quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Morte das freguesias

Hoje mesmo tocou o sino a finados em mais de mil freguesias em Portugal. Com a promulgação da Lei sobre Reorganização Administrativa, um floreado podre para dizer que é uma lei, com letra pequena, que mata freguesias e destrói identidades, está consumado um crime legislativo: o empobrecimento democrático deste meu País que, só neste meu concelho de Oliveira de Frades, me levou as origens e me deixou órfão. Reigoso ( se for verdade o que estava projectado, que ainda não li tão triste documento e até me custa abri-lo...) foi varrido do mapa. E tinha mais de mil anos de história, tendo sustentado, durante séculos e séculos, uma albergaria-hospital das mais importantes do nosso território. Hoje, com uma Zona Industrial, um nó de acesso à A25, uma boa genica associativa, teve o seu dia mais negro. O Governo, este, os Deputados, aqueles que assim votaram esta afronta, este Presidente da República não podem dormir descansados perante esta grave machadada no poder local, no interesse das populações atingidas e na sua própria dignidade. Estou de luto carregado. E muito aborrecido com tudo isto. Desanimado até. É uma tristeza perder aquilo que os meus antepassados, com tanto sacrifício, me legaram: a freguesia a que regressei, dezenas de anos depois de ter andado por tanto outro lado, por opção, por gosto, por paixão. Hoje mataram-me esse meu Bilhete de Identidade. Queimaram-no a ferro e fogo. Não esquecerei este dia 16 de Janeiro de 2013. Reigoso e tantas outras freguesias morreram e estão enterradas na vala comum da indiferença dos políticos que temos. E que, com actos destes, não merecem o pão que comem. E tenho pena que isto tivesse acontecido. Resta-me uma consolação: caí de pé. Valha-me isso!...

segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Um país desalinhado

Ando, aqui por Oliveira de Frades, um pouco de cara à banda, porque olho para o meu país e sinto-o, perigosamente, dividido em dois: de um lado, uma concentradíssima faixa litoral, do outro, grande parte do território a definhar, a perder gente, a desertificar-se. Este é o dilema que quero desvendar: porquê? Esta é uma razão que me levou a recomeçar uma carreira académica para investigar, a fundo, as razões nacionais, regionais e locais que têm levado a este descalabro. Quem provocou tudo isto? Que políticas aqui nos conduziram? Que actos? Que omissões? É por aí que quero avançar, em tarefa hercúlea, perigosa, porque difícil de analisar e de tirar conclusões certeiras, esperando, no entanto, vir a consegui-lo. A ver vamos o que irá acontecer e se tenho forças -e meios - que isso me permitam? Puf!... Se tenho saudade dos Afonsos e dos Sanchos, do Dinis, que começaram a construir uma nação da serra ao mar, com forais, com póvoas marítimas, com feiras, com mecanismos de atracção e fixação de pessoas, recordo também Pombal que pensou em Lisboa e sua reconstrução, depois do devastador terramoto de 1755, mas não esqueceu Vila Real de Santo António e o seu pescado, a Covilhã e a tecelagem, o Douro e Carcavelos e os vinhos, a Marinha Grande e os vidros... Da outra malta que para aí tem andado, na Monarquia e na República, quase nem me lembro a este respeito. Talvez Fontes Pereira de Mel, em parte. Pouco mais. Imputo a essa gente que não tem cuidado a sério do meu país a responsabilidade por este desastre nacional. Um dia, prová-lo-ei, cientificamente. Assim o espero. Porque me não resigno a ver desfazer-se a terra que amo e que tenho obrigação de ajudar. Assim me ajudem também!...

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Fechar o ano

Sem saudades e com tristeza/ este ano tem os dias contados/vivido em ansiedade e incerteza/parte sem deixar grandes dados/...Começou a medo/ orçamento medonho/foge, contando-se a dedo/ aquilo que não foi enfadonho/...Cheio de sobressaltos sem fim/passou por ti sem atenção/correu dessa forma por mim/vai-se embora sem ar de coração/...Olho para ele sem pena/tenho mesmo vontade de o ver fugir/sinto que, dia a dia, me depena/ vá e não volte a surgir/...Aí vem outro ano/ que não seja tão cruel/nem feito desse tecido e mesmo pano/que não sabe a mel/...Estou desanimado/ lixado até/sendo desalinhado/ isto é falta de fé/...A culpa não é só minha/ muito menos tua/é de quem alinha/ em quase pôr-nos na rua...

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Vamos dar a TAP

Face ao preço de saldo a que o nosso Governo está a tentar vender a TAP, faço daqui uma proposta: dê-se essa empresa, de borla, a quem a quiser aceitar, pedindo-se apenas em troca uma viagem, anual para cada português aqui residente, ou emigrado, aí até à quinta geração, ida e volta, para o local que se quiser. A dar, ao menos que se tire algum proveito. Quando se fala nuns míseros 20 milhões de euros de retorno para os cofres públicos, cheira-me a meio BPN, ou a uma outra venda sem controle nem avaliação capaz. Ou capacidade reivindicativa em grande falta. Ou pressa em desfazer-se de uma Companhia bandeira. Ou cofres tão vazios que cada esmola nunca pode ser recusada. Com negociadores destes, venha o diabo e escolha: o país, com esta gente, ainda desaparece e nem se dá conta. Efromichado, de todo, ou coisa que o valha, nós é que ficamos tramados. E sem a nossa querida TAP, assim perdida pelo preço da uva mijona...

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Novamente, Tribunais e Freguesias

Com lições a tirar da recente publicação definitiva do Censos 2011, que nos mostra que 50% da população vive apenas em 33 dos 308 municípios do País, em Lisboa teima-se em desprezar esta terrível desertificação de nossas terras, ameaçando-as com cortes e mais cortes de serviços essenciais à sua vida e necessidade de desenvolvimento. Se a Saúde e a Educação já levaram pela medida grande, agora quer-se dar cabo das questões básicas de proximidade, retirando-nos os Tribunais e, suprema ironia, até a nossa identidade de séculos estão a desfazer... Ainda esta semana, os Presidentes das Câmaras Municipais de Vouzela e Oliveira de Frades, para falar apenas destas nossas paragens, foram à capital, em mais uma tentativa para fazer travar o processo de encerramento dos respectivos Tribunais e vieram, uma vez mais, de mãos a abanar. Ao que sabemos foram atendidos pela Ministra, mas não conseguiram dar-lhe a volta. Aguarda-se que alguém lhe faça ver o erro que está a cometer e lhe aponte - imponha mesmo - a solução correcta e amiga das populações: continuarem com o pilar da Justiça nos seus municípios. Se assim não acontecer, a conivência paga-se com língua de palmo... Para agravar tudo isto, algumas de nossas freguesias, em decisão de uma seca Comissão,têm os seus dias contados. Simbolicamente, apetece-nos propor um exercício de protesto, indolor, mas cheio de significado: enviar cópias de Bilhetes de Identidade ou Cartões do Cidadão para o Ministério sabotador da democracia local, a mais próxima das pessoas, de carne e osso, em sinal de protesto por nos ser retirado o direito a, com orgulho, podermos dizer que somos da terra que sempre fomos. Como se vai (?) perder a Freguesia, fiquem lá com esses documentos para saberem que esta gente de bem não gosta de ser assim tratada... Como autor desta proposta, alinho já nessa medida de rebeldia sadia, brincalhona, mas a dizer que, por aqui, há quem não goste nada do que se está a fazer ao nosso querido Portugal!...

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Com ou sem Merkel, isto não passa da mesma

Hoje, de manhã acordei com um solzinho bem amigo de todos nós. Se dele estava à espera, porque ontem tinha visto o sinal do tempo nas informações que temos a esmo, uma outra coisa gostaria de ter visto, a essa hora: um país melhor. Afinal, ontem por aqui passara a nova "rainha" da Europa, a da Alemanha, que a da Inglaterra pouco faz por nós, nem bem, nem mal, uma paz d'alma essa Senhora! Mas aquela, a outra, a Merkel, essa tem que se lhe diga: consta para aí - e nem quero acreditar que isso seja verdade - que manda no Durão Barroso, no Draghi, no Passos e não sei se me fica alguém de fora. Talvez, mas não me levem a mal essa possível falha. Por isso, por ter visto que andou uma curta meia dúzia de horas na nossa capital e foi a sítio onde nunca entrei ( um apenas: o Forte de S. Julião da Barra, que aos outros já fui várias vezes), estava convencido que nos oferecera qualquer coisa de bom. Os ricos devem ter essa função: ajudar - não controlar - os pobres. Nada disso aconteceu. Veio de mãos vazias e foi-se embora com pouca saudade nossa, creio eu. Por isso, se estivesse a chover, talvez fosse melhor: ao menos enchiam-se as barragens que ainda precisam de muita água para cumprirem a sua missão. Com o sol, o dia tem sido bom. Mas, sem uma ofertazita da Senhora Merkel,isto não vai lá. Ou tarda a ir... "Isto é que vai uma crise, Senhor Triste, diga à gente, diga à gente, como vai este país? Mal, Senhor Contente...". Lembram-se de uma latomia deste género? Oh, se lembro, eu que já tenho uns anotes...

terça-feira, 6 de novembro de 2012

OBAMA(IS)

Boa noite, Obama! Daqui, de Portugal,do meu recanto de Oliveira de Frades, desejo que repitas o feito de 2008. Então, eras a esperança, a novidade, a mudança nas ideias, nos conceitos e nos preconceitos. Chegaste, viste e venceste. Nessa noite,deixei fugir o sono e ouvi o teu memorável discurso da vitória. Hoje, quando quero que continues a obra iniciada, quando VOTO daqui, quando estou ansioso e à espera, em horas de alguma angústia, porque as sondagens assim me fazem estar meio a medo, meio confiante, não sei se serei capaz de ficar até essas altas horas. Se não puder presenciar o desfecho deste dia grande, apenas aguardo a melhor das notícias: a tua reeleição. Força, Obama, Obama(is, Obama mais!...