quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Terror em dois mundos

Olho para a África mediterrânica, onde predomina o islão, e vejo tudo a ferver. Vi a Tunísia, passei para o Egipto, dei uma volta por outros países e em todos eles descortinei uma revolta/revolução que cheira a efeito de novas tecnologias e muita animação em partir para um mundo diferente.
Mas, ao assistir ao que agora acontece na Líbia, estou cada vez mais preocupado: ali há sangue a mais - e cada gota é sempre de lamentar - e uma vontade de se não sair do lugar, em termos de cúpula. Se assim foi naqueles dois estados, anteriormente citados, o seu fim apressou-se, praticamente. Ali, porém, o caso muda de figura, porque tudo está a descambar para o torto.
E já estamos a pagar o primeiro tributo a essa teimosia em deixar a presidência, que o petróleo não pára de subir.
Entretanto, o mais grave é que, na Líbia, há muita gente nossa em trabalho e muito interesse económico, que, aliás, serviu de alimento a relações políticas nada convenientes... E quando estão vidas em jogo, tudo é muito mais sério.
Que haja o bom senso de deixar seguir a revolução, em nome de um futuro que se deseja bem melhor.
Se aqui são os homens a causar tanto sofrimento, na Nova Zelândia foi a natureza que destruiu, por via de um sismo, bens e, pior que tudo, ceifou vidas, muitas, aliás.
Dói-nos assim a ira dos homens, choramos as consequências daquilo que vem não se sabe de onde, mas, de certeza, de algo que nunca o homem vai controlar.
Para um pouco de desanuviamento, aí estão as "Correntes d'Escrita", onde, a partir de uma frase, se parte em busca da descoberta em cada painel de debate e criatividade. Uma delas é esta: " Falta futuro a quem tem no presente as ambições/passadas" ( Armando Silva Carvalho ).
Fica registada esta máxima. E vale a pena pensar nela, mesmo em tempo de crise e turbulência.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bem fora, mal dentro

Depois de alguns tempos de ausência, que lamento, aqui regresso com a intenção de expor, um pouco, as minhas ideias e sentimentos.
Começo por ir até ao Egipto, onde aconteceu algo de improvável há uns anos: uma revolução praticamente pacífica, que derrubou um regime ditatorial com cerca de três décadas de poder. Com uma juventude voluntariosa e um povo em luta numa Praça já histórica, saiu Mubarak e outro mundo está a desabrochar. Quero dizer que, hoje mesmo, não bato totalmente palmas, porque ainda não sei o que aí virá. Mas este facto e feito não deixa de merecer a minha consideração e o meu reconhecimento. Por aqui, até ao momento, tudo bem.
Entrando agora em nossa Casa, já o caso muda de figura: tudo vai mal, a ponto de o hino de revolta da Geração "Deolinda" ser o sucesso que é. Isto tem de nos pôr a pensar e agir.
Mas, de orelhas moucas, em vez de arrancar com novas práticas, pomo-nos a brincar às moções de censura, deixamos morrer gente da terceira idade, indefesa e abandonada, na maior das traições, que é esta de desprezarmos quem mais de nós necessita, assobiamos para o lado, vemos as finanças a irem de mal a pior, com juros altíssimos, descobrimos em cada dia mais uns cêntimos no custo dos combustíveis, numa escalada de pisadelas que nos amachucam de todo e não mexemos uma palha para acabar com tudo isto...
Como que deslumbrados, logo abrimos uma garrafa de champanhe quando as exportações cresceram a bom ritmo. Foi bom? Foi, sim senhor. Mas é pouco, muito pouco.
Se o poder de compra e o consumo interno andam pelas ruas da amargura, algo vai mal no nosso torrão natal.
Se é mais fácil despedir, também esse não será um bom sinal.
Se a UE está a tentar arranjar um meio de dar a volta a isto, começa de haver um maior sossego. Mas ainda vem longe o remédio eficaz.
Assim, um tanto bem fora de portas, muito mal por aqui dentro, eis o nosso mundo.
E isso é que custa!