quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Foi-se o Carnaval

Pronto: com o fim do Carnaval, que ontem se assinalou, é hora de fazer balanços e um deles, a ressaltar de imediato, diz-nos que Pedro Passos Coelho, ao jogar forte no corte da tolerância de ponto, viu cair as suas acções da bolsa política por aí abaixo. Para compensar este trambolhão, só o ter dado a cara, em Gouveia, aos protestos que a sua visita ocasionou, conseguiu suplantar esta sua falha. Nesta folha do deve e haver, ficou empatado, mas tem de acautelar melhor as suas posições, em termos de futuro.Assim, muito embora diga o que não parece, ao afirmar que Portugal tem de se vergar todo para cumprir o Memorando da Troika, sabendo que, um dia, algo terá de mudar, deixa-se embalar pelas vozes que, nesse sentido, se vão ouvindo: UGT, troca de mimos entre os Ministros das Finanças de Portugal e da Alemanha, saga de António José Seguro, ecos do acordo assinado com a Grécia, etc. Agora, na boa tradição cristã, é chegado um tempo de reflexão, de um acumular de sacrifícios para merecer a ressurreição pascal. Só que, no caso de nossas contas e economia, não se trata de penar quarenta dias, mas temos carga para vários anos e isso é que dói a bom(?) doer. Por tudo isto, PPC e a sua gente, mais aquela que, sendo oposição, nos fez carregar esta pesada cruz, todos eles, em conjunto, têm a obrigação de nos fazer subir, para a glória que esperamos, este terrível Jardim das Oliveiras, que ofusca o Jardim à beira mar plantado. Se queremos esperar que a Troika, que por aqui anda, de novo, de caneta e papel na mão e de máquina de calcular em punho, que essa gente só tem números na cabeça, nos amenize a marcha das dívidas, que não o seu perdão ( o que cheira a País de tanga), temos de fazer bem o trabalho de casa. Mas este passa - e isso não é vergonha nenhuma - por pôr a andar a economia, dando o dito por não dito, isto é, repondo poder de compra na classe média, a fim de olear a máquina da produção e das vendas, activando o emprego, criando circuitos de fluxos financeiros, recolocando dinheiro vivo no dia a dia de nossos empresários. Desta forma, adiando prazos de pagamento, é hora de pensar em vir a dar o todo, ou parte, daquilo que foi retirado, em anúncio, mormente os 13º e 14º meses, ou acção equivalente. Medida estimuladora do consumo e da confiança das pessoas, servirá para fazer aquilo que o Governo tem deixado de lado: ao incidir apenas nos apertos financeiros, deixando a economia no fundo, sai-lhe o tiro pela culatra e é isso que se está a ver. Neste balanço quaresmal, assim pensei, assim o disse. E está dito.

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