sábado, 12 de novembro de 2022

O clima a meter medo

Tentar travar os mortais ataques ao clima Carlos Rodrigues No Egipto, por estes dias vive-se e fala-se muito daquilo que nos aflige: os ataques que estamos a fazer à natureza e, por via disso, à nossa própria sobrevivência. Na “ Cimeira do Clima de 2022(COP 27), que ali decorre, é disto que se trata, com o alto patrocínio da ONU e de seu Secretário-Geral, o nosso compatriota António Guterres, que tem feito deste tema, honra lhe seja, um forte motivo das suas preocupações globais, não se cansando de apelar a que tudo se faça para impedir o desastre total, o que equivale a dizer-se, a possível implosão da humanidade. De cimeira em cimeira, muitos são os objectivos estabelecidos, as metas a atingir, a curto, médio e longo prazo, como, por exemplo, aconteceu há anos em Paris. Fechadas as portas desses encontros mundiais, tudo praticamente volta à estaca zero, ou recua mesmo. Depois, volta-se à discussão, às pias intenções e não se sai deste círculo vicioso. Na prática, o que é muito mau e verdadeiramente lamentável, não se ata nem desata, isto é, não se sai da cepa torta. Em Sharm-el-Sheik, já o sabemos, vão aparecer em cima das mesas muitos e bons propósitos por parte de todos os oradores, praticamente idos de todo o mundo. Infelizmente, no meio da inacção que se segue, quem vai, como sempre, pagar as favas são os povos mais desfavorecidos, que as grandes potências poluidoras lá se vão arranjando… Os países em situação de maiores vulnerabilidades, como as cheias, os tornados, por um lado, e os incêndios, as secas, por outro, são, em suma, as zonas que mais vão sentir, pela negativa, aquilo que os governantes e cada um de nós deixam (os) por fazer. Apesar deste pessimismo, que o passado não tem ajudado a dissipar, ainda nos resta um pouco de esperança: que desta vez e do Egipto saiam práticas e intenções concretas, palpáveis e prontas a entrar em acção. Tememos é que não se preste a devida atenção ao que ali se vai passar: com o Orçamento para 2023 em plena discussão, com uma mão cheia de casos e casinhos, estas grandes e magnas questões ficam quase sempre para trás. E isso é terrível para o nosso futuro… In “ Notícias de Lafões”, 10 Nov 2022

Sem comentários: