quinta-feira, 21 de dezembro de 2023

Lafões presente em tudo na nossa região

Lafões na ponta da língua Carlos Rodrigues Nesta comunidade a caminhar (ou, infelizmente, a descer) dos cinquenta mil habitantes, tantas são as pessoas que povoam – ou por lá andámos em tempos idos - os concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul, a marca Lafões vem colada a todos nós como um selo que não podemos, não queremos, nem devemos enjeitar, por ser nosso e de mais ninguém. Desde há milhares de anos que assim é. Herdando esta designação dos povos que moraram na mancha inicial dos Montes Castelo e Lafão, este Alafões vive connosco a partir desses tempos, talvez dos árabes ou de seus antecessores, pelo que é legado que trazemos connosco para sempre. Em termos de toponímia, não são muitas, nem por aí além, as referências que ostentam esta origem regional: procurando com alguma profundidade, apenas encontramos com esse atributo as freguesias de Souto, S. Vicente e Pinheiro de Lafões no concelho de Oliveira de Frades e S. Cristóvão de Lafões, em S. Pedro do Sul. Olhando para algumas datas milenares, S. Vicente de Lafões aparece, entre outras possíveis datações, com registos escritos a partir de 1092 e 1100, Pinheiro de Lafões recua a 1087 e 1092, sendo que Souto e S. Cristóvão de Lafões devem andar, em matéria de documentos escritos, por essa mesma época, até porque o Mosteiro desta última localidade viu a luz do dia pouco mais do que por essa altura. No entanto, com ou sem esse registo inscrito na sua matriz, esta é uma zona que respira Lafões por todos os poros. Entranhada essa consciência colectiva em todas as pessoas que moram nos concelhos de Vouzela, provavelmente o centro desta região desde que começou a ser classificada e conhecida como tal, Oliveira de Frades e S. Pedro do Sul, este mesmo espírito se estende ainda a territórios de Sever do Vouga, Castro Daire e Viseu, tendo como base o percurso do Rio Vouga que corta, em toda a sua extensão, estas áreas entaladas entre as Serras da Gralheira, por um lado, e Caramulo pelo outro. Somos todos filhos desta mãe natural que a todos une e irmana. Fruto deste ventre, ao longo dos tempos, foi-se aplicando (e tem, assim, sucedido pelos tempos fora) esta mesma colagem lafonense a uma enorme variedade de instituições e realizações que vêm ostentando, com orgulho e galhardia, esta marca de Lafões. Eis alguns desses exemplos aqui apontados, pedindo-se, desde já, desculpa, pelas muitas falhas que possamos cometer. Em tempos de parcerias activas incluindo no campo da comunicação social, qualquer contributo que venha fazer aumentar este leque será sempre bem-vindo. Para já, aventuramo-nos a fazer mostrar estas realidades: - ADRL – Associação de Desenvolvimento Regional de Lafões, com sede (valendo estas referências para as respectivas sedes nos casos que se vão seguir) em Vouzela. - ASSOL – Associação de Solidariedade Social de Lafões, Oliveira de Frades. - AEL – Associação Empresarial de Lafões, Vouzela. - Verdelafões, idem. - ADDLAP – Associação de Desenvolvimento Dão Lafões e Alto Paiva, Viseu. - CIM – Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões, Tondela. - NUT III – Viseu Dão Lafões. - Agrupamentos de Centros de Saúde Dão Lafões, Viseu. - Casa de Lafões, Lisboa ( e já as houve no Brasil, em Moçambique, Angola e outros países por aí além). - Caixa Agrícola Beira Douro e Lafões, Lamego - Centro de Formação de Associação de Escolas Castro Daire e Lafões, Vouzela. - Portal de Lafões, S. Pedro do Sul. - Rádio Lafões, idem. - Vitela de Lafões, Vinho de Lafões, Semana Florestal de Lafões… - Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões, Vouzela. - FootLafões, S. Pedro do Sul - Em tempos idos, Feira de Lafões, Banda da Sociedade Musical e Recreativa Lafonense, Paredes de Gravo/Oliveira de Frades, 1970, Região de Turismo Dão Lafões, Viseu, Região Demarcada do Vinho de Lafões, Cooperativa Agrícola de Lafões, Vouzela, Adega Cooperativa de Lafões, S. Pedro do Sul… - E assim por aí adiante… In “ Notícias de Lafões”, anos 20, século XXI

Serviços de Saúde de SPS encerram três dias por semana

SUB de S. Pedro do Sul encerra vários dias por semana Carlos Rodrigues Em nova dose de restrições que já vêm de há uns anos e que sempre motivam uma boa série de queixas e contestações, desta vez os Serviços de Urgência Básica de S. Pedro do Sul, que se estendem a Vouzela e Oliveira de Frades, anunciaram o seu encerramento às terças, quintas e sextas no período diurno. Se, ao que se diz por aí, já não era de excelência essa SUB, com constantes falhas, agora esta é uma espécie de machadada quase final, desmotivando as idas e a busca das soluções para a prestação de cuidados de saúde às populações que, por lei, lhe estão confiadas. Pergunta-se então: para que serve? Quando as urgências estão sempre cheias com largas filas e tempos de espera, estas rectaguardas, tal como os Centros de Saúde e as USF, deveriam primar pela atenção a dar aos utentes de modo a fazê-los dissuadir da corrida as urgências. Mas se assim acontece por aqui, o resultado será precisamente o oposto àquilo que se pretende. Tem andado a correr um abaixo-assinado em que se mostra o descontentamento com estas respostas do SNS. Agora, mais do que nunca, ele se justifica. Com o Governo agora em gestão, talvez não seja o tempo de grandes decisões, mas, mesmo assim, o que aqui está a acontecer merece que alguém dê um murro na mesa e ponha tudo isto a mexer. Sabemos que o Plano de Actividades e Orçamento do Município de S. Pedro do Sul prevê a construção de um novo Centro de Saúde. Boa ideia. Só que até que tal se venha a concretizar passará uma carrada de tempo e estes atropelos aos direitos das pessoas de Lafões exigem (é o termo correcto) uma clara e atempada tomada de posição. E já ontem era tarde… In “ Notícias de Lafões”, 21/12/23

Canto das mulheres de Lafões como Património Imaterial

Canto a Vozes inscrito como Património Imaterial Nacional Carlos Rodrigues Esta á mais uma boa notícia para Lafões, onde o Canto a Vozes tem uma larga, vasta e destacada posição, mormente e sobretudo em Manhouce e Cambra, alem de outras localidades. Em atribuição da Direcção-Geral do Património Cultural, com publicação no Diário da República, foi inscrita no Inventário Nacional Cultural Imaterial esta modalidade em nome da “Associação Canto a Vozes – Fala da Mulher”. Falta agora dar o salto para Património da UNESCO, facto que já está na forja, aliás. Dizendo-se que é um canto inclusivo, o certo é que tem sido no campo feminino que mais se tem cantado. Se aquelas duas aldeias têm uma fama e um enorme proveito que já vêm de muito longe, nos últimos tempos o Canto a Vozes, três ou mais, tem merecido uma especialíssima atenção, a alargar-se mesmo a Sever do Vouga. Recuando-se no tempo, são importantes as recolhas feitas por Michel Giacometti, Fernando Lopes Graça, Armando Leça e Artur Santos, para só citarmos os nomes mais sonantes. Seria uma falha imperdoável não referirmos aqui e a este propósito um nome incontornável deste e doutros panoramas musicais: Isabel Silvestre, como voz singular e única e como dinamizadora do seu canto a três vozes, baixo, raso e riba, um legado inestimável da cultura rural e agrária de sua famosa terra. Já agora, acrescente-se que o Grupo Vozes de Manhouce vai assinalar, no próximo dia 23, o seu 15º aniversário com um Concerto de Natal, na respectiva Igreja Paroquial. In “ Notícias de Lafões”, 21 /12/23

Vinho de Lafões agora já pode correr mundo

Vinho de Lafões com Caderno de Especificações Carlos Rodrigues A partir do Aviso 24256/2023,saído no Diário da República, II série, de 14 de Dezembro, o Vinho de Lafões deu mais um passo de gigante no sentido da sua verdadeira afirmação e reconhecimento perante o Instituto da Vinha e do Vinho e comunidade em geral. Este era o salto que faltava dar desde que foi publicado o Decreto-Lei 61/2020, a seguir ao DL 296/90, revogado, no entanto, pelo DL 212/2004, que veio também a ficar sem efeito, para agora se repescar a legislação de 2020, em que se falava na necessidade de um Caderno de Especificações, a aparecer por esta altura. Realce-se que este nosso Vinho tem atrás de si uma longa história que bastante se acentuou nos inícios do século XX, sofrendo, posteriormente, uma série de avanços e recuos até a este final de ano de 2023, sendo que a lista de castas fora estabelecida pela Portaria 380/2012. No citado Caderno de Especificações, regista-se, preto no branco, que a área geográfica abrangida se estende aos concelhos de Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela e ainda às freguesias de Bodiosa, Calde, Lordosa e Ribafeita, do vizinho município de Viseu. Recomendando-se práticas culturais tradicionais ou afins, advoga-se um rendimento máximo por hectare com estes valores: vinho tinto, 9500 kg; rosado, idem; branco, 10500. Quanto o grau alcoólico deve ser de 9º/vol. Fica expressamente proibido o uso da designação “ Vinho de Lafões” a territórios exteriores a esta nossa região, devidamente demarcada, como vimos nos parágrafos anteriores. Por ser altamente pertinente, aconselha-se a leitura do livro que a Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões dedicou a este nosso produto e, se não for grande incómodo, uma série de artigos que, há tempos, fomos publicando neste mesmo “ Notícias de Lafões”… In “ Notícias de Lafões”, 21 de Dezembro de 2023

sábado, 2 de dezembro de 2023

Na "despedida" de um Amigo, grande obreiro e mestre da ASSOL

Mário continua a andar por aqui Carlos Rodrigues Neste dia 30 de Novembro de 2023, não acredites, meu caro Amigo Mário Pereira, que te vou dizer adeus. Nem penses que isso vai acontecer. A tua saída da nossa ASSOL, em que foste anos a fio e com altíssima qualidade e mérito Director Executivo, é apenas uma mudança de lugar: sais por uma porta, entras em cheio pela outra. De alto funcionário, continuas agora connosco como director associado. Esse é o sinal de que a tua força, capacidade e espírito visionário vão andar de braço dado com esta tua e nossa Casa e com as pessoas apoiadas desde 1987, milhares que são e têm sido, com o suporte nas tuas ideias e projectos. Neste teu notável percurso, encontrámo-nos muitas vezes, ainda que, em muitas dessas fases, jamais me passasse pela cabeça que o trabalho em favor da ASSOL iria ser tão intenso e tão absorvente. Foste tu, Mário, que no ano de 2009 me desafiaste a vir a presidir à Direcção, sucedendo a figuras emblemáticas como o Manuel Rodrigues, a Ester Almeida e Ana Tavares, curiosamente todos a estarem ligados à freguesia de Arcozelo das Maias. Quiseste então, nesse ano em que a ASSOL festejou parte do seu aniversário no meu querido Rio do Eirô, na Sobreira, que um conterrâneo do lado sul da Serra do Ladário assumisse tão gratificante cargo. Com algum receio, decidi aceitar tal desafio, até porque acreditei, desde o início, que irias ser o suporte granítico que sempre foste desde então até agora, quando ainda por aqui ando, muito embora numa posição mais simbólica, a de Presidente da AG. Já agora, recordo-te, meu caro Amigo, que em meados da década de oitenta, quando te ouvi participar numa reunião que se realizou no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Vouzela, sendo tu um credenciado técnico da ARCIL, da Lousã, logo pensei que um dia haverias de dar o teu excelente contributo a uma Instituição do género na tua e nossa terra. Acontece que, como noticiou o jornal “ Notícias de Vouzela”, em 1 de Fevereiro de 1987, Oliveira de Frades pensava a sério em integrar e reabilitar as pessoas com deficiência desse concelho, a partir de um levantamento feito por um grupo de activos voluntários, integrados na ACROF e outros, que veio a ser apresentado no Cine-T eatro Dr. Morgado, em 24 de Janeiro. Tinham então sido detectadas 17 deficiências motoras, 24 visuais, 11 auditivas, 35 mentais, 54 com dificuldades de aprendizagem e 10 com multi-deficiência . Este era o panorama de então. Constituídos, de imediato, alguns grupos de trabalho, um dia, logo nesse ano, foi lançada a ASSOF, Associação de Solidariedade Social de Oliveira de Frades, a antecessora da ASSOL, esta de dimensão mais alargada de cariz regional, a pensar nos municípios de Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela. Para se dar corpo a este projecto, uma outra componente veio dar corda aos sapatos: o contributo do casal, Alexandre Magno Correia de Lemos e sua esposa, D. Antonieta, que ofereceram a sua Quinta no lugar da Feira, onde se instalou a respectiva Sede. Sei, Mário, que te encheste de alegria quando viste que a ASSOL começava a ter pernas para andar. A Lousã lá ficou e tu vieste para aqui, cheio de genica, capacidade, visão, vontade de ajudares que a que se fosse em frente, como na verdade veio a acontecer. Começando-se em Oliveira de Frades, chegou-se agora aos 11 municípios onde se actua, Para esta expansão foi visível e notória a tua costela de visionário quando lançaste a escada ascendente da formação profissional, nascida esta em 1989 e sendo um enorme marco desta Casa. Sem qualquer mania ou desejos de recordar posições que, acerca da ASSOL, assumi noutras funções, como a de autarca, em 2003, ao atribuir à ASSOL a Medalha de Ouro do Município, cheguei a dizer que estávamos perante “ a nova pedagogia activa em acção: a cada um segundo as suas necessidades, para fazer florescer as suas capacidades. 15 anos de vida. Admiro a vossa dedicação… “ E lá estavas tu, Mário, com a Ester e o Manuel Rodrigues na linha da frente. Sempre com a ideia de os direitos humanos a terem de abranger todas, todas as pessoas, essa foi uma luta que logo senti como muito nossa em 2009. Com essa bandeira e com o primado da pessoa sempre primeiro, continuámos a marcha que trazias dos anos anteriores. Lembro-me que, logo alguns meses depois, tive a felicidade de, contigo, abraçar o MacGee e de lançar umas fantásticas jornadas internacionais nas Termas de S. Pedro do Sul sobre as novas pedagogias defendidas por esse saudoso pedagogo e amigo. Tantos passos demos em conjunto, meu Amigo, até virmos a conseguir uma dimensão e reconhecimento europeus, com a primeira das Certificações EQUASS ( e sabes bem com que sacrifícios!), tudo isto apoiados em fantásticos órgãos sociais e nuns funcionários cinco estrelas que tanto nos ajudaram a subirmos e a seguirmos sempre em frente. Estou-te grato por me teres arrastado para este projecto de excelência: as missões que a ASSOL sempre teve e tem nas suas mãos em apoio a milhares de pessoas com deficiência desde a infância à velhice. Gosto imenso de ser parceiro de todas estas caminhadas. Sei que, ao saíres de um lado para ires para outro, aqui vais continuar. O Gil Almeida e sua equipa tem na tua pessoa a marca do que é e dever ser a ASSOL. Por outro lado, na hora da tua despedida, damos as boas vindas à nova Directora – Executiva, a Sofia Ferreira, que tão bem conhece os cantos à Casa e, estou certo e firmemente convicto, Mário, que a esse propósito podes dormir descansado: o cargo está bem entregue. Foste uma força viva sempre. E és um símbolo que cada um de nós transporta com orgulho, vaidade e muita alegria. Obrigado, Mário. Goza esta nova fase da tua vida. Sei que ainda não podes voar sempre para a Holanda ou ir a Lisboa, que a Anja, tua esposa, ainda vai continuar connosco. E ainda bem. Portanto, de certa maneira, o cordão não se partiu de todo. Tens aqui a Embaixadora de tua família. Um forte abraço. Serás sempre lembrado em letras de ouro por aqui e pelo legado que deixas. Mas aparece sempre. Sempre mesmo. Bem haja, uma vez mais… Oliveira de Frades, 30 de Novembro de 2023