terça-feira, 30 de junho de 2015

Educação, um pedagogo de Lafões

Educação Integrar pessoas com deficiência no sistema de ensino, uma tarefa da ASSOL No vasto campo de suas actividades e espírito de missão, a ASSOL – Associação de Solidariedade Social de Lafões – tem exercido uma muito meritória tarefa, em parceria, sobretudo, com o Ministério da Educação, no encaminhamento e apoio dado às pessoas com deficiência, de modo a integrá-las, com sucesso, no dito sistema normal de ensino. Neste campo de acção, desenvolve trabalhos nos domínios da Intervenção Precoce na Infância e dá vazão ao Projecto Integrado, assim se designa essa mesma valência. Num e noutro caso, é fundamental, como agente financiador, o papel do citado Ministério da Educação e do Ministério da Solidariedade e Segurança Social. Mas não se fina por aqui a sua intervenção, quanto a este capítulo: pode acrescentar-se ainda a Formação Profissional e Integração em Mercado de Trabalho, assim se ficando com uma ideia mais ampla e alargada daquilo que está a ser feito nos três concelhos de Lafões e ainda em Tondela e Castro Daire. Num dos documentos orientadores desta Associação pode ler-se, no que reporta à Intervenção Precoce: “… A ASSOL participa na Equipa Local de Intervenção dos concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela, S. Pedro do Sul e Tondela, as quais são constituídas por uma educadora de infância, um enfermeiro e/ou médico e um técnico de serviço social…” Quanto ao Projecto Integrado de inclusão escolar, tendo como base esse mesmo documento, “… A participação da ASSOL no apoio à integração social e escolar de crianças ou jovens é definida no artigo 1º da Portaria nº 1102/97 como um conjunto de «actividades de apoio a escolas do ensino regular, em parceria com as esquipas de coordenação dos apoios educativos»… “ A partir desta norma, criou-se o Projecto Integrado de Lafões, que se estende, como vimos, a Tondela e a Castro Daire. Da área de influência da ASSOL, estão abrangidos agrupamentos desses concelhos, através de protocolos, atrás referenciados, num processo que, aliás, já estava no terreno desde 1991 e tem mantido sempre um ritmo crescente, a ponto de não haver um único aluno, que se saiba, sem respostas adequadas. Melhor do que estas palavras, os números são deveras elucidativos acerca das acções desenvolvidas, extraindo do Relatório de Actividade de 2011 estes indicadores, por rubricas: - PROJECTO INTEGRADO - Terapia da Fala – 2010 – 97 alunos atendidos; 2011 – 99; Psicologia – 2010 – 150 casos; 2011 – 145; Transição para a vida adulta – 2010 – 45; 2011 – 37; Intervenções Sociais – 2010 – 16; 2011 - 15 - FORMAÇÃO PROFISSIONAL E INTEGRAÇÃO EM MERCADO DE TRABALHO – Inscrições recebidas: 2010 – 52; 2011 – 137; Novos candidatos admitidos: 2010 – 34; 2011 – 61; Programas individuais de formação realizada: 2010 – 69; 2011 – 99 Numa outra escala, em número de utentes apoiados, é notório o factor de progressão, ano a ano: - INTERVENÇÂO PRECOCE: 2008 – 20; 2009 – 20; 2010 – 30; 2011 – 40 - PROJECTO INTEGRADO: 2008 – 120; 2009 – 130; 2010 – 288 e 2011 – 296 - FORMAÇÂO PROFISSIONAL: 2008 – 50; 2009 – 50; 2010 – 55 e 2012 - 99 Numa escola para todos, estas componentes nunca podem ser descuradas. Não há uma verdadeira educação se houver alguém que, pelas suas limitações, não tenha acesso ao sistema geral. Deste modo, a ASSOL, com as operações no terreno prático e numa autêntica dimensão de solidariedade, é parceira de um valor incalculável. Uma sociedade será tanto mais justa quanto menos olhar para o lado, para alguém que tem algo que o diferencia, por absurdo que pareça: no dia em que aceitarmos todos os nossos irmãos como iguais e nem dermos pelas suas diferenças, o caminho da vitória humana estará muito mais aplainado. Essa é a visão da ASSOL e um de seus objectivos principais e, no campo da educação, é assim que se comporta e actua. Parabéns!... Carlos Rodrigues

Educação por via da integração, o papel da ASSOL

Educação Integrar pessoas com deficiência no sistema de ensino, uma tarefa da ASSOL No vasto campo de suas actividades e espírito de missão, a ASSOL – Associação de Solidariedade Social de Lafões – tem exercido uma muito meritória tarefa, em parceria, sobretudo, com o Ministério da Educação, no encaminhamento e apoio dado às pessoas com deficiência, de modo a integrá-las, com sucesso, no dito sistema normal de ensino. Neste campo de acção, desenvolve trabalhos nos domínios da Intervenção Precoce na Infância e dá vazão ao Projecto Integrado, assim se designa essa mesma valência. Num e noutro caso, é fundamental, como agente financiador, o papel do citado Ministério da Educação e do Ministério da Solidariedade e Segurança Social. Mas não se fina por aqui a sua intervenção, quanto a este capítulo: pode acrescentar-se ainda a Formação Profissional e Integração em Mercado de Trabalho, assim se ficando com uma ideia mais ampla e alargada daquilo que está a ser feito nos três concelhos de Lafões e ainda em Tondela e Castro Daire. Num dos documentos orientadores desta Associação pode ler-se, no que reporta à Intervenção Precoce: “… A ASSOL participa na Equipa Local de Intervenção dos concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela, S. Pedro do Sul e Tondela, as quais são constituídas por uma educadora de infância, um enfermeiro e/ou médico e um técnico de serviço social…” Quanto ao Projecto Integrado de inclusão escolar, tendo como base esse mesmo documento, “… A participação da ASSOL no apoio à integração social e escolar de crianças ou jovens é definida no artigo 1º da Portaria nº 1102/97 como um conjunto de «actividades de apoio a escolas do ensino regular, em parceria com as esquipas de coordenação dos apoios educativos»… “ A partir desta norma, criou-se o Projecto Integrado de Lafões, que se estende, como vimos, a Tondela e a Castro Daire. Da área de influência da ASSOL, estão abrangidos agrupamentos desses concelhos, através de protocolos, atrás referenciados, num processo que, aliás, já estava no terreno desde 1991 e tem mantido sempre um ritmo crescente, a ponto de não haver um único aluno, que se saiba, sem respostas adequadas. Melhor do que estas palavras, os números são deveras elucidativos acerca das acções desenvolvidas, extraindo do Relatório de Actividade de 2011 estes indicadores, por rubricas: - PROJECTO INTEGRADO - Terapia da Fala – 2010 – 97 alunos atendidos; 2011 – 99; Psicologia – 2010 – 150 casos; 2011 – 145; Transição para a vida adulta – 2010 – 45; 2011 – 37; Intervenções Sociais – 2010 – 16; 2011 - 15 - FORMAÇÃO PROFISSIONAL E INTEGRAÇÃO EM MERCADO DE TRABALHO – Inscrições recebidas: 2010 – 52; 2011 – 137; Novos candidatos admitidos: 2010 – 34; 2011 – 61; Programas individuais de formação realizada: 2010 – 69; 2011 – 99 Numa outra escala, em número de utentes apoiados, é notório o factor de progressão, ano a ano: - INTERVENÇÂO PRECOCE: 2008 – 20; 2009 – 20; 2010 – 30; 2011 – 40 - PROJECTO INTEGRADO: 2008 – 120; 2009 – 130; 2010 – 288 e 2011 – 296 - FORMAÇÂO PROFISSIONAL: 2008 – 50; 2009 – 50; 2010 – 55 e 2012 - 99 Numa escola para todos, estas componentes nunca podem ser descuradas. Não há uma verdadeira educação se houver alguém que, pelas suas limitações, não tenha acesso ao sistema geral. Deste modo, a ASSOL, com as operações no terreno prático e numa autêntica dimensão de solidariedade, é parceira de um valor incalculável. Uma sociedade será tanto mais justa quanto menos olhar para o lado, para alguém que tem algo que o diferencia, por absurdo que pareça: no dia em que aceitarmos todos os nossos irmãos como iguais e nem dermos pelas suas diferenças, o caminho da vitória humana estará muito mais aplainado. Essa é a visão da ASSOL e um de seus objectivos principais e, no campo da educação, é assim que se comporta e actua. Parabéns!... Carlos Rodrigues

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Vouzela, uma vila animada e mimada

Nvouzela18jun15 Vouzela no centro de Lafões A meio da encosta do Monte Castelo e de seu irmão Lafão, que, juntos, segundo se crê, deram origem à própria designação desta Região, a de Alafões, ou Lafões, mais especificamente, fica a vila de Vouzela, a terra de Vaucella, com o Vouga aos seus pés. Com este Rio como sua marca, uma outra se lhe cola na perfeição, a da sua profunda ligação à Serra do Caramulo. Com uma grande antiguidade, a sua história está cheia de dados de extrema importância, daqui tendo saído alguns dos mais prestigiados obreiros do nosso passado nacional, local e regional e até em termos de além-mar. Sede de freguesia, por si só, desde há muitos anos, agora faz parte da União que congrega também Paços de Vilharigues, que, com sua Torre, nesta tem um bom farol, a indicar tempos de outrora, renovados recentemente, estabelecendo um bom diálogo com a Nossa Senhora do Castelo e com o Monte Gamardo. Partindo nós de uma recolha de dados que remonta a a 1889, esta terra de S. Frei Gil, D. Duarte de Almeida, João Ramalho, Padre Simão Rodrigues de Azevedo e Morais Carvalho, entre tanta outra gente de peso, distribuía-se então pela Vila, Igreja (sic), Valgode, Caritel e os casais de Linhares, Cabrela, Ribeirinha, Candeeira, Pombal, S. Paio, Foz, Crujo, Ermida, Cavada, Pinheiro, Matas e Costeira, contando ainda com as Quintas da Sarnada (?), Continha, Lamas, Costeira, Matas, Regadas, Caritel, Poldras, Portelo, Porto-Salto, Cavalaria, Valgode, Avelar e Linhares, falando-se apenas da freguesia dessa época. Na vila, duas praças, a de Cima, a Velha, e a de Baixo, a Nova, rivalizavam entre si, isto é, a Praça da República e o Largo Morais Carvalho eram os centros que aqui se distinguiam. Entre estes espaços e a Igreja Matriz, ficava o Largo da Corredoura, local da Feira de então, pensando nós de que se trata da actual Alameda. Por estes sítios, ganhavam o seu sustento alguns comerciantes, dois farmacêuticos, ferreiros, serralheiros, sapateiros, alfaiates, havendo ainda oficinas de tecelagem de panos de linho, de estopa e burel, quatro fornos de poia (pão) e pisões nos Rios Vouga, todo o ano, e no Zela, em época de fortes caudais. Com uma boa centralidade política, a associação, por exemplo, do Pai de S. Frei Gil à corte e à “Câmara” de Coimbra, de D. Duarte de Almeida aos homens do D. Afonso V, de João Ramalho à colonização do Brasil, do Padre Simão de Azevedo à fundação da Companhia de Jesus e de Morais Carvalho à fina flor do Liberalismo fazem com que todas estas evidências sejam disso um testemunho indesmentível. Num tempo em que os aspectos religiosos também andavam de mão dada com as forças políticas, justificam-se as Igrejas e Capelas que por aqui foram existindo ao longo dos tempos: Igreja Matriz, da Misericórdia, de S. Frei Gil, Capela de Nossa Senhora do Castelo, de S. Sebastião, de S. João (Casa das Ameias, em preocupantes ruínas), de S. Pedro (Valgode), de Santa Catarina (Quinta da Sarnada). Em monumentalidade, porém, há muito mais a citar: Ponte, na Rua do mesmo nome, toda ela um património incalculável, Fonte da Nogueira, edifício da Antiga Câmara (Biblioteca Municipal), Museu Municipal, Estátua de Morais Carvalho, casas senhoriais e brasonadas, sendo por isso quase lícito afirmar-se que se está perante uma Vila-Museu. Assim sendo, se é importante valorizá-la e preservá-la, não menos determinante é, para um seu futuro sustentável, rasgar-lhe outros horizontes fora de muros, se assim se pode falar. Como é reduzido o espaço a ocupar, fiquemo-nos com estas datas e respectivas evocações, extraídas de um desdobrável das Festas do Castelo: 1093 – um dos primeiros documentos escritos sobre esta vila; 1307 – criação da Feira; 1436 – concelho de Lafões, D. Duarte; 1882 – estátua Morais Carvalho; 1885 – fundação dos Bombeiros; 1904 – ponte sobre o Rio Vouga; 1926 – Mercado Municipal; 1927 – extinção da Comarca, restaurada em 1973; 1929 – iluminação eléctrica; 1929 – Associação os Vouzelenses; 1931 – em segunda fase, Sociedade Musical Vouzelense; 1935 – Notícias de Vouzela; 1959 – Hospital da Misericórdia; 1962 – Colégio de S. Frei Gil; 1964 – Cooperativa Agrícola de Lafões; 1966 – Quartel dos Bombeiros/Prédio das Colectividades. Para se conhecer esta terra e toda a região de Lafões, entre muitos outros valiosos contributos que têm vindo a surgir, não podemos deixar de referir o papel do Professor Amorim Girão, que, em toda a sua vida académica, com uma notável obra realizada na Universidade de Coimbra, em torno da Geografia e da Arqueologia, sobretudo a partir dos anos vinte do século passado, se tornou pioneiro na divulgação da história e património destas nossas localidades de Lafões. Devem-se-lhe descobertas e análises registadas para a posteridade de um valor incalculável. Foi tal a sua importância neste campo científico que a atribuição de seu nome a um qualquer espaço, não perecivel no tempo, como uma sala da Biblioteca ou algo do género, seria uma boa ideia e um acto de justiça. Indissociável da região em que se insere, Lafões, nela sempre permaneceu, podendo até dizer-se que chegou a ser, em certa medida, um de seus lugares cimeiros. Por este facto, recebeu, por exemplo, uma das primeiras Misericórdias do País, mal D. Leonor criara em Lisboa, em 1498, esta preciosa Instituição. Com uma área de cerca de 193 quilómetros quadrados, tem hoje 9 freguesias por força de uma legislação algo sem pés nem cabeça, que, esvaziando ancestrais órgãos de governação local, fez desaparecer, integrando-as, as restantes três. Com essa medida, por mais que nos esforcemos em ver vantagens, muito se perdeu e pouco se ganhou. Mas em termos de perdas e fugas de serviço, corariam D. Dinis, D. Duarte e D. Manuel que tanto fizeram em aqui acrescentarem mais-valias, desde a Feira, já citada, a outras benesses. Cabe aqui uma palavra de muito apreço em louvor de todos aqueles – e muitos foram – que tanto fizeram pelo recuperação da Comarca, que teve, assinale-se, no então Governador Civil de Viseu (1973), Eng. Armínio Quintela, uma alavanca essencial. O mesmo se diga de quem fez erguer o velho Hospital, de construir um novo Palácio da Justiça que, depois de pouco mais de duas décadas de serviços prestados, está praticamente às moscas, em mais um desacerto governamental de todo o tamanho. Se uns tiram, outros semeiam e a vinda do IP5/A25 é um pilar essencial para o desenvolvimento deste concelho, que tem os melhores pastéis do mundo e é parceiro de um espaço onde podem pastar as nossas famosas vitelas de Lafões. Em matéria de equipamentos, importa também lamentar os cortes na Saúde, outra facada nas nossas costas que ainda sangra a bom sangrar. Já agora, diga-se que, ao falarmos de desaparecimentos cruéis, temos de recuar muito no tempo, porque o Covento aqui existente outrora quase não deixou rasto, o mesmo tendo acontecido com as muralhas do Castelo no sítio do mesmo nome. Triste sina é a desta terra. Ficam, no entanto, vivas e imortais as suas belezas e memórias, que ninguém mais vai apagar. Do passado recente, muito anda por aqui escrito. E dos tempos de outrora fica quase tudo por dizer, mas não é possível ir mais longe, por agora. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Cambra, terra de encantos e (en)cantares

Cambra28mai15 Cambra com história forte e lenda também Nisto da etimologia não é fácil afirmar certezas, porque são pantanosas as teses em que nos podemos apoiar. Em Cambra, quando à sua designação, assim acontece. Fiquemos, porém, por aquela teoria que nos parece mais lógica, a da sua ligação ao Rio Cambar, hoje Alfusqueiro, por nos merecer um certo ar de autenticidade, ainda que muito tremido. Se, em nome, ficam as dúvidas, em história e lenda, temos por aqui matéria aos montes. Com base em documentação história antiga, esta de 1147, fala-se num testamento de Maria Rabaldes (sabendo-se que os Rabaldes têm uma profunda ligação a esta nossa Região), que faz ligar Cambra ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, então ainda em fase de afirmação, porque havia nascido na década de trinta desse mesmo século. Em lenda, a do Lobisomem chega para dar e vender. Com a sua caverna ao lado do Rio Couto, as suas façanhas perduram pelos tempos fora, em noites de lua cheia, sobretudo em casas em que não havia nem Custódios, nem Custódias, Bentos e Bentas, como era “exigido” ao sétimo filho ou filha em termos de nome. Em curtas linhas, todo o espaço é pouco para se conhecer esta freguesia e paróquia de S. Julião, que tem uma das mais imponentes Igrejas por estas bandas, com as suas duas torres, uns caixotões de uma riqueza evocativa e cultural de alto valor, felizmente agora restaurados, uns azulejos encantadores e um espaço envolvente, como Centro Histórico, que nos merece todos os elogios nas suas obras de beneficiação e restauro, estas com origem nos poderes públicos com apoio popular, a que se deve acrescentar quanto de bom foi feito no Solar que engrandece todo este lugar. Numa terra que tem no passado fortes motivos de orgulho, estendendo-se este ao seu animado ritmo cultural e associativo, são notórias as marcas que farão história por muitos e muitos anos, daqui para a frente. Não parando no tempo, as actuais gerações ali criaram a Extensão do Centro de Saúde, o Centro de Dia e Lar, o novo Jardim de Infância e Escolas, as sedes da velhinha mas saborosa Verdi Cambrense, da quarentona ACRC e tantas outras iniciativas que criaram novos marcos, os da actualidade. Com S. Julião como Padroeiro, em Cambra, o Espírito Santo e a Santa Combinha, uma notável devoção e romaria que originou uma das peças mais famosas do nosso cancioneiro, jamais podem ser esquecidos. Temos ainda o Santo Antão, em Caveirós de Cima, a Santa Luzia, em Tourelhe, a Nossa Senhora das Dores, em Pés-de-Pontes, mostrando uma religiosidade que é factor de forte identidade. Freguesia agora unida a Carvalhal de Vermilhas, recordando tempos de outrora, fez parte do concelho de Lafões, do de Oliveira de Frades, até 2 de Novembro de 1871, data em que passou a integrar, até aos nossos dias, o de Vouzela. Com uma notável Torre senhorial num recanto de sonho, ali em Cambra de Baixo, junto ao Rio Alfusqueiro, em área territorial sobe à Serra do Caramulo, de onde se avista um bonito panorama. Tendo 1244 habitantes em 2011, nota-se uma diminuição populacional que urge fazer inverter, tal como em muitos outros lados deste nosso esquecido Interior de Portugal. Completando estas parcas linhas, nada melhor que ouvir as melodias que por aqui se cantam, em espólio musical e cultural que é nosso encanto e orgulho. Ouçamo-las sempre!... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”

terça-feira, 23 de junho de 2015

Assembleia Municipal de Oliveira de Frades em "Dia aberto"

Dia aberto trouxe Zona Industrial para debate No passado dia 12, a Assembleia Municipal de Oliveira de Frades avançou com o seu plano dos Dias Abertos, tendo este último sido consagrado a debater a Zona Industrial e a vida empresarial do concelho, em geral. Para presidir aos trabalhos, a Mesa foi constituída pelo Presidente deste órgão autárquico, Dr. Abel Dias, Presidente da Câmara Municipal, Dr. Luís Vasconcelos, representante da Direcção da Escola Secundária, local escolhido para este evento, Eng. José Viegas, participando ainda com seu testemunho, como convidado, o Eng. Paulo Bastos, da firma Portax. Com uma plateia, onde se viam, maioritariamente, vários investidores e autarcas, a mostrar a sua opinião e sugestões, os trabalhos andaram à volta das propostas feitas pelo Presidente da AM, referindo que este era um encontro informal, não deixando de mostrar o seu orgulho e contentamento por poder falar de uma ZI com a dimensão e importância da que existe neste Município, ao mesmo tempo que, em jeito de justificação para a opção pela Escola, pôs em destaque a sua componente formativa em cursos profissionais e tecnológicos. Logo que começou a sua intervenção, o Eng. Paulo Bastos disse que a vinda da Portax, há cerca de 25 anos, para esta terra se revelou uma boa decisão estratégica, acrescentando mesmo, a certa altura, que “ este concelho é um conselho que dou” a toda a gente na hora de instalar uma qualquer empresa. Considerando-o como não enquadrável no conceito restrito do “interior”, tão bons são os seus acessos, não quis evitar, porém, dois ou três factores que, a seu ver, são obstáculos em termos de competitividade: a falta de atractividade para quadros superiores e médios altamente qualificados, que têm de vir de fora, a inexistência de gás natural (algo que se revela como um ponto negativo, por exemplo, agora que o seu Grupo vai investir milhões de euros num novo projecto nesta ZI), as portagens na A25 e respectivos reflexos no custo dos transportes. Apesar destes contratempos, essa nova aposta vai mesmo ser concretizada, adiantando o Presidente da Câmara que já foram disponibilizados dois hectares de terreno a custos praticamente simbólicos, tendo em conta o alcance e natureza deste novo investimento, aproveitando esta sua intervenção para indicar que os esforços que estão a ser feitos em educação, equipamentos sociais e infraestruturas várias vão no sentido de criar condições para a fixação e atracção populacional, sobretudo de jovens e bons quadros, assim como se disponiblizou para prestar apoio, a todos os níveis, a quem queira investir sustentadamente. Chamou, todavia, a atenção para a necessidade de o mercado laboral oferecer maior estabilidade e mais confiança no futuro. Para o Eng. José Viegas, a Escola tem conseguido, nos citados cursos, que os alunos a eles acedam por vocação, o que só valoriza a qualidade do ensino que aqui se pratica, um bom meio para, em parceria com o tecido empresarial, lhe proporcionar bons profissionais. Só que, disse, há um período temporal de três anos que inviabiliza respostas rápidas, antes de se atingir a velocidade cruzeiro. Em maré de debate, abordaram-se as questões do associativismo, das incubadoras de empresas, da futura existência de um Gabinte de Apoio a disponibilizar pela CM, dos transportes, da ética e da necessidade de intervenção social por parte de todos os investidores. Ponto também focado foi o da necessidade de se olhar especificamente – e muito – pelas pequenas e médias empresas, que têm os seus problemas muitos particulares. Com a consciência do peso local, regional e nacional desta ZI, a falta de sinalética foi outra das críticas que ali se ouviram. Enfim, em cerca de duas horas de boa conversa, foi reforçada a ideia de que a veia empreendedora do concelho de Oliveira de Frades tem condições para, se tudo correr de feição, ir ainda bem mais longe. Assim se escreva nas esferas da economia e das finanças públicas a vontade de aliviar quem tudo faz para produzir riqueza e bem-estar. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Junho, 2015

terça-feira, 9 de junho de 2015

O cheiro pestilento do meu futebol

Tenho andado a adiar este desabafo público, mais um, aliás. É de futebol que vou falar em dois tons, um bem perfumado, outro em horrível cheiro pelo que se aconselha a que se tapem os narizes. PONTO UM - Este ano, com a vitória do meu GRUPO DESPORTIVO DE OLIVEIRA DE FRADES, subindo nos seniores, aos nacionais, havendo ainda mais escalões com igual sucesso, sinto-me bem, muito bem. Acrescento a este bom estado de espírito o feito da GD de TONDELA que ascendeu ao escalão maior da nossa Liga. Eis outro apetecível cheiro. Cautela, vem aí o PONTO DOIS - É uma vergonha o que se passa na alta roda, ao nível da FIFA, é uma miséria de atitudes aquilo que se vive na Luz, em Alvalade e em Braga (?). Comentemos: que Jorge Jesus tenha saído do meu SLB, lamento, mas aceito, que remédio!...Que a sua cara tenha sido retirada dos fotografias das glórias conquistadas, acho de um muitíssimo e condenável baixo nível, eu que sou SLB de cima a baixo. Intolerável. Continuemos: o que se passa no SCP com Marco Silva e em Braga (?) com o seu treinador parece-me, no mínimo, uma forte estupidez e algo que deveria envergonhar o dirigismo desportivo. Com tudo isto a cheirar mal, vou já embora. Até outro dia!...

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Recordar respostas escolares num País assimétrico: Colégio de S. Frei Gil, 1962

Colégio de S. Frei Gil assinalou Bodas de Ouro – um testemunho pessoal Desde que, num esforço conjugado e numa iniciativa que se concretizou em reduzido espaço de tempo, o antigo Colégio de S. Frei Gil abriu as portas em Outubro de 1962, passaram-se cinquenta anos. Numa casa que albergou esse mesmo Colégio, uma Secção da Escola Industrial de Viseu, a Escola Preparatória D. Duarte de Almeida e é, agora, a Escola Básica de Vouzela e sede de um Agrupamento Escolar, muitas são as vivências e ricos os contributos que se sucederam em catadupa. Para pôr em evidência tudo isso, a Associação D. Duarte de Almeida e a Comissão dos Antigos Alunos organizaram um programa de comemorações, que contou com dois momentos distintos: um “peddy paper” de descoberta dos monumentos da vila e um almoço-convívio. Com o ponto de encontro centrado na Praça Morais Carvalho, onde o Café Rocha serviu um agradável beberete, em equipas, partiu-se então para a primeira das tarefas que foram propostas às dezenas de participantes. Munidos de uma carta geográfica e de uns tópicos acerca dos locais a visitar e identificar, por ali se andaram duas boas horas, vendo e registando pormenores que não eram facilmente apreensíveis. Com paciência e olhos de lince, lá se foram resolvendo, com mais ou menos êxito, os enigmas constantes do pacote em questão. Esta foi uma maneira, ou de rever pormenores, ou, desvendando-os, de tomar, uma vez mais, contacto com a riqueza monumental desta terra. Em feliz coincidência, puderam estes grupos cruzar-se com um outro grande evento cultural, com pesos internacional, a Bienal de Arte, que, em dia de sol, alegrava ainda mais todo este mesmo espaço. Terminada esta tarefa, a etapa final estava localizada, precisamente, nas instalações do ex-Colégio de S. Frei Gil, onde se haveria de cumprir, então, a segunda parte da agenda que tinha sido enviada para quem quis participar nestas jornadas de saudade, memória e reconhecimento. O edifício inicial, com vários retoques, lá estava a dizer que ali nascera o sonho de muita gente, que, estudando em respostas que o Estado então não dava, foi depois caminhando pela vida fora. Mais idosos, os jovens dessa época, os fundadores, que ali compareceram, os professores, os funcionários, puderam todos, talvez com uma lágrima no canto do olho, recordar tempos que já lá vão, mas que não esquecem. Escusado será dizer-se que, se a escada de acesso ao segundo piso testemunha bem, pelo desgaste que se nota, a passagem dos anos, tudo ali é também diferente: várias gerações ali se cruzam, em termos de instituições escolares e de esquemas de funcionamento e os novos edifícios e interligações entre eles são a marca dessa mesma evolução. Do velho Colégio, felizmente, houve sempre o bom senso de o preservar e integrar na paisagem posterior. Mas, neste momento, aquele espaço tem outros pavilhões e valências, como um magnífico Auditório, e até a antiga Escola Primária faz agora parte deste complexo global e moderno. Ou seja: o passado resiste, não foi engolido por nada e convive, em amena cavaqueira, com tudo quanto ali se foi construindo, que os tempos não pararam e isso é muito importante. Mostra-se assim a vontade de andar para a frente, mas nunca de renegar aquilo que é uma herança viva de quem, em 1962, partiu para esta bonita aventura. Porque, nesta marcha, um dia me coube a honra de por lá ter passado um ano da minha vida, quis estar presente, curiosamente, com duas gerações familiares, como ex-alunas, separadas por décadas, que me acompanharam nesse convívio, que teve também na Escola Profissional outra de suas peças fundamentais. Porque a Lurdes Pereira, noutro local, já falou, e muito bem desta Festa, este desabafo tem apenas o significado de uma vivência particular, que aqui se regista. Entre os muitos momentos que há a evidenciar, um deles tocou-nos particularmente: foi quando o Professor António Girão e a Matilde Figueiredo se referiram ao contributo da Dr.a Clara Simões, homenageando-a, enquanto ex- directora do Colégio, com um ramo de flores, entregue a seu marido, o Dr. António Simões, um dos fundadores ali também sentado à mesa. A vida é feita de gestos e o da solidariedade tem, nela, um papel fundamental, o que ali foi bem evidente. Cinquenta anos já se viveram. Agora, é o futuro que espreita e que seja bem melhor que este presente que estamos a viver. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, 2012