quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Alerta, emigrantes

Por esse mundo fora, andam, em luta árdua e afirmação de portugalidade, milhões de compatriotas nossos, talvez a rondar um número igual a metade da população que vive em território nacional. Sendo muitos, são também dos melhores. Merecem-nos, por isso e por uma questão de humanismo militante, o maior dos respeitos e considerações.
Quem conhece essa realidade, dura, mas real, de viver com o coração na terra-mãe e o trabalho em cantos tão distantes, bem pode avaliar o que para essa gente representa a ligação às suas origens.
Votar, ou poder fazê-lo, nas eleições diversas, nomeadamente nas legislativas, é um imperativo que devemos assumir. Mas escrevê-lo nos papéis e recusá-lo na prática não passa de um tremendo e grosseiro embuste, uma espécie de dar com uma mão e tirar com a outra.
O que se está a propôr, em sede parlamentar, por inciativa do PS, é uma grossa ameaça à possibilidade de exercer esse dever de cidadania, quando, por um qualquer capricho, se pretende retirar o voto por correspondência. Numa altura em que os consulados dimuíram e as distâncias aumentaram, em relação aos locais de residência, esta ideia bizarra é mais um rude golpe que se desfere sobre quem, por força do destino, já arrasta a cruz de saber que o seu Portugal, lá longe, se prepara para ainda os desviar mais da sua terra.
No momento em que se espalham, em velocidade-luz, as novas tecnologias, ao invés de se cortar este direito, com mais de trinta anos, dever-se-ia enveredar pelo acentuar destes métodos, para alargar o campo dos recenseados e da participação eleitoral.
Assim, em vez de se pensar em retirar esta possibilidade de exercício do voto, ainda que por correspondência, o caminho deveria ter um sentido diferente: ampliar o seu uso, por novas vias.
Mas não é isso que está a acontecer. Se esta mensagem ainda for a tempo, que ela se associe a todos os gritos que visam evitar mais um erro, mais uma ofensa aos nossos emigrantes.

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