sexta-feira, 19 de julho de 2019

1941, arborização da Serra do Ladário

Um projecto de arborização de 1941 para a Serra do Ladário Na Direcção-Geral dos Serviços Florestais, no ano de 2006, acedemos a um importante documento relacionado com o previsto aproveitamento da Serra do Ladário, em estudo que remontava a 1941, em termos da sua florestação. De notar que se estava, por essa altura, em plena época de ocupação de baldios e outros terrenos públicos com a vista à sua integração nos novos serviços então criados e que tanta celeuma vieram a originar. Numa área a ocupar que se estendia por 2150 hectares, eram nela incluídas as freguesias de Arcozelo das Maias, Ribeiradio, Reigoso, Destriz, Cedrim, Talhadas e Campia, em pleno contrafortes da Serra do Caramulo, com uma exposição francamente marítima e com abundante precipitação pluviométrica, como se pode ler no projecto em causa. Com uma vegetação natural à base de tojo arnal, carqueja, queiró e fetos ordinários, destavam-se, nessa altura, como espécies florestais o pinheiro bravo, o sobreiro e o carvalho. Apontavam-se os seguintes usos domésticos e vicinais: apascentação de gado, apanha de mato para lenha e estrume. Falava-se em 9330 cabeças de gado ovino e caprino, assim distribuídas: Arcozelo das Maias – 1401 ovinos e 377 caprinos; Destriz – 943/448; Reigoso – 844/172; Ribeiradio – 966/570; Cedrim – 676/171; Talhadas – 1512/1251. Entre diversos dados, incluindo as referências a vencimentos de trabalhadores para roça e sementeiras de penisco (25 quilos) e de acácias (9kg), indicam-se ainda as distâncias entre espécies e covas, o que mostra os cuidados que se tinham na organização de todo este processo. Numa clara diferenciação de ordenados entre homens e mulheres (8 e 5$00, respectivamente), aludia-se também à jorna dos rapazes (4) e dos capatazes (10$00). No capítulo das obras, enfatizava-se a construção das Casas dos Guardas Florestais de Lameiras, Souto Maior e Santa Maria, assim como as propostas de novos caminhos e beneficiação de outros. Entretanto, no livro “ A floresta, práticas e perspectivas – Raízes para o desenvolvimento da floresta – Henrique Machado e Nuno Amaral, Viseu, 2000” diz-se que, no que concerne à area florestal do Ladário, apenas no concelho de Oliveira de Frades, em 1620 hectares estavam arborizados 1560. Com as devastações havidas quanto a incêndios de grandes dimensões, sobretudo em 2006, 2013 e 2017, com mais episódios a registar, aquém e além, hoje o panorama, quanto a florestação é desolador. O Estado tem, nesse campo, imensas culpas no cartório e não é possível que fuja (mas escapa-se, e de que maneira, às suas responsabilidades até mais não...) às tarefas que deveria executar ou ter em mãos vir a fazê-lo e não é isso que está a acontecer, infelizmente. Carlos Rodrigues, NV, Julho 2019

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