quarta-feira, 8 de julho de 2015

A felicidade não mora aqui...

A felicidade não mora aqui Com verdades que se separam da água como o azeite, uma delas tem a ver com o conceito de felicidade. Só que nos aparece com um manto negro, com uma carga negativa, o que se traduz no seu total oposto, a infelicidade. Tendo esta por companhia, a sua boa rival não mora aqui, talvez mesmo em lado nenhum. Acresce a isto que a política também não ajuda nada a que se inverta esta situação de descrença, de desânimo, de dor e de aflição em muitos casos. Portugal e o mundo trilham caminhos complicados e isso é uma determinante do nosso actual destino que se encontra demasiado enraizada nas nossas percepções e vivências. Se há indicadores preocupantes, aqueles que acabaram de ser revelados no “ Roteiro do Futuro 2015”, promovido, em jeito de Conferências, pela Presidência da República, falam por si e gritam alto que se farta. Ouçamo-los, que é uma pressa! Com cerca de 65% dos portugueses insatisfeitos com a democracia (valores de 2011, mas que não são hoje melhores), sendo que o nosso País é aquele que, no seio da União Europeia esta tendência é das maiores e das mais preocupantes, não podemos concluir que se possa sorrir. Nem por sombras. Cruzar os braços? Bem pior seria se tal acontecesse. Em cima desta tristeza, os jovens situam-se ainda, a este propósito, em patamares mais elevados de descrença total. Em 2015, apenas 17.3% da nossa juventude é de opinião que a democracia funciona bem em Portugal e a média geral ainda é mais baixa: 16.6%. Será que estas lambadas não doem na cara de todos os políticos? Não têm estes de mudar de rumo e de atitude se não quiserem perder o maior dos nossos capitais, que são as pessoas e, nestas, os mais jovens? Com o País a afundar-se em confiança e credibilidade, o cepticismo campeia por aqui. Associando-se a este sentimento, temos, a disparar em flecha, a fuga para o lado de tudo quanto seja participação em cidadania, como demonstram as votações nos vários actos eleitorais, a muitas milhas dos quase 92% de ida às urnas em 1975. Enquanto assim se resvala para o abismo, e pré-campanha não augura nada de substancialmente melhor. Talvez até esteja a acontecer o contrário. Logo, é preciso buscar outras práticas, antes que seja tarde demais. Em Portugal, na Europa e no Mundo. NOTA: Acrescentando algumas linhas a este texto, escrito e publicado há uns tempos, cada vez mais a felicidade está longe de nós. Com a Europa e fazer contas demais e a ter gente a menos na sua cabeça, jogando sempre para cima da mesa as tabelas e as estatísticas, as dívidas e os poços em que todos estamos metidos, não se pode ser feliz. Tememos que a desgraça, um dia, nos bata à porta e escaqueire as nossas casas e as nossas vidas. Querendo a Grécia connosco, não a podemos escorraçar, ainda que lhe façamos ver que todos temos esforços a fazer. Deixá-la cair é erro que se vai pagar caro, muito caro. Sabemos que a Dra. Maria Barroso, que tanto lutou pela liberdade, deve ter partido muito triste com tudo quanto estamos a viver. Saudades e sentidos pêsames. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”

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