quarta-feira, 24 de junho de 2015

Cambra, terra de encantos e (en)cantares

Cambra28mai15 Cambra com história forte e lenda também Nisto da etimologia não é fácil afirmar certezas, porque são pantanosas as teses em que nos podemos apoiar. Em Cambra, quando à sua designação, assim acontece. Fiquemos, porém, por aquela teoria que nos parece mais lógica, a da sua ligação ao Rio Cambar, hoje Alfusqueiro, por nos merecer um certo ar de autenticidade, ainda que muito tremido. Se, em nome, ficam as dúvidas, em história e lenda, temos por aqui matéria aos montes. Com base em documentação história antiga, esta de 1147, fala-se num testamento de Maria Rabaldes (sabendo-se que os Rabaldes têm uma profunda ligação a esta nossa Região), que faz ligar Cambra ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, então ainda em fase de afirmação, porque havia nascido na década de trinta desse mesmo século. Em lenda, a do Lobisomem chega para dar e vender. Com a sua caverna ao lado do Rio Couto, as suas façanhas perduram pelos tempos fora, em noites de lua cheia, sobretudo em casas em que não havia nem Custódios, nem Custódias, Bentos e Bentas, como era “exigido” ao sétimo filho ou filha em termos de nome. Em curtas linhas, todo o espaço é pouco para se conhecer esta freguesia e paróquia de S. Julião, que tem uma das mais imponentes Igrejas por estas bandas, com as suas duas torres, uns caixotões de uma riqueza evocativa e cultural de alto valor, felizmente agora restaurados, uns azulejos encantadores e um espaço envolvente, como Centro Histórico, que nos merece todos os elogios nas suas obras de beneficiação e restauro, estas com origem nos poderes públicos com apoio popular, a que se deve acrescentar quanto de bom foi feito no Solar que engrandece todo este lugar. Numa terra que tem no passado fortes motivos de orgulho, estendendo-se este ao seu animado ritmo cultural e associativo, são notórias as marcas que farão história por muitos e muitos anos, daqui para a frente. Não parando no tempo, as actuais gerações ali criaram a Extensão do Centro de Saúde, o Centro de Dia e Lar, o novo Jardim de Infância e Escolas, as sedes da velhinha mas saborosa Verdi Cambrense, da quarentona ACRC e tantas outras iniciativas que criaram novos marcos, os da actualidade. Com S. Julião como Padroeiro, em Cambra, o Espírito Santo e a Santa Combinha, uma notável devoção e romaria que originou uma das peças mais famosas do nosso cancioneiro, jamais podem ser esquecidos. Temos ainda o Santo Antão, em Caveirós de Cima, a Santa Luzia, em Tourelhe, a Nossa Senhora das Dores, em Pés-de-Pontes, mostrando uma religiosidade que é factor de forte identidade. Freguesia agora unida a Carvalhal de Vermilhas, recordando tempos de outrora, fez parte do concelho de Lafões, do de Oliveira de Frades, até 2 de Novembro de 1871, data em que passou a integrar, até aos nossos dias, o de Vouzela. Com uma notável Torre senhorial num recanto de sonho, ali em Cambra de Baixo, junto ao Rio Alfusqueiro, em área territorial sobe à Serra do Caramulo, de onde se avista um bonito panorama. Tendo 1244 habitantes em 2011, nota-se uma diminuição populacional que urge fazer inverter, tal como em muitos outros lados deste nosso esquecido Interior de Portugal. Completando estas parcas linhas, nada melhor que ouvir as melodias que por aqui se cantam, em espólio musical e cultural que é nosso encanto e orgulho. Ouçamo-las sempre!... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”

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