quinta-feira, 23 de julho de 2020

As ofertas valiosas de Lafões em termos de turismo

Lafões com muito para ver Com cuidado, andar por aqui é seguro Este é um tempo novo. Não é diferente, sequer. É outro, um outro mesmo, sem qualquer sombra de dúvida. Depois da vinda do coronavírus, muito do que era dado como certo estilhaçou, fez-se em cacos, ou talvez até em pó. Uma certeza temos, apesar de tudo: a vida, para quem tem a sorte de dela poder desfrutar, tem de continuar, reinventada, mas sempre com o intuito de, amanhã, podermos voltar a ganhar o apetite pelo sorriso e a poder mostrá-lo, de cara aberta e sem filtros. Sabemos, então, que tudo mudou. Só que, para bem de todos nós, as paisagens, a monumentalidade, o saber-fazer de nossas gentes e aquela ponta de um saber-receber que nos marca e que orgulhosamente ostentamos como selo do nosso ser, isso, não desapareceu. Está por aqui, incólume. Neste período de terríveis e pesadas incertezas económicas e socais, que tanto têm prejudicado a economia e as nossas carteiras, o que também afectou – e de que maneira! – este nosso “Notícias de Vouzela”, tem este jornal o gosto e o dever de puxar pelo que de melhor Lafões tem para oferecer a quem nos visita e quem aqui faz negócio, ou relaxa pelos seus recantos e encantos. Este é, assim, um contributo que damos a quem tanto nos tem apoiado ao longo destes 85 anos e, de uma forma muito especial, significativa e até emocional, nesta época de uma pandemia sem quartel. Felizmente, o difícil é escolher o conteúdo a apresentar e a ponta por onde se lhe pegue. Desenrodilhada a linha, a meada segue em frente, brilhante como o sol. Para qualquer lado que nos viremos, logo nos aparece, como cogumelos, algo que interessa ver, observar com calma e por aqui andar com todo o tempo do mundo que possamos vir a ter. Se os motivos para as diversas deslocações são mais do que muitas, certo é que, para carregar as baterias, não faltarão os ingredientes de alta qualidade e a possibilidade de retemperadores descansos em locais de sonho, que são um paraíso à nossa espera. Com uma restauração e hotelaria de estalo, cada garfada será um mundo de novas descobertas e sabores. Por cada noite dormida nas muitas unidades de alojamente que por aqui existem, ganham-se dias e dias de vida daí em diante. Com empresários altamente responsáveis e conhecedores do seu ofício e das exigências melindrosas da época, a nível de saúde, que atravessamos, estes cuidaram de tudo para que nada falte em higiene, conforto, segurança, distanciamento social e possibilidade de se fazer turismo sem credos na boca. Cabe, depois, a cada cidadão dar o seu inestimável contributo pessoal e de activa e consciente cidadania, pensando em si e nos outros, isto é, na comunidade como um todo. Posto isto, a decisão de se escolher Lafões se é sempre uma boa opção em qualquer altura, agora sai reforçada, na medida em que a nossa posição geográfica e a consciência dos actores no terreno podem garantir tudo aquilo de que se precisa: a possibilidade de se veranear à vontade, se cada pessoa souber o chão que pisa, como é evidente. Depois desta introdução, está na hora de se indicarem algumas pistas, sabendo-se que a nossa região tem de ser sempre vista e analisada como um todo natural a que o homem tem sabido imprimir a sua boa pegada. Assim, optamos por falar em motivos que se escontram espalhados pelos três concelhos, Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela, interligando-os e fazendo sobressair cada uma de suas virtudes, de um modo geral e em termos de especificidades, muitas delas inalienáveis, como a água quente e sulfurosa que só a temos nas Termas de S. Pedro do Sul. Há, porém, muitos outros locais que se podem analisar de uma certa forma comparada e complementar, como, por exemplo, as antas, os castros, os solares, as matas, as igrejas e quantas coisas mais. Umas não anulam as outras, antes acrescentam algo de saber e conhecimento que, no seu conjunto, mais enriquecem quem as procura, as encontra e com elas estabelece contacto e, podemos dizê-lo, um diálogo especial e único. Duas ou três notas Nestas saídas, é impossível deixar de lado as serras e as suas maravilhas, o S. Macário, a Gralheira, a Penoita, o Monte Castelo, o Ladário, o Caramulo e por aí fora. Para levar tudo a eito e por uns dias, que Lafões não se esgota numas breves passagens, o ideal é estabelecer-se um roteiro, um caderno de apontamentos, umas dicas no telemóvel e ir avançando, devagarinho e com olhos de ver. Não faltarão, como dissemos, os pontos onde petiscar, comer e pernoitar, nem o que ver, fotografar e filmar, para mostrar aos amigos e os aconselharem a virem também. Nos vales dos rios, do Vouga, do Sul, do Zela, do Teixeira, do Alfusqueiro, do Águeda, em cada ribeiro ou regato, há sempre um aspecto a reter, uma sombra a absorver, um mergulho a dar, uma sesta à fresca, ou um piquenique na natureza pura, ou nos equipamentos que os poderes públicos e associativos vão construindo, cirurgicamente, nos espaços mais agradáveis e apetecíveis. Estando agora na moda correrem-se algumas das estradas mais icónicas, como a EN 2, de Chaves a Faro, por aqui também as temos carregadas de beleza e atracções. Que o digam (se falassem) a EN 16, a 333, a 230, a 227 e várias outras, nunca esquecendo as municipais e até as florestais. Já que abordamos este ponto, aproveitamos estas linhas para relançar uma ideia que tanto as embelezava em tempos idos, os chafarizes ao longo dos seus percursos, pedindo que venham a ser renovados e valorizados, quanto antes. Seria falha grave, ainda que estes sejam, por hoje, apontamentos genéricos, não referirmos os monumentos que existem por todo o lado, quer no seu exterior, quer nos respectivos interiores, onde há maravilhas imortais que valem a pena ser observadas com atenção e paciência. Para quem quiser aproveitar as gratificantes estadias por estas nossas paragens para, numa outra esfera, contactar o tecido social, cultural e económico, fique a saber que em Lafões são variadas as respostas, desde o artesanato à indústria de alto gabarito, sem esquecer os ofícios que ainda se vão mantendo. São ainda muitas as associações culurais, desportivas e recreativas, as quais permitem actividades de lazer que são sempre bem vindas. Com um comércio diversificado e serviços públicos modernos, nada aqui falta... Em suma, Lafões tem tudo para fazer toda a gente feliz e a querer voltar de novo. É isso que se pretende e se deseja. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, 23 Jul 2020

terça-feira, 21 de julho de 2020

Um Eureka saltando de Bruxelas...

Em parto altamente complicado e longo, o Conselho Europeu, a ferros, lá conseguiu aceitar um arrojado Plano de Recuperação Económica, que anda pelos 750 mil milhões de euros, a nível global. Numa corda puxada em sentidos opostos por 22 e 5 países membros, estes designados como frugais ( e há quem os apelide de forretas), inverteu-se a lógica inicial proposta pela Comissão que, a nosso ver e em nosso proveito, dividia muito melhor o bolo: mais subvencões, isto é, apoios a fundo perdido, e menos em termos de empréstimos. Com muita pedra partida, o resultado final andou bem mais por baixo. Mas, enfim, lá se conseguiram desbloquear os vários impasses surgidos. É muita massa que vem aí até 2027: cerca de 45 mil milhões de euros. Importa agora é saber aplicar a preceito essas verbas. NOTA muito pessoal: ontem dia 20, ao comemorar 45 anos de casamento, senti uma imensa alegria de ver a minha Susana a ter escolhido esta data para o seu matrimónio com o Márcio, cujos pais também tinham casado no mesmo dia, 20 de Julho de 1975. Há dias assim: felizes...

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Lafões na história das Igrejas....

Descobrir a história com as obras religiosas - Séculos XVII a XIX, grandes mudanças As marcas do tempo devem muito aos monumentos religiosos como arte, como fonte de conhecimento, como meio de olharmos as devoções, as crenças e as suas respectivas expressões. Olhando para a nossa região de Lafões, onde estes símbolos são uma constante por todo o lado e sob as mais variadas formas, desde as igrejas às alminhas, passando até pelos conventos, essas pedras falam, contactam connosco e dizem-nos ao que vieram, seus fins e até, nalguns casos, os obreiros que as ergueram. Desde o alto de S. Macário aos vales do Vouga e pelas encostas fora, limitadas pelas serras da Arada, da Gravia, muito especificamente na terra que sustenta e apaparica este “Ecos”, à do Caramulo, descobrimos, lá no alto, não uma, mas duas Capelas, emolduradas de acordo com as condições geográficas em que se encontram, a de S. Macário, resguardada entre muralhas, a de S. Macairinho metida entre rochas quase intocadas. Bem mais abaixo, em Vouzela, impõe-se a Igreja Matriz, românica nas suas origens, e, a caminhar para oeste, o Santuário de Nossa Senhora Dolorosa, em Ribeiradio, a testemunhar o pagamento de promessas ancestrais. Se estes templos aqui se registam apenas como exemplos de todo um rico património, sem esgotarem, longe disso, a lista imensa de outras obras, neste texto vamos tentar dar uma ideia de alguns trabalhos que, ao longo dos tempos, muito especialmente nos séculos XVII a XIX, deixaram escritos testemunhos que muito nos ajudam a conhecermos o nosso passado e aquilo que foi feito, como resultado, muitas vezes, das condições sociais e económicas de cada época e das modas em vigor. Este é um aspecto que também se torna evidente e nunca pode deixar de ser analisado. Para melhor percebermos estas achegas, basta que pensemos nas riquezas vindas do Brasil e de seu ouro joanino. Foi tal o seu impacto que a talha dourada passou a ser uma regra quase universal. Por outro lado, o granito à mostra ou o reboco pela cal branca são outra dessas evidências ou alternativas. Percorrendo a revista “Beira Alta”, fonte que privilegiámos, em geral, são muitos os testemunhos encontrados: - Ainda antes de falarmos de investimentos nos espaços religiosos de Lafões, digamos que, logo no ano de 1104, o Arcediago de Viseu confirmou uma doação ao Mosteiro de S. Pedro do Sul, uma informação relevante, ainda que envolta nalgumas dúvidas, acerca do passado deste mesmo concelho (Beira Alta,/BA – 1991) - Alguns anos depois, em 1115, fala-se numa doação feita por D. Odório ao abade de Lafões (...) da Igreja de Valadares. Muito embora tenha sido também este documento posto em causa, o certo é que, no mínimo, esta referência, sendo uma espécie de fumo, mostra que por essa altura o fogo da existência deste equipamento talvez se possa considerar como um dado a reter e a motivar mais estudos aprofundados no sentido de se pesquisar mais a fundo este mesmo tema (BA – 1997) - Comprova-se que estas terras lafonenses tinham fama a sério já no tempo da rainha D. Teresa, ainda antes da constituição da nacionalidade, quando se indica que existia cavalaria vilã em Pessegueiro do Vouga, S. Vicente de Lafões, Paços de Vilharigues, Alcofra e Fataunços (BA – 1991). Se juntarmos a esta constação o facto de os frades habitarem o Convento de S. Critóvão de Lafões, logo nos inícios da década de trinta dos anos 1100, e de haver referências a um anterior eremitério, tudo está dito quanto ao povoamento destes espaços territoriais nesses tempos de antanho, até para não trazermos para aqui, muito antes, as civilizações megalítica e castreja, ou mesmo as do período do paleolítico, como se pode deduzir dos materiais arqueológicos que se descobriram na zona da Bispeira, descobertos no âmbito dos estudos feitos sobre a Barragem de Ribeiradio, a fazer fé nas informações colhidas na Câmara Municipal de Oliveira de Frades. - Mais verdade se pode encontrar nas Inquirições de 1258, em que se alega que a paróquia de Valadares pertencia toda a S. Cristóvão de Lafões. - Numa perspectiva ainda fora de caixa, em 1698, veio ao de cima uma escritura de sociedade para o arrendamento por cinco anos da Quinta da Cavalaria, Vouzela, que pertencia a Aires de Oliveira e Sousa (BA – 1989). As obras em contratos - Com inúmeras alusões a trabalhos efectuados nas mais diversas igrejas, capelas, ou outros equipamentos anexos, em 1724, são feitos os retábulos colaterais de da Igreja de Souto de Lafões, sendo que, no ano de 1730, idêntica operação se concretiza em Pinheiro de Lafões e, em 1761, em Paços de Vilharigues (BA – 1989). - Também nesse mesmo ano de 1761, se vem relatar que Luís da Silva, mestre imaginário, oriundo de Penafiel, mas residente em S. Pedro do Sul, pediu que José Rodrigues, serralheiro, da Costeira, Vouzela, e Manuel Fernandes, de Vilharigues, lhe pagassem a obra anteriormente citada (BA – 1989). - Nesta mesma revista, dão-se mais pormenores quanto à escritura que levou, em 1724, aos trabalhos operados na Igreja de Souto de Lafões, realizados por Manuel Vieira da Silva, mestre entalhador da freguesia de S. Vicente de Lafões, que recebeu a verba de 127000 réis, tudo seguindo a respectiva planta e com bons materiais, à base de madeiras sãs e lisas. Uma nota muito importante se pode ler naquela documento, que é o da precisão com que se descreve o lugar onde foi assinado: o sítio do Carvalho Furado, que divide o território de Oliveira de Frades com o concelho e o ducado de Lafões. No que toca a Pinheiro de Lafões (1730), já tal veio a ser escrito na Tapada da Castinheira, limites da citada vila e couto, em que interveio ainda Manuel Vieira, mas obrigado a seguir as formas dos altares colaterais da Sé de Viseu, pelo valor de 260000 réis, em três pagas. Já quanto a Fataunços, que também ficou conhecido como Folgosa, em 1620, construiu-se a sacristia da respectiva Igreja de S. Carlos, por 20000 réis, a pagar a António Simões, de Vilar Seco. Vários tempos depois, no ano de 1702, pôs-se de pé o púlpito da Igreja de Folgosa, que teve de ser igual ao de S. Pedro do Sul, a que acresceu a Capela de Santa Margarida, tudo por 30000 réis. Importa reterem-se três curiosos aspectos: local da escritura, sítio do Cadavial, Couto do Banho; medidas em palmos; materiais em pedra lavrada de cantaria. - Com escrituras levadas a cabo em S. Pedro do Sul, tivemos as obras nas casas da Quinta de Moçâmedes, a custarem 100000 réis, 100 almudes de vinho, 100 alqueires de pão e caldos feitos, em 1773 (BA – 1988) - Decorria o ano de 1798 quando, nesta mesma vila, a Irmandade de Santo António se viu na obrigação de substituir o seu campanário para pedra a fim de aí instalar o sino de uma forma segura, que as bases anteriores se apoiavam em paredes estreitas com estruturas de madeira, o que não oferecia a estabilidade desejada. Com isso se gastaram 269000 réis. - Entretanto, em 1780, fizeram-se os trabalhos das casas da residência paroquial de S. Félix, anexa à Universidade de Coimbra, bem como a capela-mor e a sacristia, com um custo de 50000 réis. Também Carvalhais, no ano de 1733, recebeu a construção das casas da sua residência, a capela-mor, a tribuna e a sacristia da sua Igreja, o que ascendeu a uma verba de 140000 réis, em três pagas. - Para Serrazes avançou uma tulha pertencente à Comenda de S. Salvador, tendo custado 145000 réis. Para terminarmos estas simples e ligeiras notas, que servem apenas para dar uma ideia do muito que por aqui foi edificado nesses séculos e abrir o apetite pela busca de mais conhecimento, importa que se ponha em evidência o extraordinário contributo da revista “Beira Alta”, que se vem publicando desde os anos 40 do século passado até à actualidade na cidade de Viseu, muito embora, nesta altura, de uma forma, infelizmente muito mais irregular. É de uma extraordinária riqueza histórica e patrimonial todo o seu vasto conteúdo, diverso, plural e de uma valia científica a toda a prova. Pela nossa parte, aqui deixamos este testemunho de gratidão e reconhecimento por quanto esta publicação nos tem vindo a legar. Carlos Rodrigues, in “Ecos da Gravia”, Julho 2020

sábado, 11 de julho de 2020

Preocupado? Sim, mas...

Com o coronavírus a dar cabo dos nossos dias desde há meses, não deixo de olhar para tudo quanto está a acontecer com preocupação e bastante apreensão. Os números ainda são grandes demais. As novas contaminações continuam pelos altos dos Himalaias. As mortes não têm parado. As proibições vindas do estrangeiro (meio da casa comum, a UE, o que é altamente estranho) permanecem activas. O turismo ressente-se. A economia desespera. O País e o mundo podem ainda viver tempos piores. O dinheiro dos fundos europeus virá lá, quem sabe, apenas daqui a uns tempos, os bolsos das pessoas começam a ficar rotos de todo. E isto, utilizando, uma frase de há anos, não deixa de "estar de tanga"... Tristes são os momentos que vivemos...