sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A democracia não pode capitular...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, é com enorme apreensão que vejo a corrida das forças russas pelo território imenso da Ucrânia adentro, quase como se de um passeio se esteja a tratar. Sei que é altamente desproporcional o equilíbrio das forças em presença neste recente conflito. Inocentemente, pensei que a força da razão fosse maior e mais poderosa que o poderio das armas. Inocência mesmo. Com Putin o que conta é o poder do gatilho. Connosco, a limpidez dos argumentos em favor da paz e da democracia parece contar muito pouco. Espero ainda, num rasgo de fé, que a democracia não venha a sucumbir e cair nos destroços que os canhões vão semeando por todos os cantos. Não. Nunca a democracia pode capitular, nem que tenha de esperar um pouco mais... Um pouco desesperadamente doloroso, no entanto...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2022

Momentos de aflição e incerteza europeia

Nestas Crónicas dos Meus Dias, devo confessar que olho para a actualidade da nossa Europa com uma enorme preocupação. Os sinais de guerra à vista que nos chegam da Ucrânia e da Rússia não nos podem deixar indiferentes. É já ali que tudo isto se passa. O clima bélico que se vive, em ameaças e em concretizações como o reconhecimento de algumas zonas fronteiriças como "estados" independentes, situação que partiu de um decreto do Presidente Putin, é profundo sinal de que tudo pode estar em perigo. Com a Europa e os EUA a não saberem o que pode vir a seguir, as primeiras restrições começam de se fazer sentir. Podemos estar mesmo perante uma escalada de preços sem par. Mas são sempre as pessoas a preocupar-nos e na Ucrânia a violência a aumentar trará vítimas e muitas vítimas além de populações em fuga. ISTO era tudo o que não esperávamos nem merecíamos: depois ou ainda no meio de um pandemia, uma guerra à nossa porta faz-nos temer o pior. Que Deus nos ajude... E os homens tenham juízo...

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2022

Fechadas há dias, infelizmente e vergonhosamente, reabertas agora as Legislativas de 2022...

Fechado o capítulo das Legislativas de 2022 com maioria absoluta do PS Carlos Rodrigues Se bem nos lembramos como diria, mais ou menos, o inesquecível e saudoso Vitorino Nemésio, nunca o nosso país foi assim tão homogéneo, de norte a sul, incluindo grande parte dos Açores, porque se vestiu de cor de rosa (PS) de uma ponta a outra, distrito a distrito, nestas Eleições Legislativas, de 2022, realizadas no passado dia 30 de Janeiro. Aquém e além, aparecem uns salpicos laranja (PSD), mas apenas no norte e centro e na Madeira. Quer isto dizer, por outras palavras, que esta foi, de uma forma até bastante inesperada, uma vitória estrondosa de António Costa, anterior e futuro Primeiro-Ministro, sem espinhas. Convocadas em função do chumbo do Orçamento para 2022, há, entre os vários derrotados, um sector que tem de repensar bem o que anda por aí a fazer, estando nós, como é óbvio, a referir-nos às empresas de sondagens que não acertaram em nada. Isto é: um desastre completo e generalizados em todas as previsões apresentadas. Se bem que a sociedade já não lhes passe grande “cartucho”, o certo é que vão fazendo caminho e, por mais que se não queira, têm sempre alguma dose de influência na opinião dos eleitores. Como se viu e uma vez mais: nada de fiar em tudo quanto se diga antes da decisão final, a colocação do voto em urna. Como iniciámos esta análise por uma das pontas daquilo que, genericamente, há a dizer, a das derrotas puras e duras, convém que se acrescente que o CDS, que saiu da Assembleia pela primeira vez desde 1975, o BE, a CDU e o PAN são as forças partidárias que mais perderam neste acto eleitoral. Em certa medida, também o PSD, face a algumas expectativas entretanto criadas e alimentadas, se poderá incluir neste capítulo dos “vencidos”… Então, quem é que ganhou com esta disputa? Sem sombras de dúvidas e sem quaisquer rodeios, o PS, o grande vencedor, quando a não aprovação do citado Orçamento o visou e ele sozinho e um pouco ao PAN. Contando-se, é claro, entre os possíveis vitoriosos, em curta lista que incluiu o PSD também, a dimensão da sua vitória é que, atrevemo-nos a dizê-lo, ninguém esperava. Nem os seus próprios elementos, desde o militante ou simpatizante anónimo aos seus mais altos quadros e dirigentes. Nesta galeria, temos de colocar o Chega e o IL(Iniciativa Liberal), que passaram de um para 12 e 8 deputados, respectivamente. Do Livre não se pode dizer que ganhou ou perdeu, porque há dois anos (2019) elegeu uma deputada e agora manteve o mesmo resultado mas com outro candidato. Temos ainda de falar em mais dois aspectos vencedores: a diminuição da abstenção, ainda que em níveis altos demais, e a ida às urnas das pessoas infectadas ou em confinamento devido à Covid 19. A solução encontrada, com a sugestão das 18 às 19 horas, arrancada a ferros e atamancada de todo, inexplicavelmente porque a Assembleia poderia e deveria ter acautelado esta situação (e assobiou para o lado!), afinal, acabou por surtir, pelo menos em parte, o efeito desejado. Depois do dia 30, duas conclusões há a tirar: governo, vamos ter e, quem sabe, várias e novas disputas internas nalguns partidos, talvez mais do que menos. A ver vamos. Quanto a isso, o CDS já o anunciou. Ficamos à espera para ver o que acontece noutras paragens… Uma análise mais localizada Feitos os comentários gerais anteriores, muito pela rama, que muito mais haveria a dizer, não resistimos a registar aqui uma nota bem triste e pesada: os distritos de Viana do Castelo (6 deputados), Vila Real (5), Bragança (3), Viseu (8), Guarda (3), Castelo Branco (4), Portalegre (2), Évora (3), Beja (3) e Faro (9),têm, ao todo, e são 10 distritos, 46 representantes. O círculo de Lisboa – 48. Isto diz tudo acerca do erro e da desgraça em que vivemos. Juntem-se ainda o Porto (40), Braga (19), Aveiro (16), Setúbal (18) e veja-se a disparidade total entre essa faixa do litoral e todo o interior de norte a sul do país. Depois, ainda temos o enorme “desperdício” de votos que não têm qualquer hipótese de elegerem quem quer que seja. Estes temas não podem continuar no esquecimento de quem tem por função zelar pelo equilíbrio territorial e social do Portugal que somos… Nem nós podemos ficar calados. Falando agora na nossa zona, há que referir-se que o distrito de Viseu tocou a mesma música de todos os outros e ficou também cor de rosa, algo de inédito ao que supomos. Entretanto, em número de deputados, houve, aqui sim, um empate: 4 para o PS, outros tantos para o PSD. Coube ao Chega o 3º lugar nesta tabela. Quanto aos concelhos de Lafões e também a Castro Daire, outro empate: 2 para o PS – Vouzela e S. Pedro do Sul; 2 para o PSD – Castro Daire e Oliveira de Frades. Agora, vamos ao trabalho que o país não pode esperar mais. Ou aproveitamos a oportunidade histórica dos milhões e milhões de euros que vamos receber nos próximos anos, ou continuaremos na cauda da Europa que, sendo a nossa casa comum, apenas dela ocupámos os fundos e pouco mais. Há que darmos a volta e seguirmos em frente. Vamos a isso… In “Notícias de Lafões”, Fevereiro, 2022 NOTA – Quando a quente escrevemos estas linhas, ainda não conhecíamos os resultados eleitorais dos círculos da Europa e do Resto do Mundo. Feitas as contagens, envolvidas em lamentáveis polémicas , que só desprestigiaram quem deixou que tudo aquilo tivesse acontecido, desprezando o sacrifício e o voto dos nossos concidadãos em diáspora, acabou por ser eleita a nossa conterrânea Ester Vargas, cabeça de lista pela Europa. Agora, ontem mesmo, o Tribunal Constitucional veio determinar a realização das eleições precisamente na Europa, pelo que, de momento, a incógnita é tudo quanto temos lamentavelmente a registar. No entanto, aqui se publica esta crónica, afinal, com um desfecho ainda incerto… Infelizmente…

domingo, 13 de fevereiro de 2022

Quase 50 anos de democracia e ainda temos situações que nos entristecem...

Nestas Crónicas dos Meus Dias, ainda volto ao tema das eleições e não para comentar resultados, nem falar de maiorias absolutas, nem da falha incontestável das sondagens. Nada disso. Venho aqui para lamentar o triste espectáculo relativo aos resultados das eleições para os círculos da Europa e do Resto do Mundo. O que se verificou, em matéria de contagem dos votos, é uma ofensa à dignidade dos nossos compatriotas, em diáspora, que foram às urnas e que, num circo inconcebível, viram as suas escolhas serem anuladas por caprichos de uma tormentosa e lamentável desorganização nacional, que, depois de quase 50 anos de experiência em eleições, ainda não conseguiu entender-se quanto aos melhores métodos e práticas. Por assim ser, foram colocados no triste caixote do lixo cerca de 180000 boletins. Uma lástima de decisão, uma incompreensível falha de um sistema e de um país que não soube nem respeitar os seus cidadãos, nem honrar a beleza e significado de um processo eleitoral que tem como finalidade decidir e determinar o destino da nossa nação para os próximos quatro anos. Isto não tem explicação possível: faz parte de um anedotário nacional, que todos temos de lamentar e o imperioso dever de corrigir. Obrigatoriamente.