quarta-feira, 31 de agosto de 2016

A praga dos incêndios

NLafões18ago16 Um quadro negro neste concelho de S. Pedro do Sul Não era este o tema que tínhamos em mente para esta edição de Agosto do jornal “Notícias de Lafões”. Não era de maneira nenhuma. Mas as tristíssimas circunstâncias dos últimos dias obrigam-nos a que abordemos a tragédia dos incêndios que, uma vez mais, chegaram ao município de S. Pedro do Sul, levando as chamas a uma vastíssima área florestal e várias de suas aldeias, deixando um rasto de destruição em casas e propriedades que são altamente lamentáveis e que jamais podem ser esquecidas. Vindo dos lados de Arouca, este fogo propagou-se por estas terras e, com uma força indescritível, levou tudo na sua frente. De um momento para o outro e durante vários dias, as Serras foram todas elas um mar de chamas ardentes, que se mostravam difíceis de combater. Descendo pelas encostas, chegou às diversas povoações, deixando muitas delas em perigo eminente e, noutras, invadiu-as mesmo. Reside aqui, nesta faceta perigosíssima, a dimensão mais trágica destes fenómenos que tanto destroem o nosso património, deixando, no seu avanço incontrolável, a dor da perda de tantos bens e memórias, algumas delas perdidas para sempre…. Quando são as casas a serem devoradas na sua totalidade, tudo se complica: num instante, foge-nos da mão toda uma vida, que nunca mais se recupera. No momento em que se atingem vidas humanas, ainda muito pior. Neste ano, infelizmente, há a referir um ferido grave, fazendo votos para que recupere brevemente. Mas, anos houve, aqui, aqui neste concelho de S. Pedro do Sul, em que a morte foi uma realidade, o que se recorda com imensa mágoa. Se, agora, em Agosto de 2016, é de área ardida que se trata, as razões de base são sempre as mesmas: a floresta consome-se, incontrolavelmente em ciclos demasiado curtos, que nos fazem tentar reflectir sobre tudo quanto está por detrás de tudo isto. Múltiplas são as causas, incluindo a muito provável mão humana em crime a todos os títulos condenável, vários e com pesos diferentes os seus resultados. No fim de contas, quem sofre é o nosso povo e o ambiente. Nesta pavoroso incêndio, foi enorme o dispositivo em pessoal que se colocou no terreno, a rondar, em muitos momentos, o milhar de elementos. Fantástico e abnegável foi o seu esforço heróico, titânico e quase levado até à exaustão. Aqui fica a nossa gratidão e o nosso reconhecimento. Puseram-se em acção também importantes e determinantes meios aéreos, sendo apenas de lamentar que tivessem entrado tão tarde neste combate, ora por uma razão, ora por outras. O certo é que fizeram falta e podiam fazer a diferença, para melhor, em muitas ocasiões. Coube a este concelho de S. Pedro do Sul e às suas populações esta triste sorte, a somar a tantas outras, em anos passados. Aqui deixamos a nossa solidariedade a todos quantos sofreram as agruras de um incêndio que não teve contemplações com ninguém por onde passou. Sabendo que este jornal vai dar a devida atenção a este doloroso tema, estas são as nossas sentidas palavras em tempos de tanta dor e sofrimento, que vão ainda durar muito tempo, em termos de rescaldo e recuperação de tudo aquilo que é possível reaproveitar. Mas há males e marcas que nunca mais se voltam a ver. Nunca. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Agosto, 2016

Sem comentários: