quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Com a Grécia entalada, Portugal custa a soltar-se

Depois do acordo que a Grécia teve de assinar, mesmo que a ferro e fogo, aprestam-se a chegar ali mais de 130 mil milhões de euros, mais uma carrada de massa, que, entretanto, não dá para tirar aquela gente da miséria extrema em que se encontram. Por ali, a vida é dura e o horizonte está cada vez mais enevoado. Enquanto esta situação tem vindo a ser consumada, Portugal esforça-se por dizer que é diferente, que faz um bom trabalho de casa, que agora vai ser visto, novamente, pelos mangas de alpaca da Troika, que tem as contas nas lonas, mas em dia, que até é mais troikista que a própria Troika, mas tudo isto parece não chegar para sossegar os mercados, os credores e, muito menos, os especuladores. Modestamente, a receita é só uma: a Europa falar a uma só voz e assumir como suas todas estas pesadas dívidas e fazer-lhe frente em conjunto, com o BCE a ser motor e travão, árbitro e jogador. Enquanto assim não acontecer, as ruas serão de amargura e o futuro mais do que incerto. Por não sabermos nunca em que reino andamos, agora dizem-nos que as folhas de Fevereiro de vencimentos e pensões vão ser mexidas, para baixo, numa escalada dolorosa que já mete medo. Mas aqui, em Oliveira de Frades, tenho outras preocupações. O fim do regime especial das energias renováveis traz-nos engulhos de todo o tamanho: por sermos terra de um cluster a esse nível, em matéria de energia solar e eólica, tudo quanto se faça para dar cabo desse sector aqui tem ecos fortemente negativos. Esperando uma solução mais serena, desejamos que as energias alternativas por aqui continuem a passar, até em nome da sustentabilidade futura. Precisamos de investir hoje para ter um amanhã melhor, disso sabemos nós. Mas também o nosso agricultor sabe que, ao plantar um pomar, só tem dividendos anos depois. Mas toma essa atitude, porque sabe que só assim pode saborear fruta saudável e ter os terrenos aproveitados. Prever o futuro é mais do que um jogo de um deve e haver de merceeiro, é um passo de gigante a ir no sentido da sustentabilidade futura. E isso é que define os grandes homens - aqueles que pensam no amanhã, ainda que saibam que hoje pode doer um pouco!...

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