sexta-feira, 11 de março de 2022

Um felizardo com fim de semana

Nestas Crónicas dos Meus Dias, tenho de confessar que me sinto um felizardo por pensar que vou ter mais um fim de semana, tal como acontece com frequência. Infelizmente, aqui ao lado, paredes meias com o meu quintal, na Ucrânia, há muita, muita gente que não pode, infelizmente, dizer o mesmo. Com os aviões por cima das suas cabeças, com os canhões e as metralhadoras a levar tudo em frente, a sua vida resume-se a dois palmos de espaço debaixo do solo, talvez sem luz, sem água, sem alimentos, sem carinhos, sem a força do sol criador. Uma vida não vivida, um tempo em que, assim o cremos, só pode trazer alguma esperança, quem sabe se ténue demais, e alguma luzinha ao fundo dos tristes túneis por onde ali se vegeta. Viver, aquilo não é viver, nem sombra disso. É apenas uma forma de estar aqui, mas sem se saber nem por quanto tempo, nem se todos estes sacrifícios valem alguma coisa. Face a esta dúvida, uma coisa sabemos: a coragem deste povo ucraniano já está a dizer-nos que ali há a alma de um povo que se não quer vergar, nem tombar sem resistir. Fica aqui a minha enorme admiração por tudo quanto ali se está a fazer pela paz e pela dignidade humana... Bem haja por tudo...

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