quarta-feira, 19 de março de 2014

Oliveira de Frades em movimento, apesar da crise

Lutar contra a força de ventos contrários Em cada dia que passa, mil catástrofes se anunciam. Para vencer aquelas que os homens, eles próprios, provocam, nada melhor do que curar a ferida com o pelo do mesmo cão. Reside neles, em cada um de nós, a força que pode conduzir-nos, de novo e sempre, à vitória. Só nos tornamos impotentes perante as investidas da natureza, como acabou de acontecer, em Itália, onde um tremor da terra, trouxe, uma vez mais, a destruição e a morte, o que muito lamentamos. Condenamos, por outro lado, uma outra loucura humana que, numa escola, também italiana, semeou o terror e tirou do nosso convívio uma jovem na flor da idade, com uma bomba ali colocada. Com um sinal negativo, temos ainda e agora o corte do QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional – onde houve a suspensão da aprovação de financiamentos comunitários, por via de hipotéticos novos concursos, o que leva à queda do investimento que lhe está inerente. Desta feita, até à conclusão da reprogramação que está em curso, e que pode continuar por mais uns meses, não há verbas que possam surgir dessa fonte de receitas. Se de fora ficam os incentivos às empresas e iniciativas ligadas ao apoio ao emprego e ao empreendedorismo, bem como os programas “Estímulo 2012” e “Impulso Jovem”, esta não é, seguramente, uma boa notícia. Mas, no meio desta hecatombe e de tudo aquilo que a crise nos tem trazido de mau, há dados que mostram um outro lado muito mais agradável, muito mais promissor. Enquanto há quem semeie tempestades, outros são capazes de das pedras fazer pão. Para comprovar esta verdade, lançamos um convite a quem tem a pachorra de nos ler: que venham até à Zona Industrial de Oliveira de Frades, numa manhã e com vagar e poder de observação. Aquela rua principal, em hora de entrada no trabalho, nas unidades fabris e nos respectivos serviços administrativos e de apoio às actividades produtivas, é uma chuva de veículos e pessoas em correria desenfreada para os seus postos de emprego. Temos a certeza que é de trabalho que estamos a falar, não de uma mera ocupação para preencher tempo e ver as horas passar. Ali, para onde aquela gente vai, qualquer que seja o seu destino, há produção pela certa e o país tem de saber que assim acontece. Em fila contínua, os carros sucedem-se uns atrás dos outros. Fazer ultrapassagens é processo arriscado e desaconselhado. Aliás, dado que todos os condutores sabem o que estão a fazer e que os espera uma missão a cumprir, não há razões para se querer inverter a marcha serena dessas manhãs de criação de riqueza e de afirmação empresarial. Por mais que se destruam instrumentos decisivos para a economia funcionar, como é aquele que citámos relativo ao atrofiamento do QREN, há sempre quem saiba e queira resistir. Aquelas manhãs de corrida para as fábricas são disso impressionante e inegável testemunho. Mas não fica por aqui esta nossa observação: em resposta às crescentes dificuldades de se usarem carros individuais, entram em cena os transportes colectivos em viaturas fretadas, que para ali vêm mal começa o dia e dali vão quando o relógio de ponto disse que está na hora de partir. Em autocarros das firmas “Murtosa” e “Marques”, maiores, ou mais pequenos, são às dezenas, muitas dezenas, os jovens que ali aportam, porque ali encontraram pão, quando, em tantos outros lados, ele escasseia. De mochila e mala de computador aos ombros ou às costas, um dia de dedicação às suas funções os espera. Uma semana e um mês se seguem. E anos também, assim o cremos. Entre o meio dia e as catorze horas, muita dessa gente busca os restaurantes das redondezas e o ciclo económico constrói-se com esses fluxos financeiros. Mas há “sacos” que indiciam uma outra realidade: a de quem traz a marmita de casa, que os orçamentos familiares são cada vez mais magros e apertados. Esses, hoje, já não saem do seu canto, onde comem e laboram. Mas vêm e isso é o que mais nos importa. Quando o desemprego sobe vertiginosamente e deixa milhares e milhares de pessoas e famílias na angústia de dias sem caldo e sem pão, esta alegria de ver que, ali, assim há ranchos de empregados a acorrerem às suas sedes de trabalho é um gosto que muito nos anima. Sendo assim, são cheias de sol as manhãs em Oliveira de Frades, um celeiro que os governantes têm o dever de acarinhar e estimar. Por isso, não podem afogar esta gente criativa, e que faz do risco empresarial o seu dia a dia e o sustento de milhares de bocas, em incertezas quanto ao dia seguinte. Ouvindo-se palavras de incentivo ao crescimento, é esta postura (nova) que se exige de quem nos governa. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”

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