domingo, 14 de fevereiro de 2016

Dicas sobre a extinta Adega Cooperativa de Lafões

Nlafões24dez15 - III - Adega e Junta Nacional do Vinho em convívio nos anos cinquenta Nestas nossas conversas publicadas aqui no jornal “Notícias de Lafões”, as últimas têm andado à volta da vida da extinta Adega Cooperativa de Lafões, cuja sede, na Várzea, por lá se encontra de pé, mas apenas como memória museológica, ou nem isso. Perdida a batalha em defesa de seu futuro, um dia acabou, em morte lenta e em prolongada agonia. De nada valeram os esforços feitos e os chás quentes de mel com açúcar. Nem as sopas de cavalo cansado, naqueles tempos de aflição, fariam o milagre de a manter no exercício de suas valiosas funções. Perdeu-se, ingloriamente. Em busca de dados e informações sobre o seu passado, fomos encontrar mais alguns bons testemunhos num livro, editado em 1958, com um nome muito simples: “Lafões”, da autoria de Correia de Azevedo, estando disponíveis ainda meia dúzia de exemplares, sobretudo em Bibliotecas Municipais e outras. Dando uma panorâmica global desta Região, por concelhos e por freguesias, é um razoável ponto de partida para uma visão de conjunto, não obstante a sua simplicidade e algumas falhas notórias, fruto, quem sabe, do próprio estado da insuficiente investigação por essa altura. Sem falarmos em muitos outros aspectos de interesse, hoje tratamos apenas de vinhos e tudo quanto lhes diga respeito. Como bom alicerce para esta exposição, aí temos uma novidade de vulto: nessa época, S. Pedro do Sul era a sede da Delegação da Junta Nacional do Vinho, numa Brigada constituída pelos então Regentes Agrícolas Joaquim Casa Nova Morais Gradil, no posto de Chefe, e José Paulo Carvalho Rocha. Estava-lhes confiada uma extensa área com os concelhos de Oliveira de Frades, Vouzela, S. Pedro do Sul, Vila Nova de Paiva, Castro Daire, Tarouca, Moimenta da Beira, Sernancelhe e partes dos de Viseu, Lamego, Armamar, Tabuaço e S. João da Pesqueira. Com as funções principais de prestarem assistência técnica, de regularem o mercado do vinho e fiscalizarem as suas características legais e estado sanitário, não era pequena a sua tarefa, nem grandes os meios. Como suporte, possuíam um laboratório e até armazém próprio. Quanto à Adega, fazia-se uma referência ao seu alvará de 16 de Novembro de 1949, muito embora já estivesse legalmente em funções desde o dia 23 de Outubro desse mesmo ano, através do título de constituição emitido pelo Notário João Marques Guimarães. Sem grandes considerações, apenas se punham em evidência os corpos sociais dessa altura: Direcção – Dr. António Henriques de Sousa, D. Maria Luiza Saldanha, Dr. Fernando Marques do Nascimento Ferreira, Padre Jacinto Ferreira de Campos, Prof, Manuel Pereira da Silva e Joaquim Lourenço da Silva; Assembeia Geral – Dr. José Augusto de Almeida, Dr. Aloísio Pereira de Paiva e César Augusto da Costa Martins; Conselho Fiscal – Dr. António de Almeida Pinho Bandeira, Américo Correia de Paiva e Luís Marques Teixeira. Porque a Adega está intimamente relacionada com a agricultura, trazemos para estas páginas uma outra valência, a do Grémio da Lavoura, a ter iniciado funções em 15 de Abril de 1944, para prestar assistência técnica agrícola, por via da respectiva Delegação da Direcção-Geral, esta com sede em Vouzela, e Estação Agrária de Viseu. O apoio ao sector vinícola competia à atrás referida Delegação da JNV, o que prova a sua existência já nesta década. Em maquinaria, era posta ênfase em 4 semeadores, 1 grade de molas, 2 sachadores e 2 pulverizadores mecânicos ao dispor dos seus associados. Paralelamente, funcionava no âmbito deste Grémio a Associação de Seguro Mútuo de Gados, apenas para os bovinos, estando inscritos, em 31 de Dezembro de 1957, setenta e um elementos mutualistas, com 208 bovinos e um valor de 647200$00. Eram estes os responsáveis do Grémio: Direcção – D. Diogo Francisco de Almeida Azevedo e Vasconcelos, José Alexandre Henriques de Paiva Pinto de Sousa e Luís Marques Teixeira; Conselho Geral – Dr. Manuel Marques Teixeira, Dr. Francisco Manuel Cardoso Moniz, Manuel Pereira Guimarães e Arnaldo Lino Ribeiro dos Santos. Geria, no dia a dia, os destinos desta Instituição José Alexandre Henriques de Paiva. Citando-se neste livro o poeta sampedrense António Correia de Oliveira, em matéria de paisagem vinícola, assim a descrevia: “ ... Para norte (de S. Pedro do Sul), sucede a íngreme esacalonada de arretos, onde a videira se requebra em redeais de enforcado ou se entrelaça nas armações das latadas, dando a sensação, desde Abril a Setembro, de ciclópica cascata de esmeraldas, a cair lá do alto sobre o Rio (Vouga)... “. E de vinho se fez esta crónica, continuando a dar-e uma ideia do que foi a Adega Cooperativa de Lafões e serviços afins. Neste fim de ano de 2015, Boas Festas e Bom Ano Novo!...

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