quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Com acordos em cima da mesa, vamos olhar para um nosso escrito que fala de " Uma luz que vem de Roma", publicado há tempos...

A luz que vem de Roma Nestes nossos trabalhos, com muito pesar, acentue-se, temos aqui trazido pessimismo a mais e optimismo a menos. Esta semana quase que teríamos de seguir o mesmo guião das desgraças, se fôssemos enveredar pelas infelizes conclusões que a sétima avaliação da Troika vieram a produzir. Quanto a estes aspectos, noutras rubricas, bem pode ver-se o ambiente que se vive. Não vale a pena, por isso, avançarmos por aí. Mas não resistimos a deixar aqui umas curtas palavras de desalento: com os números que temos pela frente, Portugal está mesmo numa espiral recessiva, isto é, todos os mil e um sacrifícios que nos têm imposto não lograram melhorar nada o estado calamitoso em que o país se encontra, antes levaram a mais um fracasso. E isto é que é grave, preocupante, aflitivo e temível. Por este andar, o abismo está perto, como diz o Professor Daniel Bessa e tantos outros bons pensadores. O estranho é que, sendo o nosso Presidente da República um conceituado economista, ainda lhe não tenha vindo à cabeça aquilo de que precisamos para sair deste pântano dos pântanos: puxar dos seus galões e dizer a quem o tem de ouvir que temos de alcançar outros caminhos, para subir ao monte de algumas, ainda que curtas, felicidades. A continuarmos assim, pouco mais nos resta do que atirar a toalha ao chão e deixar andar. Por estes temores nos virem à mente, vezes demais, hoje, com total propósito, voltamo-nos para uma luz que parece querer grandemente brilhar a partir de Roma e espalhar-se por todo o mundo. Sendo a religião um campo em que não gostamos de nos meter, tão pessoal ela é, tão íntimo é o laço que une cada pessoa a essa dimensão transcendental, hoje, entendemos, no entanto, enveredar por essa esfera, tão importantes são os novos factos que nos surgem, vindos do Vaticano. A eleição de um novo responsável pela Igreja Católica, o Papa Francisco, por ser quem é e pelas mensagens que nos está a enviar, impõe que dele falemos, abertamente e com toda a franqueza possível. Desarmantes têm sido as suas primeiras atitudes. Rompendo com lugares comuns, com práticas ancestrais de demasiada pompa e circunstância, descendo de todos os pedestais para se encontrar com o mundo, com o seu povo, com crentes e não-crentes, o Sumo Pontífice, eleito há poucos dias, tendo ido do “fim do mundo” para as torres da Roma imperial, está a marcar uma outra agenda do catolicismo, pelo menos a avaliar por estas primeiras impressões. Este Cardeal argentino Jorge Mário Bergoglio, que viveu todas as fases de seu agitado país, que dali saiu para o Vaticano ido, ultimamente, das favelas de Buenos Aires, que vivia despojado de honrarias e benesses, chegou ao mais alto cargo da Igreja e logo nos atirou com um primeiro sinal da mudança que tem na sua mente: jesuíta, primeiro Papa não europeu em mais de mil anos, escolheu um dos nomes mais carismáticos de todos os tempos, em termos de ligação aos pobres – Francisco, o S. Francisco de Assis, o Santo que quis mudar o fausto de um papado cheio de fantasias e riquezas e que viveu a sua vida com os pobres e para os pobres. Se não há opções ingénuas a este nível de decisão, esta opção do Papa Francisco I diz-nos muito acerca da sua personalidade e vontade de fazer algo de novo, útil e necessário, por esta Casa de Deus, que, deixam que diga isto, muitas vezes d’Ele se distanciou demais. Por estas razões, começámos este humilde texto com o título de “ A luz que vem de Roma”. Sendo nossa convicção que o ex-Cardeal Jorge Mário Bergoglio tem algo de muito importante a fazer pela humanidade, nós, que gostamos de apreciar gestos que marquem, vemos nele o farol que a Terra anda à procura. Temos a certeza de que o vai conseguir? Não, de maneira nenhuma. Mas quem já foi capaz de se afirmar desta maneira, cortando com o espavento, falando com simplicidade e respeito pelo outro, por todos os outros, abdicando de uma Bênção universal, por reconhecer que, naquela plateia de jornalistas, podia haver gente de credos diversos, mostrando que pode dispensar vestes com enfeites e jóias a mais e sapatos topo de gama, começa muito bem: dizendo que é Francisco, e de Assis, que na sua Companhia um outro Francisco, o Xavier, companheiro do nosso jesuíta conterrâneo de Vouzela, P.e Simão Rodrigues, que também foi figura determinante, veio, afinal, assinalar um caminho muito mais luminoso. Com uma monumental tarefa em mãos, passando pela necessidade de purificar a própria Igreja, o nosso Papa Francisco promete. Confiantes, ficamos à espera de sua acção em prol dos ideais que em nós fez despertar. Cremos que vai conseguir ir longe. Deus queira que assim aconteça. Carlos Rodrigues, In “Notícias de Vouzela”, há tempos e hoje como forma de aliviarmos a pressão que para aí anda…

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