quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Uma feira grande, antiga e franca, a de Viseu

Feira Franca a marcar o passado histórico e social de Viseu A cidade de Viseu respira história e passado por todos os poros. As marcas da (boa) ocupação romana saltam logo à vista, ou podem ser observadas em vestígios nos arruamentos adjacentes ao Largo de Santa Cristina. A Cava do Viriato, com origens ainda muito discutíveis, fala por si. A Sé Catedral diz-nos tudo acerca dos tempos de outrora. Estes são testemunhos materiais, visíveis, palpáveis, sólidos e praticamente imortais. Mas o ser-se cidadão destas terras que Fernando Magno conquistou, que tiveram como hipotético Rei D. Ramiro, o de Leon, obriga a que procuremos nas provas imateriais muita da nossa identidade. Se as pedras gritam, as tradições e as lendas cantam. Talvez Viriato esteja a chamar por nós como irmãos de sangue. Ou mesmo D. Afonso Henriques. Como não temos certezas acerca destas matérias, tivemos o cuidado de as englobar, algo timidamente, sob a capa das nossas lendas. No entanto, havendo fumo, talvez haja fumo, ou então algum nevoeiro enganador. Verdades, verdades são aquelas que se ligam a dois eventos de alcance fora de série, que se não ficam por estas suas muralhas, antes correm mundo e cimentam o nome de Viseu nos quatro cantos do universo: as Cavalhadas de Vildemominhos, nascidas no ano de 1652, são um desses testemunhos. E muito mais o é a FEIRA FRANCA hoje de S. Mateus, que tem na sua cédula pessoal um dado muito interessante, o do dia 10 de Janeiro de 1392 como sendo o do seu nascimento. Foi autor desse feito o Rei D. João I com a sua Carta de Feira dessa data. Tem, por isso, 625 anos e isto é muito, muito tempo. Com alterações e adendas diversas ao longo dos tempos, a sua feição moderna só se solidifica no século XX quando, em 1928, aparece o seu pioneiro cartaz, no momento em que se assiste às primeiras entradas pagas em 1929 e em 1930 à revista inicial. As últimas décadas têm presenciado mudanças em catadupa, desde a localização ao formato, mas há um ponto comum que se não tem perdido, o de esta Feira Franca ser sempre o imponente cartaz de Verão desta nossa cidade e distrito. Em evolução, talvez por força da marcha da modernidade e globalização em que vivemos, vemos que o calendário se alargou e antecipou para se iniciar na primeira quinzena de Agosto, de modo a atrair a possibilidade de os nossos emigrantes ali acorrerem, o que nos parece ter sido uma medida muito acertada. Este ano, em 2017, o “Ano Oficial para Visitar Viseu”, eis os dias 11 de Agosto a 17 de Setembro a serem palco deste enorme evento regional, em programa da responsabilidade de “Viseu Marca”. Vendo-se o Rio Pavia muito mais limpo e asseado, mais atrativo turisticamente, é ele também um dos selos desta Feira. As enguias são outro. E a pafernália de louças e bugigangas, as farturas, os carrinhos de choque, o algodão doce, as barracas antigas, os stands e pavilhões modernos são outra das características que ali não podem faltar. Nem os espectáculos de arrasar ou mais levezinhos também não. Muito menos os encontros anuais, outra componente social que aqui tem lugar de relevo. Viva a Feira Franca, a de Viseu, a de S. Mateus, esta, a nossa!... Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Agosto 2017

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