quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Este 2012 vem cheio de ameaças

Quando o dia 31 de Dezembro se foi embora, meio sonhador, ainda tive uma ligeira esperança em que os sacrifícios pedidos a esta gente de Oliveira de Frades e de todo o mundo pudessem ser suficientes para tapar todos os buracos que por aí existem. Desiludi-me, de imediato. E agora é o Banco de Portugal, aquele que não quer cortar aos seus funcionários o subsídio de férias e o 13º mês, deixando de ser solidário para ser pavão, a dizer que pode ser necessário sacar mais dinheiro a todos nós. Se fosse Bordalo, sei o gesto que me apetecia fazer face a tudo isto. Como não sou, digo: porra, isto é demais! Mas a desconfiança que sinto, a dor que me corta o fôlego, é tanto maior quanto vejo o descalabro em que também anda o mundo dos valores, numa altura em que a dignidade pouco parece contar, confundindo-se grupos de pressão com instituições de decisões governamentais, misturando-se negócios com a obrigação de camadas mais débeis terem de suportar a megalomania de uma televisão que nos querem impingir para vender espectro disponível, sabendo que há zonas sem acesso à TDT, vendo-se que uns caminham, serenamente, como se nada tivesse de mudar, de posição para posição, enquanto outros fazem contas à vida e não vêem maneiras de escapar à tormenta diária de se verem sem pão e, até, sem rosto, porque começam de ter vergonha de entrarem em derrapagem forçada, a nível financeiro, por culpa de um Estado que está a desperdiçar a sua própria identidade: deixando de ser o garante da igualdade dos cidadãos, esvazia-se, resvala para o campo do descrédito e isso é o pior que nos pode acontecer. Sem ser adepto de um Estado absorvente e controlador, horroriza-me também um Estado que se está a marimbar para as pessoas, as suas pessoas, os seus cidadãos. Nem Hayek nem Marx, quero ficar no meio caminho, um pouco ao lado de Keynes. Sem olhar para um leste que se desfez, de dentro para fora, também não quero este liberalismo selvagem. Melhor dito: sei bem o que não quero - o mundo tal como está. Mas não sei bem o que escolher. Uma ideia tenho bem presente e que me não larga: gosto de um Europa que seja solidária entre si, que se abra ao mundo, mas que saiba fazer o seu próprio caminho. E esta União Europeia e Zona Euro que temos andam demasiado às aranhas para me servirem de alento. Numa palavra, esperava algo mais de 2012. Mas não vejo maneira de isso acontecer. Temo até que tudo piore...

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