quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Termas de S. Pedro do Sul vai ter nova represa

Represa nas Termas de S. Pedro do Sul Há um bom princípio ambiental, cada vez mais premente, que é o de pouparmos hoje para não sofrermos amanhã. Ou para não tirarmos ao nosso próximo aquilo que para essa gente é fundamental e que nós usamos como se fôssemos donos e senhores de um mundo que, sendo de todos nós, deve ser gerido em termos de coesão e sustentabilidade social, abrangente e solidária. Neste contexto, é com agrado que vemos ser anunciada a perspectiva de vir a ser construído nas Termas de S. Pedro do Sul um açude que faça guardar água e que permita, ao mesmo tempo, ser fonte de lazer e prazer social. Numa terra que tem na água, mais na quente que na fria, a sua imagem de marca, tudo quanto se faça para valorizar a sua importância tem todo o sentido e deve merecer os nossos vivos elogios. Por aquilo que temos vindo a ler, com este projecto tem-se em vista matar com uma só cajadada dois coelhos: armazenar água para os tempos em que ela costuma escassear e coordenar os caudais invernosos quando cai o Carmo e a Trindade nos nossos rios e neste Vouga em particular. É com vistas largas que se devem gerir os nossos territórios e estas iniciativas, aproveitando até ao tutano fundos comunitários e outros, que, ou se usam hoje, ou morrem para sempre (?), são sempre bem vindos. Fala-se em cerca de um milhão e meio de euros de investimento. Seja. Se com esse montante se vierem a conseguir os tais dois objectivos, tudo é aproveitado, nada se perde e tudo se transforma. Um espelho de água, para além dos efeitos que tem no controle dos caudais, traz sempre benefícios acrescentados: amplia ângulos de boas paisagens e atrai mais visitantes. Boa aposta. Numa visão global e Lafões tem de pensar assim, olhamos para montante e vemos o açude de produção eléctrica, ali para os lados de Drizes. Descemos para jusante e damos de caras com esse imenso lençol de água, o da Barragem de Ribeiradio. Numa estratégia de vendas turísticas, este pacote integrado ( mais o da possível e sonhada Barragem do Pisão) tem sempre um melhor preço e é disso que temos de saber falar em economia moderna e de escala. Sempre temos defendido, em várias intervenções e fóruns, que Lafões, quanto a turismo, jamais pode ou deve fugir-se das Termas como seu centro estrutural. O açude que aí vem não deve desviar-se destas premissas, pensamos nós... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 2018

Ver os números para compreender o nosso futuro

Falar de números para melhor nos entendermos As análises qualitativas e quantitativas são fundamentais para sabermos de onde viemos e para onde vamos. É assim (ou pelo menos essa é a regra da boa prática) que as políticas públicas devem ser planeadas e colocadas nos diversos terrenos que as motivaram. Com dados na mão, é mais seguro decidir e mais sério agir. Por isso mesmo, deixem que vos diga que, por mais respeito que tenhamos pelos nossos ilustres deputados – e, às vezes, nem sempre isso acontece, sendo que os culpados são eles próprios – entendemos que às suas opiniões, em muitos casos, falta o respaldo científico. O que se passou, recentemente, com o probema das vacinas brada aos céus. Deixemos isso, mas a preocupação fica connosco... Andando sempre às voltas com documentos e outros instrumentos de conhecimento da nossa sociedade, nem recuámos muito no tempo, tendo feito apenas uma viagem até aos anos noventa. Visitámos as informações da Comissão de Coordenação Regional do Centro, onde não se brinca com as estatísticas, antes se levam muito a sério, e logo deparámos com notas preocupantes e outras nem por isso. Por razões de pertinência territorial, pegámos apenas nos três concelhos de Lafões: Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, por ordem alfabética. Em linhas muito gerais, o campo da população, desde 1864 a 1991, deixa muito a desejar nos três casos, nuns mais que noutros. Asssim, a evolução do número de habitantes processou-se desta maneira: Oliveira de Frades – ano de 1864 – 8657 residentes; 1960 – 10858; 1981 – 10391; 1991 – 10854; S. Pedro do Sul – ano de 1864 – 20372 hab; 1960 – 24273; 1981 – 21220; 1991 – 19985; Vouzela – ano de 1864 – 13407 res; 1960 – 15641; 1981 – 13407; 1991 – 12477. Olhando para estas tabelas, S. Pedro do Sul e Vouzela apresentam-se com maiores preocupações, tão grandes são as tendências para o despovoamento. Num e noutro destes concelhos, o ano de 1960 é aquele que regista um maior número de residentes, mas depois o descalabro não pára de se acentuar. Quanto a Oliveira de Frades, as oscilações mais serenas mostram uma certa estabilidade. No que toca às referências sobre a estrutura do trabalho e sectores da sua distribuição, quanto ao ano de 1991, eis os resultados apurados: - Oliveira de Frades – Sector primário – 1854 pessoas ocupadas; secundário – 1158; terciário – 1341; total – 4353. - S. Pedro do Sul – Primário – 3577; secundário – 1690; terciário – 2581; total – 7848. - Vouzela – Primário – 1850; secundário – 1695; terciário – 1459; total – 5004. Indo agora para a ocupação do solo, desde logo nos surge uma fragmentação da propriedade que nunca deixou de ser um problema, mal os morgadios foram extintos por razões de ordem de equilíbrio e justiça social nas heranças. Resolvida essa equação, outras questões se levantaram, como se está a ver. Em agicultura e floresta, a propriedade apresenta estes números: - Oliveira de Frades – Explorações agrícolas (1989) – 1564; nº de blocos – 9336. - S. Pedro do Sul – 2716; 14929; Vouzela – 1878; 13466. Sendo imensos os quadros de análise, desta feita não vamos além destas reflexões. Ficam aqui motivos para umas tantas preocupações e a maior delas tem a ver com o facto de constactarmos que a nossa região tem vindo sempre a perder população, facto que se não atenuou neste século XXI, antes até se agravou. Queixamo-nos sempre de que, entre outros males, a floresta arde e as árvores não chegam a crescer para darem quaisquer resultados palpáveis. Sem força humana não é possível defendê-las nem cuidá-las desde à nascença à sua morte prematura e cruel, porque as chamas não perdoam. Em circuito vicioso, vão-se as pessoas, morre com esse êxodo o trabalho dos campos e tudo o resto foge em marcha acelerada. O nosso mundo é deveras padrasto para as nossas zonas de baixa densidade. Quem nelas viu a luz do dia, a certa altura daqui sai à espera de melhor futuro. Lá em cima, ninguém olha por nós. Somos gente, mas somos poucos em dias de eleições e esse é que é o nó górdio deste nosso dilema. E cada vez estaremos pior. Infelizmente. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Dez 2018

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Tragédias atrás de tragédias...

Ainda o desastre de Borba estava bem presente nas nossas memórias e logo nos surgiu a queda de um helicóptero do INEM, na zona de Valongo (Porto), após o socorro prestado a um doente transportado para o Hospital de Santo António. Na fatídica viagem de regresso, com destino marcado para Macedo de Cavaleiros, mas que terminou, infelizmente, muito antes, perderam a sua vida, salvando a de outros na sua nobre missão, a enfermeira Daniela Silva, o médico Luís Vega, o piloto João Lima, com fortes ligações a Viseu, e o co-piloto Luís Rosindo. Decorrem por esta altura as necessárias investigações, envoltas em mistério, contradições e outras dúvidas. Que a verdade se esclareça a bem da justiça e da dignidade de quem tudo deu em favor da humanidade, incluindo o seu próprio sangue. Obrigado. Que descansem em paz!...