quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Barragem de Ribeiradio a produzir electricidade

Uma fábrica de electricidade ao lado da Barragem de Ribeiradio Tem uma potência de 82.3 MW e uma produção média anual de 134 GWh CR Localizado a jusante da Barragem de Ribeiradio e a ela ligada, o respectivo Aproveitamento Hidroeléctrico, que conta ainda com os serviços prestados pela Ermida, também por perto, ocupa um alto edifício onde, em cada piso, funcionam as mais variadas valências, todas elas preparadas, em uníssono, para gerarem energia limpa em grande quantidade. Com tecnlogia de ponta, nela operam cinco funcionários, sendo que, em cada 24 horas, alguém estará sempre em alerta, ainda que não esteja no seu posto de trabalho. Numa explicação acertada e feita por Sérgio Teixeira, a propósito de uma visita relacionada com uma investigação em curso realizada por uma equipa de Oliveira de Frades, ali naquele espaço existem um enorme reservatório de água e uma unidade industrial, a central eléctrica do Grupo EDP. Com as obras a terem sido iniciadas em 2010 e concluídas em 2015, a albufeira de Ribeiradio retém 84.6 hm3 de água e a da Ermida, 3.7. Registe-se que, em Dezembro, com as tempestades Elsa e Fabien, se assistiu ao maior afluxo de água alguma vez ali visto, o que fez accionar todos os esquemas de alerta, prevenção e acção. Felizmente que se esteve ainda longe daquilo que são os considerados os caudais de uma chamada cheia milenar ( a maior, em previsão, de mil em mil anos), senão a situação seria bem mais séria e complicada. A precipitação daquelas horas daria, por exemplo, para encher toda a albufeira, partindo, em tese, no nível zero. Foi, assim, água a valer... Num vasto esquema de segurança, todo o mecanismo dá o seu contributo nesse sentido, dentro e fora destes complexos, uma vez que, à beira rio e numa distância de quilómetros a caminho da foz do Vouga, estão colocadas, estrategicamente, várias sirenes com a finalidade de fazerem sentir o seu som, se houver necessidade de, por exemplo, evacuar populações. Esperemos que nunca entrem em acção. Com a Barragem a ter sido projectada e edificada em arco, para que a sua curva sustenha a força das águas e a faça projectar para os apoios construídos e inseridos nas margens, neste caso, em reforço, foi ainda feita uma larga sapata de 65 metros de largura em todo o fundo da Barragem, o que lhe dá uma solidez a todos os títulos notável. Já agora, diga-se que estas infraestruturas são pensadas para uma esperança média de vida, vendo-se depois o que lhes irá suceder e o historial em Portugal, neste capítulo, é ainda inexistente. Crê-se a primeira Barragem a ser avaliada, nesse campo, será a do Castelo do Bode, devido à sua idade. Avaliação de segurança feita a todo o momento De qualquer maneira, dia a dia, quase segundo a segundo, os testes são contínuos, vendo-se no interior fios de prumo para mostrarem as variações e outras formas de controle, entre outras, aquelas que avaliam riscos sísmicos, dilatações diversas e quaisquer sinais que importa serem analisados. Perante um enorme emaranhado de fios, máquinas, roldanas, sensores, quadros, turbinas e altas tecnologias de ponta, a mão humana quase que não sai dos bolsos para nada, a não ser para reparar uma qualquer avaria ou dar um jeito a alguma peça. É de tal maneira evidente esta constatação que tivemos o prazer de ver arrancar todo o sistema em funcionamento a partir de ordens electónicas vindas do Porto, porque, de repente, foi necessário colocar no mercado a produção de Ribeiradio. Isto é, como a energia, em geral, se não armazena, as barragens estão todas em rede e ora entra uma, ora outra, ou até todas ao mesmo tempo. Mas não trabalham em seco, como facilmente se compreende. Se não houver consumo, mais vale ter a maquinaria em repouso. Em termos de conhecimento, em 2015, era este o panorama energético em centros produtores: 68 centrais hidroeléctricas, 3 termoeléctricas, 1 de cogeração, 4 de biomassa. Paralelamente, também o interior da Barragem em si é digno de ser visto nos seus inúmeros e imensos corredores, escadarias e corrimões sem fim. Em matéria de som, só se ouve o barulho da água a correr. Com esta Barragem de Ribeiradio, ganhou-se uma nova via de comunicação, a da ligação à freguesia de Couto de Esteves, no concelho de Sever do Vouga, o que é outra vantagem acrescida deste equipamento, que nasceu com várias finalidades: controlo do caudal do Rio Vouga; fornecimento de água; aproveitamento turístico e produção de energia (inicialmente sonhada para um consórcio entre a Martifer e a EDP, ficando esta sozinha logo a seguir), juntando-se-lhe agora a componente de sustentabilidade ambiental. Com uma mudança profunda no território da região, por incapacidade dos poderes centrais, deste empreendimento ainda se não tirou todo o seu sumo, muito longe disso, aliás, e lamenta-se que assim esteja a acontecer. Com a possibilidade de receber visitas, por marcação, esta Barragem, à beira da EN 16, bem merece que se veja e se fique a conhecer.... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 27 Fev 2020

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

Fontes Pereira de Melo pensou também na agricultura O estratega das vias de comunicação viu o país como um todo Estamos habituados a ver Fontes Pereira de Melo como o político que pôs o país a mexer e a andar de um lado para outro pelas novas estradas e vias férreas, um salto enorme de modernidade e desenvolvimento acontecido em meados do século XIX. Para sempre recordaremos o primeiro comboio, que saiu de Lisboa para percorrer umas curtas dezenas de quilómetros. Mas o que talvez pouca gente se lembre é que a sua acção se estendeu, em matéria de organização, a muitos outros domínios, sendo um deles – e para nós muito relevante – o da agricultura. Nesta área, notabilizou-se pela criação de Sociedades Agrícolas, a partir do Regulamento de 23 de Novembro de 1854, pelas suas “grandes vantagens”. Em cada distrito, seria erguida uma dessas instituições, composta pelo Governador Civil, Secretário Geral, vogais efectivos, membros das respectivas Juntas Gerais, administradores de concelho, presidentes de câmara, professores dos liceus nacionais, médicos dos partidos ( no sentido de gente dos quadros e não na moderna acepção) das câmaras municipais, juízes de direito, delegados dos procuradores régios, dez proprietários que “pagarem maior quota de décima de prédios rurais”. Para os distritos de Lisboa, Porto e Coimbra, havia um regime um tanto à parte. Estabelem-se sócios efectivos e correspondentes. A sociedade tem uma Mesa, uma Direcção Geral e um Conselho Fiscal. Numa visão abrangente, constituem-se as secções da indústria pecuária, prados naturais e artificiais; matas e florestas; hortas, pomares e amoreiras, vinhas e oliveiras; cereais e mais culturas não especificadas. Nesta orgânica, incluem-se ainda as Comissões Filiais em cada concelho. Com base nas várias secções criadas, nota-se que a atenção se virou para um campo alargado de domínios, que ainda hoje nos parecem essenciais. Tanto mais é de relevar esta atitude governativa quanto sabemos que Fontes Pereira de Melo era apenas Ministro das Obras Públicas, Comércio e Indústria, mas teve o engenho, a arte e o arrojo de se meter também pelos campos fora em busca da melhor maneira, a seu ver, de organizar, rentavelmente, a agricultura. Só assim age quem tem fibra de estadista e ele foi um desses, talvez um dos maiores entre os maiores. Uma dessas Comissões em Oliveira de Frades Para termos uma ideia do alcance desta sua legislação, olhemos para o que aconteceu no concelho de Oliveira de Frades ao criar a sua Comissão Filial Agrícola e seu auto de instalação, em 14 de Maio de 1855, sendo administrador Alexandre Soares Gomes Feijão, perante Manuel de Melo Soares Albergaria, membro da Junta Geral do Distrito, os professores do ensino prímário Ricardo Xavier da Veiga, de Caveirós de Baixo, António José Gonçalves Ferreira, de Paredes de Gravo, Luís Nunes Rodrigues, de Souto, Custódio Dias (...), de Ribeiradio, o Presidente da Câmara, José Correia da Silva Melo, os propietários José Pinto de Magalhães, José Rodrigues Ferreira, Francisco Maria Pereira de Azevedo, Francisco de Lemos Almeida Coelho, João de Almeida Lima e Lemos, José Lino Baptista da Costa. Foram, nessa altura, nomeados como vogais efectivos, António Rodrigues, de Carvalhal de Vermilhas, Manuel Francisco Giestas, Confulcos, António Fernandes Miguel, Pés de Pontes, Francisco José dos Santos Aragão, Água Levada/S. Vivente de Lafões, Luís Manuel de Melo Bandeira e Manuel Ferreira de Almeida, Souto de Lafões, António Rodrigues Ferreira, Sequeirô, Joaquim José Ribeiro de Carvalho, Pereiras, João e José Tavares Ribeiro da Silva, Quintela, Manuel Dias Coelho, Ribeiradio, Manuel Rodrigues Ferreira, S. João da Serra, Joaquim Fernandes Garcia, Ponte/Reigoso, José Nunes Filipe, Destriz, Modesto João Borges e José Joaquim Borges, Campia, seguindo-se, depois, a lista dos membros correspondentes. Entretanto, numa circular emanada do Governo Civil de 8 de Fevereiro de 1855, eram referenciados expressamente os seguintes produtos a considerar: cereais, ervilhas, favas, feijões, grão de bico, amêndoas, avelãs, castanhas, tubérculos, raízes, cebolas, azeitonas, vinho, azeite, mel, açucar, cera, gomas, resinas, féculas, fibras, cascas, etc. Como notas finais, digamos que algumas das localidades que atrás aparecem como pertencentes ao concelho de Oliveira de Frades, hoje, mercê das mudanças administrativas dos anos de 1871 e outros, passaramm a fazer parte de Vouzela. Acrescente-se que, em Reigoso, chegou a haver a Banda da Sociedade Agrícola Reigosense, com referências em 1929 e 1946 já sabidas e documentadas, quando, nesse último ano, era seu regente Joaquim Marques Baeta. Esses eram tempo em que a agricultura merecia especiais atenções e os bons exemplos deveriam ser seguidos, mas, infelizmente, nem sempre assim acontece.... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 13 Fev 2020

Banda de Vouzela perto dos 150 anos...

Quase cento e cinquenta anos de muita música Sociedade Musical Vouzelense assinalou o 148º aniversário CR Nem de propósito: a 8 de Fevereiro de 2020, a Sociedade Musical Vouzelense recordou a data igual de 1931, quando, após ter sido reerguida e com novo nome, voltou então à rua em ambiente de muita festa e animação. Deixara de ser a Phylarmonica de Vouzela para ter a designação que ainda hoje ostenta. Porém, o certo é que se tentou relembrar também um ano bem mais distante, o de 1872, quando ela foi criada pela primeira vez. No passado sábado, dia 8, como acabámos de dizer, viveu-se um aniversário, o 148º, em cheio. Tudo começou na nova sede, espreitando o céu meio fusco (assim esteve em 1931), com o descerramento das bandeiras a cargo do Presidente da Câmara, Rui Ladeira, do Vice, Carlos Lobo, do Presidente da Direcção, Luís Paiva e do pároco Ricardo Oliveira. Numa cronologia seguida, a dois metros, foi inaugurada a nova Rua Sociedade Musical Vouzelense, uma merecida e pública homenagem que em placa ali se regista para a posteridade. Já dentro do moderno edifício, passou-se à sessão solene, com intervenções de Luis Paiva e Rui Ladeira, que não se esqureceram de aludir a um outro acontecimento de relevo desta data festiva: o início do uso de uma nova farda que o Município apoiou e a Banda cuidou de angariar a parte restante dessa assinalável despesa. Por entre outros motivos ali falados, ficou uma promessa feita a dois: brevemente, a SMV vai editar a sua monografia, aproveitando o muito trabalho já feito pelo saudoso Agostinho Torres. Eis o mote para outro ponto de destaque, o do desfile e romagem ao Cemitério, onde se recordaram os mortos em preito de homenagem e gratidão. Chegou-se ao cume destas comemorações, o do Concerto evocativo no Cine-Teatro João Ribeiro, onde foram magistralmente tocadas seis peças, sob a batuta do jovem e talentoso Maestro, Diogo Tavares. Foram ainda destacados os executantes com 25 anos de intensa actividade e muita dedicação a esta nobre causa: Almor Ferreira, Paulo Bordonhos e Luís Pereira. Como “mestre” de cerimónias, Luís Paiva, tratou de fazer os devidos enquadramentos de cada parte do concerto e Rui Ladeira, como a voz do Município, ali apareceu para agradecer tudo quanto a Banda tem feito pela cultura e pela terra. Foram ali especialmente lembrados Acácio Silva pelos seus 62 anos de executante e a Clarinha, a quem o Maestro dedicou uma das músicas tocadas, por ela não poder participar. Em fim de aniversário, houve ainda uma Missa Solene e um jantar convívio, tal como convém nestas ocasiões. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 13 Fev 2020