segunda-feira, 25 de março de 2013

E chove

... Por aqui, chove a valer. Por outros lados, troveja. Talvez, em Bruxelas, haja água por todo o lado. E também um pouco lá por Lisboa, onde se manda, mas mal. Aqui, ao menos nesta minha terra, Oliveira de Frades, a chuva, felizmente, não tem esse ar de mazona, mas já chegava de tanta pinga vinda do céu. Lembro, hoje e em especial, a Feira quinzenal desta minha terra, que antecedendo a Páscoa, tinha tudo para, eventualmente, ser uma feirona. Mas com este céu a esvaziar-se assim, creio que isso não acontecerá. Também sei que ela decresce a olhos vistos, mas por outras razões. E tenho pena. Recordo a minha Feira de Oliveira como um espaço de negócio, mas, sobretudo, como um evento social, que fazia parar o concelho e a região: estas segundas-feiras, de quinze em quinze dias, eram mais do que feriado, eram uma festa e um tempo para se pôr a conversa em dia e as notícias circularem. Nem um pedreiro, nem um carpinteiro, nem um alfaiate, nem um ferreiro, nem um sapateiro, etc., nesses dias ali faltava. E os negociantes também não: aquele era o espaço azado para ser bolsa de valores, em termos de preços e outros fins. Hoje, com a chuva e com estes tempos de menos convivência social, a minha feira de Oliveira, onde tantas vezes fui, a pé, de bicicleta e, muito mais tarde, na camioneta do Pinhão, como era conhecido o autocarro desses tempos, que andava sempre numa fona, daqui para ali e dali para aqui, sempre para trazer gente, tudo se está a perder. Até já não há a tasca do meu Tio Rufino, onde meu Pai tanto ajudou e a minha Tia Prazeres e a D. Palmira, de Oliveira de Frades, e as minhas Primas tanto trabalharam. Tenho pena destas memórias e do comer e do beber que ali tinha sempre à disposição sem pagar um tusto. Bem haja, Tio e Pai! A minha Feira está a morrer. E isso não pode acontecer...

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