sábado, 2 de agosto de 2008

Açores: meio tempo no canal

Terras de encanto, os Açores, um paraíso vivo em pleno Atlântico, converteram-se nos últimos dias em foco de aparente polémica: uma comunicação oficial, cheia de carácter presidencial e de uma acrescida pompa, oriunda da voz escutada do Professor Cavaco Silva, em pose funcional, colocou estas ilhas numa outra ordem dos seus dias...
Sendo este um espaço de que muito se fala pelo seu anticiclone e pela sua requintada beleza, desta vez mereceu honras de um outro cenário: o boletim meteorológico foi bem diferente, trazendo uma carga de política e de muitos trabalhos de adivinhado gabinete.
Com o desejo de avançar muito para além daquilo que é seu espólio conseguido, quiseram as autoridades regionais vir a serem dotadas de um documento que lhes enchesse muito melhor a barriga esfomeada. Atirado para a fogueira o novo projecto de estatuto, nem os deputados nacionais nele descobriram sinais de eventual tempestade. "Anjinhos" em matéria de autonomia, bateram-lhe palmas e, em festa colectiva, lá o deixaram passar.
Atento estava Sua Excelência o Senhor Presidente da República, endossando esse atrevido documento para o douto Tribunal Constitucional. Dada uma olhadela pelo seu conteúdo, logo se detectaram umas tantas falhas. Vendo ainda muito mais do que estas, o Professor Cavaco Silva entendeu vir às televisões, em hora nobre e de grandes audiências, mostrar aquilo que poderia caber numa carta a enviar à Assembleia da República. Porque não foi essa a leitura, a rabecada saltou de cima para baixo, depois de um dia de múltiplas cogitações e outras tantas inquietações nacionais.
Dito e feito. Com o ciclone à solta, agora é um ver-se-te-avias em matéria de discussão e especulação.
Se somos de opinião que aquelas posturas eram uma forma de minar as competências presidenciais e de criar desníveis institucionais, não estamos à altura de perceber a sonoridade e solenidade deste " Alerta", mas não nos abespinhamos com o seu aparecimento, porque nele descobrimos um direito inquestionável ao seu uso. Só o vemos como fato sem medida para as nossas modas, mas essa é outra conversa...

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