sábado, 12 de novembro de 2022

Muitas castanhas e animação em Souto de Lafões

Festa da castanha em Souto de Lafões veio mesmo a calhar CR É a terra de Souto de Lafões, bem vizinha da sede do concelho, Oliveira de Frades, herdeira, até no nome, da importância dos castanheiros. Aproveitando o que estas árvores produzem, as castanhas, estas têm sido o mote para as tradicionais festas que ali se vêm realizando desde há uns tempos, numa colaboração entre a União de Freguesias e a Comissão de Festas de S. João, a animação por natureza nesta localidade. Este ano assim aconteceu, nos dias 5 e 6, sábado de domingo, uma vez mais. Num novo espaço de eleição, o Parque do Moinho, que combina a natureza com os equipamentos agrícolas, a incluir ainda uma barraca e um canastro, com a zona de lazer, com bar, zona infantil e de jogo da malha ( a condizer com os muitos “craques” que aqui praticam esta modalidade), palco e um agradável e bem tratado curso de água, eis os ingredientes necessários para se levarem a efeito todos estes tipos de eventos, como o desta vez relacionado com a castanha, a rainha da festa em questão. Se, na noite de sábado, o muito frio que ali se fez sentir como que espantou, segundo testemunhos, a clientela, na tarde de domingo, com o sol como companheiro, o caso mudou de figura e para muito melhor: o recinto animou-se e a alegria da participação veio a acontecer. Enquanto, no palco, o Rancho Vozes da Aldeia apresentava o seu bom reportório, o campeonato da malha, com os seus praticantes de sempre e outros, punha os círculos metálicos a correrem de um lado para o outro, ali se vendo, inclusivamente, o Presidente da Junta de Freguesia, José Cerveira, segundo dizem, um bom conhecedor desta modalidade, em acesa e animada disputa. Para que conste, em causa estavam bons prémios como, por exemplo, um presunto. Visíveis eram os montes de caruma a fazerem pensar no magusto que se iria seguir: perto das cinco horas, o lume começou a arder e as castanhas para ali correram apressadas. Nesta festa, participou também a Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões com uma sopa de castanhas e uma sessão de poesia a cargo de seu vice-Presidente da Direcção, Carlos Almeida, assim se associando os petiscos à cultura como convém. Com as castanhas a serem referenciadas por estas localidades desde há séculos, como, por exemplo, nas Memórias Paroquiais de 1758, neste ano de 2022, sente-se que estas optaram por não aparecerem nas árvores e a deixarem desanimados os seus produtores. Testemunhando o seu caso pessoal, José Rodrigues da Silva, também em nome da Horta da Clara, sua esposa, disse-nos que por esta altura se verificou uma queda de quase 70% na produção, caindo-se dos 200/300 quilos por ano para os actuais cerca de 60 a 70 quilos. É mesmo, acrescentou, um dos piores anos que conhece. A seca, as terras ao abandono e até os javalis, tudo isso contribui para este desfecho catastrófico. Participando, ano a ano, em vários eventos na região, com os seus produtos locais, como o mel, o kiwi, os coelhos, o piripiri, as abóboras, as chouriças caseiras e o feijão, além das castanhas, confessou que estar na sua terra é um orgulho e um sinal de confiança no futuro. Vinda do passado recente, a Festa da Castanha de Souto de Lafões aqui está para continuar a escrever as páginas dos nossos dias futuros, como esperamos e desejamos… Carlos Rodrigues, in “ Notícias de Vouzela”, 10 Nov 2022

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