terça-feira, 24 de abril de 2012

Manifesto pessoal e intransmissível

Ao ler o último Manifesto da Associação 25 de Abril, deu comigo a pensar desta forma totalmente pessoal, minha e de mais ninguém: em tese, muito daquilo que ali é dito tem a minha concordância. No conteúdo e até na forma, revejo-me em vários passos daquele texto. Tanto como aquela gente, de farda despida, eu que a trazia vestida no 25 de Abril de 1974 e andava em zona de guerra, lá muito longe, em Moçambique, também acho que há miséria a mais, desenvolvimento a menos, falta de bom senso político, más medidas tomadas há anos, aí há cerca de 38, tantos são aqueles que nos distanciam dessa data histórica, mas deixo de pensar como esses militares - que muito nos deram - no momento em que abandonam o barco da democracia, que eles próprios, honra lhes seja, fizeram despontar. Quanto a esse ponto de vista, estamos confessados: no melhor pano cai a nódoa e esses obreiros do 25 de Abril acabaram por estragar parte da muita consideração que por eles, confesso,tenho. Em vez de atirar a toalha ao chão e fazer birra, vou continuar no meu postito de antigo furriel MILICIANO, que saiu do Continente, de Oliveira de Frades, mais concretamente, e aí foi até à inesquecível Madeira e ao saudoso, apesar de tudo, Moçambique. Ao todo, foram mais de três anos de farda verde, mas não me arrependo de ter respondido positivamente à chamada que a Nação me fez. E, agora, quando ela continua a precisar de mim, aqui, aqui e com a minha querida DEMOCRACIA - que veio, em grande parte, de quem hoje assim fala - estarei de pedra e cal. Devo acrescentar que votei no partido maior desta coligação governamental e que não concordo com muita coisa - asneira - que está a ser feita. Desta vez, sinto que sustento um Governo que teve a minha adesão eleitoral, Mas já fui derrotado e governado por quem não teve a minha aceitação. Só que, assumo-o frontalmente, posso dizer que tenho uma qualidade que essa gente da citada Associação deixou de ter: sou DEMOCRATA até à medula e não renego essa minha costela. Aliás, acho até que é das mais sãs e puras. Comigo, o 25 de Abril, oficial e popular,pode contar. A terminar: enjoa-me este discurso de quem se sente dono do legado do 25 de Abril. Eu não: tenho, pelo contrário, a ideia que ele tem uma dimensão universal. Pelo menos, portuguesa. E, por isso,ninguém tem o direito de amuar se os tempos não correrem como queremos. Fica no nosso voto, e só nele, a possibilidade de mudar tudo e recomeçar de novo. NOTA: no que diz respeito às caturrices do Dr. Mário Soares e do Dr. Manuel Alegre, que lhe façam muito bom proveito. Vê-los agora do mesmo lado da contestação é até engraçado... VIVA o 25 de Abril. O de todos. Não aquele que estes militares querem só para si.

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