terça-feira, 26 de março de 2013

Cheia no Vouga

... O Vouga vai cheio/ e o barco parado/ isto nem vai a meio/ e anda tudo lixado... ... Não pára de chover/ e isso que importa?/ O que quero é ver/ a Troika fora da porta... ... Tanta água caída por aqui/ e S. Pedro não tem emenda/ dá-nos chuva, mas bem chovida/e não há quem o repreenda... ... Também ninguém se atreve/ a mandar calar tanta gente/ aquele diz o que não deve/ o outro, o que não sente... ... Se poeta não sou/ porque a isto me dedico?/ Às vezes, por aqui estou/ Aqui venho, por aqui fico... ... Chegada esta hora/ assim me calo/ ( hoje)quero ir embora/ e não mais falo...

segunda-feira, 25 de março de 2013

E chove

... Por aqui, chove a valer. Por outros lados, troveja. Talvez, em Bruxelas, haja água por todo o lado. E também um pouco lá por Lisboa, onde se manda, mas mal. Aqui, ao menos nesta minha terra, Oliveira de Frades, a chuva, felizmente, não tem esse ar de mazona, mas já chegava de tanta pinga vinda do céu. Lembro, hoje e em especial, a Feira quinzenal desta minha terra, que antecedendo a Páscoa, tinha tudo para, eventualmente, ser uma feirona. Mas com este céu a esvaziar-se assim, creio que isso não acontecerá. Também sei que ela decresce a olhos vistos, mas por outras razões. E tenho pena. Recordo a minha Feira de Oliveira como um espaço de negócio, mas, sobretudo, como um evento social, que fazia parar o concelho e a região: estas segundas-feiras, de quinze em quinze dias, eram mais do que feriado, eram uma festa e um tempo para se pôr a conversa em dia e as notícias circularem. Nem um pedreiro, nem um carpinteiro, nem um alfaiate, nem um ferreiro, nem um sapateiro, etc., nesses dias ali faltava. E os negociantes também não: aquele era o espaço azado para ser bolsa de valores, em termos de preços e outros fins. Hoje, com a chuva e com estes tempos de menos convivência social, a minha feira de Oliveira, onde tantas vezes fui, a pé, de bicicleta e, muito mais tarde, na camioneta do Pinhão, como era conhecido o autocarro desses tempos, que andava sempre numa fona, daqui para ali e dali para aqui, sempre para trazer gente, tudo se está a perder. Até já não há a tasca do meu Tio Rufino, onde meu Pai tanto ajudou e a minha Tia Prazeres e a D. Palmira, de Oliveira de Frades, e as minhas Primas tanto trabalharam. Tenho pena destas memórias e do comer e do beber que ali tinha sempre à disposição sem pagar um tusto. Bem haja, Tio e Pai! A minha Feira está a morrer. E isso não pode acontecer...

quarta-feira, 20 de março de 2013

Um abraço para o Chipre

Sei que o Chipre de que se fala é cerca de metade de uma ilha ainda dividida por questões que, há muito, já deveriam ter sido ultrapassadas. Enquanto isso não acontece, aqui a Oliveira de Frades chega a boa notícia de que o Parlamento cipriota, o da União Europeia, foi capaz de dizer NÂO ao Grupo do Euro, rejeitando, sem um qualquer voto a favor aquela proposta, sem ponta por onde se lhe pegue e à revelia de tudo quanto tinha sido garantido aos cidadãos europeus ( não tocar em qualquer depósito bancário até 100 mil euros), em que o agora desmiolado Eurogrupo queria taxar todos as contas existentes nos bancos daquele pequeno (mas rijo) país... A resposta veio dos deputados que se marimbaram para os "acordos" que diziam ter sido estabelecidos. Grande lição nos deram. Merecem, por isso, um grande abraço cá deste rapaz. Se não defendo que se rasguem compromissos - isso não está no meu ADN - e se não vejo com bons olhos quem tal apregoa, ali no Chipre não foi isso que se passou: nada era ainda assumido como o citado compromisso, não passando de uma conversa entre o tal cabeça desmiolada do Euro e as autoridades locais, creio eu. Logo, esta recusa tem toda a legitimidade e, mais do que isso, a minha consideração e estima. Gosto de deputados com capacidade de tomar decisões. Incomodam-me aqueles que apenas se sentam e levantam a toque de caixa. E há muita gente dessa no meu Portugal. Infelizmente. Que se olhe para o Chipre e se ajude aquele povo a encontrar soluções, antes que se "passe" para outras órbitas... Mas deixem que seja essa gente a decidir e a cortar com aquilo que não tem pés nem cabeça. Dito isto, até me esqueço de que, por aqui, isto vai de mal a pior e que o Governo, que nada acerta, está em maus lençóis. Não temos é deputados à maneira cipriota, por azar nosso!...

quarta-feira, 6 de março de 2013

Sobreiros e Barragem de Ribeiradio

Declaração de interesses: este cidadão é um frontal defensor da construção da Barragem de Ribeiradio-Ermida, que está em adiantado plano de construção. Humildemente este cidadão se confessa: fez muito por esta obra que andava na cabeça das pessoas desde há mais de setenta anos. Nesta vitoriosa caminhada, marchou com dois bons amigos: João Maia, infelizmente já desaparecido e que não chega a ver a menina de seus olhos, e Manuel Soares, que assiste, dia a dia, com um sorriso nos lábios, à subida das paredes, que esperam muito água. Dito isto, vamos a outra questão: a do corte de mais de 3000 sobreiros. Sei que li, apreciei e comentei o Estudo de Impacto Ambiental que então foi feito, mas incidi mais a minha atenção nas questões do património edificado. Se falava nestas benditas árvores, de tal não me apercebi. Sei agora que lá estavam. Sem falsos tiques de fundamentalismos ambientais, muito embora defenda acerrimamente a sustentabilidade global, onde o Homem é marca de todas as medidas, não me repugna que os tenham de abater. Há outros valores mais altos que se levantam... Mas uma coisa não entendo, não aceito e subscrevo tudo quanto se faça para não deixarmos fugir essas árvores, ou aquelas que forem plantadas em sua substituição, da área de origem - os concelhos de Oliveira de Frades e Sever do Vouga. Isso, de maneira nenhuma. Se nos levam as freguesias e, talvez, os tribunais e outras valências que tais, que as árvores continuem connosco. Dizem-me que há aspectos burocráticos e legislativos que as não podem "aceitar" por aqui. Aí, alto, pára o baile, o tanas! Os sobreiros são nossos, há espaço para os colocar e não é necessário território contínuo para fazer a área necessária, logo não podemos deixar fugir as nossas árvores. Era o que faltava! Contra a fuga dos sobreiros, aqui fica o meu depoimento. Gosto de as ver por cá. E, por isso, penso que é preciso bater o pé e afirmar claramente: os sobreiros são de Oliveira de Frades e de Sever do Vouga, ponto final. Quem os levar embora, comete um crime: o de roubo descarado. Antes que isso se venha a consumar, pede-se às Senhoras Câmaras que saltem já para um travão judicial, ou, sendo menos meigos, para o o boicote a essa estafada intenção. Basta de nos tirarem tudo. Basta!...