sábado, 8 de julho de 2023

Queirã editou livro de Memórias...

Queirã enriqueceu as suas memórias CR Com mais de 2000 anos de vivências sociais, a freguesia do minério, da agricultura, da avicultura e de uma intensa actividade social, económica e cultural, que, em certa fase de sua vida, teve como seu timoneiro o saudoso Professor Joaquim da Silva Mendes, acabou por apresentar muito em sua homenagem e evocação, no passado dia 17, sábado, uma enorme e bem construída obra histórica, intitulada “ Memórias de Queirã”. São 290 páginas de vida que aqui se relatam e retratam pelas palavras e pela escrita desse grande autarca e activo cidadão, que também é um dos autores deste livro, e ainda de Jorge Manuel Gomes Rocha, Maria da Glória de Oliveira Girão de Carvalho, Rita Maria Alexandrino Mendes Rocha, Rui Manuel Pereira Mendes, em edição do Grupo de Cavaquinhos e Cantares à Beira e produção gráfica de Trapézio das Ideias. Uma boa dose de temas e conteúdos transportam-nos neste trabalho para tudo quanto foi Queirã ao longo dos tempos e a sua toponímia alerta-nos, de imediato, para a importância do minério que ali se impôs desde há séculos e mesmo milénios, bastando para isso apenas citar a designação de uma de suas grandes aldeias, Carvalhal do Estanho. Mas seria redutor fixarmo-nos neste seu pormenor, mesmo que as suas Minas da Bejanca sejam de uma importância enorme no panorama nacional e europeu, infelizmente, num dos períodos mais negros do nosso passado mundial (1939/1945). É que esta terra, se já o sabíamos, agora, com este registo, melhor ficamos a conhecer todo o seu vasto alcance desde a pré-história até à actualidade. Numa tarde de sábado bem passada, em programa a integrar cultura e conhecimento, que a maestria de António Meneses bem organizou, ouvimos bons e emotivos testemunhos, muitos relatos de alto interesse, muita e natural emoção familiar ao vir ao de cima e também muita e boa informação. Com o apoio cultural do Rancho Folclórico as Capuchinhas de S. Silvestre, de Vasconha, o Grupo de Trajes e Cantares de Loumão, os Veteranos das Harmónias e o Grupo organizador, tudo ali se pautou por uma feliz conjugação entre a demonstração da investigação e as artes culturais. Presente em todos os momentos esteve o saudoso Professor Joaquim Mendes, até porque sua filha Rita teve o condão e o cuidado de nos mostrar como é que este livro foi gerado. Tudo nasceu de dois acasos: um, o da insistência que seu Pai lhe fazia para se produzir algo do género; em complemento, já depois da sua fatídica morte em 2013, ao remexer no seu vasto espólio, encontrou uma folha manuscrita que foi o alerta final de que algo disto tinha que ser feito: uma folha de papel manuscrita (ver página 10), afinal, era a campainha a tocar a que se nunca poderia dizer não, porque ali se alinhavavam os contornos e uma futura monografia, esta que aqui se tem ao nosso alcance. Num painel de apresentadores em que o nosso jornal “ Notícias de Vouzela” se veio a incluir, por insistência e deferência da Rita Mendes que não poderíamos recusar, falaram, a seu tempo e em compasso orquestrado pelo António Meneses, os respectivos autores e também Fernando Pereira, um entusiasta de sempre destas coisas da cultura e da fundação do Grupo de Cavaquinhos, que ali mostrou o seu testemunho entusiasmado. Em termos oficiais, usaram da palavra o Presidente da JF de Queirã, Paulo César Ribeiro, e a Vereadora da Cultura da CM de Vouzela, Carla Maia, vizinha daquela freguesia, que se congratularam com a edição destas “Memórias”, algo de alto valor para a freguesia e concelho. Porque estes testemunhos são importantes demais para serem esquecidos, tão diversos e complementares foram os temas abordados, desde a pré-história ao mundo actual, este é um livro que nunca pode ser lido como um romance. Em nota de leitura, que não queremos tornar fastidiosa, leia-se em diagonal de uma rajada, volte-se atrás e folheie-se cada página e regresse-se sempre aos seus temas porque elas nunca nos irão desiludir. Como nos sentimos altamente agradecidos pelo convite, temos a obrigação de aqui testemunhar a nossa gratidão pela consideração demonstrada para com o nosso NV e pelo contributo inestimável que os seus arquivos têm na história local e regional, como se atesta nas páginas 267 a 281 que se incluem nestas “Memórias de Queirâ” aquilo que por aqui se foi escrevendo, sobretudo a partir de 1939 e até aos nossos tempos actuais. Este não é mais um livro qualquer. É um testemunho de vida de uma freguesia que bem de si se pode orgulhar. Merece, por isso, uma atenção muito especial. Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, Junho 2023

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