quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Universidade do campo

Digo que gosto muito de conhecimento e que é este que faz girar o mundo. Tenho cá para mim que só ele deve preocupar quem pensa e faz educação, acrescentando-lhe os valores, a responsabilidade, a ética, a honestidade e outras dimensões que tais. Louvo, por isso, as ditas Universidades de Verão, mas vejo nelas uma lacuna muito vincada: enviesam esse mesmo conhecimento, que deve ser plural e aberto e despido de cargas partidárias. Mas, fora isso, é bem melhor do que fazer política com uma sardinha na mão e, noutra, um naco de broa. Tudo tem o seu lugar e o seu tempo. Por estas bandas de Oliveira de Frades, proponho uma outra ideia: uma Universidade do Campo, que estude a terra e seus usos, que potencie formas adequadas de organizar, por exemplo, a floresta de modo a não arder como tem estado a acontecer, que mostre como aproveitar conhecimentos ancestrais e os dinamizar, que faça compreender o valor da terra como meio de riqueza e de equilíbrio ambiental, que tem de ser encarada com muito juizinho, para se não estragar aquilo que de melhor temos. Também quero dizer que me recuso a aceitar uma certa ideia de divisão dicotómica entre os continuadores da habitabilidade destes territórios e aqueles que foram para as metrópoles, olhando agora para as suas origens como uma espécie de reserva museológica: por aqui há vida própria e modernidade e, com as acessibilidades,vai-se mais depressa a uma Biblioteca, um Museu, um Teatro que nesses grandes centros, onde anda tudo empanturrado de trânsito e empurrões. É este o desequilíbrio e velhos mitos que essa Universidade do Campo tem de ajudar a desfazer. Com pouca apetência para aceitar ditames vindos de fora, por ser filho de uma terra, um couto criado por D. Afonso Henriques,logo, habituado a viver em autonomia, não digo nada disto à Troika. Quero é que essa gente vá de abalada!... Guardo este segredo, o da Universidade do Campo, cá bem para nós. É assim mesmo: se têm a mania que mandam em toda a gente, enganam-se: para cá do Caramulo mandamos nós. E mandaremos sempre.

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