sábado, 2 de dezembro de 2023

Na "despedida" de um Amigo, grande obreiro e mestre da ASSOL

Mário continua a andar por aqui Carlos Rodrigues Neste dia 30 de Novembro de 2023, não acredites, meu caro Amigo Mário Pereira, que te vou dizer adeus. Nem penses que isso vai acontecer. A tua saída da nossa ASSOL, em que foste anos a fio e com altíssima qualidade e mérito Director Executivo, é apenas uma mudança de lugar: sais por uma porta, entras em cheio pela outra. De alto funcionário, continuas agora connosco como director associado. Esse é o sinal de que a tua força, capacidade e espírito visionário vão andar de braço dado com esta tua e nossa Casa e com as pessoas apoiadas desde 1987, milhares que são e têm sido, com o suporte nas tuas ideias e projectos. Neste teu notável percurso, encontrámo-nos muitas vezes, ainda que, em muitas dessas fases, jamais me passasse pela cabeça que o trabalho em favor da ASSOL iria ser tão intenso e tão absorvente. Foste tu, Mário, que no ano de 2009 me desafiaste a vir a presidir à Direcção, sucedendo a figuras emblemáticas como o Manuel Rodrigues, a Ester Almeida e Ana Tavares, curiosamente todos a estarem ligados à freguesia de Arcozelo das Maias. Quiseste então, nesse ano em que a ASSOL festejou parte do seu aniversário no meu querido Rio do Eirô, na Sobreira, que um conterrâneo do lado sul da Serra do Ladário assumisse tão gratificante cargo. Com algum receio, decidi aceitar tal desafio, até porque acreditei, desde o início, que irias ser o suporte granítico que sempre foste desde então até agora, quando ainda por aqui ando, muito embora numa posição mais simbólica, a de Presidente da AG. Já agora, recordo-te, meu caro Amigo, que em meados da década de oitenta, quando te ouvi participar numa reunião que se realizou no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Vouzela, sendo tu um credenciado técnico da ARCIL, da Lousã, logo pensei que um dia haverias de dar o teu excelente contributo a uma Instituição do género na tua e nossa terra. Acontece que, como noticiou o jornal “ Notícias de Vouzela”, em 1 de Fevereiro de 1987, Oliveira de Frades pensava a sério em integrar e reabilitar as pessoas com deficiência desse concelho, a partir de um levantamento feito por um grupo de activos voluntários, integrados na ACROF e outros, que veio a ser apresentado no Cine-T eatro Dr. Morgado, em 24 de Janeiro. Tinham então sido detectadas 17 deficiências motoras, 24 visuais, 11 auditivas, 35 mentais, 54 com dificuldades de aprendizagem e 10 com multi-deficiência . Este era o panorama de então. Constituídos, de imediato, alguns grupos de trabalho, um dia, logo nesse ano, foi lançada a ASSOF, Associação de Solidariedade Social de Oliveira de Frades, a antecessora da ASSOL, esta de dimensão mais alargada de cariz regional, a pensar nos municípios de Oliveira de Frades, S. Pedro do Sul e Vouzela. Para se dar corpo a este projecto, uma outra componente veio dar corda aos sapatos: o contributo do casal, Alexandre Magno Correia de Lemos e sua esposa, D. Antonieta, que ofereceram a sua Quinta no lugar da Feira, onde se instalou a respectiva Sede. Sei, Mário, que te encheste de alegria quando viste que a ASSOL começava a ter pernas para andar. A Lousã lá ficou e tu vieste para aqui, cheio de genica, capacidade, visão, vontade de ajudares que a que se fosse em frente, como na verdade veio a acontecer. Começando-se em Oliveira de Frades, chegou-se agora aos 11 municípios onde se actua, Para esta expansão foi visível e notória a tua costela de visionário quando lançaste a escada ascendente da formação profissional, nascida esta em 1989 e sendo um enorme marco desta Casa. Sem qualquer mania ou desejos de recordar posições que, acerca da ASSOL, assumi noutras funções, como a de autarca, em 2003, ao atribuir à ASSOL a Medalha de Ouro do Município, cheguei a dizer que estávamos perante “ a nova pedagogia activa em acção: a cada um segundo as suas necessidades, para fazer florescer as suas capacidades. 15 anos de vida. Admiro a vossa dedicação… “ E lá estavas tu, Mário, com a Ester e o Manuel Rodrigues na linha da frente. Sempre com a ideia de os direitos humanos a terem de abranger todas, todas as pessoas, essa foi uma luta que logo senti como muito nossa em 2009. Com essa bandeira e com o primado da pessoa sempre primeiro, continuámos a marcha que trazias dos anos anteriores. Lembro-me que, logo alguns meses depois, tive a felicidade de, contigo, abraçar o MacGee e de lançar umas fantásticas jornadas internacionais nas Termas de S. Pedro do Sul sobre as novas pedagogias defendidas por esse saudoso pedagogo e amigo. Tantos passos demos em conjunto, meu Amigo, até virmos a conseguir uma dimensão e reconhecimento europeus, com a primeira das Certificações EQUASS ( e sabes bem com que sacrifícios!), tudo isto apoiados em fantásticos órgãos sociais e nuns funcionários cinco estrelas que tanto nos ajudaram a subirmos e a seguirmos sempre em frente. Estou-te grato por me teres arrastado para este projecto de excelência: as missões que a ASSOL sempre teve e tem nas suas mãos em apoio a milhares de pessoas com deficiência desde a infância à velhice. Gosto imenso de ser parceiro de todas estas caminhadas. Sei que, ao saíres de um lado para ires para outro, aqui vais continuar. O Gil Almeida e sua equipa tem na tua pessoa a marca do que é e dever ser a ASSOL. Por outro lado, na hora da tua despedida, damos as boas vindas à nova Directora – Executiva, a Sofia Ferreira, que tão bem conhece os cantos à Casa e, estou certo e firmemente convicto, Mário, que a esse propósito podes dormir descansado: o cargo está bem entregue. Foste uma força viva sempre. E és um símbolo que cada um de nós transporta com orgulho, vaidade e muita alegria. Obrigado, Mário. Goza esta nova fase da tua vida. Sei que ainda não podes voar sempre para a Holanda ou ir a Lisboa, que a Anja, tua esposa, ainda vai continuar connosco. E ainda bem. Portanto, de certa maneira, o cordão não se partiu de todo. Tens aqui a Embaixadora de tua família. Um forte abraço. Serás sempre lembrado em letras de ouro por aqui e pelo legado que deixas. Mas aparece sempre. Sempre mesmo. Bem haja, uma vez mais… Oliveira de Frades, 30 de Novembro de 2023

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