenchidos. O litoral e o interior completavam-se, o rei tinha por hábito andar de terra em terra e esse exercício de itinerância, se era pesado em termos de custo de estadia, tornava-se compensatório por se saber que daí resultaria um certo equilíbrio territorial. Essa gente, que nos antecedeu e teve visão de estadista, deve merecer-nos todo o respeito e até inveja: a ela se deve o País que somos, melhor, que fomos. Chaves, Viseu, Egitânia, Coimbra, Lisboa, Aveiro, Braga, Bragança, Castelo Branco, Beja, Barrancos, Oliveira de Frades, Vouzela, S. Pedro do Sul, Portimão, etc, etc, tiveram nome e importância, foram locais de fixação e atracção de gentes, geraram personalidades que se passeavam pela Corte e conviviam com quem mandava. As vias de comunicação eram mais ou menos equilibradas, as valências políticas e sociais, à escala da altura, apresentavam-se com uma certa dose de bom senso. Hoje, num tempo em que tudo se mede pela velocidade da luz, em que a riqueza cresceu, mas está muito mal distribuída, somos muito mais desiguais: vemos perderem-se serviços, taxam-nos aquilo que poderia ser uma diferença positiva, deixam que as grandes metrópoles se atafulhem, enquanto por aqui se definha. Neste reino em que tudo poderia – e deveria – ser muito mais branco, transparente e ao alcance de todos, equitativamente, persistem nódoas cada vez mais negras e a do desencanto é a maior de todas. Não sabemos o que aí vem, em concreto, em sede de reorganização administrativa, mas tememos que a visão de Roma se deixe vencer pela estreiteza de vista de quem, no Terreiro do Paço, só sabe olhar para o Tejo, esquecendo os Vougas que há por todo este querido Portugal. Gostando imenso desse Rio, de onde partimos para sermos maiores num mundo que ajudámos a globalizar-se, não podemos esquecer, no entanto, que Pedro Álvares Cabral era de Belmonte e que as naus e caravelas foram erguidas com a madeira de uma nação inteira. Esta é a missão de quem nos governa: saber que somos um todo, bem espalhado por tudo quanto é sítio, e não um monte de gente num beco, mesmo que se chame Lisboa. Carlos Rodrigues, há anos, no “Notícias de Vouzela”

terça-feira, 26 de junho de 2018

Futebol e sardinha

Com a sardinha a viver em maré de festa, a nossa Selecção de Futebol, aos estremeções, lá se vai aguentando e já passou aos Oitavos. Agora, é andar em frente, jogo a jogo. As contas fazem-se no fim. E eu tenho uma espécie de meia fé. E com ela vou vivendo...

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Mais dados sobre a saúde em S. Pedro do Sul, século XIX...

De novo, a saúde em S. Pedro do Sul O tema da saúde nunca se esgota em matéria de análises e reflexões diversas, nem nos tempos idos, nem na actualidade. Dissemo-lo já que, durante milénios e mesmo nos tempos que mediaram entre a fundação de Portugal e o século XX, esta viveu uma marcha muito lenta quanto a tratamentos, meios e pessoal ao seu serviço. A ciência, enquanto tal, tardou a chegar a este sector e, quando apareceu, fê-lo timidamente e com muitas falhas, mas também não se podia exigir mais. Muito fizeram os pioneiros que agarraram no seu manancial de ensinamentos e progressos para os porem ao benefício das populações. Fazendo o que podiam, muito se lhes fica a dever. Quanto ao que a S. Pedro do Sul diz respeito, acrescentando, sobretudo, aos textos que para este jornal elaborámos mais alguns tópicos, temos vindo sempre a aprender. Com Manuel Barros Mouro fizemos uma marcha pela oferta e peripécias diversas ligadas ao velho Hospital de Nossa Senhora do Amparo; com António Nazaré de Oliveira vimos como evoluiu o Hospital Real das Caldas da Lafões e, já muito antes, com António Pires da Silva, andámos às voltas com a Cronologia Medicinal das Caldas de Alafoens, em linguagem, concretamente, do ano de 1696. Com estas fontes, escrevemos, em Dezembro de 2011, “ Um hospital que nasceu da oferta de António José de Almeida” e, por estes dias, a 7 de Junho de 2018, avançámos com “ A saúde em Lafões desde há séculos”, para além de, em trabalhos sobre as Termas e a Misericórdia de Santo António, ter havido notas várias sobre este mesmo ponto da nova vida social e assistencial. Hoje, porém, com base na sempre utilísima revista Beira Alta, vamos debruçar-nos especificamente sobre “ A influência da cultura positiva na arquitectura hospitalar: o Hospital de Nossa Senhora do Amparo de S. Pedro do Sul”, da autoria de Vera Magalhães, (Beira Alta, volume LXXIV, 2015, 1º semestre). Ao realçar que se começou a fazer uso dos “postulados higieno-sanitários e biomédicos e dos princípios da funcionalidade, racionalidade e classificação do doença”, onde começou a imperar a ciência, adianta que os planos e construções hospital vieram a reflectir essas novas exigências e normas. Vera Magalhães fala até em conceber estas instalações, a criar, como “máquinas de curar” ou “cabanas do higienista”. Aponta o médico António Augusto da Costa Simões como o grande obreiro destes recentes paradigmas que o engenheiro e militar Francisco de Figueiredo e Silva tentou aplicar à risca no projecto que concebeu para S. Pedro do Sul. Pegando-se na oferta de António José de Almeida (não confundir com o grande vulto da primeira República com o mesmo nome), antes, diversos locais foram estudados, tarefa de que se encarregaram, nos anos de 1882 e 1883, Manuel Lourenço Torres e Aureliano Pinto, por parte do Município. Vê-se assim que esta causa já era uma preocupação da Misericórdia e entidades locais. Analisadas as propostas da Cruzada, de Ansiães, da Negrosa, de dois locais distintos em Negrelos e na Quinta de Beirós e ainda da Cancela, o opção foi a de se privilegiar sítios fora dos aglomerados populacionais, para evitar possíveis e eventuais contaminações. Apesar dos estudos então feitos, em Abril de 1884, de acordo com esta nossa fonte, ainda não havia qualquer decisão tomada. Face a esse impasse, a Mesa da Misericórdia começou a pensar no Monte de S. Bernardo, mas também esse local não foi avante, incluindo-se ainda outras opiniões como aquelas que o jornal “ A Liberdade”, alguns tempos depois, em 6 Outubro de 1893, faria referências. Vieram também ao de cima a Quinta de Além da Fonte, nas Carvalhas, uns terrenos em Pouves,, mas tudo a ficar como que em águas de bacalhau, pois que, em Abril de 1887, nada surgira de concreto. Dois anos após, em 1889, olha-se então para o testamento de António José de Almeida, que falecera a três de Abril desse ano. Nesse documento se alude à “fundação e manutenção de um Hospital destinado ao tratamento de doentes, que terá a designação de Nossa Senhora do Amparo. Alega-se que este benemérito nascera em Nespereira Alta, que partira para o Brasil onde chegou em 1837, e que deveria exercer o ofício de barbeiro, o que contraria, ou completa, a nossa anterior informação de que seria médico dentista. Fica a correcção ou mais uma adenda para se aprofundar melhor este caso. Também Vera Magalhães nos diz que a opção para a construção do novo hospital recaiu sobre o Quinta da Negrosa de Cima. Com as obras a iniciarem-se em 1890, sob projecto do citado engenheiro Francisco de Oliveira e Silva, a empreitada foi entregue a José Pereira, de Santiago de Cassurrães, Mangualde, sendo Provedor da Irmandade José de Almeida Reis de Vasconcelos. Os trabalhos viriam a ficar concluídos em Fevereiro de 1898. Em conclusão, acrescenta esta autora que “ Pelo que atrás se expande, o edifício de S. Pedro do Sul integrava a moderna geração de hospitais tardo-oitocentistas, partilhando com estes características absolutamente fracturantes quanto ao modo de planificar e de administrar” (p. 97). Comparando os textos anteriores com este, constata-se que há neste uma série de novas informações e até alguns aspectos que podem colidir com algo que naqueles fora dito. É assim o mundo da investigação: nunca se pode dar nada por completo, nem por definitivo. Tanto melhor, porque da discussão nascerá a luz e é isso que pretendemos, acima de tudo. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 21 Junho 2018

Uma deputada e presidente da JSD com origens em Lafões...

MARGARIDA BALSEIRO LOPES Uma voz na Parlamento com marca lafonense A Presidente da JSD sem papas na língua Margarida Balseiro Lopes, a nova Presidente da Juventude Social Democrata (JSD) e Deputada do PSD pelo seu círculo eleitoral desde 2015 , transporta na sua carga genética uma forte e total componente da nossa região de Lafões, apesar de ser natural da Marinha Grande, Leiria, e de aí se ter afirmado no mundo da juventude e da política. Sendo seu Pai natural de Sejães e sua Mãe do Covelo, Valadares, as águas do Vouga são a corrente que lhe deu o ser. Criada num meio onde o campo do debate das ideias tem um palco privilegiado, a que acresce o facto de, pelo lado paterno, se respirar em sua casa um ambiente de jornalismo regional, Margarida Balseiro Lopes fez desses trunfos a sua escada para a vida que tem vindo a seguir. Defensora das suas ideias, por elas se bate com denodo e perseverança. Sem pestanejar, tem avançado pelo trilho das suas convicções, mesmo em terra onde tal não parecia ser muito fácil. Nada disso lhe tem metido medo. Passo a passo, tem dito sempre presente quanto às causas em que se empenha. Líder juvenil, entende que a sua voz não se pode ficar apenas pelos temas que a esse grupo etário dizem respeito. A seu jeito, quer mesmo marcar a agenda do seu partido e não teme, se for o caso (e tal já chegou a acontecer), remar contra a maré. Em termos de uma entrevista rápida, que logo colheu a sua boa vontade em connosco colaborar, assim se expressou ao “Notícias de Lafões”: - O que representa para si ter-se "metido" nestas andanças de dirigir a JSD? Como é que chegou à conclusão de liderar um grupo partidário de jovens, sendo, ao mesmo tempo Deputada, e com que objectivos? Sempre falámos muito sobre política em casa. Envolvi-me na associação de estudantes da escola secundária e foi aumentando o meu gosto pela atividade política. A oportunidade de liderar um grupo de jovens permite-me falar de temas que realmente importam à juventude e promover propostas que melhorem a vida das pessoas. - O que é ser jovem, mulher, militante partidária e representante do povo (gosto de ver os Deputados nestes prismas de ideias) em pleno século XXI? Há ainda algum paternalismo mas que é ultrapassado pela forma como desempenhamos os nossos mandatos. - Que desafios encontra em tão altas e nobres funções? A necessidade de falar de temas que importam realmente às pessoas, a urgência de utilizar uma nova linguagem que seja compreendida por quem nos ouve e uma nova forma de estar na política. - Tendo lido que vê a política no seu sentido nobre, valorizando as diferenças e os pontos de contacto e/ou convergências, sente que essa sua visão pode fazer caminho? Para mim é esse o caminho. Para credibilizar a atividade política e para fazer com que as pessoas voltem a acreditar que a política tem mesmo a capacidade de mudar e melhorar a vida dos outros. - Que objectivos tem como metas políticas da JSD e de si como pessoa? Continuar a ser a mesma Margarida que sempre fui. Independentemente daquilo que fizer ou dos cargos que desempenhar. - Como é que olha para a nossa política nacional? Precisa de se reinventar. Os poucos maus exemplos acabam por prejudicar os muitos bons exemplos que existem. - A terminar, como é que uma conterrânea nossa, com o Pai de Sejães e a Mãe do Covelo, vê o "Interior" e o seu futuro? Com grande preocupação pela falta de respostas para os problemas que o interior atravessa. São necessárias medidas de discriminação positiva que permitam fixar quem nasce a ficar nas suas terras e a atrair mais pessoas e sobretudo jovens para aí viver. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Lafões”, 21 Junho 2018

quarta-feira, 20 de junho de 2018

Um almoço com um sabor especial

Hoje, o meu almoço tem mais encanto. Fruto dos fusos horários, o jogo entre Portugal e Marrocos disputar-se-á às nossas treze horas, pelo que os olhos estarão mais na televisão que propriamente no prato. Tenho cá uma fezada que até me vou esquecer de comer para festejar os golos que se desejam. É isso que espero e não me importo de, se for necessário, ficar com alguma fome desde que, em alegria desportiva, seja devidamente compensado. Confiante na vitória, não penso sequer noutro resultado. Assim seja!.....

terça-feira, 19 de junho de 2018

Festas do Corpo de Deus em Oliveira de Frades e Vouzela com muitos pontos de interesse

Em Vouzela e Oliveira de Frades Festa do Corpo de Deus com a fé e o carinho de sempre Retomada a tradição de o Dia do Corpo de Deus se comemorar na sua altura própria, à quinta-feira, por voltar, finalmente, a ser feriado nacional – e não compreendemos a razão da sua extinção -, as vilas de Vouzela e Oliveira de Frades encheram-se de fiéis para viverem ou presenciarem as costumadas cerimónias, com destaque, num lado e noutro, para as respectivas procissões. Importa ainda que se diga que em cada paróquia também esta data foi devidamente assinalada, sob a designação da Festa do Senhor. À escala local, este dia tem mais brilho e encanto em cada uma de nossas terras, pelo que a sua importância é sempre de relevar-se. Acontece ainda que os horários, em regra, são organizados para, de tarde, se não faltar à concentração concelhia, num e noutro destes municípios. É de tal forma grandiosa a participação popular que as duas vilas se enchem de gente, faça chuva ou o sol apareça radiante. Neste ano, por exemplo, o tempo não esteve muito de feição e chegou mesmo a temer-se que as Procissões não pudessem sair para a rua. Felizmente que houve umas boas abertas (ainda que com alguns pingos à mistura), o que permitiu fazer sobressair o brilho e a fé de sempre. Antes desses momentos de grande beleza e devoção, atapetaram-se as ruas de pétalas de lindas flores, em arranjos artísticos que, em Vouzela, cobrem as principais ruas, sendo mesmo um alto cartaz turístico a par da componente religiosa que encerra. Desta feita, encaixou-se ainda nas manifestações florais. Em Oliveira de Frades, há pontos centrais com o mesmo tratamento: em frente aos Paços do Concelho, tarefa que cabe, em longa noite, aos funcionários municipais, havendo ainda uma outra forte ornamentação no espaço em frente à Igreja de Nossa Senhora da Conceição e aquém e além. Este ano de 2018, na vila de S. Frei Gil, em virtude das obras da requalificação urbana, foi necessário alterar um pouco o percurso tradicional, mas este facto não tirou uma vírgula sequer à impressionante arte que por ali se vê a cada passo, fruto de uma estreita cooperação entre todos os habitantes de cada rua ou largo. Numa e outra desta terras, sentiu-se a presença das respectivas comunidades, com as cruzes concelhias, as entidades municipais, as associações, as forças vivas concelhias, o som das bandas filarmónicas, o desfilar aprumado dos Bombeiros e uma excelente movimentação popular. Se Vouzela capta as atenções pelo colorido das suas ruas, Oliveira de Frades tem a particularidade de a procissão ir até aos Paços do Concelho, onde há sempre um sermão oferecido, a partir das janelas do Salão Nobre, a todo o povo presente. Festa religiosa de um grande alcance, o Corpo de Deus é mesmo um dia muito especial, até porque se lhe associam, por vezes, as primeiras comunhões e outras cerimónias que muito engrandecem esta efeméride anual. Que assim se continue e seguir as tradições que tantos séculos de história têm atrás de si! Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Junho 2018

Em Vouzela, as flores são rainhas...

As flores da nossa alegria em Tertúlia de Junho Com o ambiente a teimar em querer que fiquemos ao borralho, nada disso aconteceu no passado dia oito, a propósito de mais uma Tertúlia, a última desta leva, que a próxima só virá lá para Outubro, e que teve como pano de fundo as flores, sua beleza, utilidade e riqueza cultural que têm motivado. Se a ameaça de chuva e o frio não estragaram a festa planeada pela ADDA – Associação Dom Duarte de Almeida – e Agrupamento de Escolas de Vouzela, pelo menos obrigaram a que tivesse de ser escolhido um outro local, o Auditório Municipal. Mas valeu a pena o serão e nada se perdeu. Ao abrir-se o programa, logo nos apareceram o Milagre das Rosas e as crianças a declamarem uns poemas em que as flores eram as rainhas. Fizeram-nos com muito jeito e habilidade natural, transportando-nos para os tempos medievais. Se os adultos, com a participação da Universidade Sénior, cumpriram – e bem – a sua missão, os pequenos alunos comportaram-se também com igual desempenho, à medida da sua escala e idade. Com flores assim, todos os jardins se embelezam. Seguir-se-iam a conversa e o debate, com a mesa a ser composta pela vereadora Carla Maia, que moderou, e por Alexandra Ladeira, Carla Carvalho, Maria Cunha e Jorge Abílio Marques. Tudo girou, como bem se depreende, em torno das virtudes das flores e das plantas, em ornamento, em alimentação, em fins medicinais e nos seus múltiplos e bons aproveitamentos, muitos deles ainda desconhecidos do grande púbico, não obstante terem séculos e milénios de referências e testemunhos feitos ao longo desses tempos. Os seus aromas e óleos produzidos também não passaram despercebidos, nem a sua simbologia. Se flores há muitas, gostos não faltam para com elas nos deleitarmos em beleza e mesmo à mesa. Com a ciência a servir-se cada vez mais das suas virtudes, muito caminho está feito (que o diga o Jorge Abílio!), mas muito ainda há por e para fazer. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Junho 2018

sexta-feira, 8 de junho de 2018

A saúde em terras de Lafões desde há milénios...

A saúde em Lafões desde há séculos Num tempo em que nos deixou o saudoso fundador do Serviço Nacional de Saúde, o Dr. António Arnaut, a quem prestamos a nossa homenagem e lhe rendemos o nosso preito de gratidão, apetece-nos dar uma volta pela história da saúde em Lafões e, de certa forma, em Portugal por inteiro. Antes dos anos setenta, tudo era diferente e épocas houve em que a distância entre a actualidade e esse passado era quase intransponível uma espécie de água e vinho. Se agora, com ameaçadoras falhas, que importa corrigir, a dimensão universal deste SNS é quase uma realidade, outrora nada disso acontecia. Precisamos de recuar aos séculos XV e XVI para encontrarmos uma pálida ideia dos cuidados médicos mais ou menos a sério, com a criação das Misericórdias e outras iniciativas tomadas por D. Manuel I, até aqui, nas Termas de S. Pedro do Sul, com a criação do Hospital Real das Caldas de Lafões. Até aí, reinavam a superstição medieval, os curandeiros, as mezinhas diversas, as rezas e outras práticas que tais, apesar de ter havido já uns assomos de ciência médica e farmacológica sobretudo com os ensinamentos que nos vieram dos árabes e que o nosso S. Frei Gil, de Vouzela, como médico, foi traduzindo ainda antes, talvez, de enveredar pela vida religiosa quase a tempo inteiro. Antes, os gregos e os romanos ensaiavam, nesses domínios, os primeiros passos e não é por acaso que Hipócrates ainda é permanentemente recordado e evocado, quer em termos daquilo que é conhecido como o seu Juramento, quer por outros ensinamentos que nos legou. Com tudo isso, os avanços eram curtos e carregados de ideias que impediam a ciência de progredir e fazer o seu caminho. Teríamos de esperar uns séculos e mesmos uns milénios para que tais efeitos viessem a ser sentidos, na prática, pela nossa sociedade e comunidades espalhadas pelos vários cantos do mundo. Mentira triste é esta, porque ainda em pleno século XXI há enormes franjas do universo onde se não saiu dos costumes e tradições que para nós são já uma mera referência histórica e não mais do que isso. Em Lafões, nos caminhos de Santiago, que utilizavam na sua grande parte as vias romanas, tivemos a sorte de ver implantadas em locais de passagem estratégica as primeiras albergarias, também ditas hospitais, onde eram ministrados alguns básicos apoios médicos, a par da fome que se mitigava, da enxerga que se proporcionava aos peregrinos e outros viandantes. Em Reigoso, ficaram famosas as instalações criadas em 1195 pelo Alcaide Cerveira e sua mulher, que tiveram uma grande longevidade, crendo nós mesmos que até aos princípios dos século XX, ainda há dias... As Caldas do Banho beneficiaram também destes primitivos equipamentos e fala-se ainda em Manhouce, sem esquecermos, aqui por perto, os de Doninhas/Talhadas do Vouga e, como é lógico, Albergaria-a-Velha, desde os tempos da Rainha D. Teresa. A par destas instituições, tínhamos ainda as gafarias, como a de Lafões “.... Junto às Caldas, fundada, diz-se, pelos leoneses no século XI. D. Afonso Henriques, quando ali permaneceu após o acidente de Badajoz, melhorou as Caldas e parece que reconstruiu a albergaria e a gafaria. Os banhos eram separados para sãos e leprosos (gafos) e leprosos eram os que faziam o serviço do banho” ( - In “ Termas de S. Pedro do Sul, A. Nazaré de Oliveira, Palimage, Viseu, 2002, p. 24”). Quanto a Reigoso, pode ainda ver-se no Museu Municipal de Oliveira de Frades o seu famoso padrão, onde se lê uma mensagem bem explícita: “ Peregrinos vinde ao hospital de Reigoso, que vos darei casa cama agoa fogo azeite e sal”. Este é um bom testemunho destes serviços de assistência básica ali existente desde há longa data. Seria, porém, necessário esperar alguns centos de anos até aparecerem uns elementares serviços de saúde a que se podem, ainda que de uma forma embrionária, associar este mesmo significado. Se em Vouzela, há referências a um primeiro hospital, construído à beira da actual Capela de S. Sebastião, depois de os doentes serem socorridos pela centenária Misericórdia em condições muito precárias, aquém e além, é sabido que, em 28 de Junho de 1842, foi assente a respectiva primeira pedra, tal como se assegura no livro do saudoso Agostinho Torres, a “ Santa Casa da Misericórdia de Vouzela, 1498-2008”. Foi inaugurado a 29 de Junho de 1848. Entretanto, fruto da oferta da Casa da Cavalaria à Miserícórdia por parte da D. Vitória Adelaide de Seixas Loureiro e Barros, umas novas instalações viram a luz do dia em 24 de Junho de 1894, em pomposa cerimónia oficail presidida pela Rainha D. Amélia, acompanhada de seus filhos. Desta forma, esta vila passava a ter um novo Hospital-Asilo, sendo que um outro, o novo, surgiu em 1 de Fevereiro de 1959, tendo estado na posse e gestão da Misericórdia até depois de 1974, quando o Estado vem a assumir estas funções. No que a S. Pedro do Sul diz respeito, o seu primeiro grande serviço desta natureza nasceu também da boa vontade e muito empenho de um benemérito local, António José de Almeida, que andou pelo Brasil, como médico dentista, onde amealhou uma riqueza substantiva, que lhe serviu, como prometeu, para mandar erguer um Hospital naquela terra (testamento de 1873 com variações posteriores), para o que chegou a adquirir a Quinta de Negrosa. Com embaraços diversos pelo meio, o local escolhido viria a ser outro, mas a obra nasceu e começou a dar os seus frutos aí entre 1900 e 1902. Em Oliveira de Frades, a criação mais tardia da sua Misericórdia, 1929/1930, foi também o meio utilizado para a criação dos serviços de saúde, pois nos seus Estatutos, logo no Capítulo I, se consagra a ideia de “praticar os actos de assistência e socorros médicos”, passando a determinar-se que terá anexo um Hospital, sendo a sua parte nova inaugurada em 20 de Maio de 1956. Com estas diversas valências a terem muitos e bons usos durante décadas, nelas se praticando mesmo pequenas e grandes cirurgias, o que foi comum aos três concelhos lafonenses, cumpriram a sua missão até meados dos anos setenta. De então para cá, criaram-se os Centros de Saúde, as Unidades de Saúde Familiar e um Serviço de Urgência Básica (desde 2008, ano do anúncio da sua criação), este em S. Pedro do Sul. Como nem tudo são rosas, apareceram no meio destas caminhadas muitos e arreliadores espinhos, nomeadamente o encerramento dos horários nocturnos e outras quebras que ainda hoje muito se lamentam, com prejuízos evidentes e lamentáveis para as nossas populações. Avanços, houve-os. Mas estes recuos não podem ser esquecidos e urge que sejam combatidos, sendo um objectivo comum a luta por melhores dias. E são esses que nós esperamos. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 7 jun 18

Uma utopia para salvar um território

A utopia deve fazer o seu caminho Em cada época, geralmente, tem havido várias utopias, isto é, em linhas muito gerais, a vontade de se vir a conseguir aquilo que, à primeira vista, parece ser impossível. Área do mundo do sonho, muitas destas visões ficam pelo caminho. Mas há as que singram e isso dá-nos um toque de esperança quando abordamos algumas delas, como esta, a do Professor Marcelo Rebelo de Sousa, nosso Presidente da República, em que se defende que as desigualdades têm de ser reduzidas até 2023. E já não é sem tempo. Referindo-se, muito concretamente, às disparidades territoriais, mais vem ao encontro de um nosso velho desejo e, vamos lá, uma certa luta sem tréguas. Confessamos que, para mal de todos nós, sem grande êxito, aliás. Pondo o dedo na ferida dos Portugais desiguais, a nós, gente do Interior e das terras de baixa densidade, tem-nos cabido o Portugal dos Pequeninos, bem menor mesmo que aquele que Bissaya Barreto idealizou para a sua (e nossa) Coimbra. Postos à janela das serranias que nos rodeiam, vemos todos os comboios passar para o litoral e até o nosso, um dia, nas últimas décadas, nos levaram. Em movimento profundamente assimétrico e desnivelado, qualquer dia afundamo-nos todos e de vez. Qualquer índice que avaliemos, em matéria de desenvolvimento e distribuição de rendimentos, mostra sempre o nosso prato mais vazio, isto é, os níveis de vencimentos, de acesso aos serviços diversos, desde a saúde aos bens culturais, de benefícios vários, como transportes públicos, parcialmente pagos pelo Estado (quando se regateia o fim das portagens nas ex-SCUT), assim como outras regalias, deixam-nos quase sempre a perder. Ganhamos apenas em boa água e melhor ar. Mas faltam-nos outras riquezas que são a essência da vida dos novos tempos. É por estas carências que daqui saem carradas e carradas de gente que nunca mais volta, a não ser para umas visitas de cortesia aos seus familiares e às suas origens. Mas regressar, de vez, nunca mais. Por este e outros factos, esta vontade do Presidente Marcelo tem toda a razão de ser e é uma voz avalizada que não pode deixar de ser ouvida. Infelizmente, com tanta gente a pregar no deserto, talvez este alerta se venha também a perder. Para nossa desgraça e de nossos vindouros. Estes nossos queridos espaços tudo têm vindo a fazer para saírem da cepa torta: Oliveira de Frades lançou-se numa industrialização a todo o vapor, S. Pedro do Sul tem vindo a fazer da sua água quente uma mão-cheia de produtos de excelência, Vouzela, a partir de seu património, tem-no guindado às alturas, mas o certo é que custa a que se descole e isso pode-nos ser fatal. Logo, este grito do mais alto Magistrado da nação é mais do que necessário, é urgentíssimo ser seguido e cumprido. Propomos ao Professor Marcelo um desafio: que mude Belém por uns anos para o Interior a ver se isto dá a volta. E atrás dele que traga uma pléiade de serviços, daqueles que, como diz o nosso Movimento, tragam emprego, muito, bom e qualificado. É preciso dar murros na mesa, venham eles! NOTA – Vivendo no mundo de que vamos falar, arrepia-nos o facto de, no professorado, ter aparecido mais um Sindicato, salvo erro, o 23º . Se isto é falar a sério, vamos ali e já voltamos... Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Lafões”, 7 jun 18

sábado, 2 de junho de 2018

Num tempo, em S. Pedro do Sul, em que se ofereciam Hospitais...

Um hospital que nasceu da oferta de António José de Almeida Vimos, na crónica anterior ( 2011/12/29), que o velho Hospital da Misericórdia de Santo António de S. Pedro do Sul partiu da generosidade de um sampedrense, um dia – e por vários anos - emigrante no Brasil, que quis deixar uma marca relevante na sua terra. Se hoje há quem parta para poder realizar o sonho de poder ter uma casa sua, nessa época chegava a pensar-se mais alto, cumprindo até uma função que caberia a outras entidades, o Estado, em primeiro lugar. Mas temos de aceitar que há práticas que decorrem de uma evolução dos tempos e das ideias e esta da saúde e segurança social, para todos, tem apenas algumas décadas de existência e de acção no quotidiano da nossa civilização. Com mãos de benemérito e uma razoável capacidade económica, conseguida num labor desenvolvido aquém e além- mar, no ofício de dentista e na gestão de um património imobiliário sempre a crescer, jamais voltou costas à sua terra: pensou nela, logo quando teve de regressar do Brasil, em virtude de uma grave doença, tal como então demos nota, continuou esse objectivo mesmo no momento em que, por força de seu casamento, montou casa e vida em Vilar, S. Miguel do Mato. Nesses tempos, poderia ter inflectido a direcção de seus investimentos sociais, mas não foi isso que aconteceu, mantendo-se fiel a S. Pedro do Sul. Haveria de ser a sua nova Quinta da Negrosa a tecer as malhas de um destino feliz para os cidadãos da Sintra da Beira. Com esta propriedade como património, com os bolsos recheados, com uma vasta área e equipamentos, o Hospital não lhe saía da memória. Na carteira de seus bens, temos terras em S. Pedro do Sul, Várzea, Baiões, Fataunços, Queirã, S. Miguel do Mato, Bodiosa e Sul, podendo ainda contarem-se foros remidos da Comenda de Ansemil e uma espécie de actividade bancária, que lhe rende chorudos proveitos. Para aquisição da citada Quinta da Negrosa, pegou em 4 contos de réis, tendo de desta quantia pagar ao Seminário de Viseu 993000 réis e à Santa Casa da Misericórdia de Vouzela um valor de 1200000, por dívidas do anterior dono, o Conselheiro e Marechal da Campo Henrique de Melo Lemos e Alvim, a fazer fé no testemunho e sábia recolha de Manuel Barros Mouro. Sobraram-lhe 1807000 réis, porque 4 contos equivalem a 4000000. Foi essa a verba com que partiu para esta generosa dádiva, acrescendo-se-lhe tudo quanto amealhara ao longo de sua vida e que era muito, segundo se deduz dos documentos compulsados e dos vazios que estes acabam por deixar. Se as linhas desses papéis são elucidativas, as entrelinhas “falam” também. Fruto deste acumular de riqueza, por testamento, um outro de 19 de Novembro de 1873, cria uma Fundação (esta para viver por si mesma e não como aquelas que hoje por aí proliferam às custas do erário público!) que tem como incumbência a manutenção de um Hospital, sob a invocação de Nossa Senhora do Amparo, a instalar na sua nova Quinta. Como responsável por esta Instituição e valências, delega na Câmara Municipal, numa primeira fase, esse mesmo quinhão, sendo testamenteiros sua mulher, o irmão Joaquim, o parente António Oliveira Queirós e a referida Câmara Municipal, por esta ordem, respectivamente, a quem eram dados proveitos de cerca de 9000000 de réis, um colosso do fortuna. Não satisfeito com estes destinatários, em 20 de Outubro de 1885, passa aquilo que pertenceria â Câmara para a Misericórdia de Santo António de S. Pedro do Sul, “única e universal herdeira com direitos e obrigações”. Entra aqui uma ideia: a de que António José de Almeida só deu este passo quando sentiu que a Misericórdia estava legalmente constituída e sólida, o que se verificou em 17 de de Janeiro de 1875, quando o projecto de reforma dos seus Estatutos veio a ser aprovado, fruto, porém, do contributo de uma Comissão, vinda do ano de 1866, de que faziam parte os Drs. Manuel Correia de Oliveira e José Rodrigues de Figueiredo. Dando-se o salto de Irmandade para Confraria, o Governo Civil dá o seu aval em 20 de Maio de 1876 e uma Breve canónica de 27 de Janeiro de 1880 acaba por considerar definitiva esta Misericórdia. A partir destas garantias, não havia razão alguma para ter a Câmara como intermediária. Aliás, é tal o seu desejo de vir a contemplar uma Misericórdia, que faz inscrever, a dada altura, uma cláusula em que se consagra a disposição de, no caso de S. Pedro do Sul não aceitar, tal herança reverter a favor das suas congéneres de Vouzela ou Viseu. António José de Almeida pede muito pouco como compensação por esta sua benévola dádiva, porque se contenta com uma Missa perpétua, ao romper da aurora, na Igreja Matriz da vila, ou Capela do futuro Hospital. Porém, por força de diligências diversas, nem este seu desejo veio a ser concretizado: de 7 de Março de 1896, essa Missa transferiu-se para a Capela de Santo António, mas, em 7 de Fevereiro de 1905, o Bispo de Viseu, comutou-a apenas para os domingos e dias santos de guarda. Como já tinha falecido em 4 de Abril de 1889, não assistiu, como é lógico e óbvio, a esta alteração, mas a sua alma deve ter dado pulos de dor e revolta, pensamos nós, claro. Em virtude de uma norma legal, após a sua morte, os bens foram arrolados para a Fazenda Nacional no dia 23 de Julho de 1889, três meses apenas depois de ter falecido. Mas este facto não retira uma vírgula à sua intenção e respectiva concretização. Também, no ano de 1890, morreria sua esposa, Maria Antónia de Jesus, que nascera em Vilar, S. Miguel do Mato, pelo que nem um nem outro puderam assistir ao momento em que se viu florescer tão significativa oferta. Com as obras a decorrerem, em termos de terraplanagem, desde 27 de Outubro de 1885, mediante uma decisão do Provedor José Correia de Oliveira, não no local que lhe estava destinado, por falta de área da Quinta da Negrosa, mas numa outra, entretanto adquirida, mediante autorizações que permitiram esta mesma permuta, em boa verdade o Hospital só começou a ter vida, como edifício, em 10 de Março de 1892. Assim, nesta mesma data, é posto a circular o projecto e planta desse edifício, sendo seu autor José Luís de Almeida, o que faz deduzir que as obras em força só nessa altura se iniciaram, mas o certo é que o Hospital nasceu e cresceu, mercê deste acto generoso de António José de Almeida. Contrariando esta informação acerca da autoria do projecto, ou ampliando-a, uma outra fonte, lida em “Lafões, terra e gente, Avis, 2008”, onde muito colaborou o saudoso amigo Júlio Cruz, vem dizer-nos que, afinal, tal documento se deve ao Eng. Francisco de Figueiredo e Silva, de 31 de Dezembro de 1891. Seja. Um novo dado aí nos é relatado: o Hospital, de invocação de Nossa Senhora do Amparo, foi aberto ao público no ano de 1900, dizem uns, alegam outros que tal aconteceu em 1902. Ficando esta dúvida, uma certeza é incontornável: S. Pedro do Sul teve um Hospital que foi pensado e oferecido por um grande benemérito – António José de Almeida. Desse gesto, nada resta, que o Centro de Saúde veio apagar tais vestígios. Mas reza a história que a sua memória não pode ser esquecida. Agora, que lá mais além, desponta uma nova Unidade de Saúde, feita com dinheiros públicos, saber que, há mais de cem anos, houve homens desta dimensão, que muito deram de si para um investimento a oferecer à sua terra, é algo que importa ter sempre presente. Perpetuar este legado é um dever de consciência e de gratidão. Divulgá-lo também. Foi isso que acabámos de fazer. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, já no ano de 2011