segunda-feira, 10 de março de 2014

Lafões com pouca fibra óptica para tão vasto território...

Lafões com fibra óptica a meias A partir de um programa do Mais Centro, há partes dos concelhos de S. Pedro do Sul e de Vouzela que têm vindo a ser contemplados com rede de fibra óptica, em instalação já praticamente concluída, em financiamento Lafões com fibra óptica a meias público, num orçamento total de 30189591 euros e uma comparticipação comunitária de 21132713 euros, para certas localidades de 42 concelhos da Região Centro. Em Lafões, ficou de fora Oliveira de Frades, que, quanto a este projecto, aparece como uma ilha isolada no meio de concelhos contemplados. Integrada esta acção no âmbito da Agenda Digital, em que se visa dotar com redes de nova geração parte do país, partiu-se deste princípio, estabelecido pelo Ministério das Obras Públicas Transportes e Comunicações (MOPTC), em 2009, ano em que se lançou este programa: “… O critério que determinou os municípios abrangidos por esta iniciativa foi a inexistência, num passado recente, de investimentos em infraestruturas de rede de cabo coaxial e a inexistência de investimento, por parte de operadores alternativos, em infraestrutruras próprias… “. Com esta operação, na Região Centro, chegar-se-á a 594 localidades, a 90000 habitações, a 205000 habitantes e a 15000 empresas, através de 4300 quilómetros de cabos, tudo isto em números redondos e aproximados. Como entidade que realiza, no terreno, todo este trabalho, temos a empresa Fibroglobal, do Grupo Visabeira/Viatel. Espera-se que se possa aceder a Internet de alta velocidade, a TV interactiva e a outros serviços avançados em termos de novas tecnologias. Como ideia, estamos perante mais um factor de competitividade, de coesão territorial e social e de aproximação das pessoas e empresas ao mundo das modernas comunicações. Mas, como aplicação prática, nos moldes em que está definido este investimento público, revela lacunas de todo o tamanho: destinado apenas a algumas povoações, tendo havido a preocupação de optar pelos lugares com maior densidade populacional, as exclusões são óbvias e as discriminações atingirão sempre quem menos poder reivindicativo parece mostrar. Se, no que se refere a Oliveira de Frades, se crê que a sua não inclusão neste projecto advenha de anteriores investimentos nesta área (tendo nós sérias dúvidas quanto ao seu alcance territorial no seu aspecto global) e na convicção de que ali não há apenas serviços de banda larga e um único operador, o facto de não estar nesta listagem acarreta, como vimos a nível geral, assimetrias acrescidas. Esperamos, por isso, que esta matéria seja reanalisada e que, um dia, se venha a repor a justiça devida, bem como nos sítios que, agora, ficaram à margem destes benefícios nas demais zonas. Muito embora devamos dizer que estas nossas críticas têm toda a razão de ser, é também altura de afirmarmos que à citada firma, a Fibroglobal, não podem ser assacadas quaisquer culpas, porque se limita a colocar no terreno aquilo que o concurso previa e determinava, através das decisões do Governo de então e das indicações que este recebeu da própria União Europeia. Por outro lado, na investigação que conduziu a este trabalho, que nasceu duma nossa ida a Campia, onde descobrimos umas caixas alusivas a esta rede de fibra óptica, foi decisivo o muito bom contributo que recebemos do seu Director Comercial, Carlos Oliveira, que foi de uma simpatia e eficiência bem dignas do nosso agradecimento público, que aqui se regista. Graças a esta fonte informativa, podemos assinalar, povoação a povoação, todos os lugares onde este sistema de “Redes de Nova Geração – Zonas Remotas” tem vindo a ser concretizado. E são estes: - No concelho de S. Pedro do Sul – S. Pedro do Sul, Pindelo dos Milagres, Santa Luzia, Drizes, Termas, Freixo, Bordonhos, Sul, Fermontelos, Pouves, Sobral, Rio de Mel, Valadares, Carvalhais, Negrelos, Eiras, Oliveira, Calvário, Manhouce, Sá, Lourosa da Trapa, Passos, Ladreda, Goja, Abados, Outeiro do Concelho, Covelo, Covilhã, Arcozelo e Covelas, a perfazer 53% da população total, segundo o Censos de 2011, cabendo à Fibroglobal assegurar um mínimo de 50%. - No município de Vouzela – Vouzela, Vasconha, Cercosa, Fataunços, Rebordinho, Carvalhal do Estanho, Caria, Queirã, Loumão, Vilharigues, Cambra de Baixo, Paredes Velhas, Campia, Real das Donas, Moçâmedes, Carregal, Crescido, Fornelo, Mogueirães, Quintela, Sacorelhe, Touça, Farves e Tourelhe, sendo 52% dos seus habitantes, com base no citado Censos de 2011. Na sequência da entrada em funcionamento desta operação, que teve em 2013 a sua conclusão, em grande medida, passam a ser postos à disposição de quem teve esta (boa) sorte três tipos de serviços: acesso virtual à rede, ligação física a elementos da rede e infraestruturas, como se lê na documentação consultada para esse efeito. Quando estávamos com as mãos nesta moderna massa, veio ter à nossa mesa de trabalho mais um dado precioso acerca desta mesma realidade: anunciou-se a ligação, por cabo deste género, entre Lisboa e Fortaleza, ou seja, a unir Portugal e o Brasil. Mas, repetimos, ficou de fora parte do sempre sacrificado País profundo e isso não é política que se recomende, nem se aceite de bom grado. Aliado ao gosto que tivemos em dar esta novidade, fica-nos a mágoa de saber que há muita gente que fica cada vez mais distante do progresso. E isso tem de ser evitado em nome da governação inclusiva, equitativa, justa e solidária. Parte destas componentes sociológicas falharam estrondosamente. Infelizmente. Carlos Rodrigues, em “Notícias de Vouzela”, 6 de Março de 2014

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