segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A partida de Soares

Neste momento, Mário Soares está no local onde assinou um dos factos mais visíveis e notórios da sua longa e rica carreira de político - o Mosteiro dos Jerónimos, o local escolhido para a nossa adesão à então CEE. Depois de andar, em morte, pelas ruas em maré de liberdade, aspecto da nossa democracia que tanto valorizou, está a chegar a hora de descer à terra no Cemitério dos Prazeres, para aí ficar eternamente. Sei que a sua vida não acaba ali, pelas minhas razões de fé e pela convicção de que a obra que nos legou o tornou imortal. Mário Soares bateu-se por ideias e sua defesa, antes e depois do 25 de Abril. Militante de causas, foi Primeiro-Ministro por 3 vezes e Presidente da República em dois mandatos. Sou de opinião que esteve melhor na segunda que na primeira destas funções. Ser PR era mais a medida da sua própria maneira de ser, creio eu. Com a sua vida dividida pelo Estado Novo e pela Democracia, num e noutro destes tempos sempre foi o que quis ser: um combatente pela liberdade, pela democracia, pelos direitos, por um Portugal moderno e por uma Europa solidária. Morreu com um desgosto: esta UE não é a medida daquilo com que sonhou, nem para lá caminha, que os desvios negativos têm sido mais do que muitos. A sua partida deixa o País e a Europa muito mais pobres. Mas resta-nos a convicção de que o seu testamento não será jamais esquecido.

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