sábado, 18 de novembro de 2017

Orçamento de Estado, uma reflexão e umas sugestões

As nossas opções do plano Num tempo em que os deputados discutem, na Assembleia da República, o local proprio para o debate das ideias e dos projectos para o nosso País, referentes ao ano que se aproxima, 2019, as respectivas Grandes Opções do Plano e o Orçamento, há duas linhas de força que gostaríamos de ver ser aplicadas nos territórios que habitamos: como aspecto prioritário e urgente, depois das tragédias dos incêndios, a recuperação dos espaços perdidos e desfeitos, que as vidas das pessoas que nos deixaram já as não podemos voltar a ter connosco; em segundo lugar, cremos que deve merecer uma atenção especial o campo das comunicações ferroviárias e rodoviárias. É óbvia a primeira destas observações. Se Pedrógão já deve ter feito reflectir naqueles documentos estas candentes questões, o facto de os fogos que assolaram grande parte da zona Centro terem ocorrido já depois de concluídos estes instrumentos de planeamento, é natural que venham a ser integrados nesta fase da discussão na especialidade. Concordando que a necessidade de se controlarem as contas públicas deve ser ponto assente, a vida das pessoas tem de estar acima dessas questões. Quando tanto se perdeu, é sabido que terão de ser grandes as despesas a fazer para dar a estes espaços de baixa densidade aquilo a quem têm direito, bem como a possibilidade de verem, de novo, as florestas a caminharem para aquilo que devem ser, locais de uma natureza sustentada, e de refazermos as casas, os estabelecimentos empresariais, as instalações agropecuárias, os campos agrícolas, as vinhas, os pomares, para que a vida continue a fazer sentido e o emprego ressurja. Se estes aspectos não forem encarados de frente naquela sede do poder legislativo, atrás de um desastre, outros, infelizmente, estarão na forja. Em Lisboa, tem de olhar-se para o Interior com outra postura política, isto é, não se podem adiar as reformas que importa levar a cabo para não se regredir ainda mais em termos de coesão nacional, acentuando as desigualdades que já tanto nos atrofiam. Com as diversas bancadas e terem representantes, em geral, de cada um de nossos territórios, esta é a hora de mostrarem que ali estão para nos defenderem. Caso contrário, enegrecem o cargo e a função que ocupam. Dito isto, como seria bom que se pensasse noutro modelo eleitoral, com deputados de proximidade e não apenas com gente que aparece um pouco por arrasto em listas com grande pendor centralista! Sendo esta uma conversa para outra altura, agora ficamos à espera de boas notícias em favor das terras que habitamos e que tão desprezadas têm andado, desde há séculos. No segundo ponto, queremos falar essencialmente de dois empreendimentos que julgamos de interesse crucial para o nosso futuro: a via ferroviária entre Aveiro e Salamanca, passando por Viseu, e a ligação desta cidade a Coimbra por auto-estrada. Por último, que não se deixem morrer as esperanças em melhor saúde, melhor justiça, melhor redistribuição social, melhor educação, melhor apoio aos idosos e crianças, melhor solidariedade em geral, enfim, tudo bastante melhor do que tem estado. Quando já falta pouco para acabar o quadro Portugal 2020, numa altura em que a própria União Europeia pede inteligência em solicitarmos apoios para fazer face às recentes calamidade, muito há a fazer, mas é para isso que existe o Governo, que tem de ver a vida das pessoas como um valor sem preço, maior que tudo, mesmo do que, e sobretudo, o tão falado déficit. Número é número, pessoa é pessoa e isto faz toda a diferença. Carlos Rodrigues, in “Notícias de Vouzela”, Novembro, 2017

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