quinta-feira, 13 de agosto de 2020

Vouzela e Lafões há 50 anos...

O Notícias de Vouzela de há 50 anos Preocupações e questões para resolver Percorrendo os arquivos deste jornal “Notícias de Vouzela”, fazemos hoje uma viagem até ao ano de 1970, começando-se logo por referir que era de regozijo o tempo vivido pelo facto de, nessa altura, este órgão de comunicação social ter passado a trimensário, depois de ter sido publicado de 15 em 15 dias desde o seu nascimento em 1935. Logo a seguir, começavam as preocupações e uma delas relacionava-se com as questões da saúde e de uma forte onda gripal que se vivia nesta região. Neste sentido, falava-se num Inverno rigoroso e numa gripe intensa, a ponto de se referir que ela atinge “numerosos lares, alguns dos quais tiveram já na cama todos os seus componentes”. Sendo geral, numa propagação absolutamente anormal, algumas das freguesias de Lafões eram das mais flageladas. Sem que haja uma ligação directa e oxalá que isso não aconteça, não deixa de ser relevante, quando olhamos para a nossa actualidade, esta constatação - a de se estar perante um preocupante surto gripal, que, como se sabe, tem muito de cíclico e nos visita praticamente todos os anos, ora de uma forma mais leve, ora muito mais intensa e preocupante. Volvidas cinco décadas, num tempo em que a Covid já muito nos preocupa e assusta, se essa gripe aparecer assim em força estaremos então perante uma situação que traz indesejadas complicações de maior, a juntarem-se à pandemia que nos assola e, pelo que se sabe, não desaparecerá tão cedo quanto se deseja e espera. Fazemos votos para que a história, neste caso, se não repita. Nessa época de 1970, estava também em cima da mesa o problema da EN 333, aquela que liga Vagos a Vouzela ( de que fizemos, pessoalmente, há uns tempos, um razoável estudo que levou a várias exposições nos concelhos por onde ela passa), protestando-se contra a sua não conclusão, havendo muitos troços por fazer e outros a melhorar. A par de muitas outras reivindicações, desde a electrificação aos telefones, passando pelas mais diversas áreas, as vias de comunicação estavam num dos lugares cimeiros dos problemas em discussão. Ainda na área das vias de comunicação, a povoação de Varzielas mostrava o seu descontentamento porque a carreira Queirã – Viseu e Caramulo – Águeda não era obrigada a manter a ligação à aldeia em causa e isso muito afectava os passageiros dessa terra. “ o que é triste e desolador”. Porém, alguns dias após este desabafo, a empresa Oliveiras – Transporte e Turismo, SARL, vem indicar que, no horário do meio dia, essa pretensão será atendida. Do mal o menos. Uma outra esfera de assuntos relacionava-se com as madeiras e gritava-se contra a Madeiper, que, num insulto à pobreza, assim se escrevia, acabara de “ decretar ditatorialmente o (seu) preço”. Como, muitas vezes, há aspectos colaterais a surgirem, saudava-se a ideia e o apelo “ a todos os lavradores que se sentem (...) se deverem juntar para se poderem defender em cooperativas”, quando por aqui eram, nessa altura, bons os exemplos nos campos da agricultura e da vinicultura, com sedes, respectivamente, em Vouzela e S. Pedro do Sul. Entretanto nem tudo eram queixas, na medida em que vinha estampada uma boa iniciativa, a criação do Movimento de Promoção Social do concelho, concretizado na Associação Pró – Oliveira de Frades. Propunha-se trabalhar em diversos domínios, tendo-se, de imediato, avançado para uma Comissão de Saúde e para o debate dos temas que preocupam os agricultores. Se este ano tudo pudesse correr normalmente e não existissem as restrições e cuidados a ter com a Covid 19, estaria o concelho de Vouzela em onda de grande animação com as suas Festas do Castelo. Tal como já aconteceu em Oliveira de Frades e S. Pedro do Sul, onde foram cancelados esses mesmos eventos, e como sucede em cada uma de nossas povoações e na Pedra da Broa sem a sua tradicional sardinhada, resta-nos abordar o que se dizia quanto à edição vouzelense de 1970, ao saudar-se o regesso da Banda de Palmela e o festival luso-espanhol de folclore, estando acordada a vinda dos Ranchos de Orense e Léon, da Galiza, o da Região do Vouga e o de Torredeita, além das noites na Capucha. Ao lado, registava-se que era significativo o número de veraneantes em Oliveira de Frades, a ponto de o Correspondente assinalar que “.... Torna-se impossivel indicar totalmente todos quantos por aqui se encontram e de que nos abstemos para evitar melindres... “ Nesses tempos, o turismo estava em alta. Hoje, pelas razões que todos conhecemos, este sector vive momentos de verdadeiro sufoco com a paragem abrupta e quase total desta importante actividade económica. Felizmente que, por aqui, ao que sabemos, a recuperação começa a verificar-se e ainda bem. Esperando-se melhores dias, que se recomece a “passar bem”, porque de tristezas temo-las tido em grande quantidade e dor... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Agosto 2020

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