terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Mais de vinte anos de histórias de sucesso - Martifer

A Martifer, empresa de Oliveira de Frades, anda agora nas bocas do mundo, porque quer entrar na operação de revitalização dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo e foi apanhada num turbilhão de emoções, contradições e confusões, que, creio eu, lhe são absolutamente alheias. Empreendedores, os Irmãos Martins, Carlos e Jorge, têm no sangue aquele entusiasmo que me habituei a ver-lhe desde sempre, a partir do momento em que, com o Primo Bastos, que, entretanto, se afastou destes seus projectos, iniciaram, com pá e picareta nas mãos, a criação de uma pequena, mas atrevida firma, esta, a Martifer, num lote na ZI deste mesmo concelho. Estava-se nos princípios dos anos noventa. Eram três jovens: um engenheiro, um economista e um jurista, unidos por laços familiares e pela ambição de singrar na vida. Vieram de Sever do Vouga e instalaram-se em Oliveira de Frades. De princípio, eram apenas três aventureiros das coisas empresariais. A vida sorriu-lhes e a primeira fábrica tornou-se pequena para a realização de seus sonhos. Mais além, uns pavilhões nascidos e não alimentados devidamente estavam às moscas. Decisão: compra-se aquilo. Dito e feito. Depois, vieram mais um e outro e outro e outro edifício e sector de actividades. Os meninos das estruturas de ferro não se contentaram com isso: puseram-se a fazer parques na Expo 98, ventoinhas e painéis eólicos, estádios de futebol, centros comerciais, foram para os EUA, Austrália, Brasil, Polónia, Moçambique, Angola, Arábia Saudita, Espanha, etc, etc, e afirmaram uma presença global. Certos de que estavam bem em terra, foram para os rios e para os mares. Criaram. Inventaram. Progrediram. Caíram também algumas vezes. Mas o certo é que têm continuado a manterem-se de pé. Aparecem agora os ENVC e a polémica toda em seu redor. Como alguém que conhece a sua obra e o seu génio, custa-me ver que queiram questionar a sua mais valia empresarial e a sua capacidade de fazer obra e assumir riscos. Em matéria de barcos, a sua Navalria, um dos muitos braços da gigantesca Martifer, diz tudo: tem paquetes de luxo na Douro Azul e navegam no Rio Tejo criações suas. Viana do Castelo, que tem nos seus velhos estaleiros uns montes de sucata e um império destroçado, muito pode ficar a ganhar com esta entrada em cena da Martifer. E os trabalhadores, os melhores, os bons, os voluntariosos têm tudo a ganhar com esta reactivação dos seus ENVC agora com outra designação. Por conhecermos bem esta gente, por habitarmos o concelho onde têm a sua Sede, dói-nos este alarido e estas sucessivas desconsiderações. Ninguém nos encomendou isto nem aquilo. Mas é nosso dever testemunhar em seu favor...

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