quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Depois da tragédia, venha a acção...

No rescaldo dos incêndios Da nossa memória não se varreu o terror destrutivo do dia quinze de Outubro e dessa noite fatídica. Nem desaparecerá, porque aquilo ultrapassou tudo quanto se possa imaginar. Com a culpa a espalhar-se por uma série de factores, soube-nos bem sentir boas palavras de conforto, ver uma enorme mobilização da solidariedade activa, dentro e fora de fronteiras, pois as nossas comunidades, como a do Luxemburgo, entre outras, uniram-se na angariação de fundos, mas, agora, é preciso mesmo passar para acções concretas, umas imediatas, outras mais pensadas para serem bem postas em prática. Achamos certo que, em apoios, se parta, primeiro, da aplicação dos seguros se os houver. Numa outra fase e talvez seja a grande maioria dos afectados por esta tragédia, pior estão aquelas pessoas que, perdendo tudo, ou uma grande parte de seus haveres, não têm qualquer qualquer contrato a esse nível. Tomando como base uma tabela referente a Vouzela, ainda que parcial, por estar incompleta, em 67 casos, 58 deles não estão cobertos por qualquer sistema de garantia, havendo nestes, inclusivamente, valores a rondarem um milhão de euros e muitos com várias dezenas de milhares de euros de perdas reais. Ora, aqui tem de entrar uma correcta afectação das verbas obtidas ou constantes de apoios oficiais, nacionais ou europeus. Sá assim se passa, efectivamente, em concreto, para além do “alento” que, sendo bom, é pouco demais para tanta necessidade. Há um sector das nossas comunidades que merece uma atenção muito especial, o das crianças e jovens, sobretudo aqueles que viveram em contacto com a força do fogo e seus nefastos efeitos. Há aqui um imenso trabalho de acompanhamento a fazer em termos de apoios psicológicos e outros, passo a passo. No entanto, cada um à sua medida, todos os nossos povos têm de ser estimulados a seguirem em frente, evocando quem, infelizmente, nos deixou e confortando quem ficou. São difíceis estes próximos tempos, talvez por vários meses ou anos. Mas não podemos é ficar parados. A coragem tem de ser a nossa companheira de todos os dias. Passos dados e a dar Com as medidas recentemente tomadas em Conselho de Ministros, deram-se alguns passos positivos. Mas os tristes exemplos de Pedrógão em demoras e em desconhecimento do paradeiro de muitos fundos obtidos não são bons conselheiros. É preciso ser-se ágil, eficaz, justo e humano no apoio aos familiares das vítimas mortais, nas ajudas aos feridos, na compensação pelos bens destruídos, quaisquer que eles sejam. Congratulamo-nos com o facto de alguns programas, como aqueles que se ligam à recuperação de empresas, já estarem em bom andamento. E os outros quando aparecem? Quanto a medidas de fundo, como o reordenamento florestal e a necessidade de alterar todas as políticas referentes aos estímulos para o desenvolvimento das zonas rurais, esse é um quadro que tem de ser bem pensado e melhor desenhado. A pressa não é amiga de boas decisões. No imediato, no campo ambiental, é urgente travar-se a erosão dos solos e a contaminação das águas e solos freáticos. Outro aspecto que muito nos preocupa é o facto de, à beira das estradas e caminhos, haver problemas com ribanceiras, com árvores queimadas e altamente fragilizadas que, em fase de Inverno a sério, são um perigo constante. É ciclópica a montanha de tarefas que temos pela frente. Mas têm de ser encaradas firmemente, a breve prazo, e em força. Não há tempo a perder. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Lafões”, Novembro, 2017

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