segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Bem fora, mal dentro

Depois de alguns tempos de ausência, que lamento, aqui regresso com a intenção de expor, um pouco, as minhas ideias e sentimentos.
Começo por ir até ao Egipto, onde aconteceu algo de improvável há uns anos: uma revolução praticamente pacífica, que derrubou um regime ditatorial com cerca de três décadas de poder. Com uma juventude voluntariosa e um povo em luta numa Praça já histórica, saiu Mubarak e outro mundo está a desabrochar. Quero dizer que, hoje mesmo, não bato totalmente palmas, porque ainda não sei o que aí virá. Mas este facto e feito não deixa de merecer a minha consideração e o meu reconhecimento. Por aqui, até ao momento, tudo bem.
Entrando agora em nossa Casa, já o caso muda de figura: tudo vai mal, a ponto de o hino de revolta da Geração "Deolinda" ser o sucesso que é. Isto tem de nos pôr a pensar e agir.
Mas, de orelhas moucas, em vez de arrancar com novas práticas, pomo-nos a brincar às moções de censura, deixamos morrer gente da terceira idade, indefesa e abandonada, na maior das traições, que é esta de desprezarmos quem mais de nós necessita, assobiamos para o lado, vemos as finanças a irem de mal a pior, com juros altíssimos, descobrimos em cada dia mais uns cêntimos no custo dos combustíveis, numa escalada de pisadelas que nos amachucam de todo e não mexemos uma palha para acabar com tudo isto...
Como que deslumbrados, logo abrimos uma garrafa de champanhe quando as exportações cresceram a bom ritmo. Foi bom? Foi, sim senhor. Mas é pouco, muito pouco.
Se o poder de compra e o consumo interno andam pelas ruas da amargura, algo vai mal no nosso torrão natal.
Se é mais fácil despedir, também esse não será um bom sinal.
Se a UE está a tentar arranjar um meio de dar a volta a isto, começa de haver um maior sossego. Mas ainda vem longe o remédio eficaz.
Assim, um tanto bem fora de portas, muito mal por aqui dentro, eis o nosso mundo.
E isso é que custa!

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