quinta-feira, 27 de julho de 2023

Trutas e rojões em Campia

Iguarias do Rio e dos porcos animam festa em Campia Carlos Rodrigues Esta foi a sexta edição da Mostra Gastronómica do Peixe do Rio e dos Rojões da nossa Terra realizada no Parque Fluvial de Porto Várzea, Campia, nos passados dias 8 e 9, tendo o Rio Alfusqueiro como forte parceiro na animação recreativa ali vivida. Ao convite da Junta de Freguesia, que teve o apoio da Câmara Municipal de Vouzela, acederam várias associações e organizações locais, tais como o Grupo Desportivo, os Escuteiros, o Grupo Recordações de Campia, o Grupo de Bombos, de Cercosa, e a Associação de Fiais, a par de alguns bares. Depois dos trabalhos de preparação, no local e em outros sítios, o arranque do certame iniciou-se cerca das 17 horas de sábado, dia 8, ao som dos Grupos de Bombos de Cercosa e Campia, que entraram no recinto em desfiles. Seguiu-se-lhes o Grupo de Cavaquinhos de Alcofra e, à noite, a festa esteve a cargo dos “ Vouguinhas”, de S. Pedro do Sul, agora em grande forma com os seus sucessivos êxitos em concursos televisivos. Fechou a animação deste primeiro dia o DJ The Boss. Com o Rio a ser um bom palco para passeio de barcos, com os Bombeiros ao comando, e para provas de natação, meio a sério, meio a brincar, que a diversão é também uma característica destas Mostras Gastronómicas, as trutas e outros peixes, bem como os rojões, foram os reis da culinária, em refeições e lanches no Parque em si e em serviço para fora. No domingo, coube ao Grupo Estrelas Incomparáveis criar o ambiente para uns bons momentos de fruição musical, o que vem, nestes casos, sempre a calhar. Para as crianças, os insufláveis e outros motivos fizeram com que tivessem ali uma salutar forma de se divertirem ao ar livre e em contacto com a natureza, dentro e fora de água. Na cerimónia de abertura, estiveram presentes o Vice-Presidente da Câmara Municipal, Carlos Oliveira, a Vereadora da Cultura, Carla Maia, o Presidente da Junta de Freguesia Carlos Duarte e a Secretária, Cristina Farias. Num balanço geral, ali foram servidas cerca de 750 refeições pelas várias entidades participantes e bem pode dizer-se que esta VI Mostra Gastronómica continuou a abrir o apetite para outras mais que vierem nos próximos anos, como nos garantiu Carlos Duarte. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, Julho 2023

Dão, que é desta vez que o IP 3 vai mesmo passar a ter perfil de auto-estrada, ainda que num espaço temporal dilatado demais e em trabalhos muito faseados, deste modo: ano de 2024 – 19700000 euros; 2025 – 52 milhões; 2026 – 53700 milhões; 2027 – 4600, tendo em conta a informação colhida no Diário de Viseu (11 de Julho). Se esta é uma boa notícia, quando se diz que arranca já no próximo ano, não podemos esquecer o seu passado, desde a velha estrada nacional nº 2, em voltas e voltinhas de Viseu a Coimbra, com curvas sem fim e a passar por dentro de uma boa dose de localidades, como Tondela, Santa Comba Dão, Mortágua, Luso e por aí fora, em viagens longas e duras de fazer, isto aí até às décadas de oitenta e noventa do século passado, altura em que vimos nascer o já citado IP 3. Nesta via, registamos, infelizmente, uma série de trágicos acidentes e muitos transtornos, devido a obras parcelares que se foram fazendo desde então até ao presente. Com início em Vila Verde da Raia e o seu “términus” na Figueira da Foz, tem esta via uma distância de 279 quilómetros, sendo que, de Viseu a Coimbra, se apresenta com um perfil de via rápida, em parte construída sobre o piso da EN 2 e muitos outros troços em traçado novo, com a sua conclusão a ser definida no ano de 1999 e com a designação de estrada europeia, E 801. Desde os anos setenta, pelo meio, construiu-se a Barragem da Aguieira, que veio também contribuir para outras e novas mudanças, com destaque para enormes pontes, algumas delas de tão curta duração que obrigaram ao lançamento de novas soluções lado a lado, em infraestruturas lançadas de raiz, tão perigosas eram as suas antecedentes, como bem se pode ver logo a seguir à área de serviço, no sentido Viseu-Coimbra, um pouco antes da ligação para a vila de Mortágua. Entretanto os trabalhos que se anunciam até 2027 contemplam os troços Souselas-Lagoa Azul; daqui para Santa Comba Dão e desta cidade para Viseu, sendo este o espaço que agora veio a aparecer em sede de concurso público. Com passagem pela zona de dois importantes rios, o Dão e o Mondego, era esta estrada uma contínua dor de cabeça para quem nela circulava e mesmo para quem nela projectava viajar, sendo objecto de sucessivas reclamações e de muitos e diversificados contactos ao mais alto nível, sobretudo entre as autarquias e o poder central. Salvo pequenos arranjos, a obra decisiva tardou a aparecer e os anúncios presentes ainda se mostram algo tímidos, como já dissemos. Entre Santa Comba Dão e Viseu, na sua passagem a auto-estrada, prevê-se investir uma verba a rondar os 133 milhões de euros, com base na portaria do passado dia 10. Com as expectativas nem sempre em alta, tendo em conta uma série de exemplos que temos vindo a constatar, não podemos deixar de dizer que o ano de 2027 é apenas uma espécie de previsão que os atrasos já se adivinham e não é difícil vaticinar uma conclusão, para a generalidade dos troços, alguns tempos depois dessa data. Ao menos, sentimos algum conforto em saber que as cidades de Coimbra e Viseu vão, finalmente, ficar ligadas por uma via moderna e eficiente como há muito se desejava… Felizmente. Também para Lafões esta boa novidade tem todo o interesse deste mundo, porque o que é bom para Viseu também o é, de certeza, para todos nós… “ Os Vouguinhas” trepam a sério na escala musical Carlos Rodrigues O Grupo de Concertinas “ Os Vouguinhas”, com sede em S. Pedro do Sul, tem feito uma óptima figura no concurso musical da RTP, “ The Voice Geração”, tendo passado à final no passado dia 16, com o seu “ O pezinho” com que se apresentou na semi-final. Para trás e muito aplaudidas ficaram já outras das suas actuações, como “ Já não ouço o passarinho” e o “ Fadinho da Ti Benta”. Foi a qualidade dessas e doutras interpretações que foi conquistando a atenção do público e do júri até aqui se chegar. Este Grupo, que tem como mentora Simone de Oliveira, já havia mostrado todo o seu valor noutro programa, “A Praça da Alegria”, que aqui tem vindo a confirmar e a cimentar. A seus elementos, Miguel Ângelo Almeida, Lúcia Lopes, Ângela Ferreira, Gonçalo Duarte, Samuel Almeida e Gonçalo Malhada, desejamos toda a boa sorte do mundo, incluindo a conquista do troféu maior. Para que isso aconteça, as chamadas telefónicas são importantes e decisivas. Aqui fica o número: 761 102 005. Repita-se vezes sem conta… Carlos Rodrigues, in Notícias de Lafões, Julho 2023 avançar com obras há muito pr

Obras de vulto no IP 3 podem avançar no próximo ano Carlos Rodrigues Depois de longos anos de espera e de mil promessas por cumprir, agora vem dizer-nos o Ministro das Infraestruturas, com concurso público lançado no passado dia 17 para o troço que liga Viseu a Santa Comba Dão, que é desta vez que o IP 3 vai mesmo passar a ter perfil de auto-estrada, ainda que num espaço temporal dilatado demais e em trabalhos muito faseados, deste modo: ano de 2024 – 19700000 euros; 2025 – 52 milhões; 2026 – 53700 milhões; 2027 – 4600, tendo em conta a informação colhida no Diário de Viseu (11 de Julho). Se esta é uma boa notícia, quando se diz que arranca já no próximo ano, não podemos esquecer o seu passado, desde a velha estrada nacional nº 2, em voltas e voltinhas de Viseu a Coimbra, com curvas sem fim e a passar por dentro de uma boa dose de localidades, como Tondela, Santa Comba Dão, Mortágua, Luso e por aí fora, em viagens longas e duras de fazer, isto aí até às décadas de oitenta e noventa do século passado, altura em que vimos nascer o já citado IP 3. Nesta via, registamos, infelizmente, uma série de trágicos acidentes e muitos transtornos, devido a obras parcelares que se foram fazendo desde então até ao presente. Com início em Vila Verde da Raia e o seu “términus” na Figueira da Foz, tem esta via uma distância de 279 quilómetros, sendo que, de Viseu a Coimbra, se apresenta com um perfil de via rápida, em parte construída sobre o piso da EN 2 e muitos outros troços em traçado novo, com a sua conclusão a ser definida no ano de 1999 e com a designação de estrada europeia, E 801. Desde os anos setenta, pelo meio, construiu-se a Barragem da Aguieira, que veio também contribuir para outras e novas mudanças, com destaque para enormes pontes, algumas delas de tão curta duração que obrigaram ao lançamento de novas soluções lado a lado, em infraestruturas lançadas de raiz, tão perigosas eram as suas antecedentes, como bem se pode ver logo a seguir à área de serviço, no sentido Viseu-Coimbra, um pouco antes da ligação para a vila de Mortágua. Entretanto os trabalhos que se anunciam até 2027 contemplam os troços Souselas-Lagoa Azul; daqui para Santa Comba Dão e desta cidade para Viseu, sendo este o espaço que agora veio a aparecer em sede de concurso público. Com passagem pela zona de dois importantes rios, o Dão e o Mondego, era esta estrada uma contínua dor de cabeça para quem nela circulava e mesmo para quem nela projectava viajar, sendo objecto de sucessivas reclamações e de muitos e diversificados contactos ao mais alto nível, sobretudo entre as autarquias e o poder central. Salvo pequenos arranjos, a obra decisiva tardou a aparecer e os anúncios presentes ainda se mostram algo tímidos, como já dissemos. Entre Santa Comba Dão e Viseu, na sua passagem a auto-estrada, prevê-se investir uma verba a rondar os 133 milhões de euros, com base na portaria do passado dia 10. Com as expectativas nem sempre em alta, tendo em conta uma série de exemplos que temos vindo a constatar, não podemos deixar de dizer que o ano de 2027 é apenas uma espécie de previsão que os atrasos já se adivinham e não é difícil vaticinar uma conclusão, para a generalidade dos troços, alguns tempos depois dessa data. Ao menos, sentimos algum conforto em saber que as cidades de Coimbra e Viseu vão, finalmente, ficar ligadas por uma via moderna e eficiente como há muito se desejava… Felizmente. Também para Lafões esta boa novidade tem todo o interesse deste mundo, porque o que é bom para Viseu também o é, de certeza, para todos nós… “ Os Vouguinhas” trepam a sério na escala musical Carlos Rodrigues O Grupo de Concertinas “ Os Vouguinhas”, com sede em S. Pedro do Sul, tem feito uma óptima figura no concurso musical da RTP, “ The Voice Geração”, tendo passado à final no passado dia 16, com o seu “ O pezinho” com que se apresentou na semi-final. Para trás e muito aplaudidas ficaram já outras das suas actuações, como “ Já não ouço o passarinho” e o “ Fadinho da Ti Benta”. Foi a qualidade dessas e doutras interpretações que foi conquistando a atenção do público e do júri até aqui se chegar. Este Grupo, que tem como mentora Simone de Oliveira, já havia mostrado todo o seu valor noutro programa, “A Praça da Alegria”, que aqui tem vindo a confirmar e a cimentar. A seus elementos, Miguel Ângelo Almeida, Lúcia Lopes, Ângela Ferreira, Gonçalo Duarte, Samuel Almeida e Gonçalo Malhada, desejamos toda a boa sorte do mundo, incluindo a conquista do troféu maior. Para que isso aconteça, as chamadas telefónicas são importantes e decisivas. Aqui fica o número: 761 102 005. Repita-se vezes sem conta… Carlos Rodrigues, in Notícias de Lafões, Julho 2023

Lafões e os seus eventos, Festival do Feijão e Sardinhada da Pedra da Broa

Eventos em Lafões por estes dias CR É sempre com gosto que falamos de tradições que se não perderam, ainda que, em função dos lamentáveis e trágicos anos da pandemia, tenham estado paradas durante alguns anos, sendo que algumas já reapareceram e outras estão a fazê-lo aos poucos. Desta vez, tratamos do regresso da Sardinhada da Pedra da Broa, no concelho de Oliveira de Frades, e do Festival do Feijão, em Vilharigues, Vouzela. Vejamos então alguns dos pormenores destes dois eventos sem esquecermos, como é lógico, mais alguns que se referem noutros locais deste mesmo jornal. - FESTIVAL DO FEIJÃO - Vilharigues – É já no dia 29, sábado, à tarde e à noite, que se vai realizar mais uma edição desta iniciativa, que, fechada em 2020 e 2021, ressuscitou em 2022 e agora se continua. Num local de vistas largas, a Torre de Vilharigues, desta vez, com uma pequena inovação no seu horário, bem podem observar-se as magníficas paisagens que dali se podem descobrir em duas fases distintas desta data, ao entardecer e pela noite dentro. Com a alimentação do espírito por essa via e pela animação musical que ali vai aparecer, o corpo também não será esquecido, que os pratos à base de feijão, na ordem das três dezenas, não faltarão, havendo-os para todos os gostos e mesmo opções diversas, como as dimensões vegetarianas e vegans. Tudo está previsto. Esperando-se, à semelhança de anos anteriores, que o recinto se encha, o melhor mesmo é chegar cedo, antes das dezassete horas, para se não perder nada desta boa tradição. - SARDINHADA DA PEDRA DA BROA – Espaço da Casa do Guarda Florestal, Oliveira de Frades – Esta é uma tradição que tem no seu historial largas dezenas de anos, vinda do último quartel do século XX, ou ainda antes disso, e se tem prolongado pelos tempos fora até aos dias de hoje. Infelizmente, devido ao interregno provocado pela citada pandemia e até por razões atmosféricas, nos anos de 2020, 2021 e 2022, esta convívio lafonense não se pôde realizar. Regressa agora, no dia 12 de Agosto, o segundo sábado, como é costume. Atravessando várias gerações e com presença bem vincada nos três concelhos de Lafões, acontece que, em 2019, levou mesmo à constituição oficial da “ Associação – Os Amigos da Floresta e da Pedra da Broa”, com escritura assinada a 20 de Setembro por 17 associados, estando aberta a quem se queira juntar a este movimento. Devido aos acontecimentos acima citados, a Associação nem sequer se conseguiu mostrar, nem realizar qualquer função. Neste momento, eleitos os seus órgãos sociais, vai como que dar início aos seus trabalhos, sendo que o primeiro é já a conhecida SARDINHADA, dentro de dias. Para esse efeito, os órgãos sociais em funções vão ter em linha de conta a forte tradição deste evento e possíveis inovações: a sardinha assada, as batatas, a salada e um segundo prato, o rancho, serão os momentos gastronómicos marcantes. Na mesa, estará ainda o habitual e salutar convívio, uma característica também fundamental deste rico encontro regional. Para que conste, aqui se registam os novos responsáveis por esta e outras iniciativas: - Direcção – Álvaro Nuno de Sousa Soares, Carlos Tavares da Silva, Benjamim Pinto, Filipe Rogério Soares Carvalho e Álvaro Marques Fernandes. - Assembleia Geral – Carlos Tavares Rodrigues, Carlos Alberto Silva e Maria de Lurdes Almeida Nabais Costa. - Conselho Fiscal – Serafim de Oliveira Soares, Sónia Cristina Almeida Alves…. - Comissão de Apoio à Organização Geral – Vicente Manuel, Fernando Pereira Lino, José Manuel Rodrigues Carvalho, João Carlos Couceiro Dias Costa, Sérgio Miguel da Costa Nabais e Álvaro Manuel Ferreira da Silva. Nesta fase de reorganização, pede-se o favor de os interessados em irem à Pedra da Broa em 12 de Agosto façam a sua inscrição a partir dos seguintes contactos: Serafim Oliveira Soares – 917 527 021; Álvaro Soares – 962 331 184; Carlos Rodrigues – 965 386 750; Carlos Silva – 232 781 459… Apareçam… Carlos Rodrigues, in Notícias de Vouzela, Julho 2023

sexta-feira, 14 de julho de 2023

Quando é o mundo da justiça a encher as notícias da comunicação social, logo se percebe que algo vai mal no nosso País. Há anos, fiquei incomodado e até enjoado com o facto de jornais, rádios e televisões estarem à saída do avião no momento em que José Sócrates foi detido. Achei aquilo um espectáculo indecoroso, impróprio para um país democrático e civilizado, não querendo aqui discutir as razões que levaram a esse desfecho. Lamento apenas é a promiscuidade entre esses dois mundos... Muitos outros casos aqui poderia citar, para caracterizar a justiça-espectáculo. Uma vergonha. Sei que não passo de 1|10000000 na proporção dos cidadãos portugueses, com a agravante de contar bem menos por viver aqui num beco do interior. Sei isso, mas não me calo. Ao olhar para as notícias das últimas 24 horas e ao presenciar aquilo que se passou à volta de um partido político, quero dizer que ESTE NÃO É SEGURAMENTE O PAÍS em que adoro viver. Estas horas trouxeram-nos, como muita gente de peso, veio a afirmar, um ataque puro e duro ao nosso sistema político e à democracia. Que se investigue, sim, se razões existirem para isso, que se achincalhem as pessoas e as instituições assim, nunca. FALE O PRESIDENTE DA REPÙBLICA, FALEM OS PARIDOS, FALE O GOVERNO; FALE TODA A GENTE. Mas calar o que se está a passar, NUNCA. Sei que estou a tocar na justiça, sei isso. ACEITO-A, RESPEITO-A mas não a posso conceber assim. Disse...

sábado, 8 de julho de 2023

Visita molhada ao sítio dos Bagulhos, Lameiros Tapados, Ventosa, Vouzela

Em Dia Aberto de mais umas escavações nos Lameiros Tapados de Ventosa, Vouzela, 8 de Julho, por entre os pingos da chuva que caía com alguma intensidade, lá conseguimos chegar ao local definido com a preciosa ajuda de Daniel Melo. Logo encontrámos uma equipa liderada pela Professora Catarina Tente, da Universidade Nova, com seus alunos e técnicos da Câmara Municipal. Sem ser fácil descobrir o lugar exacto, apesar dos acessos pedonais estarem limpos, aproveitando-se uma estrada que serve um dos muitos aviários daquela zona da Serra da Penoita, em cortada um pouco antes de um Parque de Merendas, logo a seguir à passagem de um viaduto do IP5, parado o carro, a corta-mato, andaram-se umas curtas centenas de metros e logo descobrimos os vestígios de sete antigas e toscas habitações de pedra, duas delas já parcialmente intervencionadas pelos arqueólogos como aquela que hoje viemos a contactar. Valeu a pena o sacrifício e as voltas dadas um tanto à toa. Descoberto este sítio em inícios de 2018, em virtude das pesquisas feitas após os dolorosos e trágicos incêndios de 2017, os primeiros trabalhos de investigação e escavações arqueológicos, agora retomados, começaram no ano de 2019. Até essas alturas, nada se sabia quanto a estas construções. Localizadas a cerca de 800 metros de altitude, a uma certa distância do Castro de Paços de Vilharigues, pode dizer-se que estas estruturas serviam de habitação para pessoas (famílias) e também como forma de acoitar os animais. Com as descobertas feitas até ao momento, viram-se objectos ligados à confecção de alimentos, em peças de cerâmica e mós, havendo mesmo vestígios de antigas cozinhas. Fiação foi ainda outro sector ali localizado. De acordo com Catarina Tente, em publicações anteriores, algumas das suas características mais importantes ligam-se, como vimos, às habitações em pedra de carácter multifamiliar. Será que a estas construções e seus usos poderemos associar as branhas do Gerês para onde se deslocavam em massa as populações em certas alturas do ano? Fica a questão, ficam as dúvidas e a esperança de muito mais informação que se venha a recolher ao longo dos tempos. Em sete casas, só duas é que têm sido objecto de estudos ainda que muito preliminares. O que poderemos vir a saber a seguir? Ficamos à espera, como convém...

A electricidade chegou a Lafões aos trambolhões...

Electrificação de Lafões em longo e penoso processo Carlos Rodrigues Para nós, Lafões é o centro do mundo. No entanto, para os poderes e entidades centrais tal parece que assim não acontece, regra geral. Se houve um tempo em que esta região tinha peso e estatuto forte, mormente nos primeiros anos da nossa nacionalidade, em que muitos dos nossos antepassados tiveram lugar de destaque, os últimos tempos, séculos e décadas, têm sido férteis em esquecimentos, adiamentos e outras situações do género. Com o fornecimento da energia eléctrica, pública e universal, foi longo o caminho e grandes os penedos que foi preciso derrubar ou destruir. Para provarmos tudo isto, vamos fazer uma breve descrição da forma como foi feita a iluminação por estas nossas terras. Para começarmos, dizemos que o concelho de S. Pedro do Sul foi determinante em termos de criação de empresas que se dedicassem, nos princípios do século XX, a este sector, com três centrais criadas que estenderam a sua influência também aos municípios vizinhos. Neste sentido, entraram em funções os equipamentos de produção de energia eléctrica das seguintes entidades, como se regista na Fundação EDP e nas “ Estatísticas das instalações eléctricas em Portugal – 1928-1950”. Primeiro, tivemos a C.C. Mendes Pinheiro, passando para Empresa Eléctrica de S. Pedro do Sul, uma entidade de serviço público, instalada antes de 1928 e a funcionar até 1934, com 32 KW de potência instalada. Entretanto, em Drizes, nasceu a Sociedade Industrial Sebastião Sobrinhos (depois Lafões Industrial), a começar como serviço particular no Rio Vouga, também anterior a 1928, com 144KW; no ano de 1935, deu o salto para serviço público; em 1948, viu-se apoiada pela Eléctrica Duriense e, no ano de 1950, começou a surgir a Empresa Hidroelécrica da Serra da Estrela; uma outra, dos mesmos proprietários e ainda no Rio Vouga, de apoio à anterior, funcionou de 1934 a 1946, com 232 KW. Como fornecedores e distribuidores, até 1935, tivemos a Empresa Eléctrica de S. Pedro do Sul e a citada empresa Sociedade Industrial Sebastião Sobrinhos (sendo, como vimos, Lafões Industrial passados alguns anos), durando de 1935 a 1949. Pelo meio, entrou em cena a EHESE, sobretudo depois de 1945. Neste concelho, S. Pedro do Sul, assistiu-se ao aparecimento da luz no ano de 1928, sendo que as Termas só a tiveram em 1930, Várzea – 1935, Santa Cruz da Trapa – 1942 e Serrazes – 1943. Quanto a Oliveira de Frades, tivemos a Lafões Industrial e a EHESE até à EDP. O fornecimento fez-se primeiro na vila em 1944 e em Souto de Lafões em 1948. Vouzela tem no Decreto 30964 e na escritura de concessão à Sociedade Lafões Industrial, Lda, do ano de 1940, os documentos principais de todos estes serviços. No plano geral nacional, uma obra de grande interesse é aquela que tem por título “ O Estado na electrificação portuguesa – Da Lei de electrificação do País à EDP (1945-1976), de João José Monteiro Figueira, 2012, Universidade de Coimbra”. Em capa, apresenta-se a albufeira da Ribeira de Nisa, construída pela Hidroeléctrica do Alto Alentejo, tendo entrado em funcionamento em Fevereiro de 1927. Já no ano de 1930, Ferreira Dias, assim descrevia a necessidade desta energia: “… Consumir electricidade não é só atributo do homem industrial, é-o também do homem civilizado, porque aquele a quem hoje a electricidade não interessa, aquele que não sente algumas das necessidades que ela pode fazer na multiplicidade de seus usos, ou é um desgraçado que não tem pão, ou um irracional que não tem alma. Em qualquer dos casos, uma decadência… “ (Figueira, 2012). Acontece que, muitas décadas depois, este seu desígnio estava longe de ser cumprido, mesmo em terras de pão e de gente de bem… Com base nesta mesma fonte, a Lei 2002, de Dezembro de 1944, torna-se quase como a bíblia deste sector e mostra a força do Estado no incremento deste ramo da economia e da energia. Por outro lado, o aparecimento da EDP em Junho de 1976 marca outro ponto nevrálgico nesta marcha do fornecimento da energia eléctrica. Fala-se aí num fim maior e mais integrado, o da “rede eléctrica nacional”, em que se enaltece a intervenção estatal como sua força motriz, a ponto de ter participado como accionista nas 5 maiores companhias do sector, entretanto criadas. Em movimentos centralizadores constantes, em finais de 1960, nasce a CPE – Companhia Portuguesa de Electricidade e, nos anos 70, viemos a ter uma só entidade produtora, muito embora com diversas concessões como aconteceu com algumas associações de municípios. Por fim, tudo se mete no saco da EDP e, agora, vemos que até a China se encontra a mexer nesta área vital da nossa vida como povo e como nação, facto que nos deve fazer pensar seriamente nesta questão. Ao pretendermos entrar neste campo e na nossa região de Lafões, apetece-nos, de imediato, aqui trazer uma curiosidade que tem a ver com aproveitamento de sobras, levando a que, por exemplo, um movimento cívico em Vilharigues tivesse conduzido à constituição da respectiva Liga dos Amigos, ao querer-se mobilizar a população para a sua iluminação, aproveitando os candeeiros a petróleo herdados da vila de Vouzela, sede do concelho, que passara a ter luz dessa nova outra fonte. Dizem-nos que, colocados os postes e as respectivas luminárias, noite a noite, pelas ruas circulavam os jovens, acendendo todo aquele material. Pelo meio de todo este processo, não podemos esquecer-nos que tivemos uma terrível 2ª Grande Guerra (1939-1945), com todo o seu imenso e lamentável cortejo de horrores humanos e de destruição em massa de uma grande parte do mundo. No seguimento deste conflito, a Europa veio a beneficiar de um Plano Marshall, que injectou nos povos dinheiro praticamente sem fim. Portugal, primeiro, não aceitou este programa, mas depois acabou por ceder, pondo de lado o seu orgulho, a partir dos anos 1947-1952. Se formos ao fundo dos montantes investidos em energia, esta nossa zona apenas ficou a ver navios, que os aproveitamentos hidroeléctricos apenas foram para o Cávado, Zêzere, Lima, cabendo-nos, quem sabe, uma reduzida fatia através da Companhia Nacional de Electricidade. Se esta forma de luz artificial remonta, praticamente, ao início do século XX, ultrapassada que fora a fase dos gasómetros e dos candeeiros a petróleo, pelas nossas terras esse progresso chegou muito mais tarde, em grande parte deste território lafonense. Por exemplo, em 1956, o concelho de Vouzela, das suas então 12 freguesias, só três estavam parcialmente iluminadas com esta forma de energia. Por sua vez, Covas do Rio, S. Pedro do Sul, só veio a ser contemplada com este benefício já na década de oitenta, numa gigantesca operação que até meteu helicópteros para transportarem os respectivos postes. Em locais, hoje com visíveis formas de desenvolvimento, como é o caso de Campia, em 1960 organizava-se um peditório pública com essa finalidade e, em 1962, era a vez de Pinheiro de Lafões receber este empreendimento nos seus pontos centrais. Em 1965 e 1966, Alcofra e Cambra lançavam campanhas no mesmo sentido. Tendo sido já depois do 25 d Abril que este sistema ganhou maior visibilidade e penetração nas nossas povoações, houve até bairros ou aldeias bem próximos das sedes dos concelhos, que só puderam acender as lâmpadas muito tardiamente, como Travassós, Oliveira de Frades, em 1981, depois de, numas Festas da Vila, ter protagonizado uma manifestação de protesto em marcha pelo arraial com capuchas e lanternas. Também o Pombal e a Costeira, em Vouzela, apenas tomaram contacto com esta realidade no ano de 1989. Nesta longa subida a pulso, entretanto, temos de dar as boas-vindas à Barragem de Ribeiradio, aos vários parques eólicos, a diversas mini-hídricas e outras formas de energias sustentáveis que por aqui já se vão vendo. Para terminarmos, por agora, estas notas, avancemos com estes quadros que nos mostram quanto se evoluiu, partindo do Recenseamento de 1991: - Concelho de Oliveira de Frades – 10584 habitantes; com luz eléctrica – 10053 e sem ela – 504 pessoas. - S. Pedro do Sul – 19985 – 18780 – 1070 - Vouzela – 12477 – 11690 – 740 Com muita informação por dar, a este assunto voltaremos em breve, se Deus quiser, como é de boa tradição nestas paragens dizer e escrever… Carlos Rodrigues, in “ Ecos da Gravia”, 2023

88 anos do Notícias de Vouzela...

88 anos do meu querido Notícias de Vouzela CR Para falar de ti, meu bom amigo e querido Notícias de Vouzela, muito de ti teria que dizer. Muito mesmo, porque os teus 88 anos de vida não são apenas um monte de folhas de papel, são uma enorme escola de aprendizagem e ensinamento e uma imensa biblioteca de um rico a vasto espólio que tem muito para nos dar, como se viu, ainda há poucos dias, a propósito da apresentação do livro “Memórias” de Queirã. Tanto haveria para dizer, mas a crise, sempre a crise, obriga-nos a sermos poupados naquilo que escrevemos porque o espaço aqui vale ouro. Prometo solenemente que serei bem contido nas palavras e nas ideias. Mas não posso deixar de afirmar que és da idade da então Emissora Nacional, também nascida em 1935, que assististe à Guerra Civil de Espanha (1936-1939), à terrível 2ª Grande Guerra (1939.1945), à Guerra do Ultramar (1961.1975), à Guerra das Coreias, à Guerra do Vietname, ao desmoronar do Império Soviético, à criação da CEE/EU e do Euro, à actual e preocupante invasão da Ucrânia e tantos outros tormentos mais. Por cá, viste nascer o IP 5 e a A 25, choraste o encerramento de muitas escolas e a perda de gente nas nossas terras e o fim da Linha do Vale do Vouga. Alegraste-te com novos Centros de Saúde, mas muitas vezes criticaste a falta de médicos e o encerramento de extensões de saúde. Gritaste contra o inenarrável encerramento dos tribunais e a sua reentrada em funcionamento a meio gás. Assististe ao nascimento da democracia e suas construções políticas e sociais. Mas nunca deixaste de ser a necessária voz crítica e de a fazer ouvir sempre que tal fosse necessário. Afinal, foste tu, sempre tu. Voz do nosso povo, muita gente deste nosso povo contigo colaborou. Tantos e tantos amigos que nos deixaram nesta caminhada de 88 anos!!! Para eles, a nossa gratidão, reconhecimento e saudade. Já agora confesso um segredo: ando aqui contigo há 50 anos, precisamente desde Junho de 1973. Olhando para o lado, vejo apenas, se a memória me não falha, nesta longa jornada de tantos anos o meu Amigo e conterrâneo Álvaro Simões Ferreira, quanto à escrita activa, refira-se. Sei, meu Notícias de Vouzela, que vais continuar e é isso que desejo vivamente. Obrigado a todos quantos nos ajudam a viver e fazem de nós uma verdadeira e emotiva carta de família. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, Julho 2023

S. Pedro do Sul e as Invasões Francesas e a avaliação das escolas

S. Pedro do Sul vai ficar mais conhecido em livro Carlos Rodrigues Com um profundo conhecimento da história local do concelho de S. Pedro do Sul, sector a que tem dedicado grande parte da sua vida de investigador e estudioso, Eduardo Nuno de Oliveira prepara-se para lançar uma nova obra, bem situada num certo tempo e num determinado contexto, no próximo dia 1 de Julho no Auditório do Balneário Rainha D. Amélia, nas Termas, com o título “ S. Pedro do Sul no século XIX (Franceses, liberais e outras coisas mais)”, dando sinais desta época por esta nossa zona de Lafões. Ao mostrar facetas diversas de ordem política, militar, administrativa, infraestrutural, económica, cultural, social e pessoal, mostra-nos um tempo de grandes indecisões com a corte no Brasil e o nosso país, para se ver livre do império de Napoleão a ser comandado por ingleses, fácil será compreender que essa foi uma época complicada e muito agitada. Ao pegar nestes ingredientes, Eduardo Nuno de Oliveira, imprimindo o seu cunho especial, juntou nesse mundo nacional a quadrícula sampedrense, para falar das Companhias e Ordenanças Militares, da monarquia constitucional e seus reflexos neste concelho e região, das personalidades que, entretanto, se foram destacando, assim como de tudo o que por aqui foi acontecendo. Porque é de bom som e bom tom não estragar a festa da apresentação desta sua obra, mais uma, não nos alongamos mais. O melhor é mesmo esperarmos pelo dia 1 de Julho, uma data bem breve como se pode concluir. Entretanto, anotemos mais umas curtas notas sobre Eduardo Nuno Oliveira: técnico superior da Câmara Municipal de S. Pedro do Sul, exerce, neste momento, os seus altos e relevantes serviços, muito em especial, no Museu do Balneário Romano das Termas, devendo-se-lhe ainda umas outras publicações como a “Implantação da República e a Monarquia do Norte”, “ As inscricões funerárias de Valadares” e, em rádio, na Lafões, o programa “ Nas ondas da história local”, umas boas e recomendáveis ondas, por sinal. Com muitas credenciais, esperamos agora pelo seu novo livro no dia 1 de Julho… A avaliação sempre questionável das escolas Carlos Rodrigues Acabou de sair por estes dias mais um dos chamados “rankings”das escolas portuguesas, uma avaliação sempre contestada, mas que não deixa de, apesar de tais objecções, ser lida, apreciada ou não e muito replicada em tudo quanto é comunicação social e redes sociais. Sempre com uma pontinha de desconfiança, porque sabemos que estas são imagens que não espelham a realidade total, universal e diversa que por aqui vivemos, com contextos muito diversos, com quadros sociais e económicos a milhas de distância uns dos outros, com escolas privadas ditas topo de gama e públicas a receberem todos os públicos e alunos, venham eles de onde vierem, o certo é que não deixámos de bater calorosas palmas à Escola Secundária de Vouzela pela sua brilhantíssima posição a nível nacional, a primeira, se olharmos para o prisma da superação. O mesmo fizemos com a Escola Secundária de Oliveira de Frades que, em matemática, arrasou mesmo com o seu 1º lugar. Deve anotar-se que, em Vouzela, cerca de 1/3 dos alunos do 12º ano se apresentam como, de alguma forma, carenciados. Numa procura por mais dados, diz-nos o “Jornal de Notícias” que passaram de seis para doze os concelhos com média negativa nos exames feitos pelos alunos. Assim, só um, Sardoal, teve um resultado superior a 14 valores, seguindo-se, de imediato, Vouzela com 13.78 e Anadia com 13.22 valores. Focando-nos numa outra perspectiva, se Vouzela teve a citada brilhante posição na esfera do ensino público, ela apenas se situou no 58º lugar (43º no JN) da tabela nacional, que o sector privado arrebatou as posições anteriores e isto diz-nos muito acerca do nosso tecido educativo… Por sua vez, seguindo o JN, Oliveira de Frades, posiciona-se no lugar 103 e S. Pedro do Sul no 154… Em matéria de retenção, vamos dos 3 aos 13%, desta forma: 11º ano Vouzela (3%) e 13% no 10º ano em Oliveira de Frades. Como reflexão importante, nada disto se siga à risca. Mesmo que nos saiba bem vermos as nossas escolas em lugares cimeiros, desconfiemos sempre: há ali muitos dados e outros factores em falta. Essa é que é essa… In “ Noticias de Lafões”, Junho 2023

Queirã editou livro de Memórias...

Queirã enriqueceu as suas memórias CR Com mais de 2000 anos de vivências sociais, a freguesia do minério, da agricultura, da avicultura e de uma intensa actividade social, económica e cultural, que, em certa fase de sua vida, teve como seu timoneiro o saudoso Professor Joaquim da Silva Mendes, acabou por apresentar muito em sua homenagem e evocação, no passado dia 17, sábado, uma enorme e bem construída obra histórica, intitulada “ Memórias de Queirã”. São 290 páginas de vida que aqui se relatam e retratam pelas palavras e pela escrita desse grande autarca e activo cidadão, que também é um dos autores deste livro, e ainda de Jorge Manuel Gomes Rocha, Maria da Glória de Oliveira Girão de Carvalho, Rita Maria Alexandrino Mendes Rocha, Rui Manuel Pereira Mendes, em edição do Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira e produção gráfica de Trapézio das Ideias. Uma boa dose de temas e conteúdos transportam-nos neste trabalho para tudo quanto foi Queirã ao longo dos tempos e a sua toponímia alerta-nos, de imediato, para a importância do minério que ali se impôs desde há séculos e mesmo milénios, bastando para isso apenas citar a designação de uma de suas grandes aldeias, Carvalhal do Estanho. Mas seria redutor fixarmo-nos neste seu pormenor, mesmo que as suas Minas da Bejanca sejam de uma importância enorme no panorama nacional e europeu, infelizmente, num dos períodos mais negros do nosso passado mundial (1939/1945). É que esta terra, se já o sabíamos, agora, com este registo, melhor ficamos a conhecer todo o seu vasto alcance desde a pré-história até à actualidade. Numa tarde de sábado bem passada, em programa a integrar cultura e conhecimento, que a maestria de António Meneses bem organizou, ouvimos bons e emotivos testemunhos, muitos relatos de alto interesse, muita e natural emoção familiar ao vir ao de cima e também muita e boa informação. Com o apoio cultural do Rancho Folclórico as Capuchinhas de S. Silvestre, de Vasconha, o Grupo de Trajes e Cantares de Loumão, os Veteranos das Harmónias e o Grupo organizador, tudo ali se pautou por uma feliz conjugação entre a demonstração da investigação e as artes culturais. Presente em todos os momentos esteve o saudoso Professor Joaquim Mendes, até porque sua filha Rita teve o condão e o cuidado de nos mostrar como é que este livro foi gerado. Tudo nasceu de dois acasos: um, o da insistência que seu Pai lhe fazia para se produzir algo do género; em complemento, já depois da sua fatídica morte em 2013, ao remexer no seu vasto espólio, encontrou uma folha manuscrita que foi o alerta final de que algo disto tinha que ser feito: uma folha de papel manuscrita (ver página 10), afinal, era a campainha a tocar a que se nunca poderia dizer não, porque ali se alinhavavam os contornos e uma futura monografia, esta que aqui se tem ao nosso alcance. Num painel de apresentadores em que o nosso jornal “ Notícias de Vouzela” se veio a incluir, por insistência e deferência da Rita Mendes que não poderíamos recusar, falaram, a seu tempo e em compasso orquestrado pelo António Meneses, os respectivos autores e também Fernando Pereira, um entusiasta de sempre destas coisas da cultura e da fundação do Grupo de Cavaquinhos, que ali mostrou o seu testemunho entusiasmado. Em termos oficiais, usaram da palavra o Presidente da JF de Queirã, Paulo César Ribeiro, e a Vereadora da Cultura da CM de Vouzela, Carla Maia, vizinha daquela freguesia, que se congratularam com a edição destas “Memórias”, algo de alto valor para a freguesia e concelho. Porque estes testemunhos são importantes demais para serem esquecidos, tão diversos e complementares foram os temas abordados, desde a pré-história ao mundo actual, este é um livro que nunca pode ser lido como um romance. Em nota de leitura, que não queremos tornar fastidiosa, leia-se em diagonal de uma rajada, volte-se atrás e folheie-se cada página e regresse-se sempre aos seus temas porque elas nunca nos irão desiludir. Como nos sentimos altamente agradecidos pelo convite, temos a obrigação de aqui testemunhar a nossa gratidão pela consideração demonstrada para com o nosso NV e pelo contributo inestimável que os seus arquivos têm na história local e regional, como se atesta nas páginas 267 a 281 que se incluem nestas “Memórias de Queirâ” aquilo que por aqui se foi escrevendo, sobretudo a partir de 1939 e até aos nossos tempos actuais. Este não é mais um livro qualquer. É um testemunho de vida de uma freguesia que bem de si se pode orgulhar. Merece, por isso, uma atenção muito especial. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, Junho 2023

Kiko, de Cambra, mostrou a sua grande arte musical na RTP

KIko, um vencedor sem ter sido o primeiro CR Francisco Santos (KIko), o miúdo de Cambra que já passou, com sucesso, pelos palcos da TVI e da RTP, sendo que, nesta última estação pública de televisão, terminou a sua prestação no passado domingo, dia 25, bem pode orgulhar-se dos percursos efectuados e das etapas que, num e noutro caso, foi vencendo passo a passo. Neste “ The Voice Kids” de 2023, no meio de cerca de 50 concorrentes, subiu ao palco nos três primeiros lugares e, dizem, só não venceu por uma unha negra, sendo que a luso- americana Júlia Machado conquistou a posição maior, o primeiro lugar. Parabéns para ela. Já agora, felicitações também para o nosso conterrâneo distrital José Cesário, amigo da família em festa, e para a nossa amiga vouzelense, de coração partido, Ilda Pinto, que se viu metida entre duas opções, uma quase de sangue e uma outra diferente, a da enorme comunidade portuguesa, nos EUA, onde reside e onde tanto tem feito pela nossa cultura portuguesa. Por cá, Vouzela e arredores, o nosso Kiko é o “grande vencedor” e dessa fama se não livra, que o fogo de artifício das duas últimas actuações assim o atesta. Com uma comunidade que nunca o desamparou e foi crescendo sempre à medida que ele ia evoluindo nos grandes écrans, muto por força e capacidade organizativa e mobilizadora da Catarina Almeida, a sua voz, por todos ovacionada e reconhecida, já tem um assegurado lugar de destaque, assim ele e sua família sustentem essa justa ambição de uma fulgurante caminhada no mundo da música. Este nosso Kiko já não é apenas um potencial qualquer, é um rapazinho que tem tudo para fazer uma carreira de sucesso. Aquele trio que vimos aparecer no palco para dele sair um(a) vencedor(a), Júlia Machado, Francisco Santos (Kiko) e Francisco Horta, que respira Alentejo por todo o lado, foram todos dignos daquela posição maior. Quem iria subir ao topo, isso era quase indiferente para muita gente que os foi vendo e escutando. Por razões de parentesco territorial, aliada à valia de sua capacidade musical e interpretativa, desculpem, essa atitude de tanto nos faz não cola com a nossa personalidade: para nós só havia um justo e querido vencedor - o KIKO. No papel, assumamo-lo, não o foi. Mas nos nossos corações esse é o nosso entendimento. Dizem que esta posição é a antítese de um jornalismo que se quer independente e justo. Sabemos essa teoria e também defendemos tal tese. Mas, deixem que vos diga, quando se junta qualidade, proximidade e emoção, nem o jornalista resiste. É o nosso caso no relato daquilo que vimos e ouvimos com o nosso Kiko. Pedindo desculpa à ética e ao código deontológico, também temos direito a estas coisas de uma emoção controlada. Com as prestações que o Francisco Santos (Kiko) nos ofereceu, a freguesia de Cambra, o concelho de Vouzela e a região de Lafões têm razões de sobra para se sentirem nos píncaros da lua. Nós já lá estamos, de certeza. Obrigado, Kiko!... A terminar, queremos deixar duas ou três notas estilo crítica ou comentário: em primeiro lugar, queremos agradecer a Deus o dom da voz que deu ao Kiko e à sua família por isso terem reconhecido e lhe darem asas para voar; seguidamente, queremos manifestar o nosso apreço pela força e capacidade agregadora que a equipa de suporte organizativo nos proporcionou; não podemos nem devemos esquecer, por outro lado, a riqueza do suporte que foram os seus inúmeros fans… Como dica final, deixamos um forte elogio à nossa RTP por alimentar estes programas de genuína cultura popular e de “caça-talentos”. Esta é, sem dúvida, uma missão de alto nível que encaixa na perfeição na noção de serviço público que defendemos. Dizemos ainda mais: em estúdio, é alta a qualidade do desempenho de cada missão que ali vimos suceder-se minuto a minuto, horas e horas a fio. Mas no melhor pano cai a nódoa, como diz o nosso bom povo: para uma entidade televisiva pública, nossa por sinal, as condições oferecidas ao público que ali vai em apoio aos seus cantores são miseráveis, são mesmo um ultraje a todos nós. Com um estúdio de primeira classe, o pavilhão em que se localiza e os seus arredores são tudo menos aceitáveis. São a nossa vergonha nacional em acessos e serviços prestados. Em termos de higiene pública, uma miséria de todo o tamanho e uma indignidade total, para não dizermos uma ofensa ao próprio conceito de saúde pública, Que olhem para aquilo o Ministério da Saúde e tantas outras entidades. E que o Ministro da Cultura ali passe urgentemente e tome as medidas que se impõem e exigem. O Kiko, a Júlia Machado, o Francisco Horta e os outros quase 50 concorrentes e seus apoiantes do Minho ao Algarve, incluindo os EUA, merecem mais respeito e outras condições de acesso a estes e outros espectáculos. Pobretes, sim, miseráveis, nunca. Desculpa lá, Kiko, esta minha divagação, mas senti-me envergonhado com as condições que nos ofereceram para podermos usufruir e beneficiar da magia da tua voz e de teus dotes musicais. Peço-te uma só coisa: segue em frente que os palcos do mundo estão à tua espera. Sei disso e nisso creio firmemente. Muito obrigado e um forte abraço… Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, Junho, 2023

Lafões canta e encanta nas televisões

Lafões com muita e boa música nas televisões portuguesas Carlos Rodrigues Ainda temos, pessoalmente, na memória, para não mais se perderem, as excelentes actuações de Francisco Santos (Kiko), de Cambra, Vouzela, que, no “The Voice Kids” da RTP 1, subiu de degrau em degrau até chegar à final onde, sendo um dos três primeiros, só não venceu, dizem-nos, por mero acaso, perdendo para Júlia Machado, luso-americana, mas, mesmo assim, ficou no pódio com Francisco Horta, do Alentejo, e ambos cantores do mentor Carlão. Ao termos acompanhado a sua carreira, quase a fundo, vimo-lo melhorar de programa para programa, tal como tinha acontecido, no ano anterior, na TVI, onde também subiu bem alto, facto que foi bem reconhecido pelo público a avaliar pelas suas votações telefónicas e, sobretudo, pelas apreciações extremamente positivas que lhe fizeram os membros do júri, todos eles. Sem qualquer formação musical de base, este Kiko, que deu os primeiros passos no Grupo Coral de sua freguesia, pode ir bem longe se optar pela carreira que se encaixa nas suas capacidades na perfeição. Agora, cabe-lhe trabalhar para se aperfeiçoar cada vez mais, sabendo nós que é essa a intenção de seus pais, familiares e amigos. Com provas dadas, resta-nos aguardar que o seu futuro seja risonho, que bem o merece. Ainda o Kiko andava nestas altas andanças e também o Grupo Vozes da Terra, de Vouzela, no mesmo canal televisivo, ainda que noutro programa, lutava com sua arte e estatuto por um dos lugares cimeiros em concurso. Não chegou lá por pouco mas ficou-nos também a alegria de vermos que, dando o seu melhor e foi muito, honraram a terra que os acolhe há largos anos e sempre os tem acarinhado, por mérito próprio e muita simpatia, diga-se a propósito. Como não há duas sem três, Lafões assistiu no passado domingo, dia 2, a mais uma actuação nos écrans da RTP, no “ The Voice Portugal”, de um grupo da nossa terra, os “Vouguinhas” de S. Pedro do Sul. Com uma participação pública que vem de há cerca de 10 anos, a sua presença em festas populares tem sido uma constante, juntando-se-lhe de momento, estas boas passagens pela TV, há dias e agora neste último programa, onde seguiu em frente na prova cega com “ Já não ouço o passarinho”. Dado o pontapé de saída, ficamos à espera de uma boa caminhada destes “ Vouguinhas” que têm vindo a mostrar o muito que valem. Sempre em frente, Amigos!... In “ Notícias de Lafões”, Julho 2023