domingo, 28 de fevereiro de 2016
S. Frei Gil de Vouzela em Tertúlia
TERTÚLIA – S. FREI GIL
2016/02/26
CAPELA DE S. FREI GIL – VOUZELA
- Organização – Agrupamento de Escolas de Vouzela e ADDA – Associação D. Duarte de Almeida
- TÓPICOS
Saudações
- S. Frei Gil – Quem foi?
- Médico, taumaturgo, teólogo, pregador e, segundo a lenda, nigromante, necromante
- Origens – Nobreza de Vouzela
- N. 1185-1190 (?) – Vouzela, Quinta da Cavalaria ***** Camadas sociais Idade Média – Laboratores, bellatores e oratores
- F. 14 de Maio de 1265 – Santarém
- Pais – D. Rui Pais de Valadares e D. Maria Gil (2ª esposa)
- Irmãos – D. João e D. Paio Rodrigues de Valadares
- S. Frei Gil nasce por ocasião da morte de D. Afonso Henriques (1185). Seu pai já tinha ligações com este primeiro Rei, como Alcaide-Mor de Coimbra.
- Com D. Sancho I, Fidalgo do seu Conselho e seu Mordomo-Mor
- A importância de Lafões e de Vouzela na nobreza e na corte
- Contactos reais de S. Frei Gil – D. Sancho I(1185-1211), D. Afonso II (1211-1223), D. Sancho II(1223- 1245??) e D. Afonso III (1248-1279)
- A ligação de sua família com a Corte e alta sociedade de Coimbra
- Evocação do Pai em placa existente na Igreja de Santa Cruz de Coimbra “ Aqui jaz Dom Rodrigo, pai de Frei Gil de Santarém e alcaide-mor do Castelo e Cidade de Coimbra”
PERCURSO DE VIDA
- Mitos, lendas e realidades
--------------- Realidades
- A vida em Coimbra – Estudos vários até chegar ao Mosteiro de Santa Cruz e suas Escolas ( Por estas passou, por exemplo, Santo António, mais novo cerca de dez anos).
----- Fundação, 1131 –D. Telo, D. João Peculiar, S. Teotónio, com o apoio de D. Afonso Henriques **** D. João Peculiar será também um dos fundadores do Mosteiro de S. Cristóvão, Bispo do Porto, Arcebispo de Braga, Primaz das Espanhas entre 1138-1175, elemento viajado e muito influente na Corte.
- Ascendências mocárabes
- Vida académica – Curso de Medicina, entre Coimbra e Paris. Teologia – Paris
- A medicina nesta época – Fortes ligações à cultura árabe: Avicena, Averróis, Rhazis, de quem S. Frei Gil traduz algumas obras.
Medicina vista como arte, mais do que como ciência. Os práticos. Conhecimentos – anatomia, fisilogia, patologia e terapêutica
- Primeira Universidade de Medicina – Paris, criada em 1150, depois de Bolonha, 1088 e antes de Oxford – 1167. Portugal – Estudos Gerais – 1290 (?)
------------------ Lenda
- Toledo – Cidade influente – Astronomia, filosofia, medicina árabe
- Tentações. Universidade Infernal ou de Artes Mágicas. Caverna. Pacto com o diabo. Dúvidas, acusações, suposições. O “Fausto” português.
- Dicas sobre a sua eventual estadia nessa cidade: em lenda, dúvidas; em possibilidade histórica, talvez, pelo facto de ser Toledo um grande centro cutural e religioso da época.
- A literatura portuguesa e estas suposições
- Virgílio Arruda, 1999 – “Santarém no tempo” – Que se desfaça a lenda do trato que teria tido com o anjo mau
----------------- Realidade II
- Bolsa de Estudo – Paris. Estudo de Medicina. Grau de Doutor. Vai com seu aio Pero.
- Entrada nos Dominicanos ou Pregadores, ordem mendicante, em 1224. Noviciado na Rua de S. Tiago
- Na Igreja de Santo Estêvão do Monte (Paris) em placa figuram os nomes de S. Domingos, Beato Jordão de Saxónia, Alberto Magno, S. Tomás de Aquino e os dizeres “ À la memoire des Saints e Biennheureux de l´Ordre de Prêcheurs dits Jacobins, qui on residé à Paris, ao Convent établi en 1218, Rue Saint Jacques”
- Ordem fundada em Toulouse por S. Domingos de Gusmão, sacerdote castelhanho de Calernega
- Em Portugal pertenceram a esta Ordem: Frei Soeiro Gomes, S. Frei Gil, Frei Luís de Sousa, André de Resende, Frei Bartolomeu dos Mártires, Teresa de Saldanha, Frei Francisco Foreiro, Frei Jerónimo de Azambuja, Frei Luís de Souto Maior, etc
- Conventos – Porto, Santarém, Coimbra e vários outros espalhados pelo País
- Extinção – 1834
- Restauração oficial – 11 de Março de 1962
- Carreira de S. Frei Gil na Ordem – Adesão, 1224; passagem por Paris, Palência, Bolonha, Santarém, etc
--- Provincial da Ordem para as Espanhas – 1233, após a morte de Frei Soeiro Gomes, e, numa segunda fase, 1257 ----VER VITAE FRATRUM
- Acção política
- Incumbido de entregar a carta de deposição do trono a D. Sancho II, depois do Congresso de Lião, 1245, e da Bula CRANDI NON IMMERITO, de 24 de Junho de 1245, do Papa Inocêncio IV – A TROIKA DE ENTÃO
- Razões invocadas: desleixo governativo, caos, agravos a igrejas, resistência em acolher recomendações da Cúria Romana, mormente acerca de seu casamento com D. Mécia Lopes de Haro, sem dispensa de parentesco...
- Ida de D. Sancho para Toledo onde vem a morrer em 1248
- Novo Rei – D. Afonso III, Conde de Bolonha
- Guerra Civil
- Nas diligências com o Papa para a destituição de D. Sancho II estiveram os Bispos do Porto e de Coimbra, o arcebispo de Braga e o Prior dos Dominicanos de Coimbra – ligando-se esta alusão, muito possívelmente, a S. Frei Gil.
- Esta destituição não foi pacífica, quer pela Guerra Civil que se lhe seguiu, quer pela contestação por via da poesia, cantigas de escárneo e maldizer e outras.
- --- O alcance da figura de S. Frei Gil
- Milagres que lhe são atribuídos: 1277 – salvamento dos meninos de Alfange – Santarém; alusão a um outro salvamento, este de uma criança que caiu nas piscinas de água quente nas Termas de S. Pedro do Sul; referências a cura do aparelho fonador. Outros, em imaginação, ou com fundamentos mais seguros
- Refira-se que o Convento de S. Domingos, em Santarém, onde faleceu, hoje é um edifício em ruínas, depois de ter sido já uma Praça de Touros
- BEATIFICAÇÃO – Papa Bento XIV, em 9 de Maio de 1748, para culto nas dioceses de Santarém e Viseu. IMPORTA que se façam diligências para a sua efectiva canonização.
- Estudos e fontes sobre S. Frei Gil
- Maria Estrela Guedes – S. Frei Gil, um santo carbonário?
- Helena de Sousa Andrade – Sobre um relicário de S. Frei Gil
- Frei André de Resende
- Frei Baltazar de S. João – AIRES A. NASCIMENTO – Vida de S. Frei Gil de Santarém, por Frei Baltazar de S. João
- Eça de Queirós
- Teófilo Braça
- A. Feliciano de Castilho – Rev. Un, Lisbon, 1843
- João Grave – S. Frei Gil de Santarém
- Camilo Castelo Branco – Noites de insónia
- A. Correia de Oliveira – Tentações de S. Frei Gil
- Peça musical, concerto para violino – Tentações de S. Frei Gil – Vasco Barbosa, Orquestra Sinfónica da RDP, Silva Pereira, 2006
- Almeida Garrett – em “ D. Branca e Viagens na minha terra”
- Jaime Cortesão
- Padre João de Oliveira
- Rui Lopo – Frei Gil de Santarém – servo de Deus ou do diabo?
- Virgínia Soares Pereira – Aegidius Scallabitanus – Um diálogo sobre Frei Gil de Santarém, FCG/FCT, 2000
- Arlindo Correia – Campia
- Carlos Seabra
- Pergaminho na Residência Paroquial de Vouzela – Documento de 15 de Setembro de 1626, sobre a transladação de seu Relicário
- Muitas outras
- - S. FREI GIL E A CONTEMPORANEIDADE
- Capela de S. Frei Gil
- Colégio de S. Frei Gil
- Feriado Municipal – Já falado em 1915 e criado, oficialmente, em 1973, com as primeiras comemorações oficiais no ano de 1974, logo após a tomada de posse da Comissão Administrativa Municipal de Vouzela, presididada pelo Dr. Alexandrino Matos.
- Patrono da Confraria dos Gastrónomos da Região de Lafões
- Restaurante S. Frei Gil
- Ruas diversas
- Bastantes nomes “Gil” em Vouzela em sua honra e devoção.
- Evocações dos 700 e 750 anos de sua morte em Vouzela e Santarém
- Restos mortais e referências
- Convento de S. Domingos – Santarém
- Museu Diocesano de Santarém: relíquias e referências
- Capela de S. Frei Gil – Relicário vindo por aquisição para Vouzela
- Alusões à Quinta das Lapas – Torres Vedras (?)
- Estátua Jacente – Museu Arqueológico do Carmo
-- OUTRO Frei Gil também de Vouzela
- S. Frei Gil de S. Bento
- N. Vouzela – Abril de 1599
- F- Guimarães – 13/11/1664
- Historiador Beneditino
- Hábito em Tibães – A AVERIGUAR mais dados
- CITAÇÕES várias
- Virgílio Arruda, 1999, Santarém
- “ Logo à lembrança do leitor vem, por certo, a história de S. Frei Gil de Santarém, o portentoso dominicanom nado e criado em terras de Vouzela... É talvez a figura maior de quantas passaram pela urbe onde entrou na eternidade”, em 14 de Maio de 1265
- Rui Lopo
- “ Frei Gil de Santarém é uma das personagens mais curiosas da história de Portugal, inspirando escritos de grandes figuras da cultura como André de Resende e Eça de Queirós. Chegou a Provincial dos Dominicanos da Hispânia, mas a lenda da sua estada em Toledo e o pacto com o diabo fazem deste santo um antecessor do Fausto de Goethe... “
- Vouzela, 26 de Fevereiro de 2016, Carlos Tavares Rodrigues
quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016
Dizem que pode vir aí a neve
Nesta Serra do Ladário, com as suas centenas de metros de altitude, sendo o seu ponto alto o Pico das Cruzes, a neve não é visita diária, nem aparece em muitos dos Invernos que por aqui se vivem. Mas já vimos estas terras de Oliveira de Frades bem branquinhas e por uns dias. Logo, se vier, não é surpresa. Dada a sua beleza, que venha! .... Cá a esperamos... Mas que nos deixe dar as nossas voltas. Como esta minha Sobreira cheira a mar, que Aveiro fica aqui por perto, menor é a probabilidade. No campo das hipóteses, um nevão pode acontecer. Se vier, que venha por bem: sendo regalo dos olhos, será também alimento dos solos nos seus aquíferos. Por isso, não a estranhando, que nos visite agora e não em Agosto. Isso é que seria um fenómeno do outro mundo...
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Uns breves tópicos sobre D. Duarte de Almeida
Vida e obra de D. Duarte de Almeida
Batalha de Toro, 1 de Março de 1976
“ Entre os guerreiros que se tornaram notáveis, contam-se Gonçalo Pires e Duarte de Almeida, o alferes-mor do Rei ( D. Afonso V), a quem estava confiado o estandarte real português…” – http: //arqnet-pt
“ Foi tal o respeito pelo seu acto de coragem que os próprios Reis Católicos (D. Isabel e D. Fernando) mandaram colocar as suas armas na Capela Real da Catedral de Toledo… “ – Infopedia
Locais da Batalha de Toro: Castro Queimado, Veiga de Toro, Paleongonzalo
Razões para a Batalha de Toro:
- D. Afonso V, Rei de Portugal, face à morte do Rei Henrique IV de Castela, em 12 de Dezembro de 1474, sente ser seu dever dar apoio a D. Joana, filha (?) do falecido Rei e de sua esposa, também D. Joana, mas de Portugal, pretendente àquele trono castelhano.
- Entretanto, D. Isabel, casada com D. Fernando de Aragão, reclama para si esse mesmo direito
- Nestas circunstâncias, entra em cena o projecto arquitectado por D. Afonso V: desposar a sobrinha, D. Joana, a “Beltraneja”, e, desse modo, sonhar com a União Ibérica.
- Dito e feito: com a cobertura das Cortes de Évora, passa à acção.
- Possíveis itinerários das tropas reais e, por conseguinte, de D. Duarte de Almeida:
--- Estremoz, meados de Abril de 1475; Arronches, Maio; Codiceira, Alcântara, Carmovillas, Mirabel e Plasência são outros locais de passagem. Nesta última cidade, a 30 de Maio de 1475, celebra-se o consórcio de D. Afonso V com D. Joana e começa a ostentar o título de Rei de Castela, juntando-o ao de Leão e de Portugal. É de notar-se que este casamento não se veio a consumar.
--- Neste curso dos acontecimentos, Castela, por notificação de 20 de Junho de 1475, vem a declarar guerra a Portugal.
--- A partir daqui, D. Afonso V estabelece como campo de suas actividades a área de Arévalo e Zamora e pontos intermédios.
--- Em Fevereiro, depois de ter pedido o auxílio das tropas de seu filho, D. João (o futuro Rei D. João II), que sai da Guarda, depois de deixar todos os poderes na princesa D. Leonor, avança por S. Felizes e Ledesma, encontrando-se com o Pai em TORO, em Fevereiro de 1476.
--- Localizado nesta então importante cidade espanhola, é aqui que se desenrolam os capítulos mais notáveis desta contenda ibérica.
As dúvidas sobre a vida de D. Duarte de Almeida
- Acerca do local e data de nascimento de D. Duarte de Almeida, são diversas as leituras e interpretações de uma História, à época, omissa em muitos casos. E este é um deles. Fala-se aqui, nesta Torre, não deixando de se apontar outras hipóteses, como Vila Pouca de Aguiar, que pode ter surgido do facto de D. Duarte de Almeida ter sido Senhor de S. Miguel do Mato, onde se inclui Vila Pouca, como a Casa da Cavalaria, em Vouzela, que o Dr. António Nazaré de Oliveira põe em causa, como Santarém, onde, efectivamente veio a viver muitos anos, etc, etc…
- Vamos agora a uma opinião do Dr. António Nazaré de Oliveira, em “ Sobre a naturalidade de Duarte de Almeida, o Decepado de Toro – Revista Portuguesa de História do Livro, n.º 20, Centro de Estudos de História, Edições Távola Redonda, Lisboa, 2007”:
--- “ … Braamcamp, baseado no facto de o herói de Toro haver vivido em Santarém e lá ter possuído propriedades, é levado a crer que ele ali nasceu. É verdade que em Santarém viveu Duarte de Almeida, pelo menos as quatro últimas décadas de sua vida. Isso se sabe por documentos das chancelarias reais que a ele se referem. E ali casou com D. Maria Azevedo, sobrinha da mulher de Pero Lourenço de Almeida, almotacé-mor do Reino, que, em 1460, vivia em Santarém. Não tendo filhos nem esperança de vir a tê-los, criaram e perfilharam aquela sobrinha e dela fizeram sua herdeira universal. Com ela casou Duarte de Almeida que, sendo já parente do almotacé-mor, passava agora a ser também seu sobrinho… “ – P. 265
--- “… Pela relação que possa ter com o local de nascimento, do maior interesse nos parece uma outra doação, esta sim, em terras de Lafões, em local próximo de Vouzela. D. Afonso V, em 15 de Novembro de 1475 ( um ano antes da Batalha de Toro), para galardoar os serviços prestados por Duarte de Almeida, q quem intitula FIDALGO DE MINHA CASA E MEU ALFEREZ, fez-lhe doação da sobrevivência ada mercê da TERRA E CELEYRO DE MOÇAMEDES QUE HE NA COMARCA DA BEYRA E TERMO DE SÃ P.º DE SUL, para seu filho primogénito, como o alferes a tinha de EL-Rei… “ - Assim se prova, conclui, que este Senhorio “andava na posse dos Almeidas havia quase um século” - P. 267
--- Acaba por afirmar que as terras de Vouzela foram o local de nascimento de D. Duarte de Almeida, com a probabilidade de tal ter acontecido na respectiva Torre. Mas não o confirma, porém.
VER DIGITALIZAÇÔES
- Que funções para um Alferes-Mor?
--- Serve a bandeira real e é oficial da coroa. Acompanha o Rei, sendo uma espécie de Imediato no comando das tropas. Tem de ser um guerreiro de comprovado valor e, em regra, relativamente novo…
Carlos Tavares Rodrigues/Marina Tavares para Associação Pa(ç)ssos para a Torre de Vilharigues
terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Em modo rádio
Ontem, a convite da Rádio Limite, de Castro Daire, ali fui com o Mário Pereira, para os dois falarmos da ASSOL, que ali tem um de seus vários pólos, em formação profissional, para assinalar dez anos de um programa que a gente desta IPSS leva para o ar todos os meses sob a responsabilidade de Manuel Andrade, formador da Casa. Foi uma viagem excelente e uma conversa das agradáveis e conduzida por quem sabe ter um microfone à sua frente. Daqui a bocadinho, vou para outra rádio, a VFM - Rádio Vouzela, de que sou fundador, para estar do lado de lá, conduzindo um meu programa, semanal, de puro debate, a Trilogia das Ideias, que está no ar desde 2009. Comigo estarão sentados três amigos, rotativamente, um de cada concelho de Lafões - Oliveira de Frades, Vouzela e S. Pedro do Sul. Como cada equipa "dura" cerca de dois/três meses, já vamos em dezenas e dezenas de opiniões sobre tudo quanto diga respeito a nossas vidas. Em total liberdade, ali fala-se de tudo. Sem tabus. Sem papas na língua, mas a evitar sempre usar os "pis" até porque vinham fora de tempo, por ser uma acção de falatório ao vivo e em directo, repetindo na quarta-feira seguinte...
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
"Ribeirinho", hoje sem água
É o Restaurante Ribeirinho, em Águeda, um espaço com história, a das cheias, a da poesia, a de um apego sem limites pelo FCP, a de uma linguagem bem vernácula e popular, a da simpatia de sua dona e mulher de armas, a D. Ester. Uma outra boa característica - que é essencial - é que se come bem, em quantidade, qualidade e diversidade. Merece, por tudo isso (esquecendo o FCP), uma visita, por ser um sítio que se recomenda a um amigo, com vontade e gosto: " Entre duas bocas das puras/Um bom prato na mesa/Duas garfadas e mais uma conversas, das duras/ no Ribeirinho, a gastronomia tem a chama acesa///Fica na Baixa da cidade/ com a água do Águeda por perto/é ponto de felicidade/disso, estou eu bem certo///Sai-se de lá satisfeito/ com o corpo são e a alma cheia/ali não se encontra um defeito/nem o é uma carvalhada nada feia///A boca foge para a brincadeira/as mãos não param/mesas,uma a uma, em tarefas trincadeiras/aquelas receitas bem nos saram/////
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Vouzela em história
Nvouzela18jun15
Vouzela no centro de Lafões
A meio da encosta do Monte Castelo e de seu irmão Lafão, que, juntos, segundo se crê, deram origem à própria designação desta Região, a de Alafões, ou Lafões, mais especificamente, fica a vila de Vouzela, a terra de Vaucella, com o Vouga aos seus pés. Com este Rio como sua marca, uma outra se lhe cola na perfeição, a da sua profunda ligação à Serra do Caramulo. Com uma grande antiguidade, a sua história está cheia de dados de extrema importância, daqui tendo saído alguns dos mais prestigiados obreiros do nosso passado nacional, local e regional e até em termos de além-mar.
Sede de freguesia, por si só, desde há muitos anos, agora faz parte da União que congrega também Paços de Vilharigues, que, com sua Torre, nesta tem um bom farol, a indicar tempos de outrora, renovados recentemente, estabelecendo um bom diálogo com a Nossa Senhora do Castelo e com o Monte Gamardo.
Partindo nós de uma recolha de dados que remonta a a 1889, esta terra de S. Frei Gil, D. Duarte de Almeida, João Ramalho, Padre Simão Rodrigues de Azevedo e Morais Carvalho, entre tanta outra gente de peso, distribuía-se então pela Vila, Igreja (sic), Valgode, Caritel e os casais de Linhares, Cabrela, Ribeirinha, Candeeira, Pombal, S. Paio, Foz, Crujo, Ermida, Cavada, Pinheiro, Matas e Costeira, contando ainda com as Quintas da Sarnada (?), Continha, Lamas, Costeira, Matas, Regadas, Caritel, Poldras, Portelo, Porto-Salto, Cavalaria, Valgode, Avelar e Linhares, falando-se apenas da freguesia dessa época.
Na vila, duas praças, a de Cima, a Velha, e a de Baixo, a Nova, rivalizavam entre si, isto é, a Praça da República e o Largo Morais Carvalho eram os centros que aqui se distinguiam. Entre estes espaços e a Igreja Matriz, ficava o Largo da Corredoura, local da Feira de então, pensando nós de que se trata da actual Alameda. Por estes sítios, ganhavam o seu sustento alguns comerciantes, dois farmacêuticos, ferreiros, serralheiros, sapateiros, alfaiates, havendo ainda oficinas de tecelagem de panos de linho, de estopa e burel, quatro fornos de poia (pão) e pisões nos Rios Vouga, todo o ano, e no Zela, em época de fortes caudais.
Com uma boa centralidade política, a associação, por exemplo, do Pai de S. Frei Gil à corte e à “Câmara” de Coimbra, de D. Duarte de Almeida aos homens do D. Afonso V, de João Ramalho à colonização do Brasil, do Padre Simão de Azevedo à fundação da Companhia de Jesus e de Morais Carvalho à fina flor do Liberalismo fazem com que todas estas evidências sejam disso um testemunho indesmentível.
Num tempo em que os aspectos religiosos também andavam de mão dada com as forças políticas, justificam-se as Igrejas e Capelas que por aqui foram existindo ao longo dos tempos: Igreja Matriz, da Misericórdia, de S. Frei Gil, Capela de Nossa Senhora do Castelo, de S. Sebastião, de S. João (Casa das Ameias, em preocupantes ruínas), de S. Pedro (Valgode), de Santa Catarina (Quinta da Sarnada).
Em monumentalidade, porém, há muito mais a citar: Ponte, na Rua do mesmo nome, toda ela um património incalculável, Fonte da Nogueira, edifício da Antiga Câmara (Biblioteca Municipal), Museu Municipal, Estátua de Morais Carvalho, casas senhoriais e brasonadas, sendo por isso quase lícito afirmar-se que se está perante uma Vila-Museu. Assim sendo, se é importante valorizá-la e preservá-la, não menos determinante é, para um seu futuro sustentável, rasgar-lhe outros horizontes fora de muros, se assim se pode falar.
Como é reduzido o espaço a ocupar, fiquemo-nos com estas datas e respectivas evocações, extraídas de um desdobrável das Festas do Castelo: 1093 – um dos primeiros documentos escritos sobre esta vila; 1307 – criação da Feira; 1436 – concelho de Lafões, D. Duarte; 1882 – estátua Morais Carvalho; 1885 – fundação dos Bombeiros; 1904 – ponte sobre o Rio Vouga; 1926 – Mercado Municipal; 1927 – extinção da Comarca, restaurada em 1973; 1929 – iluminação eléctrica; 1929 – Associação os Vouzelenses; 1931 – em segunda fase, Sociedade Musical Vouzelense; 1935 – Notícias de Vouzela; 1959 – Hospital da Misericórdia; 1962 – Colégio de S. Frei Gil; 1964 – Cooperativa Agrícola de Lafões; 1966 – Quartel dos Bombeiros/Prédio das Colectividades.
Para se conhecer esta terra e toda a região de Lafões, entre muitos outros valiosos contributos que têm vindo a surgir, não podemos deixar de referir o papel do Professor Amorim Girão, que, em toda a sua vida académica, com uma notável obra realizada na Universidade de Coimbra, em torno da Geografia e da Arqueologia, sobretudo a partir dos anos vinte do século passado, se tornou pioneiro na divulgação da história e património destas nossas localidades de Lafões. Devem-se-lhe descobertas e análises registadas para a posteridade de um valor incalculável.
Foi tal a sua importância neste campo científico que a atribuição de seu nome a um qualquer espaço, não perecivel no tempo, como uma sala da Biblioteca ou algo do género, seria uma boa ideia e um acto de justiça.
Indissociável da região em que se insere, Lafões, nela sempre permaneceu, podendo até dizer-se que chegou a ser, em certa medida, um de seus lugares cimeiros. Por este facto, recebeu, por exemplo, uma das primeiras Misericórdias do País, mal D. Leonor criara em Lisboa, em 1498, esta preciosa Instituição.
Com uma área de cerca de 193 quilómetros quadrados, tem hoje 9 freguesias por força de uma legislação algo sem pés nem cabeça, que, esvaziando ancestrais órgãos de governação local, fez desaparecer, integrando-as, as restantes três. Com essa medida, por mais que nos esforcemos em ver vantagens, muito se perdeu e pouco se ganhou. Mas em termos de perdas e fugas de serviço, corariam D. Dinis, D. Duarte e D. Manuel que tanto fizeram em aqui acrescentarem mais-valias, desde a Feira, já citada, a outras benesses. Cabe aqui uma palavra de muito apreço em louvor de todos aqueles – e muitos foram – que tanto fizeram pelo recuperação da Comarca, que teve, assinale-se, no então Governador Civil de Viseu (1973), Eng. Armínio Quintela, uma alavanca essencial. O mesmo se diga de quem fez erguer o velho Hospital, de construir um novo Palácio da Justiça que, depois de pouco mais de duas décadas de serviços prestados, está praticamente às moscas, em mais um desacerto governamental de todo o tamanho.
Se uns tiram, outros semeiam e a vinda do IP5/A25 é um pilar essencial para o desenvolvimento deste concelho, que tem os melhores pastéis do mundo e é parceiro de um espaço onde podem pastar as nossas famosas vitelas de Lafões.
Em matéria de equipamentos, importa também lamentar os cortes na Saúde, outra facada nas nossas costas que ainda sangra a bom sangrar.
Já agora, diga-se que, ao falarmos de desaparecimentos cruéis, temos de recuar muito no tempo, porque o Covento aqui existente outrora quase não deixou rasto, o mesmo tendo acontecido com as muralhas do Castelo no sítio do mesmo nome. Triste sina é a desta terra. Ficam, no entanto, vivas e imortais as suas belezas e memórias, que ninguém mais vai apagar.
Do passado recente, muito anda por aqui escrito. E dos tempos de outrora fica quase tudo por dizer, mas não é possível ir mais longe, por agora.
Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Junho 2015
terça-feira, 16 de fevereiro de 2016
Ao lado do Porto para defesa de seu e nosso Aeroporto
Porto em luta por voos da TAP
Há questões em que o “Notícias de Vouzela” não tem por costume meter o seu bedelho, por considerar que estão para lá da missão que tem entre mãos, como seja a da defesa intransigente da Região em que exerce a sua espinhosa, dura, mas gratificante missão: Lafões. No que se refere ao Aeroporto do Porto, isto muda de figura: em causa está a mobilidade de uma parte substancial do nosso País, o norte de Portugal, e por isso não podemos ficar calados quando a TAP quer acabar com voos que se revelam essenciais às deslocações de muitos de nossos conterrâneos.
Dizendo-se que, a partir de 27 de Março de 2016, serão suprimidas as ligações directas entre o Porto e Bruxelas e ainda Milão, Roma e Barcelona, estamos fortemente ao lado do Presidente da Câmara Municipal daquela cidade, o independente Rui Moreira, no momento em que trava uma acesa batalha pelos direitos da terra e zona em que é autarca, contestando essa intenção.
Fomos tentar saber as razões que tem para assim falar. E descobrimos que está cheio de argumentos para actuar desta maneira. Aludindo ao facto de se desviarem passageiros, em trânsito, para Lisboa, na ordem dos três milhões, bate na tecla certa, a de um centralismo que muito nos incomoda e de que somos férreos opositores. Por outro lado, argumenta com os números em causa: se levar por diante este seu propósito, a TAP perde 1867 voos e cerca de 190000 passageiros que se podem passar para outras companhias. À espreita sabemos estarem a Ryanair, a EasyJet e outras operadoras estrangeiras.
Por outro lado, refere um pomenor que, agora, veio, de novo, a estar em cima da mesa: ao que parece esta Companhia de bandeira “voltou” a ter um certo controle estatal, depois de ter sido renegociado o acordo que, há meses, tinha sido estabelecido com o Grupo que havia adquirido 61%. Logo, o Estado tem o dever de zelar por todo o seu espaço e não pode deixar prejudicar a área de influência do Porto em matéria de voos aéreos. Tem assim Rui Moreira o nosso apoio.
Gostando imenso de Lisboa, onde temos mil laços familiares, o Porto assume-se como a nossa capital em acessos aéreos para todo o lado, dado a proximidade a que estamos do Aeroporto Sá Carneiro e das facilidades rodoviárias existentes. Perder hipóteses de ligações, quaisquer que elas sejam, merece todo o nosso repúdio.
Por conhecimento pessoal, Bruxelas será um murro no estômago se for ao ar em termos de voos directos. Por influência de muita gente que conhecemos, Milão, para quem vive numa certa zona da Suíça, é fundamental. Citamos estes dois casos, mas talvez haja motivos, mais do que muitos, para os outros pontos, só que, não tendo à mão conversa para os apresentarmos, calamo-nos, mas este silêncio não significa menos apreço por esses destinos.
Posto isto, dizemos que queremos para o Porto uma TAP de corpo inteiro e que Rui Moreira pode contar connosco nesta sua batalha. Pensamos mesmo que a nossa Região tem de estar ao seu lado nesta questão, antes que nos comam o caldo na careca.
Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Fevereiro, 2016
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