quarta-feira, 14 de novembro de 2018

Arouca e S. Pedro do Sul sempre lutaram por boas comunicações

Ligação S. Pedro do Sul e Arouca, sempre vizinhos mas bastante separados Entre os municípios de S. Pedro do Sul e Arouca há uma vizinhança natural. Está no sangue de cada um destes concelhos esta atracção mútua. Do lado de Covas do Rio, espreitam-se estas paisagens de um lado e de outro. De Manhouce, idem. Do Candal, nem se fala. Santa Mafalda, tentacular, estende a sua influência pelos dois lados das montanhas, desde os primeiros tempos da nossa monarquia. A natureza, a cultura e a história assim falam. A incapacidade e a teimosia dos homens, ao longo dos tempos, teimaram em impedir boas ligações. Se os nossos antepassados foram capazes de avançar com caminhos e veredas por essas distâncias além, os tempos modernos, quanto a estradas, têm sido uma lástima. A Nossa Senhora da Lage, algo perto de Manhouce e a pouca distância de Albergaria da Serra (outrora, das Cabras), o pulo a dar entre os limites de Covas do Rio e o vizinho concelho de Arouca, os passos que ficam entre as minas dos dois concelhos e tantos outros aspectos e factores são pontos de encontro e desencontro que têm demorado milénios a unirem-se. Em termos de ligações pedestres, aceitam-se as propostas feitas e colocadas em prática ao longo dos séculos. Mas, ao falarmos de vias modernas, isto tem muito que se lhe diga e não passa de uma lástima. Ano após ano, palavreado tem havido, mas obras, nem por isso. Rebuscando fontes diversas, como o saudoso “Tribuna de Lafôes”, quase nunca faltaram ideias e muitas hiópteses de estradas passaram pela cabeça dos dirigentes de um lado e outro destas serras. Definiram-se, inclusivamente, traçados, mas pouco se avançou. Há mapas que nos dizem que, em linha recta, apenas 24, 49 Km separam as duas sedes de municípios, S. Pedro do Sul e Arouca, esta uma terra predilecta de Santa Mafalda, que todos os anos, no mês de Maio, faz encher esta vila de peregrinos e devotos, idos de todos os lados e, muito especialmente, das paróquias dos concelhos de S. Pedro do Sul, Castro Daire e de outros em redor. E o seu Mosteiro é lugar de todos e muitos encontros religiosos e culturais, desde há séculos. Mas nem Santa Mafalda fez o grande milagre de pôr em contacto digno estes territórios. Aliás, o mesmo se diga quanto às ligações com Castro Daire, que se viu contemplado com obras na via que uniria Alvarenga a esta vila a partir do ano de 1917, mas que cedo perderam gás e deixaram de ser concluídas, para serem apenas retomadas em 1946, após a passagem e a destruição de duas grandes guerras mundiais. Com Arouca a construir, há poucos anos, a EM desde Portela-Moldes a Cabreiros, foi a vez de a Câmara Municipal de S. Pedro do Sul de, nos últimos anos, pôr em prática a variante ao Candal que, finalmente, estabeleceu uma rede de vias com tendências de modernidade e alguma eficiência para os tempos que correm. Em territórios de montanhas mágicas, os laços constroem-se com boas vias de comunicação. Se, num rio, as pontes unem o que a natureza separou, nos montes são as estradas e os caminhos a desempenharem esse bom papel. O norte e o sul podem e devem aqui ser ligados por infraestrutras rodoviárias de vistas largas e com horizontes de futuro. Os tempos dizem-nos que isso já deveria ter acontecido há séculos. Se assim não aconteceu, deixemos de lado as discussões e vamos às obras. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, 8 Nov18

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