terça-feira, 17 de janeiro de 2017

... Correcção...

... meter MEDO a meio mundo...

Tenho frio mas a maior frente polar não virá de leste mas dos EUA, dia 20

Aqui pela minha terra, Oliveira de Frades, onde os ares marítimos ainda chegam, mas já com pouca força, sente-se bem que o mercúrio dos termómetros está a descer. Em linguagem mais simples, está um frio de rachar. Dizem os sábios do tempo que, a partir de amanhã, quarta-feira, é que serão elas com a chegada de uma forte frente polar, parece que vinda do leste. Aceitando esta tese, até porque não tenho argumentos para a combater, direi que a maior camada de gelo está mesmo para chegar, mas vem do sentido oposto: aparece por aqui vinda dos EUA com aquele vozeirão de meter a meio mundo e não deixar o outro meio de fora. Esse é que é um perigo real. A tomada de posse de Donald Trump (parecendo que o tom do seu discurso, infelizmente, não se alterou muito em relação à campanha)é que é, quanto a mim, uma montanha de gelo em nossas vidas e elas já não andam bem desde há uns tempos, mas por culpa - uma vez mais - dos mesmos EUA de onde veio a maior crise dos últimos anos, convém que se não esqueça. Foi de lá que chegaram as quedas brutais da economia e finanças mundiais. Se, agora, nos atiram com novas tempestades, que Deus nos acuda, que os homens não estão para aí virados, pelo que se sabe. A ver vamos, com um curtinha ponta de esperança. Uma pontinha apenas.

segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A partida de Soares

Neste momento, Mário Soares está no local onde assinou um dos factos mais visíveis e notórios da sua longa e rica carreira de político - o Mosteiro dos Jerónimos, o local escolhido para a nossa adesão à então CEE. Depois de andar, em morte, pelas ruas em maré de liberdade, aspecto da nossa democracia que tanto valorizou, está a chegar a hora de descer à terra no Cemitério dos Prazeres, para aí ficar eternamente. Sei que a sua vida não acaba ali, pelas minhas razões de fé e pela convicção de que a obra que nos legou o tornou imortal. Mário Soares bateu-se por ideias e sua defesa, antes e depois do 25 de Abril. Militante de causas, foi Primeiro-Ministro por 3 vezes e Presidente da República em dois mandatos. Sou de opinião que esteve melhor na segunda que na primeira destas funções. Ser PR era mais a medida da sua própria maneira de ser, creio eu. Com a sua vida dividida pelo Estado Novo e pela Democracia, num e noutro destes tempos sempre foi o que quis ser: um combatente pela liberdade, pela democracia, pelos direitos, por um Portugal moderno e por uma Europa solidária. Morreu com um desgosto: esta UE não é a medida daquilo com que sonhou, nem para lá caminha, que os desvios negativos têm sido mais do que muitos. A sua partida deixa o País e a Europa muito mais pobres. Mas resta-nos a convicção de que o seu testamento não será jamais esquecido.

sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Umas palavras sobre Ribeiradio, Oliveira de Frades

Ribeiradio com mudanças nos seus equipamentos A Quinta do Ladário, em dia de festa do Padroeiro de Ribeiradio, S. Miguel, ampliou a sua centralidade ao receber novos serviços e equipamentos. Com o balcão da Caixa de Crédito Agrícola de Lafões, a Extensão dos Serviços de Saúde, aquele local era já um ponto de passagem obrigatório nesta grande freguesia. A partir do dia 25, muito mais. A vinda da Sede da Junta, dos Correios e do Espaço do Cidadão/Munícipe faz com que ganhe ainda maior importância e tem uma boa mão cheia de condições para essas a estas novas funções. À conversa com o Presidente da Junta de Freguesia, Helder Costa, foi-nos dito que nesta opção pesaram razões de ordem externa e quanto ao interior do edifício em causa, que se encontrava devoluto desde há uns tempos. Cá fora, há boas possibilidades de estacionamento, de acessos por rampas, o que permite o seu uso por pessoas com deficiência e todo o espaço, em volta, permite as funções múltiplas que se pretendem. Com umas instalações com boa qualidade interior e uma exposição solar muito assinalável, ganhar-se-á ainda em eficiência de serviços. Este último aspecto foi muito evidenciado, porque com uma única funcionária e um só telefone, dar-se-ão respostas atempadas a três valências: Junta de Freguesia, CTT e Espaço do Cidadão. Por tudo isto, foi em ambiente de festa ao som da Banda Marcial Ribeiradiense que se procedeu à inauguração deste novo pólo social, perante as entidades autárquicas e religiosas, tendo sido as instalações benzidas pelo Padre Júlio, a que se seguiram as intervenções do Presidente da JF, Helder Costa, e do Presidente da CM, Luís Vasconcelos. Presentes estiveram ainda os Vereadores, o Presidente da AM, Abel Dias, vários Presidentes de outras JF e um representante dos CTT. Um dos outros momentos altos teve e ver com a homenagem que se prestou a todos os anteriores Presidentes da JF local, com a entrega de lembranças, facto que também se estendeu à pessoa do Presidente da Câmara Municipal. Na continuação do diálogo que estabelecemos com Helder Costa, foi acrescentado que as antigas instalações da JF passam a ficar disponíveis para uma Associação que as venha a requerer em processo que seguirá a devida tramitação. Com esta mudança, temos agora uma Quinta do Ladário mais plural nos serviços que presta, podendo, de uma só vez, proceder-se a uma série de operações, de natureza diversa, que ali se encontram à mão de semear. Se a JF já ali já está localizada, tendo até sido palco de uma reunião da AF, os Correios e o Espaço do Cidadão vêm a caminho, chegando dentro de algum tempo. Carlos Rodrigues, 2016, in “Notícias de Vouzela”

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Uma volta pelo Candal - S. Pedro do Sul

Nlafões7dez16 Pérolas das serras do concelho de S. Pedro do Sul Qual cavaleiro andante, nestas viagens pelas Serras de S. Macário e zonas das redondezas, depois de termos falado da Macieira, da Pena e de Covas do Monte, seguimos mais uns quilómetros adiante e fomos encontrar a Coelheira, hoje sem estabelecimentos de ensino mas a fazer ainda recordar a velha escola primária e a Telescola, terra em que sobressaiu, de imediato, a sua pequena barragem e o Retiro da Fraguinha, no local onde, no Verão, há um Parque de Campismo. Parámos uns momentos. Dando umas voltas, estranhámos uma espécie de calhaus rolados, que o monte nos oferecia, talvez a presupor ancestrais movimentos de água, estranhamente lá no alto, vindos de outras eras. Ficando com muitas dúvidas, ainda as não conseguimos desfazer. Reforçámos, porém, uma certeza: estes territórios têm um manancial e um potencial turístico que nos entram pelos olhos dentro. Assim o têm percebido alguns agentes locais, neste lugar e noutros, apenas mais dois, da extinta freguesia do Candal, agora em União oficial com Carvalhais. Esta Coelheira, com pouca gente, mas com uma enorme riqueza, soube agarrar aquela oportunidade e assim fez nascer as citadas valências empresariais, ora de uma forma sazonal, ora em permanência. Com a sua Capela, mostra assim a sua identidade. Ligada por estradas ao S. Macário e a Santa Cruz da Trapa, agora em via renovada, como já uma vez aqui referimos, é ponto a reter no mapa das escapadelas a fazer nesta nossa belíssima região de Lafões. Ali o município de Arouca já espreita, em fusão de “Montanhas Mágicas”, uma feliz expressão e iniciativa da ADRIMAG e de múltiplas riquezas a si inerentes, como as velhas Minas, que urge explorar e aproveitar em termos de enriquecimento da nossa bagagem cultural. De malas aviadas, lá fomos mais uns passotes além. Em socalcos, demos de caras com a Póvoa das Leiras, encimada com uma nova Capela, de onde se avista um largo horizonte e o Candal uns metros abaixo, bem perto, por sinal. Há anos, tomámos nesta localidade uma bica num Café que, dizia o seu proprietário de então, ia resistindo com custo e mal dava para pagar os impostos. Entronca aqui, tal como nessa altura pensámos, a ideia de que o poder central tem de olhar a sério para estes espaços de baixa densidade, dotando-os de medidas de discriminação positiva que façam atrair investimento e vontade de por aqui se viver com dignidade e gosto. Corajosos e com visão de futuro (assim o esperamos) foram aqueles empresários que investiram, já no Candal, num lindíssimo projecto, os “Reacantos da Montanha” com três casas, a do Aido, a do Avô Zé Maria e a da Quelha, num total de sete quartos em instalações apetitosas e agradáveis, onde imperam os materiais autóctones, como o granito, o xisto, a pedra lousinha e as madeiras. Com cerca de três anos de existência, este empreendimento teve o apoio da dinâmica ADRIMAG. Sendo uma espécie de oásis no panorama do alojamento local por estas bandas, aqui e na Coelheira, deram-se bons saltos a esse nível, pelo que há condições para se visitarem estas aldeias serranas durante alguns dias, em busca de todos os seus encantos em descobertas sem fim que, para pernoitar, não faltam boas soluções. Com 1551 hectares de área, montes há-os com fartura. O pior é a escassez quanto ao seu povoamento, que se agravou de uma maneira aflitiva desde 1970 para cá. Curiosamente, com a força das migrações das décadas de cinquenta, sessenta e por aí fora, a população só começou a cair a pique desde os Recenseamentos de 1970 para 1981, tendo o descalabro acontecido, abruptamente, de 1991 para cá, como rezam os números seguintes: ano de 1864 – 339 habitantes; 1878 – 397; 1890 – 418; 1900 – 392; 1911 – 409; 1920 – 405; 1930 – 416; 1940 – também 416; 1950 – 457; 1960 – 471; 1970 – 428; 1981 – 299; 1991 – 209; 2001 – 150 e 2011 – 118. Há algo de absolutamente gritante neste terceiro milénio, em que a fuga disparou assim tão fortemente. Este é um fenómeno que tem de fazer pensar todos os responsáveis pelas políticas públicas. Por este andar, qualquer dia não vemos na antiga freguesia do Candal praticamente ninguém. Ficam-nos, no entanto, as memórias vivas de um património que se não perderá se o agarrarmos a tempo. A “Memoriamedia”, em 2009, ouvindo Luísa de Jesus Campos, deu o seu contributo ao recuperar um pouco das cantigas locais, como a da “Debaixo da Ponte”, que “... Foi onde o José Caixeiro/ Enganou a Lauriberta... “. Mas muitos outras jóias existem em todas estas nossas povoações. Um meio de as descobrir são os percursos pedestres, onde se situam, por exemplo, a Rota da Bétulas e outras. Palmo a palmo, será uma via também para irmos aos moinhos, às levadas, aos lagares, a algum resistente tear e outras tradições que tais. Estas Serras convidam-nos e interpelam-nos, hora a hora. Mas, lá por Lisboa, fala-se muito nos Algarves e pouco nestes locais que são paraísos infindáveis e imortais, sempre à nossa espera. Contrariando essas visões centralistas, por cá vamos fazendo este nosso caminho, andando hoje pelo Candal e arredores. E que boa que foi esta viagem, sentindo nas orelhas um ventinho que também gera riqueza: o mundo das energias eólicas, a girarem lá nos altos!... Carlos Rodrigues, Dezembro, 2016, in “Notícias de Lafões”