sexta-feira, 11 de abril de 2025
Isabel Silvestre sempre a brilhar, agora na polifonia
Isabel Silvestre promove canto polifónico
Carlos Rodrigues
É o canto polifónico Património Imaterial Nacional desde há uns tempos. Agora pretende vir a ser Património da Unesco. Para este transcendente efeito, estão a ser realizadas uma série de iniciativas destinadas a dar a conhecer este justo desejo e mobilizar as comunidades em redor deste objectivo. A primeira destas acções aconteceu, no passado dia 28 de Março, no Cine-Teatro Jaime Gralheiro em S. Pedro do Sul, tendo cabido a Isabel Silvestre a função de ser a conferencista convidada, papel que lhe encaixou que nem uma luva e que foi amplamente merecido. È que a Isabel Silvestre é a Isabel Silvestre. Ponto.
Numa modalidade que se encontra sustentada pela Associação de Canto a Vozes – Fala de Mulheres, para que esta pretensão venha a ser alcançada vários encontros regionais se vão desenvolver um pouco por todo o pais, sendo que Vouzela, Oliveira de Frades e Sever do Vouga ali estiveram representados, avançando-se para Arouca, Santa Maria da Feira no dia 26 de Abril e Viana do Castelo, Braga, Porto, Bragança e Oeiras nos meses de Maio e Junho.
Aliás, este projecto nasceu precisamente em Viana do Castelo em 2020 com cerca de 360 cantadeiras, integrando agora 64 grupos de Portugal e França, o que demonstra a sua força e pujança internacionais. Como que contrariando a sua matriz inicial, já se admitem agora cantadores masculinos, sinal da sua abertura a novos contextos e esferas locais.
Se há muitas vozes espalhadas por aí fora, não há dúvida de que o papel desempenhado, ao longo dos anos, por Isabel Silvestre e o seu grupo de Manhouce se alcandora a um lugar cimeiro. Com recolhas de forte genuinidade da nossa cultura popular, o canto a vozes, na sua polifonia, é único e intransmissível. É este e mais nenhum nas comunidades onde se canta e se transmite de gerações em gerações.
Reconhecendo esta sua importância, as autarquias são um suporte essencial nesta candidatura mundial. Em uníssono e em conjunto com todos aos actores culturais e sociais destas comunidades, esta caminhada tem pernas para andar como o teve em 2023 a nível nacional.
Sendo que as três vozes são o mais comum na polifonia, esta também se apresenta com outras roupagens de mais vozes. Para o texto que estamos a elaborar para o jornal “Notícias de Lafões”, partimos essencialmente de Manhouce e das recolhas feitas outrora por Armando Leça, Artur dos Santos, Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça, bem reaproveitadas por Isabel Silvestre e António Silva e todos os seus companheiros desta longa e produtiva e enorme marcha musical. Seria ainda uma certa falha nossa não incluirmos aqui os cantares de Cambra e outros que tais.
Porque gostamos de ir sempre mais longe e mais alto, ficamos então a torcer para que a UNESCO se não esqueça de incluir nas suas listas este nosso canto a três vozes. O champanhe já está no frigorífico…
Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Abril 2025
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