quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

Há 55 anos, chuva, centenas de mortes e destruição em Lisboa e arredores CR De sábado para domingo, isto é, de 25 para 26 de Novembro de 1967, a cidade de Lisboa e os concelhos em redor acordaram com uma noite de terror. Uma tempestade imensa, num ano que até ia seco, segundo relatos da época, fez cair uma tromba de água, que chegou a atingir os 170litros por metro quadrado e por hora (170L/m2/hora). Se toda a zona da capital foi afectada, os efeitos mais trágicos e dramáticos aconteceram em bairros da periferia, sobretudo habitados por migrantes de todo o lado que para ali tinham ido em anos anteriores que habitavam instalações precárias, muitas delas situadas, a esmo, em leitos de cheia. Oficialmente foram contados 462 corpos de vítimas mortais, mas as mais variadas fontes falam em cerca de 700 mortos. Aldeias e bairros inteiros foram literalmente varridos do mapa. Houve 20 mil casas desaparecidas De acordo com informações pessoais e memórias de descrições desses tempos, ficámos a saber que, por exemplo, nas margens dos Rios Trancão e Jamor, eram visíveis os estragos durante bastantes meses (ou mesmo anos) depois. As marcas dessas fatídicas cheias por todo o lado se notavam. Então como hoje, sempre que as catástrofes acontecem são as zonas degradadas as mais penalizadas, tese que tem estado muito em cima da mesa, quando agora se fala na problemática das alterações climáticas. E, nessa noite de 25 para 26 de Novembro de 1967, há 55 anos, assim aconteceu. Num fenómeno natural tido como o pior desde o Terramoto de 1 de Novembro de 1755, acerca de 1967, no jornal Século Ilustrado, entre muitas e dolorosas imagens e títulos de grande dureza, assim se escreveu: “ A noite em que a chuva matou… Chuva e morte no fim de semana…. Noite de pesadelo numa cidade em pânico… “. Num mar de lama e dor, até o Rio Tejo se converteu num perigo à solta, no momento em que as suas águas subiram cerca de quatro metros. Com recolha de testemunhos de sobreviventes ou de familiares dos desaparecidos, na Rádio Renascença, 50 anos depois, Dina Soares e Joana Bougard, em detalhada reportagem, relataram situações vividas em vários concelhos, incluindo o caso particular da Aldeia das Quintas, no concelho de Vila Franca de Xira, onde consta que faleceram na ordem das 100 pessoas. Evocando esta imensa tragédia, a Junta de Freguesia de Castanheira do Ribatejo ali colocou uma placa em homenagem a essas vítimas. Igual gesto teve a actual CM de Odivelas, que veio a erguer um mausoléu em memória de quem, nessa área, então a ser parte de outro concelho (Loures), ali perdeu a vida. Por sua vez, no Parlamento, em 25 de Novembro de 2017, estes tristes episódios não deixaram de ser recordados e evocados. Durante essas terríveis cinco horas caiu, em chuva, perto de 1/5 de toda a precipitação de um ano inteiro. Foi essa fustigante intensidade e a debilidade de muitas das zonas atingidas que levou àquelas dimensões catastróficas. No meio dos escombros e das lamas em massa, gerou-se uma enorme onda de solidariedade colectiva, com destaque para as camadas estudantis universitárias, como que lideradas pelo Instituto Superior Técnico e pela Juventude Universitária Católica em geral, associando-se ainda alunos do ensino secundário. Os Bombeiros, como sempre acontece nestas situações, foram também incansáveis. De Cascais a Alenquer, as ondas de destruição fizeram-se notar por todo o lado, dizendo-se que muita coisa se não soube porque as autoridades estatais não deixaram que se investigasse e comunicasse a fundo, tentando minimizar o impacto de tudo quanto, na realidade, se passou. Muito em especial, tratou-se de tentar apagar as condições habitacionais degradadas de muitas das famílias desaparecidas, que eram o espelho de uma pobreza meio esquecida. Como quer que seja, com a versão oficial, ou com os dados referidos por outros meios, aquela noite de Novembro de 1967 é uma página negra e triste na nossa vida como povo e nação. Se a natureza é, por vezes, implacável, a acção ou inacção do homem têm, nisto tudo, também uma forte palavra a dizer, sendo que o planeamento e a prevenção são essenciais… Ontem, hoje e amanhã… Carlos Rodrigues, in Notícias de Vouzela, Dezembro, 2022 Uma acção solidária para a ASSOL CR No pólo de S. Pedro do Sul da ASSOL, veio das panelas e dos tachos um gesto generoso por parte do Chef Diogo Rocha, que já leva duas estrelas Michelin no seu currículo, a que junta ainda uma outra verde, tendo-se posto à disposição desta Instituição para oferecer o melhor que sabe e gosta de fazer: cozinhar com primor e arte, tal com faz no restaurante Mesa de Lemos (Viseu), e apresentar iguarias topo de gama que fazem as delícias de todos os comensais. Foi o que ali aconteceu no passado dia 7. Meia centena de felizardos puderam tomar contacto com a sua alta gastronomia, ao mesmo tempo que comparticiparam com a verba paga o trabalho desenvolvido pela entidade premiada – a ASSOL. Como tudo tem um princípio, coube ao Presidente Gil Almeida falar desta ligação e da forma como se estabeleceu: sendo sua Tia uma das funcionárias desta Casa, deveu-se a ela a ideia de ali trazer o seu Sobrinho para, em acção solidária, mostrar tudo quanto sabe e tem conseguido mostrar ao mundo. Como que a sentir-se em sua casa, devido a esses laços familiares existentes em S. Pedro do Sul, Diogo Rocha mostrou-se, ele mesmo, grato por poder associar-se à ASSOL desta maneira. Acrescentou ainda que teve ali bons colaboradores, os funcionários daquela Colectividade, o que tornou possível a realidade desta Ceia de Natal especial. Para juntar a estes bons momentos, também a cultura se fez sentir a cargo de Kattrina Kabali, natural da Grécia, mas a viver neste concelho, que com seu cravo (instrumento musical) animou este serão a solo e a acompanhar o canto de Clara Spormann, em versão portuguesa e alemã. Enfim, uma generosa noite bem passada em saborosa companhia do Chef Diogo Rocha e suas especialidades gastronómicas, boas até mais não… Carlos Rodrigues, in Notícias de Vouzela, 2022

ASSOL a receber missão solidária

Uma acção solidária para a ASSOL CR No pólo de S. Pedro do Sul da ASSOL, veio das panelas e dos tachos um gesto generoso por parte do Chef Diogo Rocha, que já leva duas estrelas Michelin no seu currículo, a que junta ainda uma outra verde, tendo-se posto à disposição desta Instituição para oferecer o melhor que sabe e gosta de fazer: cozinhar com primor e arte, tal com faz no restaurante Mesa de Lemos (Viseu), e apresentar iguarias topo de gama que fazem as delícias de todos os comensais. Foi o que ali aconteceu no passado dia 7. Meia centena de felizardos puderam tomar contacto com a sua alta gastronomia, ao mesmo tempo que comparticiparam com a verba paga o trabalho desenvolvido pela entidade premiada – a ASSOL. Como tudo tem um princípio, coube ao Presidente Gil Almeida falar desta ligação e da forma como se estabeleceu: sendo sua Tia uma das funcionárias desta Casa, deveu-se a ela a ideia de ali trazer o seu Sobrinho para, em acção solidária, mostrar tudo quanto sabe e tem conseguido mostrar ao mundo. Como que a sentir-se em sua casa, devido a esses laços familiares existentes em S. Pedro do Sul, Diogo Rocha mostrou-se, ele mesmo, grato por poder associar-se à ASSOL desta maneira. Acrescentou ainda que teve ali bons colaboradores, os funcionários daquela Colectividade, o que tornou possível a realidade desta Ceia de Natal especial. Para juntar a estes bons momentos, também a cultura se fez sentir a cargo de Kattrina Kabali, natural da Grécia, mas a viver neste concelho, que com seu cravo (instrumento musical) animou este serão a solo e a acompanhar o canto de Clara Spormann, em versão portuguesa e alemã. Enfim, uma generosa noite bem passada em saborosa companhia do Chef Diogo Rocha e suas especialidades gastronómicas, boas até mais não… Carlos Rodrigues, in Notícias de Vouzela, 2022

terça-feira, 22 de novembro de 2022

Santuário de Nossa Senhora do Castelo em Vouzela com muro em forte perigo de derrocada

Subir à Nossa Senhora do Castelo e recuar milhares de anos A estrada que dá acesso ao Monte e à Nossa Senhora do Castelo beneficiou de grandes obras no ano de 1938, altura em que se pediu mesmo o alargamento das curvas da antiga via, como se relatou neste Notícias de Vouzela em Abril, para possibilitar a circulação de autocarros, “ a fim de se poder adorar o maravilhoso panorama”, numa visão de futuro que, pouco tempo depois, viria a ter todo o cabimento. Acontece que, milhares de anos antes, já este espaço era desejado e ocupado pelos nossos antepassados, como veremos de seguida. Pelo meio, em épocas diversas, houve contendas várias, como a que aconteceu em 1957 com o descontentamento do facto de a mata ter sido entregue aos Serviços Florestais, por deliberação da Câmara Municipal e da publicação do Diário do Governo de 22 de Março, com excepção da parcela onde se encontra a Capela. Com os tempos actuais a trazerem graves problemas de sustentabilidade, quando a queda do muro de suporte ao Santuário está a ruir e a prolongar esse estado de destruição de dia para dia, podem ser extremamente graves, no imediato, os seus efeitos se nada for feito para impedir um desastre total. Do lado da torre da televisão, cujas obras podem ter espoletado esta situação, a insegurança é total e a Capela está a pouquíssima distância da parede em ruínas. Não agir depressa pode trazer, para o futuro, altos prejuízos, incluindo a possível destruição da obra religiosa que ali se encontra. Sem panos quentes, ou se actua, ou a inércia será fatal. Estando nós em presença de um monumento de inegável interesse histórico, turístico e religioso, tudo o que agora se fizer para o salvar terá impactos imediatos de grande alcance a longo prazo. Dar-se-lhe vida hoje é preservar um património que testemunha milhares de anos do nosso passado comum. Se o Monte não será, certamente, atingido, a queda do Santuário será, sem dúvida, uma perda irreparável e é disso que se trata na altura em que ali se notam sinais de uma derrocada iminente. Sabendo que a Confraria já entregou a quem de direito um projecto para as necessárias obras e que a Câmara Municipal e a Direcção Geral do Património estão de posse dos dados em questão, urge que estas entidades dêem as mãos e avancem depressa com os trabalhos. Fazê-lo é algo que se impõe e não pode demorar muito, ou mesmo nada, que o Inverno pode continuar a ser mau conselheiro… Com uma boa conversa, também a Altice, talvez, possa – e deva – participar neste processo de recuperação, num exercício de cidadania, em termos de responsabilidade social ou de mecenato. Com os acessos vedados por precaução, a Capela arrisca-se a não poder ser contemplada e isso impede que se descubra o templo em si e a fantástica paisagem que dali se avista. Reconhecendo a sua grande posição estratégica no contexto da zona de Lafões de antanho, povos houve que escolheram este local para ali se fixarem, ou, no mínimo, para dali fazerem um posto de atalaia com o Vale do Vouga aos pés e os Castros do Banho e de Baiões à mão de semear. Tendo em conta o texto “ O povoado e fortificação de Nossa Senhora do Castelo em Vouzela”, da autoria de Manuel Luís Real e outros, apresentado por alturas das I Jornadas Arqueológicas de Lafões, a sua localização proeminente e de grande importância estratégica, bem como as jazidas mineiras dos arredores e no próprio Monte foram condições para, na Alta Idade Média, ali nascer um segundo povoamento, o que faz pressupor usos anteriores. Aliás, tendo sido um dos pilares para a reconquista de Viseu, veio, na sequência desse apoio, a sofrer represálias e até a sua destruição por essa altura, inícios do ano 1000 dC. Aliás, desde 1019, aparecem referências escritas a seu respeito e ao topónimo Alafões. Em séculos posteriores, são cada vez mais frequentes os documentos que atestam a existência deste local, das suas muralhas, da ermida inicial que, de acordo com a Vouzelar, se pode associar a Vasco de Almeida, primo de D. Duarte de Almeida e que com ele viveu uns tempos na Casa da Quinta da Cavalaria, que, mercê de um desgosto de amor, ali mandou edificar em 1456 uma pequena ermida e uma rudimentar habitação que ocupou até à sua morte em 10 de Fevereiro de 1510. Ao pegarmos hoje neste tema, a que regressaremos em breve, tanto há a dizer, fizemo-lo para deixar o ALERTA atrás citado: é preciso reparar a fundo as muralhas em redor do Santuário antes que tudo se despedace pelo Monte abaixo. Desta forma, outros pormenores históricos ficam para uma próxima ocasião… (Continua) Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 17 Nov 2022

O vinho americano, PROIBIDO, em Festival na Sobreira

Do produto de contrabando ao 1º Festival do Vinho Americano Foram os lugares da Sobreira, Ponte e Feira, na freguesia de Reigoso, fortes produtores, em tempos, do vinho americano, praticamente o único que por ali se dava melhor. Sem grandes problemas e gastos com tratamentos, os cachos tintos e brancos por lá apareciam e engordavam a sério e em grande quantidade, se a meteorologia fosse de feição. Das terras saía essa riqueza natural que era muito apreciada localmente e por essas cidades fora, sobretudo nas áreas de Lisboa e Porto. Hoje, quase que não existem videiras nem a consequente produção. Recordamos bem as operações de transporte camuflado desta “pinga”. Pela calada da noite, disfarçados em camiões de palha, madeiras ou outros produtos, lá iam no meio os barris aos montes e em grande quantidade. A caminho de Lisboa, por exemplo, um ponto negro, entre muitos, a ser sempre temido era o Posto da Polícia do Carregado. Vencido esse obstáculo, lá se ia até à capital. Nesta cidade, eram muitos e sobejamente conhecidos os postos de venda, como a enorme casa Laranjeira e Pereira da Silva, de uns amigos de Ribeiradio, que vendia milhares e milhares de litros por ano. Muitos outros comerciantes lhe seguiam o exemplo. Para que estas tradições se não esqueçam, a ARCUSPOF organizou o 1º Festival do Vinho Americano, que se realizou no dia 11, com o S. Marinho por muito perto. Em sistema de bordadura ou agarradas às árvores, as videiras rodeavam as propriedades agrícolas em altura ou então espalhavam-se por ramadas. Raramente, se viam as vinhas no sentido formal do termo. Pode dizer-se, sem quaisquer dúvidas, que, na maioria das casas agrícolas, a venda (proibida) deste vinho, das vitelas, da resina, de alguns porcos, das árvores era o grande suporte económico da cada família, sobretudo até surgirem os aviários. Por isso, aquele era um produto altamente apreciado por esse factor e também pelos seus indefectíveis defensores em termos de gosto. Deve-se ao surgimento da filoxera por volta de 1870, que destruiu grande parte das vinhas, a adopção desta variedade mista com raízes na América e na Europa, que passou a ser conhecida como a origem do vinho americano ou morangueiro, sempre na mira das autoridades, talvez pela enorme concorrência que veio a constituir, ou pela dita fama negativa de possuir metanol, uma componente que se dizia que faz(ia) mal à saúde, tese ainda agora discutida. Como quer que seja, sempre a vinha americana foi objecto de severas punições, pelo que, nos anos 40, 50 e outros, ora se arrancavam as videiras, ora se taxava fortemente a sua produção. Contra tudo isso, lutavam os agricultores ou arranjavam as citadas escapadelas para dele tirarem algum lucro. Feitas estas considerações, voltemos ao referido 1º Festival do Vinho Americano. Organizado, como vimos, pela ARCUSPOF, fez juntar ao jantar mais de 100 pessoas, vindas dos lugares em causa, dos arredores e até de sítios mais distantes como Ílhavo. Ao lado do salão de festas, 800 litros estavam na cuba que agora se encontra na barraca rural bem restaurada como património a preservar, cujas uvas foram vindimadas, pisadas e armazenadas em virtude do trabalho das gentes locais. Perante um júri sabedor, compareceram mais de uma dezena de produtores, que obtiveram as seguintes classificações e distinções: Ouro excelência – Pedro Portela; ouro – Fernando Carlos; prata – Miguel Figueiredo; bronze – Mário Garcia; menções honrosas – Luís Gonçalves, Manuel Fernandes, Fernando Sousa, António Pereira, Abílio Garcia, Carlos Ribeiro e Celso Gonçalves. Em ambiente de animação e com uma ementa à base de carne de porco, castanhas, vinho americano, jeropiga, festa foi aqui festa a valer. Mas o que fica como grande recordação é este 1º Festival, numa zona onde, outrora, por exemplo, João Figueiredo chegou a ter 600 almudes de vinho e, na actualidade, nas mesmas propriedades não se colhem mais de 80. Sinais dos tempos e da perda de importância da nossa agricultura, infelizmente. Logo, estas tradições assim revividas fazem todo o sentido… Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 17 Nov 2022

sábado, 12 de novembro de 2022

O clima a meter medo

Tentar travar os mortais ataques ao clima Carlos Rodrigues No Egipto, por estes dias vive-se e fala-se muito daquilo que nos aflige: os ataques que estamos a fazer à natureza e, por via disso, à nossa própria sobrevivência. Na “ Cimeira do Clima de 2022(COP 27), que ali decorre, é disto que se trata, com o alto patrocínio da ONU e de seu Secretário-Geral, o nosso compatriota António Guterres, que tem feito deste tema, honra lhe seja, um forte motivo das suas preocupações globais, não se cansando de apelar a que tudo se faça para impedir o desastre total, o que equivale a dizer-se, a possível implosão da humanidade. De cimeira em cimeira, muitos são os objectivos estabelecidos, as metas a atingir, a curto, médio e longo prazo, como, por exemplo, aconteceu há anos em Paris. Fechadas as portas desses encontros mundiais, tudo praticamente volta à estaca zero, ou recua mesmo. Depois, volta-se à discussão, às pias intenções e não se sai deste círculo vicioso. Na prática, o que é muito mau e verdadeiramente lamentável, não se ata nem desata, isto é, não se sai da cepa torta. Em Sharm-el-Sheik, já o sabemos, vão aparecer em cima das mesas muitos e bons propósitos por parte de todos os oradores, praticamente idos de todo o mundo. Infelizmente, no meio da inacção que se segue, quem vai, como sempre, pagar as favas são os povos mais desfavorecidos, que as grandes potências poluidoras lá se vão arranjando… Os países em situação de maiores vulnerabilidades, como as cheias, os tornados, por um lado, e os incêndios, as secas, por outro, são, em suma, as zonas que mais vão sentir, pela negativa, aquilo que os governantes e cada um de nós deixam (os) por fazer. Apesar deste pessimismo, que o passado não tem ajudado a dissipar, ainda nos resta um pouco de esperança: que desta vez e do Egipto saiam práticas e intenções concretas, palpáveis e prontas a entrar em acção. Tememos é que não se preste a devida atenção ao que ali se vai passar: com o Orçamento para 2023 em plena discussão, com uma mão cheia de casos e casinhos, estas grandes e magnas questões ficam quase sempre para trás. E isso é terrível para o nosso futuro… In “ Notícias de Lafões”, 10 Nov 2022

Lafões na prosa e poesia

A cantar-se Lafões desde há séculos Carlos Rodrigues Nestas terras de encantos sem fim e histórias aos montes, sobretudo a partir dos séculos XIX e XX em diante, são múltiplas as alusões em textos em prosa e em poesia que retratam esta nossa zona de Lafões, desde os píncaros das suas serras aos vales encantados de seus rios e ribeiros. Há dias, por exemplo, um amigo meu fez-me chegar a cópia das “ Auras do Vouga”, uns “Versos de José Ozório” como se lê na capa, e não resisti enquanto não folheei esta raridade de 1917. Tal como esta publicação, muitas outras há por aí espalhadas, ou mesmo algures perdidas à espera de quem as faça regressar à luz do dia. São então de José Ozório estas primeiras palavras: “… O Vale de Lafões é toda a natureza singela, amorável e doce, enternecedoramente bela, casando-se com a índole afectiva do seu povo humilde e cortejador, submisso e respeitoso, modesto e inteligente, que acolhe um estranho com um grande abraço de velha amizade. Num passeio pela estrada, em qualquer ponto que nos quedemos, a nossa vista fica maravilhada como ante um quadro de magia… Consola o viver-se no seio desta amorável região de canduras antigas ao lado da pacífica gente que, mourejando de sol a sol na sua faina rural, tem o culto especial do lar…Ó meu adorável vale de Lafões!... “ Num tom e nuns conceitos bem situados no tempo, a sua linguagem e a sua escrita são o reflexo também dessa época, como se pode deduzir da prosa que aqui transcrevemos. Passando-se agora para uns recortes poéticos, apreciemos o seguinte: “//Ó minha terra, berço abençoado/Que embalaste os meus dias de ventura/Já perdidos lá longe, na espessura/Do tempo nebuloso do passado.//… // Montes da minha terra, ó lindos montes/Cheios de cor, vestidos de arvoredos/Onde o sol a morrer nos horizontes/ Colora d`oiro as cristas dos penedos//… // Rio Vouga, meu amigo/ Onde ia desabafar/ As queixas do coração/ Em horas do meu penar//… // Eu parti, já nem sei há quantos anos/Do meu ditoso lar/E na luta cruel dos desenganos/ Fiz-me velho no longo labutar// Uns valentes anos mais tarde, em 2000, na “Terra Lusitana, nº 1”, tendo como Director o saudoso Júlio Cruz, a cantar as “Águas do aquecimento”, Luís Chaves, assim anota os seus pensamentos: //… Valha-me Deus, já não posso/Cantar como cantava/ Já bebi água da nora/ Tenho a fala derramada//… // Coitadinho de quem tem/ Amores além do rio/Que quer passar e não pode/ Do coração faz navio//… // Sentei-me à beira do rio/Para as águas ver correr/Vi correr as dos meus olhos/Para eu mais penas ter//… Falar-se de Lafões em escrita poética e não agarrarmos em António Gomes Beato será como que uma falha imperdoável. Em dois dos seus volumes, “ Lafões, a tradição e a lenda”, 1993, e “ Canções do Vouga”, 1990, é muito e bom o material ali contido praticamente todo ele centrado nas nossas terras. Nas “ Canções” e em “Madre terra de Lafões” assim se começa: // Da terra é que me veio quanto eu sou/O meu sangue, o meu corpo e condição/ Seiva que vem de longe em mutação/ Sempre a ser renovada e me formou//… // De ti eu vim e a ti hei-de voltar/Ó meu Lafões, ó meu jardim sem par/Bendita sejas, Madre Terra minha//… Para concluirmos por hoje, vamos despedir-nos com umas palavras também de alguém que já, infelizmente, nos deixou, o Cónego José Fernandes Vieira, no seu livro “ Rebuscando”, Viseu, 2020, todo ele dedicado à sua terra, Sejães. A certa altura, quase a abrir, assim escreveu: “ Uma razão afigura-se-nos com clareza: este é um lugar sossegado, de bom clima, muito saudável e fértil, algo distante de grandes e barulhentos povoados. Pode dizer-se que é um agradável e tranquilo “jardim-pomar”, onde, para além da beleza natural, abundam produções diversificadas de excelente qualidade e sabor requintado. É este o nosso familiar “torrão natal”, de que vamos oferecer-vos alguns curiosos apontamentos históricos, talvez pouco conhecidos de alguns… “ In “ Notícias de Lafões”, 10 Nov 2022

Muitas castanhas e animação em Souto de Lafões

Festa da castanha em Souto de Lafões veio mesmo a calhar CR É a terra de Souto de Lafões, bem vizinha da sede do concelho, Oliveira de Frades, herdeira, até no nome, da importância dos castanheiros. Aproveitando o que estas árvores produzem, as castanhas, estas têm sido o mote para as tradicionais festas que ali se vêm realizando desde há uns tempos, numa colaboração entre a União de Freguesias e a Comissão de Festas de S. João, a animação por natureza nesta localidade. Este ano assim aconteceu, nos dias 5 e 6, sábado de domingo, uma vez mais. Num novo espaço de eleição, o Parque do Moinho, que combina a natureza com os equipamentos agrícolas, a incluir ainda uma barraca e um canastro, com a zona de lazer, com bar, zona infantil e de jogo da malha ( a condizer com os muitos “craques” que aqui praticam esta modalidade), palco e um agradável e bem tratado curso de água, eis os ingredientes necessários para se levarem a efeito todos estes tipos de eventos, como o desta vez relacionado com a castanha, a rainha da festa em questão. Se, na noite de sábado, o muito frio que ali se fez sentir como que espantou, segundo testemunhos, a clientela, na tarde de domingo, com o sol como companheiro, o caso mudou de figura e para muito melhor: o recinto animou-se e a alegria da participação veio a acontecer. Enquanto, no palco, o Rancho Vozes da Aldeia apresentava o seu bom reportório, o campeonato da malha, com os seus praticantes de sempre e outros, punha os círculos metálicos a correrem de um lado para o outro, ali se vendo, inclusivamente, o Presidente da Junta de Freguesia, José Cerveira, segundo dizem, um bom conhecedor desta modalidade, em acesa e animada disputa. Para que conste, em causa estavam bons prémios como, por exemplo, um presunto. Visíveis eram os montes de caruma a fazerem pensar no magusto que se iria seguir: perto das cinco horas, o lume começou a arder e as castanhas para ali correram apressadas. Nesta festa, participou também a Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões com uma sopa de castanhas e uma sessão de poesia a cargo de seu vice-Presidente da Direcção, Carlos Almeida, assim se associando os petiscos à cultura como convém. Com as castanhas a serem referenciadas por estas localidades desde há séculos, como, por exemplo, nas Memórias Paroquiais de 1758, neste ano de 2022, sente-se que estas optaram por não aparecerem nas árvores e a deixarem desanimados os seus produtores. Testemunhando o seu caso pessoal, José Rodrigues da Silva, também em nome da Horta da Clara, sua esposa, disse-nos que por esta altura se verificou uma queda de quase 70% na produção, caindo-se dos 200/300 quilos por ano para os actuais cerca de 60 a 70 quilos. É mesmo, acrescentou, um dos piores anos que conhece. A seca, as terras ao abandono e até os javalis, tudo isso contribui para este desfecho catastrófico. Participando, ano a ano, em vários eventos na região, com os seus produtos locais, como o mel, o kiwi, os coelhos, o piripiri, as abóboras, as chouriças caseiras e o feijão, além das castanhas, confessou que estar na sua terra é um orgulho e um sinal de confiança no futuro. Vinda do passado recente, a Festa da Castanha de Souto de Lafões aqui está para continuar a escrever as páginas dos nossos dias futuros, como esperamos e desejamos… Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, 10 Nov 2022

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

Falta de água exige medidas de fundo

Gestão da água precisa de arrojo Há cerca de oito dias, falámos aqui, em geral, da importância da água e da necessidade de para ela se olhar atentamente. Fizemos uma espécie de viagem pela história do seu aproveitamento ao longo dos tempos e do esforço que todas as comunidades têm feito para a terem sempre ao seu alcance. Muitas das verdades de ontem são hoje cada vez mais prementes. Aliás, agrava-se assustadoramente a sua escassez para o ser humano e para as plantas, num perigo que se pode tornar fatal. Entretanto, a ano a ano, crescem as hipóteses de soluções para se a ela aceder. Mas esta é uma luta desigual: a natureza, com os ataques que lhe fazemos, vem respondendo negativamente aos esforços feitos. Longe vão, felizmente, os tempos das fontes de chafurdo e mesmo dos chafarizes públicos. Na actualidade, queremos que a água entre pelas nossas casas adentro para os quintais, para as cozinhas e paras as múltiplas casas de banho. Crescem as necessidades a todos os níveis em termos de limpezas, de cozinhados e de cuidados higiénicos. Só que a água, essa jóia que se não pode dispensar, escasseia, foge-nos da mão a olhos vistos. Para contrariar esse quadro negativo e essa aflitiva tendência, o engenho humano não se cansa de tentar remediar esta situação. Uma das palavras de ordem liga-se a uma evidência: precisamos de a armazenar preventivamente e poupá-la até mais não. Os nossos antepassados com os poços, minas, presas e afins deram-nos o exemplo e a receita. Na sua imensa criatividade e inteligência, criaram, quanto a rega, normas e costumes que têm resistido aos tempos e a todas as mudanças. Os “casais”, com vista à sua utilização, foram um desses poderosos caminhos. Os regos, outro. Os “talhadouros” responderam à sua ligação para cada uma das propriedades a regar. Há anos, nas décadas de setenta, oitenta e outras, nessas condutas, em terra, foram feitas obras de beneficiação em programas que tiveram um efeito imediato, quanto a poupança e eficiência: a recuperação de regadios tradicionais, reafirmamos, foi, nessa altura, uma poderosa alavanca agrícola. Com a diminuição dos solos cultivados, chegou a pensar-se até que haveria água para dar e vender. Mas, infelizmente, nada disso aconteceu. Perdida nas origens, isto é, nas nascentes, nem essas obras tiveram um efeito prolongado. Por outro lado, com o esvaziamento dos campos, por cada “fonte” que se perca, em cascata, muitas outras seguem o mesmo caminho. Tudo se torna mais seco. Da Europa saem sinais de alertas continuados, a ponto de, como vimos, a água e o ambiente serem os temas que maiores quantidades de legislação têm produzido, muito mais quando agora as crises climáticas se aprofundam. Também no nosso país, há que confessá-lo, se sucedem os despachos, os planos de bacia, as normas de uso, os diversos aproveitamentos hidrográficos, etc. No entanto, tudo, ou quase tudo, parece estar a falhar. Se, em 1986, o PEDAP – Programa Específico de Desenvolvimento da Agricultura Portuguesa – e o Quadro Comunitário de Apoio, para os anos de 1986 a 1993, levaram à criação de 2570 Juntas de Agricultores para a gestão dos diversos regadios, como o de Pereiras (Oliveira de Frades), se, em 2004/2005, o Instituto Politécnico de Viseu, por exemplo, tratou de 2487 inquéritos nacionais com vista a apurar os resultados desses projectos, vendo-se que estavam em funcionamento 1781 desses investimentos, quando acontece que, agora, em 2022, são concedidos à CIM Viseu Dão Lafões 75486, 23 euros para melhoria da eficiência desses mesmos regadios, vemos que esta não é mais do que uma migalha face às carências que existem. Convém dizer-se que a nossa CIM tem 14 concelhos e centenas de freguesias. Uma ninharia aquela verba… Quando assistimos ao fornecimento de água potável a diversas comunidades pelos Bombeiros, no momento em que vários municípios pensam alcançar novas fontes de abastecimento, como a CM de Viseu e outras a procurarem a salvação no Rio Paiva e a CM de S. Pedro do Sul a dirigir-se para o Rio Balsemão, tendo em conta os esforços de Vouzela e Oliveira de Frades para também encontrarem alternativas, eis-nos perante sinais e campainhas que não pressagiam nada de bom se não se fizer esse caminho depressa e bem. Nesta matéria, temos de contrariar, radicalmente, o velho ditado popular de que “depressa e bem não há quem… “. Nesta hora de agir em função de chegarmos à água para fins múltiplos, desde a agropecuária aos usos domésticos, a tempo e com eficiência, só um esforço colectivo será capaz de dar esse passo. Pela água, há que fazer tudo e já. Amanhã é muito tarde, repetimos. Carlos Rodrigues, in”Notícias de Vouzela”, 19 Ago22

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Mudar o poder e o dinheiro de Lisboa para o poder local

Transferência de competências para municípios em marcha Carlos Rodrigues É velha, antiga, chegando mesmo a ter um sabor a esturro, a questão da delimitação de competências da esfera central (governo) para os poderes regionais e locais (municípios e freguesias). Ainda que seja reconhecido que a cada instância custa ceder parcelas das suas competências, quase se pode dizer que de Lisboa muito poderia ser delegado se fosse possível atirar para outros o que ali se decide e não fosse necessário fazer essas transferências acompanhadas dos respectivos envelopes financeiros. Aqui é que se encontra o nó górdio deste problema. Tudo tem esbarrado nessa (não ) abertura da bolsa. Ultimamente, no passado dia 22 deJulho, através de um acordo estabelecido entre a ANMP –Associação Nacional de Municípios Portugueses - e o Governo, depois de múltiplas e duras negociações, que levaram mesmo à saída da Câmara do Porto daquela Associação, foram transferidas para as autarquias locais várias competências nas áreas da educação e saúde, ficando para mais tarde a acção social. Finalmente, tal desfecho, muito embora sujeito ainda a acertos, acabou por acontecer o que é um bom sinal. Aliás, é bem conhecida a tese de que um euro gerido em termos de proximidade vale por muitos mais nas mãos do poder central. Por tudo isto, a descentralização impõe-se por si mesmo. Ela fala com voz própria e custa-nos a aceitar que tais problemas demorem tanto a ser concretizados. É a vida, é a nossa triste sina. Em virtude das ligações entre alguns mundos que vamos tendo ao longo de nossa vida, desde há décadas e anos que temos ouvido falar de tudo isto e sempre tentámos dar o nosso contributo, como, por exemplo, aconteceu em 1999 e 2000, com vista a um Congresso da ANMP nesse mesmo ano, realizado em Vila Moura, Algarve, sobretudo no campo da educação. Nessa reunião magna dos Municípios deram-se bons passos no sentido dessa modernização administrativa, mais concretamente nos domínios da educação pré-escolar e do 1º ciclo. Sabendo-se que, já nessa altura, os valores a transferir foram objecto de muitas dificuldades, pelos motivos atrás descritos, mas sempre passaram a estar em cima das mesas de negociações desde antes e depois desse Congresso, estranha-se que tenham sido precisos mais de vinte anos para agora se ter chegado a estas novas conclusões. Um documento no campo das transferências de competências bastante importante é a Lei 159/99, mas é muito vasta a legislação posterior, em cada sector, como o Despacho 3194/2022, de 15 de Março, acerca da área da saúde, bem como a Lei 50/2018, de 16 de Agosto, etc, etc. Numa altura em que os incêndios tanto nos assolam, a questão da protecção civil, infelizmente na sua dimensão trágica, vem sempre ao de cima. Relevantes, na lei, são as Comissões Municipais de Protecção Civil, os Centros de Coordenação de Operações Municipais, os Centros Municipais de Operações de Socorro, as Unidades Locais de Protecção Civil nas Freguesias (sem NUNCA esquecer a relevância que os Bombeiros têm – ou deviam ter - em todo este edifício organizativo), mas receamos que não tenham ao seu alcance os meios e os equipamentos necessários às funções e responsabilidades que têm nas suas competências. Notícias de Lafões, 19 Ago22

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Somar poder é muito bonito, mas reparti-lo é o cabo dos trabalhos

O problema da descentralização do poder vindo do centro para as periferias, onde devem estar as competências e os meios, está a revelar-se um desastre, uma trapalhada de todo o tamanho. Pelo caminho já tombou, na ANMP, uma pedra principal, o Porto. E outras, se lhes tirarem umas cunhitas que ainda as seguram, ameaçam ruir também. Para arranjar poder, o ancinho tudo junta. Para o distribuir é que a porca torce o rabo. Se ele viesse por aí abaixo sem o respectivo porta-moedas, era certo e sabido que de Lisboa já ele tinha vindo em alta velocidade. Mas, quem o vai receber - e muito bem- não o quer assim sem mais nada. Era o que mais faltava!... Para que isto não se não estrague de todo, é preciso muito juizinho, bom senso, cabeça fresca e um exercício de distribuição que não deixe ficar ninguém mal.... É isso e apenas isso que está em questão...

Andar por Lafões e topar movimento por todo o lado...

Fim de semana lafonense recheado de eventos, incluindo Lisboa Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Maio 22 Estes últimos dias 27, 28 e 29 de Maio puseram a região de Lafões num agitado alvoroço em redor das panelas e da cultura musical. Foi aquilo que se chama uns dias em cheio. Se nestes nossos concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul, de mãos dadas, muito de bom se fez, apareceu ainda Lisboa, com a nossa Casa de Lafões a engrossar a lista das actividades em curso, participando no VI Encontro do Associativismo e Regionalismo. Ali estiveram na Alameda D. Afonso Henriques, junto à Fonte Luminosa, o Grupo Polifónico as Vozes a caminhar para património imaterial da Humanidade, Deus o queira, e uma Exposição de produtos regionais, organizada pela nossa Casa-Embaixada. Por aqui, com dimensão muito para além das nossas fronteiras territoriais, tivemos as comemorações do Dia Nacional da Gastronomia, organizado pela respectiva Federação, que percorreu os três concelhos, Vouzela e S. Pedro do Sul/Manhouce, no dia 28, e Oliveira de Frades, a 29, domingo, tal como já havíamos feito eco. Mostras, desfiles, provas diversas, almoços convívios, palestras culturais, momentos musicais de excelência, assim se deu corpo a uma data nacional que a Assembleia da República aprovou em 2015. A par das comemorações desta efeméride, decorreu em Manhouce o Festival da Vitela com todo o manancial de tradição e festa que caracterizam as actividades nesta freguesia serrana, com destaque, diz quem viu, para o excelente Cortejo Etnográfico. Sem ser nota de rodapé de página, há ainda a registar a eleição de José Miguel Costa Antunes, da Associação de Pais do Agrupamento de Escolas de Oliveira da Frades, para os órgãos nacionais do CONFAP – Confederação Nacional das Associações de Pais, com todo o peso que esta Instituição tem no tecido escolar do nosso País. Um dado a revelar com muito gosto. Desculpem, mas quase não temos palavras para descrever convenientemente o espectáculo que foi, no Cine-Teatro João Ribeiro, a apresentação, em dose festiva de altíssimo nível, do terceiro CD, Origens, lançado pelo brilhante Grupo Vozes da Terra, já de robusta maioridade e que deixa sempre marca em tudo quanto coloca em palco. Neste fim de semana de alta roda cultural, esta foi mesmo a cereja no topo do bolo. Antes de qualquer avanço na apreciação do que ali aconteceu, deixem que vos diga que a homenagem ao saudoso Sá nos deixou de coração apertado, mas com a convicção de que o seu legado vai mesmo continuar. E ainda bem. Depois de em 2000 terem posto em marcha a edição das suas músicas, estas Origens de 2021/22 vieram mesmo a calhar: são tradição, são busca de património, são registo de vivências e são, também, um bom momento de partilha e parceria que ali foi bem evidente. Mal começámos a ouvir o rufar dos tambores de Levides em sintonia com os acordes que saíam do palco, logo pensámos: isto promete. E o certo é que prometeu mesmo. Um a um, desfilaram os temas: Na casa de minha Avó, Marianita, Namoro na Seara, As passadeiras, Maria das Tranças Negras, As voltas que o linho dá, Fonte da Nogueira, Milho Rei e o Segredo bem guardado. Cada uma destas canções, teve o seu suporte em parcerias de requintada escolha: ACROF, ACRV, António Freire, Canto a Vozes, Celina da Piedade e Ana Santos, Grupo de Bombos Amigos de Levides, Jorge Duarte, Paulo Pereira e Sociedade Musical Vouzelense (SMV). Se cada momento foi um hino à exaltação musical e cultural, o espectáculo final, todos em conjunto, foi mesmo o enorme apogeu final. Uma maravilha. Porque esta gente de As Vozes da Terra tem rosto e nome, aqui fica este registo: André Amaral, voz; Carla Almeida, voz e percussão; Carlos Lobo, viola baixo; Clara Vieira, voz e viola; Conceição Almeida, voz e percussão; Edna Carvalho, voz e percussão; Eugénia Liz, acordeão; Helena Baptista, voz e percussão; Luís Paiva, voz e cavaquinho; Margarida Meireles, voz e flauta; Mário Jorge, voz, viola e cavaquinho; Nuno Figueiredo, voz e bateria. Para a história local, regista-se este semana em cheio aqui por estas nossas terras de Lafões. Há vida por aqui. Vê-se…

sexta-feira, 20 de maio de 2022

Quando ser de Lafões é um enorme estado de alma

Ser de Lafões é grande sentimento Carlos Rodrigues, in “Ecos da Gravia”, Abril 2022 Nós, os que temos o privilégio de vivermos entalados entre as Serras da Arada, de S. Macário, por um lado, na vertente norte, e pela Serra do Caramulo, a sul, podendo molhar os pés no Rio Vouga, que corta o nosso território regional em duas partes, nunca separadas e sempre unidas, podemos dizer que somos uns felizardos: sem a escolhermos, acabamos por ter como mãe e matriz uma das melhores regiões do mundo. Ricos pais e antepassados foram os nossos, que nos possibilitaram o uso deste chão sagrado, que, herdado por empréstimo, temos obrigação de o legarmos bem melhor do que aquele que recebemos de mão beijada… Com o sol a aquecer-nos e a chuva a alimentar as nossas plantas e ervas e a fazer com que os solos dêem tudo o que podem para que possamos ter pão e vinho quanto precisemos, para além de uma carrada de outras iguarias, não somos daqueles que nos podemos queixar nem de três meses de Inferno nem de nove de Inverno. Coube-nos, na fatia do bolo que Deus distribuiu pelo mundo, uma terra que bebe do mar a macieza do seu clima e recebe da serra apenas as pitadas de frio e neve quanto bastem, regra geral. Na marcha da história, temos andado anos a fio a pensar que somos uns velhotes quaisquer: ora falamos em termos por aqui aparecido há dez ou oito mil anos antes de Cristo (a.C), ora recuamos um pouco mais, Mas nunca chegamos à idade certa e, talvez, jamais alcançaremos esse saber absoluto, sem meias tintas. Um dia, a ciência traz-nos uns dados e lá vamos nós para trás mais uns milhares de anos. Uns meses mais tarde, o relógio tem ainda de ser muito mais atrasado e a nossa velhice faz maior a corcunda que nos faz dobrar as costas… Numa ciência que pouco sabe do que fomos, as verdades que ela hoje escreve, amanhã serão quase mentiras, porque foram ultrapassadas por novos conhecimentos. Nisto de procurarmos as nossas raízes, até as tragédias, infelizmente, por um lado, com felicidade por outro, nos fazem chegar novos dados. Veremos isso já de seguida. Uma grande alavanca para começarmos uma espécie de inventário das novas investigações e seus resultados são as “Actas das I Jornadas de Arqueologia de Vouzela-Lafões”, edição do Município de Vouzela, 2021. Nelas se inseriram as comunicações feitas e que se integraram no “Estudo do Património Histórico-Arqueológico do Concelho”, 2016/2019, coordenado por Manuel Luís Real. Numa visão mais alargada, oferecem-nos um panorama praticamente regional, com referências aos três concelhos: Vouzela, Oliveira de Frades e S. Pedro do Sul. Pensado este trabalho ainda antes dos trágicos incêndios de 2017, quis o negro destino que dele beneficiassem os seus autores em termos de descobertas várias, que apareceram um pouco por todo o lado onde as chamas fizeram o seu caminho. A desgraça de muitos foi a “sorte” da arqueologia, que juntou ciência à ciência que ia fazendo ao longo dos anos nestas terras de Lafões. E estes achados fizeram com que nos tornássemos muito mais velhos do que aquilo que íamos alimentando. De um momento para o outro, o cartão de cidadão do território lafonense teve de ser altamente alterado, recuando milénios na sua idade… Para termos ideia do que se modificou, basta-nos atender a estes registos quanto à existência de estruturas tumulares neocalcolíticas e proto-históricas, tomando como ponto de partida o ano de 1921, data em que Amorim Girão publicou a sua obra básica sobre esse nosso passado , e o ano de 2020, passando-se de 54 monumentos (1921) para 243(2020), da forma que se passa a detalhar: - Ano de 1921 – Oliveira de Frades (OFR) – 23 monumentos; S. Pedro do Sul (SPS) – 12; Vouzela (VZL) – 19, Total – 54 - 1966 – OFR – 35; SPS – 12; VZL – 18; total – 65 - 1998 – OFR – 29; SPS – 12; VZL – 21; total – 62 - 2017 – OFR – 2; SPS – 38; VZL – 45; total – 85 - 2020 – OFR – 55; SPS – 45; VZL – 143; total – 243. A par destes números, que são verdadeiramente elucidativos face àquilo que pretendemos demonstrar (o enriquecimento do conhecimento exponencial do nosso passado), podemos ainda, entre tantos outros factos, acrescentar a descoberta de um novo aglomerado aldeão, os Lameiros Tapados/Ventosa, e o arejamento de teses já anteriores que nesta altura viram novos sinais de análise e de reflexão. Inclui-se nesta releitura a própria designação de Lafões e as fundamentações que apontam para a sua origem no Monte de Nossa Senhora do Castelo, associando-se, mais tarde, ao Lafão, para então se falar nos dois irmãos “Alavoenis”/Lafões. Tal como em tudo na vida, a última palavra, neste campo, ainda está longe de ser encontrada, até porque todo o caminho só se faz caminhando… Muito embora já há alguns anos se tivesse falado da escrita em Lafões, que tem nos séculos X e XI alguns dos seus significativos exemplares que no ANTT se podem encontrar, como uns documentos de 1092 e 1100, S. Vicente de Lafões, e um de 1083, sobre a situação geográfica da vila de Vouzela, entre tantos outros, temos de afirmar que este fenómeno do registo em letras da nossa língua não se pode restringir apenas ao papel e pergaminho, passando pelo uso de muitos outros suportes, como a argila e as pedras graníticas, mais estas aqui para os nossos lados. Assim, na Serra de Silvares, ali para a zona da divisão dos concelhos de Vouzela e Tondela (e talvez Viseu), há uma curiosa expressão que retrata uma das grandes preocupações dos habitantes de todas as épocas, desde a antiguidade aos nossos dias: a partilha das águas. Então assim se escreveu: AQVA DGO (DIVERGIO)/ ARGONTIORVM; AD (A/quae)D(ivergio)/ ARVONI; HF (Hic Finis)/SEARI/AQ.DIV. E por cima do penedo “TRI”. Se há folhas que se podem guardar em gavetas, estas rochas, imortais, têm como seus armários os nossos montes e vales, como acontece, nestes locais de mais baixa altitude, com os registos feitos nos milhares de marcos miliários que se encontram ao lado de cada uma de nossas estradas romanas. Alguns deles podemos observá-los, por exemplo, nos Museus de Oliveira de Frades e Vouzela, assim como podemos ver inscrições balneares nas Termas de S. Pedro do Sul. Com a toponímia a ser mãe de muito deste conhecimento, o Outeiro do Castro e o Outeiro das Bouças, encaminham-nos para estas áreas científicas, assim as saibamos descodificar e transferir para as esferas das nossas aprendizagens. Tendo partido do espólio conseguido depois dos incêndios de 2017, nesse seu trágico mês de Outubro, anexamos ainda uma outra fonte de informação, que foi a da construção do Aproveitamento Hidroeléctrico de Ribeiradio-Ermida, em cujas escavações vieram ao de cima outras jóias raras da nossa cultura, como uma pequena placa de rocha metamórfica, encontrada no Vau/Bispeira/S. João da Serra, que, no dizer de Filipe Soares, é “ a mais antiga manifestação conhecida da arte pré-histórica de toda a região”. Nela se observam as figuras de cavalos, peixes e antropomorfos vários, datando-se do período magdalenense, aí uns 15000 a 9000 anos aC. Nota-se, com este fecho, por hoje, que os 3000 a 5000 anos aC das nossas antas foram claramente abafadas por aquelas idades. Como lafonenses, somos mesmo orgulhosamente muito velhinhos. E isto é um enorme prazer e uma responsabilidade sem fim que temos de transmitir às gerações que vierem a seguir. Sejam elas muito felizes, que, nós, agora, em 2022, estamos a viver mais uma guerra, depois de uma enigmática pandemia e de uma alta crise financeira e económico dos anos 2007 em diante. E há gente que ainda não percebe a gravidade destes tempos de agora… Infelizmente

domingo, 15 de maio de 2022

Trovoadas de Maio

Nestas Crónicas dos Meus Dias, repesco as tradições da minha meninice e mocidade e sinto-me transportado para os tempos de antigamente. Logo descubro as trovoadas de Maio e as chuvadas e granizadas que traziam consigo. Diziam os meus antepassados que eram sinal de nascentes a despontarem de água. Por esses tempos, talvez pouco interesse reconhecesse a esses ditotes (provérbios populares!) que diziam ser ciência. Hoje, em 2022, dou-lhe todo ou muito mais valor... Só espero é que as ditas nascentes confirmem os meus desejos...

quinta-feira, 12 de maio de 2022

Uma chuvada que soube a mel...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, quero dizer que esta última noite acordei com uma daquelas chuvadas que nos enchem de alegria, a nós que temos o campo por companhia permanente. Com este sol de Maio, já tinha accionado os básicos sistemas de rega de alguns mimos que tenho no quintal. E já descobri que as nascentes teimam em não se abrirem de todo e isso traz preocupações acrescidas. Ao ouvir a água a cair no telhado, confesso que me senti satisfeito e até fiz um esforço para me manter de olhos abertos à espera de mais, muito mais. Mas, acrescento, tive pouca sorte... Agora, vamos a ver o que nos reservam os próximos dias...

terça-feira, 10 de maio de 2022

Comunicação social, seja criativa...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, eu que me entristeço imenso com a tragédia que a Ucrânia está a sofrer, em virtude de uma invasão injusta e cruel por parte da Rússia, confesso que começo de estar cheio das dicas e reportagens que a nossa comunicação social tem dito e feito a propósito de uma qualquer estupidez que aconteceu em Setúbal, na sua autarquia, com a recolha de dados de vítimas ucranianas fugidas a todos os horrores de uma guerra e, ainda por cima, terem de levar com um inquérito conduzido por russos em serviço naqueles serviços municipais. É muita maldade ou incúria junta, sabemos disso. Mas, agora, que tenhamos de levar dias a fio com uma carga noticiosa que parece um disco riscado, isso é demais. Se aos órgãos de comunicação social privados nada tenho a dizer, àqueles que pago com meus impostos, dou-lhes umas dicas: saiam da Área Metropolitana de Lisboa e venham até Lafões. Motivos para notícias não vos faltarão: por exemplo, as Termas de S. Pedro do Sul têm em curso um dos maiores projectos de aquecimento de unidades hoteleiras e habitacionais, por geotermia, isto é, por força da energia da água quente que ali brota cem cessar; por sua vez, Vouzela, dando valor à natureza, acabou de organizar umas jornadas sobre fotografia que tiveram como tema esta sua importante vertente; também Oliveira de Frades, sempre a olhar para a frente, em termos de desenvolvimento, pode mostrar a sua vitalidade económica a muitos níveis, incluindo no campo da saúde e na produção de testes vários. Apareçam, que Lafões não vos desilude...

segunda-feira, 9 de maio de 2022

Discussão sobre igualdade social em Vouzela

Igualdade na vida social em debate no concelho de Vouzela Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 5 Maio 2022 No passado domingo, 1 de Maio, uma data carregada de simbolismo por ser o Dia do Trabalhador, este ano também Dia da Mãe e, na nossa tradição regional, das Maias, o município de Vouzela integrou ainda mais uma iniciativa: o “World Café”, melhor dito Conversas com Café – Igualdade na vida social. Esta actividade desenrolou-se na Biblioteca Municipal e contou, numa sessão com base numa metodologia participativa, com a presença de várias entidades concelhias, em quatro mesas de trabalho rotativo, cada uma delas com um relator permanente. Em discussão estiveram vários temas, nomeadamente a solidariedade social, a educação/capacitação, a cultura, o emprego, a saúde, o desporto e a política, que motivaram a emissão de opiniões plurais, registadas uma a uma para gerarem as respectivas conclusões finais, grupo a grupo. Com estes debates, a CIM (Comunidade Intermunicipal) Viseu Dão Lafões, entidade promotora desta acção, pretende recolher 38 indicadores que serão depois objecto da elaboração de um relatório abrangente. Passando por quatro ou cinco fases – elaboração do diagnóstico, execução dos planos para a igualdade, respectiva implementação e divulgação, terminando na avaliação – desenvolve-se em diversas etapas. A que aconteceu, agora, em Vouzela foi apenas a fase 1. Tudo isto visa conseguir-se um projecto com uma designação deveras significativa e importante: + IGUAL VISEU DÃO LAFÕES. Deve esclarecer-se que o termo igualdade é aqui assumido na sua vertente o mais alargada possível, desde a igualdade de género a toda a vida social e comunitária, facto que se estende aos 14 municípios que integram esta CIM, contando com o apoio da República Portuguesa, da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG), com o PO ISE, com o Portugal 2020 e com a União Europeia. No que toca a Vouzela, realça-se o facto de ter sido dos primeiros concelhos do País a criar uma Comissão Para a Igualdade, salvo erro, em 2009, e de ter agora uma equipa para a Igualdade na Vida Local (EIVL) e um pelouro em que estas matérias são levadas a peito. Entre os campos abordados, as condições familiares, os problemas do desemprego, as diferenças nas remunerações de homens e mulheres, as desigualdades no acesso à formação e à progressão pelo mérito nas carreiras profissionais, a cultura e os estereótipos sociais, as mentalidades, as falhas de ordem política e de coesão social e territorial, a falta até de consciencialização dos problemas, tudo isto e muito mais foi posto em cima das mesas para reflexão e posterior acção. Foi ainda afirmado que é preciso escutarem-se outros estractos sociais para dar mais força aos argumentos que vierem a ser encontrados nas conclusões finais. Pela nossa parte, a da comunicação social, muito honrados ficámos pelo facto de nos terem incluído logo nesta primeira fase, aqui mostrando toda a nossa disponibilidade para apresentarmos os nossos pontos de vista e, mais do que isso, fazermos a necessária divulgação do que vai acontecendo em cada passo a dar nesta questão da Igualdade na Vida Social.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

Dia de aniversário e não com boas notícias

Nestas Crónicas dos Meus Dias, ontem, tal como tinha assinalado, comemorei o meu 72º aniversário. Infelizmente, não foi, em festa, aquilo que eu esperava depois de dois anos de jejum, 2020 e 2021. Por um lado, um peso que carrego desde 2013, neste msmo dia, lembro-me sempre do momento infeliz em que minha Mãe desceu à terra. Por outro, neste dia 5 de Maio de 2022, minha filha Marina e minha mulher, Lurdes, fizeram um teste à Covid e ambas assinalaram positivo. Por esse facto, lá se foi o jantar familiar que estava programado e era muito desejado. Agora ( o que nos vale é que a casa é grande!) andamos por aqui uns por cada lado. E sempre com receios. Azar. Mas, se tenho estas queixas, lembro-me sempre de quem está muito, muito pior... Para essa gente, vai a minha solidariedade. Para o meu "umbigo", tenho a esperança de que isto vai passar... Um abraço

quarta-feira, 4 de maio de 2022

Uma despedida

Nestas Crónicas dos Meus Dias, anuncio que hoje faço uma despedida formal: deixo para trás os 71 anos e amanhã é outro dia, início de mais um ano de vida. Dos dois últimos, os 70 e os 71, não fico com grande saudade, que foram férteis, infelizmente, em duas das pragas de nossas vidas, a "peste" e a guerra e, por via delas, também a terceira, a fome. Que espero e desejo do tempo que aí vem? Algo de muito melhor para toda a humanidade, sobretudo para as zonas onde mais se sofre. Então, adeus, 71 anos. Venham os 72. Cá vos espero...

sexta-feira, 29 de abril de 2022

Uma confissão de Via Verde em causa própria

Nestas Crónicas dos Meus Dias, é mesmo da minha pessoa que aqui venho falar. Por razões estranhas, o indicador de via verde na minha viatura deixou, dizem, de funcionar. Sabendo disso, fui aceitando na esperança que, a partir da matrícula, me enviassem os valores em dívida. Uns tempos depois, na Loja do Cidadão, em Viseu, pedi um novo aparelho, tendo o cuidado de perguntar o que aconteceria com as passagens anteriores. Alegaram, "Isso já não é connosco". Calei-me. MAL SABERIA EU QUE FICARIA NAS MÂOS DAS FINANÇAS QUE ME IRIAM SUGAR ATÈ AO TUTANO. Meio dito, meio feito. Agora, por exemplo, em três contas QUE JÀ LIQUIDEI, pediram-me esta AFRONTA: coimas, 155 euros e já em si mesmas uma exorbitância de todo o tamanho, e extras, 109, 25 euros. Paguei. MAS QUERO AQUI DIZER QUE ME SINTO ALTAMENTE ROUBADO, esse é o termo, POR UM SERVIÇO PÚBLICO DO MEU PAÌS. MANIFESTO AQUI O MEU DESAGRADO E ESPERO QUE A PROCURADORIA GERAL DA REPÙBLICA VENHA A ACTUAR. Não é possível nem crível que uma empresa privada, a VIA VERDE, seja apoiada desta forma vergonhosa num alegado serviço de cobranças. UM ABUSO E UM ASSALTO À MINHA CARTEIRA PESSOAL é que o sinto que me fizeram. A mim e a tantos outros cidadãos. BASTA; BASTA; BASTA; BASTA; BASTA; BASTA...

sexta-feira, 22 de abril de 2022

Viver em Portugal mas com os olhos postos na Ucrânia e na França

Nestas Crónicas dos Meus Dias, vejo-me, agora e por estas últimas semanas, a pensar muito na massacrada Ucrânia, de onde o seu Presidente falou para os nossos deputados na Assembleia da República. Para todos? Infelizmente, não. O PCP optou por não assistir a este histórico momento e essa foi, a nosso ver, uma grande falha. Dito isto, foram de emoção e vibração os tempos em que Zelenski falou para Portugal, ali representado ao mais alto nível. Rica ideia! O povo da Ucrânia merece-nos toda essa solidariedade e muito mais. Penso ainda na França e, se pudesse, domingo lá iria votar Macron, por ele em si e para travar Marine le Pen. Esse grande país não pode ver postos em causa os valores europeus, as conquistas da CEE/UE e o espírito de uma nação aberta ao mundo a às suas mais variadas culturas. País de destino e acolhimento de tantos e tantos nossos compatriotas, é nesta nossa gente que também muito penso como emigrantes, como pessoas e como cidadãos. Espero que a partir de domingo os seus sonhos possam continuar e com Macron estou certo que têm todas essas possibilidades. Por tudo isto, português, ucraniano e francês me sinto por estes dias... Boa sorte para todos...

A compra de títulos nobres...

A nobreza comprada ou os processos de justificação A História responde a muitas coisas de nossas vidas actuais, pelo menos em parte. Está nela a raiz de tudo? Nem por sombras. Mas ajuda-nos a perceber o mundo. Por exemplo, agora que está na ordem do dia a naturalização dos judeus sefarditas, depois de séculos de diásporas forçadas, como aquelas que foram decretadas pelo nosso Rei D. Manuel I, vieram-nos à memória, por razões parecidas e não iguais, os processos de justificação da nobreza, factos que também por Lafões se verificaram, como veremos de seguida. No Arquivo Nacional – Torre do Tombo, temos um vasto conjunto desses documentos e em muitos arquivos municipais também os podemos encontrar. Antes de registarmos alguns nomes, vamos tentar contextualizar esta matéria. Há quem diga que, escasseando a nobreza de sangue ou de feitos e nomeações régias, avançou-se para a nobilitação de muitas outras pessoas. Para esse fim, como narra Álvaro Baltasar Alves, depois de feita a petição pelo suplicante, tudo tinha de passar pelos tribunais ordinários, com entrada pelo Cartório da Nobreza. Cabia ao Rei das Armas dar andamento aos pedidos que lhe chegavam, que constavam, entre outros requisitos, da biografia do suplicante, de dados de sua ascendência, certidões de cargos públicos, patentes militares, diplomas de mercês. Recebida esta documentação e para melhor análise em detalhe, poderiam ser solicitadas mais informações. Com a entrada em cena do liberalismo, a partir de 1822, tudo se aligeirou neste mecanismo de nobilitação e mesmo das cartas de brasão. Sabe-se que, no Brasil, este expediente foi também muito usado, a ponte de se falar na nobreza togada. Num dos livros que tivemos oportunidade de folhear, em 1238 processos, vasculhando gente das nossas terras, podemos adiantar estas personalidades: 1780 – António Bernardo Cardoso Pessanha de Vilhegas Castelo Branco, Viseu; 1773 – António Januário do Vale Ponte, Águeda; 1795 – Bernardo de Abreu Castelo Branco, Viseu; 1797 – Diogo Marques do Amaral Pessoa, Viseu; 1785 – Joaquim Cardoso Pessanha Castelo Branco e Vilhegas, Viseu; 1787 – José Baptista Pimenta Correia, Tondela; 1775 – José Bernardo de Almeida Barros, VOUZELA; 1805 – José de Figueiredo e Lacerda Castelo Branco, S. PEDRO DO SUL; 1775 – Luís António Pinto de Azevedo, LAFÕES; 1792 – Manuel Nicolau Cardoso Homem de Abreu e Magalhães, Viseu; 1757 – Pedro Viegas Vaz Rodrigues, Tondela; 1826 – Simão António de Liz Lemos e Sousa, Viseu; 1788 – Vasco Luís de Carvalho Pessanha Vilhegas do Casal, Viseu (Figueiró). Fazendo uma hipotética análise mais fina e cruzando os apelidos, estamos em crer que por aqui aparecem várias destas pessoas que são familiares entre si. Vejamos, os Vilhegas, os Castelo Branco, os Pessanhas, havendo mesmo quem possua juntos alguns destes sobrenomes. Estaríamos perante uma moda, uma pedantice, ou o reconhecimento superior das mais-valias de todos estes suplicantes? Há quem diga, com um pouco de má língua, que isto não era mais que um mercandejar de títulos, ou seja, uma nobreza comprada. Seja como for, um nobre era sempre um nobre e isso valia muito dinheiro e até as críticas que poderiam vir da vizinhança ou das suas próprias comunidades. Isso, esses comentários, sacudiam-se bem e sem grandes esforços, pensamos nós… Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 21 Abril 2022

sábado, 16 de abril de 2022

Uma Páscoa ainda diferente

Nestas Crónicas dos Meus Dias, recordo os almoços-convívios que, em Lafões, se realizavam sempre em Sábado da Aleluia, um ano em cada concelho: Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul. Veio a pandemia e, desde 2020, esta tradição parou, hibernou, por assim dizer. Ainda não foi em 2022 que a retomámos, infelizmente. Aguardemos uma próxima e melhor oportunidade para regressarmos e esses encontros. Também as celebrações do Domingo de Páscoa, amanhã, ainda são marcadas por essas restrições. Se a Cruz já vai andar pelas nossas aldeias, fica de fora o tradicional beijo ao Senhor. É assim como que uma amêndoa, ainda que não tão doce como era costume. Compreendemos: é a saúde pública que se quer preservar e esse é um bem inestimável, o melhor de todos, por certo. Uma feliz Páscoa, meus Amigos...

terça-feira, 12 de abril de 2022

Sugestões pascais

Nestas Crónicas dos Meus Dias, por esta altura da Páscoa, vamos sugerir uns tópicos sobre restauração nesta zona de Lafões. Se por aqui há muito por onde escolher, atrevemo-nos a apresentar umas opções quase pessoais, mas sem deixar de lado a sugestão que muitas outras propostas podem e devem ser acolhidas. Como gostamos de olhar para esta região como um todo, muito embora constituída no seu essencial por três concelhos, aqui fica uma dica para cada um deles: Oliveira de Frades, ARPURO, Covelo/Arca; S. Pedro do Sul, SOMOS ALDEIA, Rompecilha/S. Martinho das Moitas; Vouzela, QUINTA DA CAVADA, vila. A par da boa gastronomia, que se desfrutem as paisagens, os monumentos e a simpatia das gentes locais. Em mini-férias de sonhos, aqui se realizam muitos deles... Apareçam...

quinta-feira, 31 de março de 2022

Jeeps e motos em Reigoso, no 2º Sobre Rodas...

Sobre Rodas em Reigoso pela segunda vez As estradas e caminhos pelo meio das terras de Lafões, suas florestas e natureza, foram, de novo, percorridas em passeio motorizado à base de jeeps e motos, uma iniciativa da Comissão de Festas de Reigoso, que, organizou, em segunda edição, mais um “Sobre Rodas”, que contou ainda com provas diversas na respectiva Zona Industrial no mesmo lugar onde decorreu, há cerca de dois anos, a primeira prova deste género. Desta forma, 58 jeeps e 32 motos participaram neste evento, que, para o Presidente da Câmara, João Valério, foi “… Uma excelente forma de dinamizar as nossas terras e freguesias, dizendo mesmo o território concelhio no seu todo, proporcionando ainda um bom convívio e divulgação das nossas paisagens e riquezas culturais. Se a prova é interessante para todos os residentes, para o concelho também é muito importante que venham corredores doutros locais, que assim ficam a conhecer o que de bom temos para oferecer… “. Presente no grande almoço que juntou cerca de 250 pessoas à mesa, disse João Valério que o apoio logístico fornecido ali estava a mostrar um bom retorno. Acrescente-se que este repasto decorreu nas instalações da ARCUSPOF/UMJA, na Sobreira, cabendo ao pessoal da primeira destas colectividades a confecção da ementa e todos os serviços inerentes a esta parte do programa. Foi ainda evidente a aceitação da sociedade civil, porque, por exemplo, o proprietário de um terrenos anexo a esta sede permitiu que nele estacionassem as dezenas de veículos que ali iam chegando à medida que completavam o percurso, ou, no mínimo, parte dele. Ao contrário desta atitude positiva, alguém, na povoação do Ladário, tentou travar a passagem da caravana em caminhos públicos, problema que veio a ser resolvido após negociações levadas a cabo. Com uma paragem para “reforço alimentar” na Santa Maria, Talhadas do Vouga, o trajecto, segundo a Organização, constou de uma parte sul feita pelas motos e a norte pelos jeeps, o que se inverteu depois desse momento. Assim, passou-se por Cercosa, Carregal, Benfeitas, Silveira, Alagoa, Soutinho, Ladário, Sobreira, que atesta que três concelhos estiveram envolvidos neste “2º Sobre Rodas de Reigoso.”: Oliveira de Frades, Vouzela e Sever do Vouga. A parte da tarde foi toda ela vivida, com arrojo e emoção, na Zona Industrial, onde a perícia e a transposição de obstáculos foram as notas dominantes durante horas a fio e perante a observação e aplauso de um mar de gente que ali acorreu. Se o desporto foi o motor desta festa, houve ainda tempo e espaço para um solene momento de evocação de quem partiu, nomeadamente o saudoso Carlitos (Carlos Ferreira) que há dias nos deixou, ali tendo estado presentes os seus familiares, nomeadamente a esposa e filhinha, a irmã e os pais, a ACRENE de que era elemento destacado e o Presidente da Junta de Freguesia de Pinheiro de Lafões, Filipe Antunes. Nesse mesmo momento, evocaram-se também os familiares infelizmente desaparecidos da respectiva Comissão Organizadora. Com participantes vindos das redondezas na sua maioria, contou-se ainda com a presença de equipas que vieram de muitos outr022 os lados, nomeadamente das capitais do nosso distrito de Viseu e de Aveiro. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 31 Março 2

quarta-feira, 23 de março de 2022

A democracia veio anular a eleição de Ester Vargas, de S. Pedro do Sul...

1 - Nestas Crónicas de Meus Dias, se há tempos nos congratulávamos com a eleição como Deputada do PSD pelo círculo da Europa de Ester Vargas, de S. Pedro do Sul, impõe-se que hoje aqui corrijamos essa notícia, porque, mercê da repeitição das eleições em causa, o novo sufrágio veio a consagrar dois eleitos para o PS, ficando o PSD fora desta corrida. Lamentando, por razões afectivas e regionais, este desfecho negativo, nada há a dizer: houve uma votação e a decisão é a que é. Logo, nada a afirmar. Mas FICA uma lição: que se mude a lei eleitoral de uma vez por todas. 2 - No momento em que escrevemos estas linhas, passam nas TVs os nomes dos novos Ministros para a próxima legislatura. Para não especularmos nada, que apareçam em boa hora e que sejam dignos dos cargos que vão ocupar... O País fica à espera...

terça-feira, 15 de março de 2022

Nuvens amarelas...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, devo dizer que tenho visto nuvens e nevoeiro de cor escura, quase a tombar para o meio preto, umas vezes, e outras assim meio cinzento... Mas com um tom castanho, fruto das poeiras do deserto do Sara e do norte da nossa vizinha África, em quantidade como hoje, sem querer mentir, penso que não conto assim uma grande quantidade de episódios. Neste dia 15 de Março de 2022, o céu é mesmo cor de areia e até o sol nos fugiu. Isto veio fazer-me pensar que a África não está assim tão longe. Ali, para os lados do Algarve, com um salto pomo-nos logo em Marrocos e em Ceuta (a Espanha do lado de lá), pelo que, a haver uma grande mudança climática, que leve a chuva e traga o sol, nós, estes portugueses em fronteira com esse outro Continente, apanhamos logo os efeitos dessas alterações. O tempo está mesmo a mudar e os homens não querem compreender esses fenómenos... Até um dia...

sexta-feira, 11 de março de 2022

Um felizardo com fim de semana

Nestas Crónicas dos Meus Dias, tenho de confessar que me sinto um felizardo por pensar que vou ter mais um fim de semana, tal como acontece com frequência. Infelizmente, aqui ao lado, paredes meias com o meu quintal, na Ucrânia, há muita, muita gente que não pode, infelizmente, dizer o mesmo. Com os aviões por cima das suas cabeças, com os canhões e as metralhadoras a levar tudo em frente, a sua vida resume-se a dois palmos de espaço debaixo do solo, talvez sem luz, sem água, sem alimentos, sem carinhos, sem a força do sol criador. Uma vida não vivida, um tempo em que, assim o cremos, só pode trazer alguma esperança, quem sabe se ténue demais, e alguma luzinha ao fundo dos tristes túneis por onde ali se vegeta. Viver, aquilo não é viver, nem sombra disso. É apenas uma forma de estar aqui, mas sem se saber nem por quanto tempo, nem se todos estes sacrifícios valem alguma coisa. Face a esta dúvida, uma coisa sabemos: a coragem deste povo ucraniano já está a dizer-nos que ali há a alma de um povo que se não quer vergar, nem tombar sem resistir. Fica aqui a minha enorme admiração por tudo quanto ali se está a fazer pela paz e pela dignidade humana... Bem haja por tudo...

quinta-feira, 10 de março de 2022

De novo, a Guerra na Europa

De novo, a Europa em guerra Quase oitenta anos depois do fim da terrível 2ª Grande Guerra, acabámos de entrar, uma vez mais, em ambiente bélico nesta nossa Europa. Depois de alguns outros conflitos pelo meio, esta invasão da Ucrânia pela Rússia tem um temível novo significado, porque consagra a entrada por um país soberano adentro, assim violando a Carta da ONU, num de seus muitos artigos, nomeadamente aquele em que se diz que nenhuma nação tem o direito de violar as fronteiras de outra e de pôr em causa a sua soberania. É isto que está a acontecer neste dramático conflito entre dois estados vizinhos. Neste século XXI, no passado dia 24, quinta-feira, as tropas russas levaram a cabo a penetração total na Ucrânia, praticamente em todas as suas fronteiras, por terra, via Bielorrússia e pela Crimeia ( anexada de rompante em 2014), pelo leste quanto às repúblicas de Donetz e Lugansk, na zona de Donbass, sector territorial que a Rússia sempre teve como ponto a absorver, pelo mar e pelo ar. Se pelo leste era mais ou menos previsível um avanço, o que pouca gente acreditou é que uma infiltração em larga escala, de norte a sul e de oeste a este, seria possível. Infelizmente, foi esta pior hipótese com que o mundo e os ucranianos se vieram a defrontar. Mais grave ainda: a intenção é tomar o poder e, assim sendo, aniquilar a própria capital, Kiev. Com o andar dos tempos, desde quinta-feira a hoje mesmo, segunda, dia 28, revela-se que não está fácil à Rússia a conquista dos seus objectivos, porque a decisão em resistir por parte dos ucranianos tem sido algo de decisivo para travar tais ímpetos. Para esta posição, muito tem contribuído a determinação do Presidente Zelensky e do próprio líder da Câmara Municipal da cidade capital do país. Mas têm sido fundamentais também a mobilização do povo atacado e das muitas manifestações de apoio e solidariedade que têm surgido por todo o lado, em muitos e variados países e instituições, como a ONU e a EU. Como ponto prévio a espoletar todo este desfecho da guerra entre estas duas nações, outrora partes de um universo comum, a URSS, e agora a viverem a sua independência desde que, na década de noventa do século passado, tal império foi desfeito, tivemos o reconhecimento por parte da Rússia das repúblicas separatistas, Donetsk e Lugansk, que desde 2014 têm vivido em estado de guerra permanente, que provocou já cerca de 14 mil mortos e um infindável número de feridos e refugiados. Posta essa decisão em cima da mesa, temeu-se, desde logo, o pior, mas nunca na força que veio a adquirir em termos de extensão e gravidade da invasão geral posta em marcha. Com a Crimeia a ter sido um sinal de alerta que o mundo não ouviu devidamente, o movimento que agora está a dilacerar a Ucrânia veio, finalmente, fazer com que as consciências mundiais viessem a despertar para a essência do que ainda pode vir pelo caminho, seguindo-se a estes massacres. Com as cidades invadidas, com as perdas militares e civis em catadupa, é de dor o momento histórico que por ali se tem vivido. A destruição e a debandada do povo ucraniano em massa, fugindo para os países vizinhos, mostram bem o horror que a guerra ali tem levado. Perante temperaturas negativas, os abrigos, bem nas entranhas do seu solo, é que têm sido os portos de abrigo para toda aquela gente, de modo a escaparem aos efeitos dos ataques e bombardeamentos. Os apoios e as mudanças em curso Num dia (segunda-feira) em que as partes em conflito estiveram em negociações na fronteira com a Bielorrússia (que, aliás, tem sido uma escada de apoio a Putin) e que ainda nada decidiram, estão no ar as sanções financeiras e económicas impostas à Rússia, às suas entidades e personalidades, o que se pretende que seja como que uma força de pressão de modo a tentar travar o seu avanço militar. Do outro lado, o gás natural e outras formas de energia são aspectos a ter em conta nesta equação, mas não podem fazer com que o ocidente abrande naquilo que entende ser necessário, urgente e eficiente para pôr fim a esta escalada de violência. A guerra não tem preço para ser travada. As vidas humanas valem todos os esforços que possam e devam vir a ser feitos. A coragem e a dignidade do povo ucraniano têm de ser compensadas com os apoios internacionais que, como vimos, estão a acontecer por toda a parte, incluindo na sociedade civil russa onde a contestação e as prisões andam de mãos dadas. Com uma presença de dezenas de milhares de ucranianos a viverem no nosso país desde há dezenas de anos, Portugal tem honrado os seus pergaminhos em solidariedade e humanismo, sendo imensas as manifestações em seu apoio e os movimentos criados para a integração de quem vier como refugiado. Municípios, organizações e sociedade civil tudo têm feito para acolherem bem aqueles que vierem bater a nossas portas. Ao mais alto nível, registe-se o facto de, hoje, dia 28, o Presidente da Ucrânia ter solicitado a adesão oficial à EU, o que, do lado de cá, está a merecer a atenção devida. Por sua vez, a NATO tem vindo a reforçar a presença nos países, seus membros, alguns deles na fronteira directa com a própria Rússia. É aqui que reside um dos aspectos mais perigosos em todo este cenário: um toque numa destas nações pode ser o rastilho para uma guerra ainda bem mais devastadora. Com desproporções assinaláveis a todos os níveis, militares, populacionais e territoriais, a balança só se equilibra com a determinação na sua defesa do povo ucraniano. Mercados, segurança, fornecimento de energia, tudo está em aberto. Mas as ameaças nucleares são o mais terrível que pode existir. Se tudo nos dói nas guerras, o sofrimento humano é aquilo que mais se teme. Infelizmente, na Ucrânia, esta vertente, até do lado das crianças, mostra-se presente. A par disso, a cibersegurança também não fica alheia em todo este conflito. Nem a desinformação. Pior: esta é uma arma que, em termos de meios bélicos, entra em cena vezes a mais, o que perturba tudo quanto diga respeito à realidade vivida no terreno e em cada parte desta terrível contenda. Cinco dias passados, não temos um vencedor. Veremos o que vem a seguir. Mas o que presenciamos já nos deixa altamente preocupados e entristecidos. Doridos sem fim. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Lafões”, Mar22

domingo, 6 de março de 2022

A guerra toca-nos a todos...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, reafirmo que não há guerras santas nem meigas: quando começam, não escolhem alvos, nem fazem da piedade o seu código de conduta. Postas em marcha, levam tudo em frente. No palco dos combates, destroem, matam, provocam mortes e feridos e seguem em frente. Ali não há lugar para a compaixão, nem para olhar para trás. Foi sempre assim e na querida Ucrânia assim é e será por muito tempo se não houver juízo que faça parar o conflito. Entretanto, os seus efeitos, espalham-se por toda a parte. Que o digam os detentores de veículos que já estão a sentir a subida dos preços dos combustíveis em flecha. Ainda ontem, num posto de abastecimento em Oliveira de Frades, era enorme a afluência de viaturas em busca dos preços amigos (que já não são tanto assim, nem nada que se pareça). Também os cereais e os produtos minerais não escapam a esta onda. Mas o pior são as mortes, os feridos e a destruição. Nesta Europa em guerra, que Deus nos salve...

quarta-feira, 2 de março de 2022

A tempestade das armas não amaina na Ucrânia

Nestas Crónicas dos Meus Dias, sempre que pensei, na minha santa ingenuidade, que as tropas de Putin parassem de atacar a Ucrânia, o que já está a acontecer há quase uma semana. Em vez disso, acirram-se os combates, destroem-se cidades, vilas e aldeias, atacam-se instituições e equipamentos e mesmo bairros habitacionais. À frente dos canhões, infelizmente, tudo marcha. Debaixo dos céus, só fica a destruição, a morte e o sofrimento. À beira-mar, acontece o mesmo. O mundo condena, mas em Moscovo, ninguém quer ouvir e quem ousa contestar as decisões de Putin tem como destino a cadeia, onde já se encontram milhares de russos que lutam pela paz. Nesta escalada de terror, as estradas, os postos fronteiriços mostram quão grave é este conflito. Se isto não parar, não sabemos mesmo o que vai acontecer ao mundo, a cada um de nós, a todos nós em conjunto. Esta não é uma gierra contra a Ucrânia, é uma ofensa a todo o mundo... A todo o mundo, repetimos...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A democracia não pode capitular...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, é com enorme apreensão que vejo a corrida das forças russas pelo território imenso da Ucrânia adentro, quase como se de um passeio se esteja a tratar. Sei que é altamente desproporcional o equilíbrio das forças em presença neste recente conflito. Inocentemente, pensei que a força da razão fosse maior e mais poderosa que o poderio das armas. Inocência mesmo. Com Putin o que conta é o poder do gatilho. Connosco, a limpidez dos argumentos em favor da paz e da democracia parece contar muito pouco. Espero ainda, num rasgo de fé, que a democracia não venha a sucumbir e cair nos destroços que os canhões vão semeando por todos os cantos. Não. Nunca a democracia pode capitular, nem que tenha de esperar um pouco mais... Um pouco desesperadamente doloroso, no entanto...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Momentos de aflição e incerteza europeia

Nestas Crónicas dos Meus Dias, devo confessar que olho para a actualidade da nossa Europa com uma enorme preocupação. Os sinais de guerra à vista que nos chegam da Ucrânia e da Rússia não nos podem deixar indiferentes. É já ali que tudo isto se passa. O clima bélico que se vive, em ameaças e em concretizações como o reconhecimento de algumas zonas fronteiriças como "estados" independentes, situação que partiu de um decreto do Presidente Putin, é profundo sinal de que tudo pode estar em perigo. Com a Europa e os EUA a não saberem o que pode vir a seguir, as primeiras restrições começam de se fazer sentir. Podemos estar mesmo perante uma escalada de preços sem par. Mas são sempre as pessoas a preocupar-nos e na Ucrânia a violência a aumentar trará vítimas e muitas vítimas além de populações em fuga. ISTO era tudo o que não esperávamos nem merecíamos: depois ou ainda no meio de um pandemia, uma guerra à nossa porta faz-nos temer o pior. Que Deus nos ajude... E os homens tenham juízo...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Fechadas há dias, infelizmente e vergonhosamente, reabertas agora as Legislativas de 2022...

Fechado o capítulo das Legislativas de 2022 com maioria absoluta do PS Carlos Rodrigues Se bem nos lembramos como diria, mais ou menos, o inesquecível e saudoso Vitorino Nemésio, nunca o nosso país foi assim tão homogéneo, de norte a sul, incluindo grande parte dos Açores, porque se vestiu de cor de rosa (PS) de uma ponta a outra, distrito a distrito, nestas Eleições Legislativas, de 2022, realizadas no passado dia 30 de Janeiro. Aquém e além, aparecem uns salpicos laranja (PSD), mas apenas no norte e centro e na Madeira. Quer isto dizer, por outras palavras, que esta foi, de uma forma até bastante inesperada, uma vitória estrondosa de António Costa, anterior e futuro Primeiro-Ministro, sem espinhas. Convocadas em função do chumbo do Orçamento para 2022, há, entre os vários derrotados, um sector que tem de repensar bem o que anda por aí a fazer, estando nós, como é óbvio, a referir-nos às empresas de sondagens que não acertaram em nada. Isto é: um desastre completo e generalizados em todas as previsões apresentadas. Se bem que a sociedade já não lhes passe grande “cartucho”, o certo é que vão fazendo caminho e, por mais que se não queira, têm sempre alguma dose de influência na opinião dos eleitores. Como se viu e uma vez mais: nada de fiar em tudo quanto se diga antes da decisão final, a colocação do voto em urna. Como iniciámos esta análise por uma das pontas daquilo que, genericamente, há a dizer, a das derrotas puras e duras, convém que se acrescente que o CDS, que saiu da Assembleia pela primeira vez desde 1975, o BE, a CDU e o PAN são as forças partidárias que mais perderam neste acto eleitoral. Em certa medida, também o PSD, face a algumas expectativas entretanto criadas e alimentadas, se poderá incluir neste capítulo dos “vencidos”… Então, quem é que ganhou com esta disputa? Sem sombras de dúvidas e sem quaisquer rodeios, o PS, o grande vencedor, quando a não aprovação do citado Orçamento o visou e ele sozinho e um pouco ao PAN. Contando-se, é claro, entre os possíveis vitoriosos, em curta lista que incluiu o PSD também, a dimensão da sua vitória é que, atrevemo-nos a dizê-lo, ninguém esperava. Nem os seus próprios elementos, desde o militante ou simpatizante anónimo aos seus mais altos quadros e dirigentes. Nesta galeria, temos de colocar o Chega e o IL(Iniciativa Liberal), que passaram de um para 12 e 8 deputados, respectivamente. Do Livre não se pode dizer que ganhou ou perdeu, porque há dois anos (2019) elegeu uma deputada e agora manteve o mesmo resultado mas com outro candidato. Temos ainda de falar em mais dois aspectos vencedores: a diminuição da abstenção, ainda que em níveis altos demais, e a ida às urnas das pessoas infectadas ou em confinamento devido à Covid 19. A solução encontrada, com a sugestão das 18 às 19 horas, arrancada a ferros e atamancada de todo, inexplicavelmente porque a Assembleia poderia e deveria ter acautelado esta situação (e assobiou para o lado!), afinal, acabou por surtir, pelo menos em parte, o efeito desejado. Depois do dia 30, duas conclusões há a tirar: governo, vamos ter e, quem sabe, várias e novas disputas internas nalguns partidos, talvez mais do que menos. A ver vamos. Quanto a isso, o CDS já o anunciou. Ficamos à espera para ver o que acontece noutras paragens… Uma análise mais localizada Feitos os comentários gerais anteriores, muito pela rama, que muito mais haveria a dizer, não resistimos a registar aqui uma nota bem triste e pesada: os distritos de Viana do Castelo (6 deputados), Vila Real (5), Bragança (3), Viseu (8), Guarda (3), Castelo Branco (4), Portalegre (2), Évora (3), Beja (3) e Faro (9),têm, ao todo, e são 10 distritos, 46 representantes. O círculo de Lisboa – 48. Isto diz tudo acerca do erro e da desgraça em que vivemos. Juntem-se ainda o Porto (40), Braga (19), Aveiro (16), Setúbal (18) e veja-se a disparidade total entre essa faixa do litoral e todo o interior de norte a sul do país. Depois, ainda temos o enorme “desperdício” de votos que não têm qualquer hipótese de elegerem quem quer que seja. Estes temas não podem continuar no esquecimento de quem tem por função zelar pelo equilíbrio territorial e social do Portugal que somos… Nem nós podemos ficar calados. Falando agora na nossa zona, há que referir-se que o distrito de Viseu tocou a mesma música de todos os outros e ficou também cor de rosa, algo de inédito ao que supomos. Entretanto, em número de deputados, houve, aqui sim, um empate: 4 para o PS, outros tantos para o PSD. Coube ao Chega o 3º lugar nesta tabela. Quanto aos concelhos de Lafões e também a Castro Daire, outro empate: 2 para o PS – Vouzela e S. Pedro do Sul; 2 para o PSD – Castro Daire e Oliveira de Frades. Agora, vamos ao trabalho que o país não pode esperar mais. Ou aproveitamos a oportunidade histórica dos milhões e milhões de euros que vamos receber nos próximos anos, ou continuaremos na cauda da Europa que, sendo a nossa casa comum, apenas dela ocupámos os fundos e pouco mais. Há que darmos a volta e seguirmos em frente. Vamos a isso… In “Notícias de Lafões”, Fevereiro, 2022 NOTA – Quando a quente escrevemos estas linhas, ainda não conhecíamos os resultados eleitorais dos círculos da Europa e do Resto do Mundo. Feitas as contagens, envolvidas em lamentáveis polémicas , que só desprestigiaram quem deixou que tudo aquilo tivesse acontecido, desprezando o sacrifício e o voto dos nossos concidadãos em diáspora, acabou por ser eleita a nossa conterrânea Ester Vargas, cabeça de lista pela Europa. Agora, ontem mesmo, o Tribunal Constitucional veio determinar a realização das eleições precisamente na Europa, pelo que, de momento, a incógnita é tudo quanto temos lamentavelmente a registar. No entanto, aqui se publica esta crónica, afinal, com um desfecho ainda incerto… Infelizmente…

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Quase 50 anos de democracia e ainda temos situações que nos entristecem...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, ainda volto ao tema das eleições e não para comentar resultados, nem falar de maiorias absolutas, nem da falha incontestável das sondagens. Nada disso. Venho aqui para lamentar o triste espectáculo relativo aos resultados das eleições para os círculos da Europa e do Resto do Mundo. O que se verificou, em matéria de contagem dos votos, é uma ofensa à dignidade dos nossos compatriotas, em diáspora, que foram às urnas e que, num circo inconcebível, viram as suas escolhas serem anuladas por caprichos de uma tormentosa e lamentável desorganização nacional, que, depois de quase 50 anos de experiência em eleições, ainda não conseguiu entender-se quanto aos melhores métodos e práticas. Por assim ser, foram colocados no triste caixote do lixo cerca de 180000 boletins. Uma lástima de decisão, uma incompreensível falha de um sistema e de um país que não soube nem respeitar os seus cidadãos, nem honrar a beleza e significado de um processo eleitoral que tem como finalidade decidir e determinar o destino da nossa nação para os próximos quatro anos. Isto não tem explicação possível: faz parte de um anedotário nacional, que todos temos de lamentar e o imperioso dever de corrigir. Obrigatoriamente.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Para desempatar...

Nesta Crónica dos Meus Dias, enquanto se pode falar em eleições e faltam pouco mais de 7 horas para imperar o incompreensível silêncio (uma prática que já merecia um forte apagão!), quero dizer que domingo vou votar, por gosto, por dever de cidadania e para mostrar a minha opção que vai correr por este Rio acima. É a minha escolha e agora mais pertinente que nunca. Como defendo que toda a gente deve exercer este direito de votar e ninguém deve ficar em casa e esta verdade serve para mim e para todos os outros eleitores, digo ao que vou: contribuir para o desempate e criar uma governabilidade que não precise de bengalas (que algumas fazem-me uma comichão dos diabos, mesmo que seja apenas em termos de apoio parlamentar!). Comigo, a cruz será feita no sítio certo, a meu ver, claro... Vamos a isso, dia 30!....

quarta-feira, 26 de janeiro de 2022

Eleições, afectividade e regionalismo...

Nesta Crónica dos Meus Dias, não me levem a mal: em matéria de votação no próximo domingo, tenho mesmo de fazer a cruz no lugar da folha em que aparece como cabeça de lista pela Europa uma minha amiga, minha conterrânea e colega de várias e muitas andanças: ESTER VARGAS. Não é todos os dias que vemos um(a) lafonense em tão alto lugar de destaque partidário. Mas não é só por isso: é que a ESTER tem curriculum e estaleca para as funções que, acredidto, vai desempenhar. Com o meu voto pode contar. Boa sorte, minha querida Amiga. NOTA - Há dias, critiquei o sistema BUPI de cadastro dos terrenos. Como falhas, apontei um certo ar aleatório, por impossibilidade de marcação precisa no computador de cada uma das parcelas que constituem o património de cada proprietário. Mantenho essas reservas. Mas agora vejo que nasce uma pequena janela de resolução do problema com mais eficácia, realismo e proximidade. Isto porque a CIM Viseu Dão Lafões vai pôr no terreno 18 equipas móveis que vão actuar nesta área em questão. Boa ideia se for para porem pés a caminho e irem mesmo calcar os sítios que importa georreferenciar. Se assim for, bato palmas e peço desculpa pelo meu cepticismo anterior... Boa sorte, ESTER e equipas BUPI...

segunda-feira, 24 de janeiro de 2022

Obrigado, PAN...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, tenho de confessar que nunca ouvi, em campanhas eleitorais, falar tanto em animais de companhia. Tenho andado a pensar quais as razões que fazem com que isto aconteça e só encontro uma hipótese: a presença do PAN e dos seus objectivos e programa que colocam nos temas da ordem do dia a questão da necessidade de estimarmos os animais e a natureza como parceiros da nossa presença no mundo e que temos vindo a esquecer tempo demais. Comsiderando eu que há na sua visão alguns exageros, talvez muitos a mais, e por isso não tem o meu voto, entendo, no entanto, que o seu contributo trouxe para as estradas e para o discurso eleitoral o gato Zé Albino e todos os seus amigos. Credita-se, então, ao PAN esta visibilidade dos nossos irmãos, como diria S. Francisco, animais de companhia e estimação... Obrigado, por isso. Em nome de um meu antigo cão, o Pipas, um lavrador de meia tigela, que muitas saudades deixou em toda a minha família, fico satisfeito por este acontecimento e esta postura....

sábado, 22 de janeiro de 2022

Amanhã, já se vota...

Nestas Crónicas dos Meus Dias reconheco que, amanhã, domingo, dia 23, já se vota, exercendo um direito/dever que faz parte de todos os nossos códigos de cidadania participativa. Lamento que, em tempos de pandemia acelerada, os nossos deputados e o Governo não tenham sido capazes de programar e decidir que este acto pudesse ser mais inclusivo para evitar possíveis constrangimentos no próximo dia 30. Também não sei como é que num país do primeiro mundo ainda se não possa votar por via electrónica o que evitaria todas as confusões que estão a surgir. QUERO dizer que vou votar dia 30 e que me sinto rodeado de toda a segurança. Por isso, sinto que devo aconselhar a que ninguém fique em casa neste acto eleitoral, até porque é deveras decisivo. Aliás, assim acontece com todas as eleições, mas umas são mais decisivas que outras. Das campanhas, que dizer? Fazem parte de uma forma de actuar e, por isso, há que respeitá-las... Mas não acrescentam muito ao que já se sabe. Por isso, até se pode votar - e ainda bem - oito dias antes de terem deixado de andarem nas ruas os nossos candidatos. Também não sei, não entendo, não aplaudo e não vejo nisso qualquer lógica que o tal dia do "silência" ainda se mantenha. Uma farsa é o que é... Um abraço

terça-feira, 11 de janeiro de 2022

" Príncipes do Nada" retratou a ASSOL...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, quero confessar que, ontem à noite, ao ver o progama "Príncipes do Nada", apresentado por Catarina Furtado, na RTP 1, senti uma enorme alegria e comoção ao constatar que ASSOL, com sede em Oliveira de Frades e pólos em Vouzela, S. Pedro do Sul, Castro Daire, Vila Nova de Paiva, Viseu, Tondela, Mortágua e Albergaria-a-Velha, tem uma OBRA ímpar no apoio a pessoas com deficiência desde tenra idade até aos setenta ou mais anos. Com as suas funções realizadas diariamente com cerca de 1000 utentes e ligação a perto de 400 empresas e entidades, que dão trabalho e dignidade a toda esta gente, a televisão mostrou, em quadros de rara sensibilidade, um pouco do que é a vida desta Casa. O que se viu deu para se ter uma ideia de tudo quanto se faz. Não posso esconder que a esta Instituição me sinto profundamente ligado, como seu ex-Presidente da Direcção durante oito anos e actualmente como seu Presidente da Assembleia Geral, e daí que as imagens e as palavras de Catarina Furtado me encheram a alma e de que maneira! Com mais de setenta técnicos que operam nas áreas do apoio às escolas em alunos com dificuldades, na formação profissional, na ajuda à colocação em contexto de trabalho, nas oficinas diversas, no CAO e no Forum ou programas afins, na publicação de obras científicas, na ligação às escolas e universidades, quem por aqui precisa de uma mão amiga, é certo e sabido que na ASSOL a encontrará. Sinto, por isso, uma enorme felicidade e uma satisfação sem limites... Obrigado, RTP e Catarina Furtado...

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022

Escolas com vida...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, passei em frente a uma escola, melhor dito, um Agrupamento, e senti que ali tinha voltado a haver vida estudantil. Ouviam-se sons, viam-se correrias, escutava-se o som da campainha, palpitava-se um pulsar que já se não sentia há uns tempos. Por muito que se fale no ensino à distância, por mais que se diga que assim também se pode aprender, isso é verdade. Mas não é a mesma coisa. A essência da escola está no bulício e na agitaçao estudantil e de todo o pessoal que constitui cada comunidade educativa, incluindo os pais a levarem os seus filhos, os autocarros a trazerem quem está na idade de aprender e até o comércio em redor a ter outra animação. A escola deste dia 10 de Janeiro é que é ESCOLA a sério. Tudo quanto não passar por este quadro é um remedeio e não mais do que isso...

sábado, 8 de janeiro de 2022

Primeira semana de Janeiro, mês de eleições, e nada de novo...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, tenho vindo a seguir, muito embora com um entusiasmo muito abaixo da paixão de outras campanhas, o que se passa em termos de propostas eleitorais para serem votadas no próximo dia 30 deste mês de Janeiro. Até agora, o chão é demasiado estéril,com alguns fogachos mas sem substância de maior, nem de menor, para mal de todos nós. Fala-se de picardias, mas raramente daquilo que importa e o que é importante é definirmos caminhos que façam Portugal dar passos de gigante rumo a um desenvolvmento entroncado, equilibrado e justo territorialmente. Pouco ou nada disso tenho visto nos debates dois a dois. Espero por muito mais. Se assim não acontecer, lá continuamos nós na cepa torta a ver passar os comboios e pouco mais...

segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

Aqui vai o autocarro de Janeiro de 2022

Nestas Crónicas dos Meus Dias, numa segunda-feira, depois de umas miniférias para despedida do dito ano velho e entrada no também dito ano novo, só sei que, em matéria de finanças e economia, os preços, em geral, dos diversos produtos vão trepar por aí acima. Dizem-nos que é a lei da vida. Ficámos a saber que a inflação do ano anterior, aquele que nos deixou há três dias, se ficou pelos 1.3%. Qualquer dia, vamos assistir aos juros a subir, ao BCE a deixar de nos comprar dinheiro, as dívidas pública e privada a aumentarem e lá se vai parte do nosso sossego a esse respeito. São estas dúvidas e incertezas que gostaria de ouvir discutir nesta campanha eleitoral e não apenas coisinhas menores e algumas sem interesse algum. A par disto, um desabafo: o Presidente do meu clube, o Rui Costa, deu um abraço a outro Costa, o Pinto do Porto. Caiu por aí o Carmo e a Trindade. Querem saber qual a minha opinião? Aplaudo com ambas a mãos e atiro foguetes para o ar em favor deste gesto... Gostei...

sábado, 1 de janeiro de 2022

Conversa sem resposta

Nestas Crónicas dos Meus Dias, neste bom meio rural em que tenho o gosto de viver, ao meio da manhã deste primeiro dia do ano de 2022, encontrei-me com dois grupos especiais, a curta distância um do outro: acima, um rebanho de ovelhas, mais abaixo umas pachorrentas vacas a devorarem, com gosto, erva verde. Perguntei a cada um destes vizinhos novas deste ano de 2022. Nem um levantar do chão verde com que se deliciavam em refeições apetitosas. 2022 para aqueles bons animais era apenas a continuação dos dias de ontem e todos os outros que para trás ficaram. Estes calendários humanos, nada lhes dizem. Pensei para comigo: têm toda a razão. As convenções sociais são isso e isso mesmo. Que a terra, sem parar, nem delimitar as suas circunferências, anda sempre em volta, sempre, sempre. Nós é que inventámos o champanhe, as passas, as festas de fim de ano, estas coisadas todas com que o comércio se diverte e nós pensamos que algo vai mudar de 31 de Dezembro para 1 de Janeiro do ano seguinte. Pura ilusão. Pura ilusão. Pura ilusão... Apesar de tudo, BOM ANO NOVO...